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teorico IV atualizado

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Prévia do material em texto

Teoria Geral do Processo
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Reinaldo Zychan de Moraes
Revisão Textual:
Profa. Ms. Selma Aparecida Cesarin
Os Princípios do Direito Processual
• Considerações Iniciais
• Os Princípios Jurídicos
• O Papel dos Princípios do Processo na Constituição Federal
• Princípios Processuais
• Considerações Finais
 · Aprender qual é o papel dos princípios jurídicos no sistema normati-
vo, bem como iremos conhecer os principais princípios processuais.
Para entendermos alguns detalhes do funcionamento da jurisdição, 
é imprescindível conhecer esses assuntos, os quais acabam por ser a 
base de muitos atos processuais.
Como veremos, uma boa parte desses princípios integra a nossa 
Constituição Federal, os Tratados e as Convenções Internacionais de 
Direitos Humanos, o que mostra a plena sintonia que esses assuntos 
possuem no moderno direito processual.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Olá, aluno (a)
Nesta Unidade, vamos aprender um pouco mais sobre um importante tema “Os 
Princípios do Direito Processual”.
Procure ler, com atenção, o conteúdo disponibilizado e o material complementar.
Não esqueça! A leitura é um momento oportuno para registrar suas dúvidas; por 
isso, não deixe de registrá-las e transmiti-las ao professor tutor.
Além disso, para que a sua aprendizagem ocorra num ambiente mais interativo 
possível, na pasta de atividades, você também encontrará as atividades de 
Avaliação, uma Atividade Reflexiva e a videoaula.
Cada material disponibilizado é mais um elemento para seu aprendizado; por 
favor, estude todos com atenção!
ORIENTAÇÕES
Os Princípios do Direito Processual
UNIDADE Os Princípios do Direito Processual
Contextualização
O réu em um processo deve provar a sua inocência?
Seja em um processo criminal ou em um processo cível, há algumas questões 
que precisam ser bem esclarecidas, pois, não raras vezes, elas formam um conjunto 
de equívocos que se espalham em nossa sociedade, trazendo visão distorcida do 
Direito e dos mecanismos que ele utiliza para resolver litígios.
Uma dessas situações se refere a um suposto “dever” do réu de provar a 
sua inocência.
O curioso é que muitas pessoas que passam a estudar o Direito se surpreendem 
com a dualidade entre o que a sociedade “acha” e como ele, na verdade, é aplicado 
no dia a dia.
Nesta aula, vamos nos deparar como situações como essa, razão pela qual você 
deve buscar identificar essas falsas percepções sobre o Direito Processual.
6
7
Considerações Iniciais
A jurisdição atua por intermédio de uma relação jurídica que liga as partes ao 
Estado-Juiz, sendo que essa relação jurídica está sujeita a uma série de normas.
Ainda que a relação original entre as partes se refira a direitos disponíveis, 
nos quais há maior possibilidade de disposição, a relação processual é sempre de 
Direito Púbico, razão pela qual a observância desses princípios é obrigatória, não 
somente para as partes, mas também para o juiz.
As normas jurídicas são subdivididas em regras jurídicas e princípios jurídicos, 
sendo que em nossa aula vamos aprender as características destas últimas. 
Além de conhecermos o que são os princípios, vamos também apresentar 
aqueles que são os mais importantes para o dia a dia das relações processuais.
Os Princípios Jurídicos
No sistema jurídico, os princípios desempenham papel singular, seja na sua 
caracterização, seja como vetor interpretativo de todas as normas.
Importante, nesse sentido, é trazer à colação a clássica definição de Celso 
Antônio Bandeira de Mello para os princípios jurídicos:
Princípio (...) é, por definição, mandamento nuclear de um sistema, 
verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental que se irradia sobre 
diferentes normas, compondo-lhes o espírito e servindo de critério para 
sua exata compreensão e inteligência exatamente por definir a lógica e 
a racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere a tônica e lhe 
dá sentido harmônico. É no conhecimento dos princípios que preside a 
intelecção das diferentes partes componentes do todo unitário que há por 
nome sistema jurídico positivo (MELLO, 2003, p. 817).
Seguindo essas lições, podemos concluir que é triplo o papel dos princípios.
