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Crime de furto - Direito Penal

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Proteção Penal ao Patrimônio 
Furto – art. 155 CP
Conceito: Furto é a subtração, para si ou para outrem, de coisa alheia móvel.
Objeto jurídico: Tutela-se o patrimônio, não apenas a propriedade, mas também a posse. 
Elementos do furto:
Subtração (conduta típica): Significa tirar, retirar de outrem bem móvel, sem a sua permissão. A subtração implica a retirada do bem com ou sem o consentimento do possuidor ou proprietário Pode ocorrer de duas maneiras:
O agente desapossa o bem da vítima; ou
A vítima entrega ao agente (=posse vigiada) e o agente retira o bem da esfera de vigilância da vítima; 
 A subtração pode acontecer até mesmo à vista da vítima; Exemplo: sujeito que entra em uma loja e sob a vigilância do comerciante se apodera da mercadoria, saindo em fuga depois.
Subtração X Apropriação indébita: 
Na apropriação indébita a vítima entrega a posse (posse desvigiada), e o agente muda o comportamento e torna-se proprietário. Ex: Caminhoneiro deve levar o caminhão com mercadorias da empresa a determinado lugar, porém se apropria dos bens.
Coisa alheia móvel (Objeto material do furto): A tutela penal no delito de furto tem por objeto material a coisa móvel. Sendo toda substância material, corpórea, passível de subtração e que tenha valor econômico.
Equipara-se a bem móvel: energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico (famoso “gato”) e furto de energia genética (sêmen).
Subtração de animais: Denominado de abigeato, é uma espécie de crime de furto que envolve a subtração de animais, principalmente domesticados, como animais de carga e animais para abate, no campo e fazendas.
O que não se classifica como coisa alheia móvel (não considera crime de furto): 1) a res nullius — é a coisa sem dono; 2) a res derelicta — é a coisa abandonada; 3) a res deperdita — é a coisa perdida. 
 Coisa abandonada (res derelicta): Por exemplo, pertences enterrados junto com o morto.
 Há duas correntes sendo:
Defende que é apenas violação de sepultura, não considerado furto porque define como coisa abandonada; e 
Considera como furto qualificado pelo rompimento de obstáculo, ou seja, não considera como violação de sepultura, havendo um obstáculo para subtrair os bens. Os bens não são considerados abandonados, e sim dos familiares.
Coisa perdida (res deperdita): a propriedade se a coisa perdida não é renunciada espontaneamente pelo dono (ao contrário do que ocorre com a abandonada) seu apoderamento por terceiro poderá constituir o crime de apropriação de coisa achada.
Exemplo de coisa perdida: Maria vai à casa de Rosa, que conta que perdeu um anel de família. Maria encontra o anel e subtrai para si. Trata-se de furto, por estar dentro da casa da vítima.
	
Fim de assenhoreamento definitivo (animus rem sibi habendi): É a vontade de ter algo para si, sem a intenção de devolver o bem, sendo um requisito do furto (elemento subjetivo). 
Furto de uso: Não é crime, devido à ausência do fim de assenhoreamento definitivo. 
Exemplo: Individuo possui uma BMW, ao chegar em determinado local deixa a chave com o manobrista. O manobrista decide sair com o automóvel, deixando no mesmo lugar ao voltar. 
Então para NÃO ser considerado furto são necessários dois requisitos: 
Requisito subjetivo: o agente desde o inicio deve ter a intenção de devolver o bem (antes de pegar o bem); e 
Requisito objetivo: devolver o bem no mesmo local e no mesmo estado.
Exceção: quando praticado furto de uso para fins ilícitos. 
Não será considerado furto em casos de extrema necessidade e/ou urgência.
Sujeito ativo: Trata-se de crime comum. Qualquer pessoa pode praticá-lo, pois não exige a lei qualquer condição especial do sujeito ativo, exceto o dono.
Art. 346 - Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa própria, que se acha em poder de terceiro por determinação judicial ou convenção:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
Fraude processual. Não se trata de crime de furto. 
Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite (...) Não se trata de crime de furto. Ex: Cobrança de dívida em que o individuo subtrai algum bem do devedor.
