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1 MORFOLOGIA DE FLOR E INFLORESCÊNCIA A flor é um ramo caulinar cujos entrenós são reduzidos e, em cada nó diferencia-se um verticilo floral, formado por folhas modificadas (estéreis ou férteis). As folhas estéreis formam os verticilos de proteção/atração de polinizadores, sépalas e pétalas, e folhas férteis formam os verticilos reprodutivos, estames (que produzem os esporos masculinos e estes, gametas masculinos) e carpelos (produz o esporo feminino e este, o gameta feminino). Ao conjunto de sépalas damos o nome de cálice, ao de pétalas, corola; ao de estames, androceu e ao conjunto de carpelos, gineceu ou pistilo. Além desses verticilos, a flor ainda conta com o receptáculo (região alargada do pedúnculo, onde as peças florais são diferenciadas) e o pedúnculo (haste de sustentação). Quando todas essas partes estão presentes, a flor é dita completa (figura 1). A flor tem como função a reprodução sexuada das Angiospermas. Figura 1: Esquema de uma flor completa com entrenós alongados. Esquema: André Fernandes. A seguir são descritas inúmeras classificações conforme as características florais. - Classificação quanto à disposição das peças florais: Flor cíclica: as peças florais estão dispostas em círculos concêntricos (Figura 2). Flor acíclica: as peças florais estão dispostas em espiral (Figura 3). Figura 2: Flor cíclica de Iris sp. Foto: André Fernandes. Figura 3: Flor acíclica de Magnolia sp. Foto: André Fernandes. - Classificação quanto à simetria: Flor assimétrica: sem simetria alguma (Figura 4). Flor actinomorfa: corola com vários planos de simetria (Figura 5). Flor zigomorfa: corola com simetria bilateral (Figura 6). Pedúnculo Receptáculo Cálice Corola Androceu Gineceu 2 Figura 4: Flor assimétrica de Canna edulis. Foto: André Fernandes. Figura 5: Flor actinomorfa de Catharanthus sp. Foto: André Fernandes. Figura 6: Flor zigomorfa de Duranta erecta. Foto: André Fernandes. - Classificação quanto à presença dos verticilos estéreis: Flor aclamídea: não apresenta verticilos estéreis (Figura 7). Flor monoclamídea: só apresenta um verticilo estéril representado pelas sépalas (Figura 8). Flor diclamídea: apresenta dois verticilos estéreis, sépalas e pétalas. Elas podem ser distintas, flores heteroclamídeas (Figura 9), ou semelhantes, flores homoclamídeas (Figura 10). Quando as sépalas e pétalas são semelhantes, podemos chamá-los de tépalas. Ao conjunto de tépalas, dá-se o nome de PERIGÔNIO. O conjunto de sépalas e pétalas forma o PERIANTO. Figura 7: Flor aclamídea de Piper sp. Foto: André Fernandes. Figura 8: Flor monoclamídea de Terminalia catappa. Foto: André Fernandes. Figura 9: Flor diclamídea heteroclamídea de Pachira sp. Foto: André Fernandes. Figura 10: Flor diclamídea homoclamídea de Hemerocallis flava. Foto: André Fernandes. - Classificação quanto à fusão das peças florais: Anteras Carpelo Bráctea 3 Gamossépalo/gamopétalo: sépalas e pétalas fundidas respectivamente, formando um tubo floral (Figura 11). Dialissépalo/dialipétalo: sépalas e pétalas isoladas entre si, não formam o tubo floral (Figura 12). Figura 11: Flor gamossépala e gamopétala de Ipomea sp. Foto: André Fernandes. Figura 12: Flor dialissépala e dialipétala de Delonix regia. Foto: André Fernandes. - Classificação quanto à sexualidade: Flor hermafrodita ou monóclina: a flor apresenta os dois sexos (Figura 13). Flor díclina: a flor ou é feminina (só apresenta gineceu) ou é masculina (só apresenta androceu) (Figura 14). Figura 13: Flor monoclina de Lilium sp. Foto: André Fernandes. Figura 14: Flores diclinas masculinas e diclinas femininas de Ricinus communis. Foto: André Fernandes. - Classificação da planta quanto a sexualidade das flores: Planta hermafrodita: a planta apresenta apenas flores monoclinas ou hermafroditas. Planta monoica: indivíduo apresenta flores diclinas, de ambos os sexos. Planta dioica: um indivíduo apresenta flores díclinas masculinas e o outro indivíduo, flores díclinas femininas. Planta poligâmica: espécie que produz tanto flores monoclinas quanto flores díclinas. - Classificação quanto ao número de sépalas/pétalas: Flor dímera (Figura 15), trímera (Figura 16), tetrâmera (Figura 17), pentâmera (Figura 18), hexâmera (flor de poaia - Richardia brasiliensis). 