• Em primeiro lugar, eles desempenham a tarefa de estruturar o sistema jurídico, 
dando seu caráter. Portanto, sua análise permite verificar a exata correlação 
dos poderes do Estado e dos direitos fundamentais dos cidadãos;
• Em segundo lugar, os princípios servem como diretrizes maiores na elaboração 
normativa. Sem os princípios, o corpo normativo apresentar-se-ia disforme e 
sem consistência, pois a produção legislativa não teria um claro rumo a seguir;
• Por último, os princípios desempenham importante papel na interpretação das 
normas que compõem o Sistema, visando a trazer harmonia em sua aplicação.
7
UNIDADE Os Princípios do Direito Processual
O Papel dos Princípios do Processo 
na Constituição Federal
O fato de um princípio estar previsto em nossa Carta potencializa seu papel no 
sistema normativo, pois “o princípio da supremacia requer que todas as situações 
jurídicas se conformem com os princípios e preceitos da Constituição” (SILVA J. 
A., 2000, p. 48).
Assim:
Nenhuma interpretação poderá ser havida por boa (e, portanto, por 
jurídica) se, direta ou indiretamente, vier a afrontar um princípio jurídico-
constitucional.
(...)
O princípio cumpre uma função informadora dentro do Ordenamento 
jurídico e, assim, as diversas normas devem ser aplicadas em sintonia com 
ele (CARRAZZA, 2004, pp. 37-38).
Desta forma: “A interpretação de uma norma constitucional levará em conta 
todo o sistema, tal como positivado, dando-se ênfase, porém, para os princípios 
que foram valorizados pelo constituinte” (TEMER, 2003, p. 23).
Aqui há, na verdade, dupla potencialização:
• Em primeiro lugar, em razão do papel que os princípios possuem dentro do 
sistema normativo;
• Também deve ser considerado o chamado Princípio da Supremacia Constitucional, 
que dá destacado poder normativo para as normas constitucionais, em razão do 
importante papel que esse diploma possui dentro do sistema jurídico.
Dessa forma, um princípio constitucional acaba por ter papel muito mais 
destacado no sistema normativo do que um princípio que não possui essa mesma 
característica.
Princípios Processuais
Agora que já conhecemos o que são os princípios e a importância que eles 
representam no Direito Processual, vamos conhecer os mais importantes.
Princípio do Devido Processo Legal
A correta aplicação da Lei não pode prescindir de um processo que siga fielmente 
as premissas de respeito aos direitos fundamentais dos indivíduos. Assim: “O 
8
9
processo constitui a primeira e mais fundamental garantia do indivíduo, pois é por 
meio desse instrumento que se realiza a proteção efetiva dos direitos fundamentais 
consagrados pela Constituição” (GOMES FILHO, 2001, p. 28).
O princípio firma a ideia de que o processo deve guardar perfeita sintonia com 
o sistema normativo em que ele está inserido, não podendo ser utilizado como 
instrumento para a atuação arbitrária do Estado e nem se afastar, mesmo que 
ideologicamente, da estrita obediência dos direitos fundamentais do acusado.
Em Tratados e Convenções Internacionais, o princípio pode, por exemplo, ser 
encontrado no:
• Inciso I do Artigo 11 da Declaração Universal dos Direitos do Homem;
• Item 2 do Artigo 7 da Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto 
de São José da Costa Rica);
• Artigo 6.1 da Convenção Europeia – Convenção para a Proteção dos Direitos 
do Homem e das Liberdades Fundamentais;
• Artigos 9.1 e 14.1 do Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos.
Por sua própria formulação, é certo que esse princípio passou a ser visto 
como um gênero que comporta como espéciesconstituintes outros, tais como 
o contraditório, a ampla defesa, a garantia do juiz natural, da motivação, da 
publicidade dos atos processuais, os quais, no conjunto, estão orientados para que 
o processo seja justo e legal.
Também é importante destacar que esse princípio, cada vez mais, busca 
estabelecer garantias aos jurisdicionados, pois pouca valia ele teria se o processo 
se desenvolvesse formalmente, mas sem resultado concreto. 