Sujeito passivo: Qualquer pessoa, física ou jurídica, que tem a posse ou a propriedade do bem (dono ou possuidor, desde que haja prejuízo).
Ladrão que furta ladrão: O sujeito passivo sempre será o primeiro proprietário. 
Absorção (principio da consunção): Há crimes que constituem meio para a prática do furto, como é o caso da violação de domicílio e do dano, quando se tratar de furto qualificado pelo rompimento de obstáculo. Tais crimes serão absorvidos pelo crime de furto (crime fim absorve crime meio).
Exemplo: Individuo entra em uma residência para furtar um bem. Responderá apenas pelo furto, que absorverá o crime de invasão de domicilio. 
	
Post Factum Impunível: pode ser considerado como um exaurimento do crime anterior. O delito principal já se encontra consumado, de forma que o mero exaurimento da conduta não deve ser punido. Exemplo: Agente furta e depois destrói o bem, desconsidera a destruição do bem, porque a vítima já teve um prejuízo anterior com o furto.
Consumação: Teoria da “inversão de posse”
A consumação do furto ocorre com a inversão da posse, ou seja, no momento em que o bem passa da esfera de disponibilidade da vítima para a do autor. A subtração se opera no exato instante em que o possuidor perde o poder e o controle sobre a coisa, de maneira mansa e pacífica (posse tranquila).
Desse modo, segundo essa corrente, para o aperfeiçoamento completo da figura típica exige-se: retirada do bem da esfera de disponibilidade da vítima + posse tranquila da res, ainda que por curto período de tempo.
No roubo, não é necessário haver a inversão da posse.
Hipóteses de em que se considera a consumação: 
a) Perda do bem subtraído: com a perda do bem subtraído reputa-se o crime consumado, pois não mais há possibilidade de o ofendido exercer seu direito sobre a coisa, por exemplo, o agente, durante a perseguição, joga as joias na correnteza do rio. 
b) Prisão em flagrante de um dos agentes e fuga dos demais com a “res”: nessa hipótese, em que pese a prisão de um dos agentes no local do crime, o delito se consumou para todos os coparticipantes, uma vez que alguns lograram fugir, detendo a posse tranquila da res. 
c) Subtração de parte dos bens: se o agente se dispõe a subtrair uma pluralidade de bens, mas, após se apropriar de alguns e guardá-los em esconderijo próximo ao local do crime, é preso em flagrante ao tentar apoderar-se dos bens restantes, o crime reputa-se consumado, pois já houve anteriormente à prisão em flagrante a efetiva espoliação de bens, ainda que somente em parte. 
d) Prisão em flagrante: Se o agente logra apoderar-se da res, mas é encontrado logo depois com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele o autor da infração, a prisão em flagrante não terá o condão de interferir na consumação do crime, pois esta já se operou anteriormente com a retirada da res do domínio de seu titular.
Tentativa: É possível, correrá quando o agente, por circunstâncias alheias à sua vontade, não chega a retirar o bem do domínio de seu titular.
Exemplos:
a) O agente é surpreendido subindo a escada para entrar em uma residência: há mero ato preparatório. Não se pode falar em início de execução, porque o verbo subtrair ainda não começou a ser praticado, na medida em que o agente ainda não tinha começado a tirar nenhum bem da vítima. 
b) Após entrar na residência, o sujeito é surpreendido pelos donos da casa antes de se apoderar de qualquer objeto: Só responde pela violação de domicílio, pois não houve inicio de subtração.
 c) Após entrar na residência, o autor é surpreendido pelos donos da casa se apoderando dos objetos: nessa hipótese, já existe início de execução, pois o verbo do tipo já começou a ser realizado.
Indivíduo vai até um mercado, esvazia uma garrafa de água e coloca vinho no ligar. Passa pelo caixa, mas é surpreendido pelo segurança. Que
crime seria? Trata-se de crime de furto por fraude tentado.
Crime impossível: Quando houver ineficácia absoluta do meio empregado ou pela impropriedade absoluta do objeto material, é impossível de consumar-se. Se a ineficácia ou a impropriedade forem relativas, será considerada tentativa.