4 Figura 15: Flor dímera de Begonia cucculata. Foto: André Fernandes. Figura 16: Flor trímera de Belamcanda chinensis. Foto: André Fernandes. Figura 17: Flor tetrâmera de Ixora coccinea. Foto: André Fernandes. Figura 18: Flor pentâmera de Momordica sp. Foto: André Fernandes. Com relação ao androceu, ele é formado pelas unidades: estames. Os estames são divididos em três partes: filete, antera e conectivo (figura 19). O filete é uma haste que eleva a antera, local onde se desenvolvem os esporos masculinos. O conectivo é a região de ligação do filete com a antera. Figura 19: Antera de Lilium sp. Foto: André Fernandes. - Classificação quanto à soldadura dos estames: Dialistêmone: estames livres entre si (Figura 20). Gamostêmone: estames soldados (na altura dos filetes ou na região da antera). Se o androceu apresenta estames soldados entre si e estes formam um tubo ou feixe, chamamos este androceu de monadelfo (Figura 21). Esse tipo Antera Conectivo Filete 5 de androceu é observado em hibisco, por exemplo. Em leguminosas, é comum a presença de dez estames, dos quais, nove formam um feixe e um segue solitário, formando, portanto, o androceu diadelfo (Figura 22). O androceu poliadelfo (Figura 23) apresenta inúmeros feixes de estames reunidos, situação observada, por exemplo, na flor díclina masculina de Ricinus communis (mamona). Quando os estames estão ligados pela antera, dizemos que o androceu é sinântero (Figura 24). Figura 20: Androceu dialistêmone de Pereskia sp. Foto: André Fernandes. Figura 21: Androceu monadelfo de Hibiscus rosa-sinensis. Foto: André Fernandes. Figura 22: Androceu diadelfo. Esquema: André Fernandes. Figura 23: Androceu poliadelfo de Ricinus communis. Setas indicam feixes de estames. Foto: André Fernandes. Figura 24: Androceu sinântero de Cucurbita sp. Foto: André Fernandes. - Classificação quanto ao tamanho dos estames: Homodínamo: estames com comprimento do filete semelhante e, portanto, com altura/tamanho semelhante (Figura 25). Heterodínamo: estames com alturas diferentes (Figura 26). Quando ocorre do androceu apresentar quatro estames em duas alturas diferentes (dois a dois), chamamos de androceu didínamo (Figura 27), como observado em ipê. Já quando observa-se androceu com seis estames, quatro em uma altura superior e dois em altura inferior, chamamos de androceu tetradínamo (Figura 28). Figura 25: Androceu homodínamo de Bixa orellana. Foto: André Fernandes. Figura 26: Androceu heterodínamo de Nicotiana sp. Foto: André Fernandes. 6 Figura 27: Androceu didínamo de Clerodendron thomsonae. Foto: André Fernandes. Figura 28: Androceu tetradínamo de Sinapis sp. Foto: André Fernandes. - Classificação quanto à deiscência das anteras: Rimosa: abertura em fenda longitudinal (Figura 29). Valvar: abertura em valva ou “janelinhas” (Figura 30). Poricida: abertura em poro, geralmente localizada na região apical da antera (Figura 31). Figura 29: Antera rimosa de Delonix sp. Foto: André Fernandes. Figura 30: Antera valvar. Esquema: André Fernandes.Figura 31: Antera poricida de Tibouchina granulosa. Foto: André Fernandes. - Classificação quanto à inserção da antera no filete: Basefixa: inserção na base da antera (Figura 32). Dorsifixa: inserção na região