Nesse particular, podemos trazer à colação os ensinamentos de Humberto 
Theodoro Júnior:
A par da regularidade formal, o processo deve adequar-se a realizar o 
melhor resultado concreto, em face dos desígnios do direito material. 
Entrevê-se, nessa perspectiva, também um aspecto substancial na garantia 
do devido processo legal.
(...)
Nesse âmbito de comprometimento com o “justo”, com a “correção”, 
com a “efetividade” e com a “presteza” da prestação jurisdicional, o 
due process of Law realiza, entre outras, a função de superprincípio, 
coordenando e delimitando todos os demais princípios que informam 
tanto o processo como o procedimento. Inspira-se e torna realizável a 
proporcionalidade e razoabilidade que devem prevalecer na vigência e 
na harmonização de todos os princípios do direito processual de nosso 
tempo (2015, p. 48).
O Princípio do Devido Processo Legal possui dupla orientação. Em primeiro 
lugar, esse princípio tem a função de sinalizar para o legislador que a produção 
9
UNIDADE Os Princípios do Direito Processual
legislativa, sobretudo em matéria processual, seja voltada ao respeito aos direitos 
fundamentais das partes, inclusive no que se refere à necessária celeridade dos 
procedimentos, particularmente após a inserção do Inciso LXXVIII no Artigo 5º da 
Constituição Federal pela Emenda Constitucional nº 45/04.
A outra vertente do princípio está direcionada à correta “atuação do poder 
jurisdicional, evitando-se as nulidades do processo” (SILVA M. A., Acesso à justiça 
penal e estado democrático de direito, 2001, p. 17).
Princípios da Ampla Defesa e do Contraditório
A estrutura dialética do processo coloca as partes em posições antagônicas; 
contudo, necessariamente, elas devem estar em equilíbrio, “com iguais direitos, 
ônus, obrigações e faculdades” (TOURINHO FILHO, 2000, p. 45).
Essa igualdade é um dos consectários lógicos decorrentes do Princípio do Devido 
Processo Legal e do Estado Democrático de Direito.
Dessa construção, verifica-se que os Princípios do Contraditório e da Ampla 
Defesa estão ligados por umbilical relação de necessidade e complementaridade.
Essas garantias estão, no plano internacional, expressamente previstas:
• No Inciso I do Artigo 11, da Declaração Universal dos Direitos do Homem;
• No Artigo 8º da Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de 
São José da Costa Rica).
Em nosso sistema constitucional, esses princípios foram inicialmente plasmados 
pela Constituição dos Estados Unidos do Brasil, de 10 de novembro de 1937.
Posteriormente à Carta de 1937, eles acabaram sendo repetidos pelas demais 
Constituições brasileiras, sendo que, na atual, estão previstos no Inciso LV do 
Artigo 5º, com a seguinte formulação:
Artigo 5º
(...)
LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados 
em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios 
e recursos a ela inerentes;
A Ampla Defesa deve ser entendida como uma garantia que é dada “ao réu de 
condições que lhe possibilitem trazer para o processo todos os elementos tendentes 
a esclarecer a verdade ou mesmo de omitir-se ou calar-se, se entender necessário” 
(MORAES, 2005, p. 93). Para que se efetive, ela acaba por se desdobrar em 
outros princípios.
Em primeiro lugar, podemos lembrar o direito de o réu ser assistido por defensor 
com conhecimentos técnico-jurídicos, mesmo que não tenha recursos suficientes 
10
11
para tal. Nesse particular, importante é a previsão constante em nossa Constituição, 
no Artigo 5º, Inciso LXXIV.
Também engloba o conceito de ampla defesa a possibilidade de o réu recorrer 
das decisões que lhes sejam desfavoráveis.
Já o Princípio do Contraditório é, de forma clássica, definido entre nós como 
a “ciência bilateral dos atos e termos processuais e a possibilidade de contrariá-los” 
(FERNANDES, 2005, p. 61).
Diante de sua formulação, o contraditório tem, como primeiro aspecto, o 
direito de informação. A estrutura do processo acarreta a necessidade de a 
defesa ser inicialmente informada do exato conteúdo dos fatos ilícitos atribuídos 
ao réu, bem como das consequências jurídicas a que este estará sujeito em caso 
de condenação.