Exemplos:
Loja com sistema antifurto ou com fiscalização de seguranças: indivíduo que se apodera de mercadorias de um supermercado e as esconde sob as vestes, mas, ao sair, desperta suspeitas no segurança, que o aborda;
 Agente que enfia a mão no bolso errado das vestes da vítima: a ausência do objeto é circunstância meramente acidental, que não torna impossível o crime, respondendo o agente pela tentativa de furto. 
Agente que enfia a mão na bolsa da vítima que está vazia: se o bem não estiver com a vítima, em bolso nenhum, a impropriedade passa a ser absoluta, inviabilizando totalmente a consumação do delito, tornando-o impossível. Não se pode subtrair coisa alheia de quem nada tem.
Furto famélico: É aquele cometido por quem se encontra em situação de extrema miserabilidade, penúria, necessitando de alimento para saciar a sua fome e/ou de sua família. Não se configura, na hipótese, o crime, pois o estado de necessidade exclui a ilicitude do crime.
Furto noturno: É causa especial de aumento de pena (1/3) – qualificadora. Funda-se no maior perigo a que é exposto o bem jurídico em virtude da diminuição da vigilância e dos meios de defesa daqueles que se encontram recolhidos à noite para repouso, facilitando a prática delituosa (furtos que ocorrem durante repouso noturno). *Somente para furto simples.
 Repouso noturno não se confunde com noite, sendo o período de tempo, que se modifica conforme os costumes locais, em que as pessoas dormem. Pode ser ocorrer em comércio, desde que esteja fechado, casas habitadas ou inabitadas.
Furto privilegiado (primário e coisa de pequeno valor): “Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa”. É o chamado furto de pequeno valor ou furto mínimo. Seus requisitos são:
Primariedade: primário é todo aquele que não é reincidente, que não praticou nenhum delito após ter sido condenado em definitivo (difere-se de antecedentes, sendo este desconsiderado p/ o benefício do privilégio).
Antecedentes: A lei não exige que os antecedentes do réu sejam verificados para concessão do privilégio, de modo que a presença de maus antecedentes não impede a incidência dessa causa de diminuição de pena.
Pequeno valor da coisa subtraída: a jurisprudência firmou entendimento no sentido de que o furto é mínimo quando a coisa subtraída não alcança o valor correspondente a um salário mínimo vigente à época do fato. O pequeno valor da coisa não deve ser avaliado em função da situação financeira da vítima.
O juiz irá substituir a pena de reclusão: 
1- por detenção; 
2- diminuir a pena privativa de liberdade de 1/3 a 2/3 terços; ou 
3- aplicar somente a pena de multa. 
Nada impede que o juiz, cumulativamente, substitua a reclusão por detenção e, em seguida, diminua esta pena.
No crime tentado, é o valor do bem pretendido (o que o agente queria pegar).
Furto Privilegiado e Princípio da Insignificância: Considerado fato atípico. Quando ocorrem condutas incapazes de lesar o bem jurídico, ou seja, de tão insignificante, a conduta torna-se imperceptível.
Exceção: Valor sentimental e/ou emocional.
 É possível Crime Privilegiado-Qualificado? (2 posições)
Inicialmente não seria possível, devido a disposição dos parágrafos (o privilegiado só se aplicaria ao caput), além do privilegiado não ser compatível com a gravidade do qualificado;
Hoje, porém surge outra corrente com o entendimento de que seja possível, pois as qualificadoras têm natureza objetivas.
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno.
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico.
Furto qualificado
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
III - com emprego de chave falsa;
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.
§ 5º - A pena é de reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. 
§ 6o A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração.
Furto de coisa comum
Furto Qualificado - Previsto nos §§ 4º e 5º do art. 155 do CP
As qualificadoras do furto são relativas aos modos de execução que lhe imprimem um cunho de maior gravidade. São elas:
Com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa (inciso I): trata-se de violência empregada contra obstáculo que dificulte a subtração da coisa. A destruição é total e o rompimento parcial.
Se houver emprego de violência contra a pessoa configura o crime de roubo.
A destruição ou rompimento deve ser NECESSÁRIA p/ subtração do bem, ou seja, se após a consumação do crime (bem furtado) ocorre destruição ou rompimento de obstáculo não configura qualificadora.
No caso de animais, prevalece que não se trata de obstáculo (configura como dano, no caso de rompimento ou destruição).