mediana da antera (Figura 33). Apicefixa: inserção na região apical da antera (Figura 34). Figura 32: Antera basefixa de Solanum sp. Foto: André Fernandes. Figura 33: Antera dorsifixa de Delonix regia. Foto: André Fernandes. Figura 34: Antera apicefixa. Esquema: André Fernandes. - Classificação quanto ao número de estames em relação ao número de pétalas: 7 Oligostêmone: o número de estames é menor que o número de pétalas (Figura 35). Isostêmone: o número de estames é igual ao número de pétalas (Figura 36). Diplostêmone: o número de estames é o dobro do número de pétalas (Figura 37). Polistêmone: o número de estames é maior que o dobro do número de pétalas (Figura 38). Figura 35: Androceu oligostêmone de Olea sp. Foto: André Fernandes. Figura 36: Androceu isostêmone de Solanum lycocarpum. Foto: André Fernandes. Figura 37: Androceu diplostêmone de Tradescantia zebrina. Foto: André Fernandes. Figura 38: Androceu polistêmone de Psidium sp. Foto: André Fernandes. - Estaminódio: Estame que perde a função de produção de esporos (figuras 39 e 40). Figura 39: Estaminódio de Tecoma sp. Foto: Nakamura, A.T. . Figura 40: Estaminódios de Couroupita guianensis. Foto: Nakamura, A.T. Com relação à parte feminina da flor, ela é formada por unidades denominadas de carpelo. Os carpelos são divididos em três partes: estigma, estilete e ovário (Figura 41). O estigma é a região aonde chegam os grãos de pólen. O ovário é o local onde se desenvolve o(s) óvulo(s) e o estilete é a estrutura que liga o estigma ao ovário. O gineceu pode apresentar dois ou mais carpelos conatos. Quando o gineceu é formado por mais de um carpelo, essas mesmas partes do carpelo também são descritas para o gineceu. Um sinônimo para gineceu é pistilo. 8 Figura 41: Gineceu de Murraya paniculata. Foto: André Fernandes. - Classificação quanto ao número de carpelos e lóculos (cavidades): Unicarpelar/unilocular (Figura 42), bicarpelar/bilocular (Figura 43), tricarpelar/trilocular (Figura 44), tetracarpelar/tetralocular (Figura 45), pentacarpelar/pentalocular (Figura 46), pluricarpelar/plurilocular (figura 47). Figura 42: Ovário unicarpelar e unilocular de Delonix sp. Foto: André Fernandes. Figura 43: Ovário bicarpelar e bilocular de Nerium sp. Foto: André Fernandes. Figura 44: Ovário tricarpelar e trilocular de Iris sp. Foto: André Fernandes. Figura 45: Ovário tetracarpelar e tetralocular de Clerodendron thomsonae. Foto: André Fernandes. Figura 46: Ovário pentacarpelar e pentalocular de Hibiscus rosa-sinensis. Foto: André Fernandes. Figura 47: Ovário pluricarpelar e plurilocular de Lagerstroemia indica. Foto: André Fernandes. - Classificação quanto à fusão carpelos: Simples: gineceu unicarpelar (figura 48). Dialicarpelar ou apocárpico: gineceu com carpelos livres (figura 49). Gamocarpelar ou sincárpico: gineceu com carpelos conatos (figura 50). Estigma Estilete Ovário 9 Figura 48: Gineceu simples de Bauhinia variegata. Foto: André Fernandes. Figura 49: Gineceu dialicarpelar de Magnolia champaca. Foto: André Fernandes. Figura 50: Gineceu gamocarpelar de Dianella sp. Foto: André Fernandes. - Classificação quanto ao número de óvulos no ovário: Uniovular (figura 51), biovular (figura 52), triovular (figura 53), pluriovular (figura 54). Figura 51: Ovário uniovular de Sechium edule. Foto: André Fernandes. Figura 52: Ovário biovular. Esquema: André Fernandes. Figura 53: Ovário triovular de Ricinus communis. Foto: André Fernandes. Figura 54: Ovário pluriovular de Tibouchina granulosa. Foto: André Fernandes. - Classificação quanto à posição do ovário: Ovário súpero: todas as peças florais estão posicionadas abaixo do ovário (figura 55). Ovário ínfero: todas as peças florais estão posicionadas acima do ovário (figura 56). Ovário semi-ínfero: todas as peças florais estão posicionadas na altura do ovário (figura 57). 