Em nossa legislação processual, essa função é desempenhada pela citação que, 
em geral, é acompanhada de cópia da denúncia ou da queixa (no processo penal) 
ou da petição inicial (no processo civil).
Citação é um dos primeiros atos do processo. Por meio dela, o juiz informa ao réu 
os motivos pelo qual foi iniciado o processo, dando-lhe ciência sobre os termos da 
acusação que contra ele recai.
Ex
pl
or
Esse direito à informação não se esgota com a citação; também ele deverá ser 
observado durante todo o processo, sendo que o órgão jurisdicional deverá intimar 
o réu de todas as situações e fatos que possam afetar seu direito de defesa.
Não basta, contudo, que o réu seja previamente informado da acusação; é 
também necessário que lhe seja concedido um mínimo de tempo para que possa 
articular sua defesa.
Nesse particular, podemos novamente trazer à colação o disposto na alínea c 
do Inciso 2 do Artigo 8º do Pacto de São José da Costa Rica que, expressamente, 
coloca como direito do acusado a concessão de “tempo e dos meios adequados 
para a preparação de sua defesa”.
O outro aspecto relativo ao Princípio do Contraditório refere-se ao direito que 
a parte tem de participar da formação da prova que será, ao final, utilizada para a 
decisão do órgão jurisdicional.
Muito embora a formulação do Princípio do Contraditório esteja diretamente 
ligada ao respeito à plena defesa do acusado no processo, é inegável que esse 
princípio também tem plena aplicação em relação à acusação. 
Assim, portanto, em caso de sua inobservância, podemos falar não apenas em 
cerceamento de defesa, mas também em cerceamento de acusação.
11
UNIDADE Os Princípios do Direito Processual
Princípio do Juiz Natural
A garantia do Juiz Natural é um dos princípios que se projetam muito além dos 
direitos subjetivos das partes no processo, visto que alcança a própria jurisdição.
No plano internacional, vamos encontrar esse princípio:
• No Artigo 10 da Declaração Universal dos Direitos Humanos;
• No Inciso 1 do Artigo 8º do Pacto de São José da Costa Rica.
Entre nós, o princípio é, atualmente, previsto nos Incisos XXXVII e LIII do 
Artigo 5º da Constituição Federal, que possuem as seguintes redações:
Artigo 5º
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
(...)
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade 
competente;
O juiz natural pode ser definido, em face do nosso sistema jurídico, como sendo 
“o órgão previsto implícita ou explicitamente pelo Estatuto Constitucional, como o 
de competência genérica para a espécie” (MARQUES, 2000, p. 85).
Pouca ou nenhuma eficácia teriam as demais garantias asseguradas ao acusado 
se o órgão responsável pelo processo e julgamento não apresentasse, como 
característica marcante, a imparcialidade.
Observa-se, ainda, no texto constitucional, a preocupação em estabelecer quais 
são os órgãos jurisdicionais, bem como a competência de cada um deles.
Dentro desses parâmetros, o legislador pode, livremente, detalhar a estrutura 
dos diversos tribunais e juízos de primeira instância. Contudo, não pode, sob 
pena de subversão às regras constitucionais, dispor sobre a criação de órgãos 
jurisdicionais fora da estruturado Poder Judiciário ou estabelecer regras que 
determinem a ampliação ou redução da competência de um órgão jurisdicional, 
especialmente quando implicam a invasão da competência de outro órgão.
O estudo das regras de competência mostra que os seus elementos constitutivos 
são objetivos, não havendo margem para apreciações discricionárias na escolha do 
órgão jurisdicional competente.
Essa forma de construção, em que os fatores subjetivos não são relevantes 
para a escolha, visa a afastar a possibilidade de critérios que possam prejudicar ou 
privilegiar o acusado.
Nessa mesma linha, é necessário que as regras de competência sejam 
estabelecidas previamente aos fatos e de maneira geral e abstrata de modo a 
impedir a interferência autoritária externa.
12
13
A essas disposições, a legislação ainda acrescenta regras de suspeição e 
impedimento, buscando atingir a maior imparcialidade possível no exercício da 
função jurisdicional.
Princípio da Publicidade
O Princípio da Publicidade está diretamente ligado a ideais democráticos e à 
consequente fiscalização que o cidadão pode realizar em face dos órgãos públicos.