Conceito de obstáculo: O obstáculo a que se refere a lei é aquele destinado a proteger exclusivamente ou não a propriedade, por exemplo, janelas, portas, fechaduras, vidros, cadeados, dispositivos automáticos de segurança, como os alarmes. O agente, na realidade, destrói, desfaz, quebra o obstáculo que dificulte, impeça a subtração da coisa. O mero desligamento de um alarme não configura a qualificadora em questão. É importante notar que a qualificadora não se configura quando há a destruição da própria res furtiva (do bem que se pretende furtar).
Exemplo: Agente que, para subtrair um veículo quebra o vidro, sendo estes obstáculos inerentes à res responderá por furto simples;
Já se o agente, para subtrair objetos que se encontrem no interior do veículo, quebra-lhe o vidro, responderá por furto qualificado, pois o vidro constitui obstáculo exterior à res furtiva.
Exemplo 2: agente que corta a bolsa da vítima para subtrair-lhe a carteira não pratica furto qualificado, pois se tem entendido que a bolsa é feita para o transporte, não constituindo obstáculo destinado à proteção de valores. 
Com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza (inciso II): 
b1) Abuso de confiança: Dois requisitos: deve haver a confiança especial da vítima no agente; e o agente deve se valer dessa confiança. 
Confiança: que decorre de certas relações (empregatícia, de amizade ou parentesco) estabelecidas entre o agente e o proprietário do bem. O agente, dessa forma, aproveita-se da confiança nele depositada para praticar o furto, pois há menor vigilância do proprietário sobre os seus bens (confiança especial). 
Exemplo: empregado que alega ter esquecido a sua carteira na loja e a ela retorna com o fim de subtrair bens de seu patrão.
b2) Mediante fraude: É o ardil, artifício, meio enganoso empregado pelo agente para diminuir, iludir a vigilância da vítima e realizar a subtração. Exemplos: agente que se disfarça de empregado de empresa telefônica e logra entrar em residência alheia para furtar, ou agente que, a pretexto de realizar compras em uma loja, distrai a vendedora, de modo a lograr apoderar-se dos objetos.
Furto mediante fraude X Estelionato: No estelionato
a vítima iludida entrega voluntariamente o bem; mas se a vítima é distraída, e o agente subtrai a coisa, há furto mediante fraude (DEVE HAVER SUBTRAÇÃO).
No caso do “test drive” do automóvel e agente que se passa por manobrista: Hoje, ambos, são considerados furto mediante fraude, porque o bem permanece na esfera de vigilância.
b3) Mediante escalada: É o acesso a um lugar, residência etc., por via anormal ou então o agente é obrigado a empregar um esforço incomum. Há aqui o uso de instrumentos para adentrar no local. Exemplos: escada, corda; ou como esforço incomum saltar um muro de dois metros de altura (*deve ser alto); entrar pelo telhado, com a consequente remoção das telhas; passar por um túnel subterrâneo. 
Se o muro da casa for baixo ou a janela estiver próxima ao solo: não incide como qualificadora porque o agente não empregou qualquer esforço fora do comum.
b4) Mediante Destreza: Consiste na habilidade física ou manual do agente que lhe permite o apoderamento do bem sem que a vítima perceba (=punga). Tal ocorre com a subtração de objetos
que se encontrem junto à vítima, por exemplo, carteira, dinheiro no bolso ou na bolsa, colar etc., que são retirados sem que ela note.
Se a vítima perceber a subtração no momento em que ela se realiza: considera-se o furto tentado na forma simples, pois não há que se falar no caso em destreza do agente (p. ex., a vítima sente a mão do agente em seu bolso).
Se a vítima se dá conta da falta do objeto instantes após o bem ser furtado pelo agente e antes do afastamento deste do local da subtração: há tentativa de furto qualificado, já que presente está a destreza do agente. 
Se terceiros notarem a subtração: haverá tentativa de furto qualificado, já que presente está a habilidade do agente, na medida em que a própria vítima não se deu conta da retirada do bem.
Se a vítima que está dormindo, que se encontra embriagado ou em qualquer outro estado de inconsciência: Será furto simples, porque não se pode falar em destreza na subtração.