10 Figura 55: Ovário súpero de Delonix sp. Foto: André Fernandes. Figura 56: Ovário ínfero de Rosa sp. Foto: André Fernandes. Figura 57: Ovário semi-ínfero de Eucalyptus sp. Foto: André Fernandes. - Classificação da flor quanto à posição do ovário: Flor hipógina: flor cujas peças florais se inserem abaixo do ovário, portanto flor que apresenta ovário súpero. Flor perígina: flor com hipanto receptacular (ovário súpero) ou parcialmente apendicular (ovário semi-ínfero). Flor epígina: flor com hipanto apendicular. HIPANTO: Estrutura em forma de urna ou taça que pode ter origem apenas receptacular (hipanto receptacular) ou origem da adnação de sépalas, pétalas, estame e carpelo (hipanto apendicular). Ver figura 58. Flor hipógina Flor perígina Flor perígina Flor epígina Figura 58: Flores epígina, perígina e hipógina. Esquema: André Fernandes. - Classificação quanto à placentação: Basal: placenta localiza-se na região basal de um ovário unilocular (Figura 59). Apical: placenta localiza-se na região apical de um ovário unilocular (Figura 60). Parietal: Ovário sincárpico cuja fusão ocorreu na margem (bordo) da folha carpelar e, portanto a placenta localiza- se na parede do ovário que é unilocular (Figura 61). Axilar: Ovário sincárpico cuja fusão ocorreu na parede e, portanto, a placenta localiza-se na região central de um ovário com mais de um lóculo (Figura 62). Central livre: a placenta ocorre como uma coluna central sem ligação com a parede ovariana. É exclusiva de ovários uniloculares e geralmente gineceu sincárpico (Figura 63). Marginal: placentação de gineceu apocárpico ou unicarpelar. A placenta localiza-se na margem ventral do ovário (Figura 64). 11 Figura 59: Placentacão apical. Nakamura, A.T. Figura 60: Placentação basal. Nakamura, A.T. Figura 61: Placentação parietal. Nakamura, A.T. Figura 62: Placentação axilar. Nakamura, A.T. Figura 63: Placentação central livre. Nakamura, A.T. Figura 64: Placentação marginal. Nakamura, A.T. FÓRMULA E DIAGRAMA FLORAL: A organização morfológica da flor pode ser mostrada através da fórmula (figura 65) e diagrama floral (figura 66). Representação: Simetria: Zigomorfa Actinomorfa Assimétrica K = cálice; C = corola; P = perigônio; A = Androceu; G = gineceu. Concrescimento de peças florais intraverticilo (conação): ( ) Concrescimento de peças florais interverticilos (adnação): [ ] Indicação de posição do ovário: __ Figura 65: Fórmula floral. Figura 66: Diagrama floral. 12 PRÁTICA: MORFOLOGIA DE FLOR E INFLORESCÊNCIA NOME: ____________________________________________ Turma: _______ Data: ___/___/___ Características Flor 1: Ipê Flor 2: Hibisco Quaresmeira (tarefa) Bauhinia sp. (tarefa) 1) Classifique a flor quanto a presença dos verticilos estéreis. (aclamídea, monoclamídea ou diclamídea) 2) Se diclamídea, qual o tipo? (homoclamídea ou heteroclamídea) 3) Quantas sépalas formam o cálice? Trata-se de uma flor gamossépala ou dialissépala? 4) Quantas pétalas formam a corola? Trata-se de uma flor gamopétala ou dialipétala? 5) Comrelação à simetria da corola, como você chamaria a flor? 6) Classifique a flor quanto a sexualidade. (monoclina ou díclina). Se díclina, de que tipo? 7) Com relação ao número de estames em relação ao de pétalas, a flor é isostêmone, oligostêmone, diplostêmone ou polistêmone? 8) Classifique a flor quanto a soldadura dos estames. (dialistêmone ou gamostêmone) 9) Se gamostêmones, formam feixes? Como podemos classifica-la? (monadelfo, diadelfo, poliadelfo ou sinântero) 10) Classifique o androceu quanto ao tamanho dos estames. (homodínamos, heterodínamos - didínamos, tetradínamos) 11) Classifique o androceu quanto à inserção do filete na antera do estame. (basefixa, apicefixa ou dorsifixa) 12) Classifique a antera quanto a sua deiscência. (rimosa, poricida ou valvar) 13) A flor apresenta um gineceu simples ou composto? Se composto, dê o número de carpelos. 