Sem a transparente realização dos atos processuais, diversas garantias do processo, 
em especial a do Contraditório e a da Ampla Defesa, ficariam sem eficácia.
Essa garantia, pela sua magnitude, é objeto de expressa menção em pactos 
internacionais, podendo ser especialmente citadas as previsões a seguir:
• Inciso I do Artigo 11 da Declaração Universal dos Direitos do Homem;
• Artigos 7.4 e 8.5 da Convenção Americana sobre Direitos Humanos;
• Artigos 5.2 e 6.1 da Convenção Europeia – Convenção para a Proteção dos 
Direitos do Homem e das Liberdades Fundamentais;
• Artigos 9.2 e 14.1 do Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos.
Em nossa atual Constituição Federal, esse princípio decorre das previsões 
constitucionais encontradas no Inciso LX do Artigo 5º e no Inciso IX do Artigo 93, 
que possuem a seguinte formulação:
Artigo 5º
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando 
a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem;
Artigo 93
IX - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, 
e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei 
limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus 
advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do 
direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse 
público à informação;
A regra estabelecida pelo texto constitucional é o da publicidade plena; contudo, 
a defesa da intimidade das pessoas envolvidas ou do interesse social pode determinar 
que essa publicidade seja mais restrita.
Nesse particular, o § 1º do Artigo 792 da Lei Processual Penal estabelece 
regra clara, em harmonia com os preceitos constitucionais que tratam da matéria, 
para a publicidade restrita de audiência, quando o ato “puder resultar escândalo, 
inconveniente grave ou perigo de perturbação da ordem”.
13
UNIDADE Os Princípios do Direito Processual
No Código de Processo Civil, vamos encontrar esse princípio no seu Artigo 11:
Art. 11. Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão 
públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade.
Parágrafo único. Nos casos de segredo de justiça, pode ser autorizada a 
presença somente das partes, de seus advogados, de defensores públicos 
ou do Ministério Público.
A doutrina utiliza várias classificações quando trata da publicidade dos atos 
processuais, as quais, em regra, tratam das mesmas questões. 
Seguindo o escólio de Mirabete, podemos classificar a publicidade dos atos 
processuais em:
• Publicidade geral: “quando os atos podem ser assistidos por qualquer pessoa” 
(MIRABETE, 2004, p. 49);
• Publicidade especial: “quando um número reduzido de pessoas pode estar 
presente a eles” (IBIDEM, mesma página).
Princípio da Presunção de Inocência
Esta garantia, também conhecida como Princípio do Estado de Inocência ou 
da Não Culpabilidade, possui longa história, pois nasceu da reação aos excessos 
e distorções que o processo inquisitório infligia ao acusado da prática de uma 
infração penal.
Historicamente, a primeira severa reação a essa situação veio no Século XVIII, 
por meio do livro Dei delitti e delle pene, de Cesare Bonesana, o Marquês de 
Beccaria, que apresentou grande repercussão na época por se insurgir contra as 
ideias norteadoras do sistema processual penal.
Atualmente, podemos encontrar essa garantia estampada em vários instrumentos 
internacionais, podendo ser destacados os seguintes:
• Inciso I do Artigo 11 da Declaração Universal dos Direitos do Homem;
• Artigo 8.2 da Convenção Americana Sobre os Direitos Humanos;
• Artigo 6.2 da Convenção para a Proteção dos Direitos do Homem e das 
Liberdades Fundamentais, do Conselho da Europa;
• Artigo 14.2 do Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos.
Em nosso atual texto constitucional, a garantia está grafada no Inciso LVII do 
Artigo 5º, com a seguinte redação:
Artigo 5º
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de 
sentença penal condenatória;
14
15
A força implícita nessa garantia e o tratamento que ela recebeu nos pactos 
internacionais e em nosso sistema constitucional demonstra que o acusado, muito 
mais do que um objeto de investigação, deve ser tratado como titular de direitos 
e garantias, as quais são reconhecidas como essenciais para caracterização do 
Estado Democrático do Direito. Assim, não se pode permitir que as consequências 
penais de sua conduta se operem senão quando a sentença condenatória não mais 
estiver sujeita a recurso.