Com emprego de chave falsa (inciso III): 
c1) Cópia da chave sem autorização. Ex: Empregada que pega a chave verdadeira sem autorização e faz uma cópia (=falsa), voltando na parte da noite para abrir a casa e furtar os bens; ou
c2) Qualquer instrumento capaz de abrir. Ex: grampo, arame etc.
Ligação direta: Entende-se que não é qualificadora, por não utilizar um instrumento. 
Mediante concurso de duas ou mais pessoas (inciso IV): Há duas correntes quanto à necessidade de que todos os agentes realizem os atos de execução. Para a maioria da doutrina não há necessidade dos agentes realizarem juntos os atos executórios (Argumenta-se que a lei se refere ao “concurso de duas ou mais pessoas”, o que abrange tanto a coautoria como a participação); 
Participação de inimputável: Não tem importância, basta a cooperação consciente deles para que a qualificadora se configure.
É necessário que haja consciente combinação de vontades na ação conjunta para incidir a qualificadora.
Mesmo que um dos agentes fuja após a subtração a qualificadora incidirá, desde que seja provado o concurso de pessoas.
Autor: aquele que pratica o verbo do crime (teoria restritiva, adotada); o Coautor: pratica junto com o autor o verbo do crime; e Partícipe: Todo aquele que assessora, auxilia, mas sem praticar os atos executórios. 
e) Subtração de veículo automotor transportado para outro Estado ou exterior: Se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior, o furto também será qualificado, passando sua pena para três a oito anos de reclusão. Consideram-se como tal os automóveis, ônibus, caminhões, motocicletas, aeronaves, lanchas, jet-skies etc., porém o transporte de partes do veículo não é abrangido.
A configuração da qualificadora ocorre quando há o efetivo transporte do veículo automotor para outro
Estado ou para o exterior, ou seja, quando há a transposição dos limites territoriais (ultrapassa a fronteira). Se não passar, responde por furto simples. Exemplos: 
Furto consumado + efetiva ultrapassagem da fronteira: configura crime de furto qualificado em tela;
Furto consumado + agente é surpreendido antes de transpor a divisa: configura-se o furto simples, apenas não incidindo a qualificadora;
Veículo subtraído próximo da divisa do Estado + agente, ao ser perseguido, transpõe essa divisa, não tendo sequer a posse tranquila da res: há tentativa de furto qualificado; este não se consumou, mas houve a configuração da qualificadora.
Antes do furto, o agente deve ter pendente que o veículo será levado para outro Estado ou Exterior. 
Concurso de qualificadoras: A incidência dessa qualificadora impede a incidência das outras, contudo, pelo fato de estas tratarem dos meios executivos do crime, nada impede que sejam valoradas como circunstâncias judiciais na fixação da pena-base. Ou seja, será usado como parâmetro a pena máxima da qualificadora do furto de veículo e a outra (s) qualificadora (s) será usada circunstância judicial desfavorável. Ex: Se o sujeito utilizar um disfarce para enganar a vitima e pegar o automóvel, subtrair e levar para o exterior.
Art. 155 CP (...)
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
III - com emprego de chave falsa;
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.
§ 5º - A pena é de reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior.
Furto de Coisa Comum – Art. 156 CP
Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum (bem que pertence a mais de uma pessoa).
Sujeito ativo: Cuida-se de crime próprio. São sujeitos ativos o condômino, coerdeiro ou sócio. 
Sujeito Passivo: É o condômino, coerdeiro ou sócio, ou quem legitimamente detenha a coisa, com exceção do agente.
Objeto Material: A coisa comum.
Ação penal: Trata-se de ação penal pública condicionada à representação de um dos ofendidos ou de seus representantes legais.
Causa de exclusão de ilicitude (crime): Com base no § 2 art. 156 CP “não é punível a subtração de
coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a que tem direito o agente”.
Fungíveis são as coisas móveis que podem substituir-se por outras da mesma espécie, qualidade e quantidade. 
No caso de subtração de coisa comum infungível será.
Exemplo: Dois sócios de 100 mil reais, um sócio pega 49 mil (não considera crime por estar dentro da quota dele).
Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
§ 1º - Somente se procede mediante representação.
§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a que tem direito o agente.

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