14) Se composto, o gineceu é sincárpico ou apocárpico? 15) Classifique o gineceu quanto ao número de 13 lóculos. (unilocular, bilocular, trilocular, plurilocular) 16) Classifique o gineceu quanto ao número de óvulos. (uniovular, biovular, triovular, pluriovular) 17) O ovário é súpero ou ínfero? Por que? Que nome recebe a flor nesse caso? 18) Classifique quanto a posição dos óvulos no ovário (placentação). (basal, apical, parietal, axilar, central livre, marginal) 19) Classifique a flor quanto a disposição das peças florais. (cíclica ou acíclica) 20) Escreva a fórmula floral. Lição de casa, além do quadro: Fotografar: 1) uma flor diclamídea, heteroclamídea, gamopétala, bissexuada e hipógina (uma flor com todas essas características) 2) uma flor diclamídea, homoclamídea e epígina 3) uma flor diclamídea, heteroclamídea, dialipétala e bissexuada 4) uma flor diclamídea, heteroclamídea, gamossépala, gamopétala, bissexuada, gamostêmone e hipógina 5) uma flor díclina Para verificar se o ovário é súpero ou ínfero, faça cortes longitudinais. 14 INFLORESCÊNCIA É um ramo ou sistema de ramos que portam flores. A inflorescência apresenta as seguintes partes: pedicelo (haste da flor), pedúnculo (haste da inflorescência) e raque (eixo de onde originam as flores da inflorescência) (figura 67). Figura 67: Inflorecência de Tecoma stans. A inflorescência, assim como as flores, podem ser diferenciadas a partir da gema apical da planta, ou da lateral, e a partir da posição onde ela está inserida, podemos classifica-la em: lateral (Figura 68), intercalar (Figura 69) e terminal ou apical (Figura 70). Figura 68: Inflorescência lateral de Lantana sp. Foto: André Fernandes. Figura 69: Inflorescência intercalar de Callistemon sp. Foto: André Fernandes. Figura 70: Inflorescência terminal de Hoffmannseggella sp. Foto: André Fernandes. Com relação ao desenvolvimento, podemos classificar as inflorescências em: - RACEMOSAS: inflorescência monopodial ou indefinida. Inflorescências cujas flores basais ou periféricas (as primeiras a se diferenciarem) abrem primeiro. Na inflorescência racemosa apenas as gemas laterais diferenciam flores, enquanto que a gema terminal atrofia no final da floração. - CIMOSAS: inflorescência simpodial ou definida. Tanto a gema apical quanto as laterais produzem flores, dessa forma, a inflorescência cimosa sempre possui uma flor no seu ápice. A inflorescência é dita definida/determinada, uma vez que o número de flores dessas inflorescências numa espécie geralmente é constante. Dentre as racemosas podemos citar: - Espiga: flores apediceladas (sésseis ou subsésseis) que se dispõem sobre um eixo principal em diversas alturas (Figura 71). Pedúnculo Pedicelo Raque 15 - Cacho ou racemo: Flores pediceladas dispostas em várias alturas sobre um eixo principal (Figura 72). - Capítulo: O eixo principal torna-se convexo e nele as flores apediceladas se diferenciam. Inflorescência típica dos representantes da família Asteraceae (Figura 73). - Corimbo: Flores pediceladas que saem de várias alturas do eixo principal e alcançam a mesma altura (Figura 74). - Umbela: Flores pediceladas que saem aproximadamente de um mesmo ponto do eixo principal. Inflorescência típica de espécies da família Apiaceae (Figura 75). - Amento: Variação de espiga, flores apediceladas dispostas em várias alturas num eixo principal flexível (Figura 76). - Espádice: Variação de espiga, flores apediceladas dispostas em várias alturas num eixo principal muito espessado e em cuja base diferencia-se uma bráctea denominada espata. Inflorescência típica de representantes de Araceae (Figura 77). Figra 71: Inflorescência do tipo espiga de Plumbago sp. Foto: André Fernandes. Figura 72: Inflorescência do tipo cacho de Senna sp. Foto: André Fernandes. Figura 73: Inflorescência do tipo capítulo de Chrysanthemum sp. Foto: André Fernandes. Figura 74: Inflorescência do tipo corimbo de Spathodea campanulata. Foto: André Fernandes. 