O Princípio da Presunção de Inocência acarreta o ônus da acusação produzir as 
provas necessárias para a demonstração da culpabilidade do acusado. Esse ônus 
processual não pode ser invertido pela Lei, sob pena de ferir essa garantia.
Portanto, nas hipóteses em que a prova produzida não for suficiente para 
demonstrar a culpa do réu, é de rigor que o órgão jurisdicional o absolva, mesmo 
que essas mesmas provas não indiquem a total inocência do acusado.
Temos, assim, que “a regra do in dubio pro reo é uma das manifestações da 
presunção de inocência, que tem como o ponto mais relevante a apreciação da 
prova em julgamento” (SILVA M. A., Processo penal e garantias constitucionais, 
2006, p. 582).
Princípio da Igualdade
As partes e seus procuradores devem receber igual tratamento no processo, de 
forma a terem as mesmas oportunidades e possibilidade de iguais condições de 
mostrarem em juízo suas razões e teses.
A igualdade processual é reflexo direto do Princípio da Igualdade, estampado no 
caput do Artigo 5º da Constituição Federal.
No Código de Processo Civil, esse princípio está previsto no Artigo 7º, que assegura 
a igualdade de tratamento às partes em relação a todos os aspectos do processo:
Art. 7º É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao 
exercício de direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos 
ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais, competindo ao 
juiz zelar pelo efetivo contraditório.
Isso não impede, contudo, que, em algumas situações, o juiz busque, por meio 
do tratamento desigual das partes em litígio, alcançar igualdade substancial, de 
forma a equilibrar a situação dos sujeitos do processo. Trata-se de aplicar a máxima 
de buscar tratar de forma desigual os desiguais.
Uma expressão sempre lembrada é a “paridade de armas”, ou seja, as partes 
devem, no campo probatório, ter iguais condições de produzir as provas que 
sustentam as suas pretensões.
15
UNIDADE Os Princípios do Direito Processual
Princípio da Assistência Jurídica aos necessitados
Reflexo direto do Princípio da Igualdade é o Princípio da Assistência Jurídica aosnecessitados, por meio do qual o Estado deve prestar assistência integral e gratuita 
para aqueles que não tiverem condições de participar do litígio sem prejudicar o 
sustento de sua família.
A previsão desse princípio está no Artigo 5º, Inciso LXXIV, da Constituição Federal:
Artigo 5º 
(...)
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que 
comprovarem insuficiência de recursos;
Princípio do Impulso Oficial
Instalada a relação processual, cabe ao juiz mover o processo fase a fase, até que 
ocorra o exaurimento da prestação jurisdicional.
Para isso, não podem ser admitidas protelações causadas pelas partes. Instalado 
o processo, em algumas situações, as partes perdem o interesse inicial e passam a 
protelar os atos que lhe cabem.
Nessas situações, cabe ao juiz velar para que esse desinteresse não prolongue, 
de forma inútil, a relação processual.
No Código de Processo Civil, vamos encontrar expressa menção a esse princípio, 
em seu Artigo 2º:
Art. 2º O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por 
impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei.
Princípios da Duração Razoável do Processo e da 
Celeridade Processual
Não basta que o Estado garanta o acesso do cidadão à prestação jurisdicional; é 
necessário que a decisão do litígio ocorra em prazo razoável. A excessiva demora em 
se atingir o final do processo causa, em regra, severos prejuízos que devem ser evitados.
Em nossa Constituição Federal, esse princípio encontra-se no Inciso LXVIII do 
Artigo 5º, com a seguinte redação:
Artigo 5º 
(...)
LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a 
razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de 
sua tramitação.
16
17
Esse dispositivo não existia na redação original da Constituição Federal, sendo 
acrescentado pela Emenda Constitucional nº 45, de 30/12/2004, dentro de 
avanço doutrinário mais recente, que busca dar maior efetividade dos direitos das 
partes no processo.