16 Figura 75: Inflorescência do tipo umbela de Tulbaghia sp. Foto: André Fernandes. Figura 76: Inflorescência do tipo amento de Acalypha reptans. Foto: André Fernandes. Figura 77: Inflorecência do tipo espádice de Anthurium andreanum. Foto: André Fernandes. Dentre as inflorescências cimosas, a cimeira é o tipo padrão, tanto a gema apical quanto as axilares produzem flores. Dentre os tipos de inflorescências definidas, podemos citar o dicásio (cimeira simples) e o monocásio: a cimeira helicoide e a cimeira escorpioide. Além desses tipos temos o sicônio, o ciátio e a espigueta. - Cimeira simples ou dicásio: Sob a flor terminal do eixo primário, diferenciam-se duas flores opostas originadas das gemas laterais (Figura 78). - Cimeira escorpioide: Após a formação da flor do eixo terminal da inflorescência, apenas uma gema lateral se desenvolve em flor, sempre do mesmo lado (Figura 79). - Cimeira helicoide: Após a formação da flor do eixo terminal da inflorescência, apenas uma gema lateral se desenvolve em flor e estas flores laterais desenvolvem-se consecutivamente em lados alternados (Figura 80). - Sicônio: inflorescência semelhante um capítulo, mas nesse caso o eixo onde se inserem as flores é côncavo, com uma cavidade quase fechada onde se inserem as flores unissexuais. Estas se abrem da região mediana para a periférica (Figura 81). - Ciátio: formada por uma flor díclina feminina, aclamídea, tricarpelar, trilocular, rodeada por várias flores masculinas (5), estas também aclamídeas constituídas somente por um estame e todo esse conjunto é envolvido por nectários e brácteas (Figura 82). - Espigueta: tipo padrão de inflorescência das espécies de Poaceae (gramíneas) e Cyperaceae (tiririca). São inflorescências cujas flores são monoclinas ou díclinas, aclamídeas e envoltas por brácteas denominadas pálea (a superior) e lema (a inferior). Cada unidade dessa é denominada antécio ou flósculo (floret em inglês). O conjunto de antécios é rodeado por um par de brácteas denominadas glumas (Figura 83). Figura 78: Inflorecência do tipo dicásio de Bougainvillea sp. Foto: André Fernandes. Figura 79: Inflorescência do tipo cimeira escorpioide. Esquema: André Fernandes. 17 Figura 80: Inflorescência do tipo cimeira helicoide de Heliconia sp. Foto: André Fernandes. Figura 81: Inflorescência do tipo sicônio de Ficus sp. Foto: André Fernandes. Figura 82: Inflorescência do tipo ciátio de Euphorbia sp. Foto: AndréFernandes. Figura 83: Inflorescência do tipo espigueta. Esquema: André Fernandes. Flor díclina feminina Flor díclina masculina Nectário Bráctea Antera Gluma superior Estigma bífido Gluma inferior Lema Pálea Lodícula Ovário Eixo floral 18 PRÁTICA: MORFOLOGIA DE INFLORESCÊNCIA NOME: ____________________________________________ Turma: _______ Data: ___/___/___ Observe as inflorescências e responda: 1) Quanto a posição, é uma inflorescência terminal, axilar ou intercalar? 2) Quanto ao desenvolvimento, é uma inflorescência racemosa ou cimosa? 3) A partir dessas informações, faça um esquema da inflorescência e classifique-a. 4) Identifique as seguinte inflorescências: Chrysanthemum sp. Foto: André Fernandes. Euphorbia sp. Foto: André Fernandes. 5) Vá ao supermercado e fotografe pelo menos duas inflorescências. Classifique-as quanto à origem, posição e o tipo de inflorescência.
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