Tratando deste princípio, menciona Humberto Theodoro Júnior que:
É evidente que sem efetividade, no concernente ao resultado processual 
cotejado com o direito material ofendido, não se pode pensar em processo 
justo. Não sendo rápida a resposta do juízo para a pacificação do litígio, 
a tutela não se revela efetiva. Ainda que afinal se reconheça e proteja o 
direito violado, o longo tempo em que o titular, no aguardo do provimento 
judicial, permaneceu privado de seu bem jurídico, sem razão plausível, 
somente pode ser visto como uma grande injustiça (2015, p. 65).
No Código de Processo Civil, encontramos expressa menção a esse dispositivo 
no seu Artigo 4º:
Art. 4º As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução 
integral do mérito, incluída a atividade satisfativa.
Princípio da Motivação das Decisões Judiciais
Ao proferir uma decisão, o juiz deve se ater às provas do processo, não sendo 
lícito embasá-las em outros elementos estranhos.
Em nosso país, é adotado, pelo Direito Processual, o Princípio do Livre 
Convencimento Motivado. Assim, poderá o juiz decidir livremente; contudo, deverá, 
em sua decisão, deixar explícitas as razões, de fato e de direito, que motivaram as 
suas conclusões.
Assim procedendo, o juiz estará indicando, para as partes e para toda a sociedade, 
a forma como as decisões são realizadas pelo Poder Judiciário, bem como estará 
facilitando a apreciação de eventual recurso.
Em nossa Constituição Federal, encontramos a explicitação desse princípio no 
Inciso IX do Artigo 93:
Artigo 93 
(...)
IX - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, 
e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade [...]
Princípios da Recorribilidade e do Duplo Grau de Jurisdição
Segundo esse princípio, é possível à parte recorrer a instâncias superiores do 
Poder Judiciário sempre que haja decisão judicial que lhe seja desfavorável.
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UNIDADE Os Princípios do Direito Processual
Esse princípio, portanto, garante sempre a possibilidade de revisão dos julgados 
que sejam desfavoráveis à parte em litígio:
Os recursos, todavia, devem acomodar-se às formas e às oportunidades 
previstas em lei, para não tumultuar o processo e frustrar o objetivo da 
tutela jurisdicional em manobras caprichosas e de má-fé.
Não basta, porém, assegurar o direito de recurso, se outro órgão não se 
encarregasse da revisão do decisório impugnado. Assim, para completar 
o princípio da recorribilidade existe, também o princípio da dualidade de 
instâncias ou do duplo grau de jurisdição.
Isso quer dizer que, como regra geral, a parte tem direito a que sua 
pretensão seja conhecida e julgada por dois juízos distintos, mediante 
recurso, caso não se conforme com a primeira decisão. Desse princípio, 
decorre a necessidade de órgãos judiciais de competência hierárquica 
diferente: os de primeiro grau (juízes singulares) e os de segundo grau 
(Tribunais Superiores). Os primeiros são os juízos da causa, e os segundos, 
os juízos dos recursos (THEODORO JÚNIOR, 2015, p. 59).
Esse princípio não está expressamente previsto em nossa Constituição Federal; 
contudo, decorre da estrutura do Poder Judiciário, visto que, em regra, os órgãos 
superiores possuem competência recursal, ou seja, podem receber recursos de 
decisões proferidas em instâncias inferiores.
Uma questão sempre recorrente na doutrina indaga se esse princípio admitiria 
exceções, visto que, em algumas situações, os processos são julgados diretamente 
por instâncias superiores (competência originária dos tribunais), o que impediria a 
existência de recursos para instâncias superiores.
Considerações Finais
Agora que já conhecemos os princípios que atuam diretamente sobre o exercício 
da jurisdição e da atuação das partes, poderemos conhecer um pouco mais sobre 
a dinâmica processual.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Sites
Constituição Federal
http://goo.gl/lM0x
Código de Processo Penal
http://goo.gl/YQWRv
Código de Processo Civil
http://goo.gl/6b0EbE
Lei dos Juizados Cíveis e Criminais
http://goo.gl/fszPj
Lei n.º 9.307/96, que trata da arbitragem
http://goo.gl/u7Mrt
Lei n.º 13.140/15, que trata da mediação
http://goo.gl/UQ5kMd
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Referências
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28.ed. São Paulo: Malheiros, 2012
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Janeiro: Forense, 2015. v.1
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Saraiva. 2000. v.1.
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