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Teoria Política 02

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EA
D
2
Jusnaturalismo: 
Hobbes e o Contrato 
Social
1. OBJETIVOS
•	 Conhecer	os	conceitos	de	Jusnaturalismo,	estado	de	na-
tureza	e	contrato	social.	
•	 Compreender	 como	 Hobbes	 soluciona	 o	 problema	 da	
passagem	do	estado	de	natureza	para	o	estado	de	socie-
dade.
2. CONTEÚDOS
•	 Compreensão	da	 ideia	 de	 estado	de	natureza	 e,	 conse-
quentemente,	do	que	vem	a	seu	jusnaturalismo.
•	 O	contrato	social	na	obra	O Leviatã,	de	Hobbes.
© Teoria Política Clássica
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
54
3. SUGESTÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE
1)	 Tenha	 sempre	 à	 mão	 o	 significado	 dos	 conceitos	
explicitados	 no	 Glossário.	 Isso	 poderá	 facilitar	 sua	
aprendizagem	e	seu	desempenho.
2)	 Para	 mais	 referências	 sobre	 as	 Revoluções	 Inglesas	
do	 século	 17	 é	 imprescindível	 a	 leitura	 da	 seguinte	
bibliografia:	 FLORENZANO,	 Modesto.	 As Revoluções 
burguesas.	São	Paulo,	Brasiliense,	1981.	 (Coleção	Tudo	
é	história	8).	
Antes	de	iniciar	os	estudos	desta	unidade,	pode	ser	interes-
sante	conhecer	um	pouco	da	biografia	do	pensador	cujo	pensa-
mento	norteia	o	estudo	desta	disciplina.	
Thomas Hobbes –––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 
(Malmesbury/Inglaterra, 5 de abril de 1588 – Hardwick Hall/
Inglaterra, 4 de dezembro de 1679) foi um matemático, teó-
rico político e filósofo inglês, autor de obras como O Leviatã 
(1651) e Do Cidadão (1642).
Imagem: disponível em: <http://www.d.umn.edu/cla/faculty/
jhamlin/2111/2111schd_files/hobbes.jpg>. Acesso em: 28 
fev. 2010.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
4. INTRODUÇÃO À DISCIPLINA
Na	unidade	 anterior,	 estudamos	 um	pouco	 sobre	 a	 vida	 e	
a	obra	do	italiano	Nicolau	Maquiavel,	entendemos	como	se	dá	a	
passagem	da	Idade	Média	para	a	Idade	Moderna	e	como	a	manei-
ra	de	Maquiavel	ver	a	política	influenciou	e	influencia	a	forma	de	
se	exercer	o	poder.	Vale	lembrar	a	importantíssima	separação	feita	
por	Maquiavel	entre	religião	e	política	e	a	consequente	substitui-
ção	do	divino	pelo	eficaz.		
Nesta	 unidade,	 estudaremos	 um	 movimento	 conhecido	
como	 Jusnaturalismo	 ou	 Teoria	 do	 Direito	 Natural.	 Estaremos	
55© O Jusnaturalismo: Hobbes e o Contrato Social 
diante,	a	partir	de	agora,	de	um	ramo	da	filosofia	política	que	bus-
ca	explicar	os	fenômenos	relacionados	ao	poder	político	recorren-
do	a	uma	ideia	de	estado de natureza.	Estado	este	que	precede	
a	existência	da	política,	ou	seja,	a	maneira	que	os	homens	viviam	
antes	de	encontrarem-se	organizados	em	sociedade.
Todos	 os	 autores	 que	 estudaremos	 a	 partir	 desta	 unida-
de	 se	 encontram	dentro	 da	 concepção	 jusnaturalista	 da	 política	
moderna.	Thomas	Hobbes,	John	Locke,	Barão	de	Montesquieu	e	
Jean-Jacques	Rousseau	podem	ser	considerados	os	autores	mais	
representativos	desta	vertente	da	Filosofia	Política	Moderna,	esta	
fundada	por	Nicolau	Maquiavel.	O	Jusnaturalismo	percorre,	por-
tanto,	os	séculos	16,	17	e	18	influenciando	a	maneira	de	se	pensar	
as	relações	políticas	e	de	poder	referentes	a	cada	época.
Para	 compreendermos	o	 Jusnaturalismo	é	 importante	que	
conceitos	 como	estado	de	natureza,	 contrato	 social	e	 sociedade	
civil	fiquem	claros.	Assim,	dedicaremos	uma	parte	desta	unidade	
a	este	fim.	
Depois	de	compreendermos	melhor	o	que	é	o	Jusnaturalis-
mo	e	seus	conceitos	mais	fundamentais,	nos	aprofundaremos	um	
pouco	mais	na	obra	de	Thomas	Hobbes,	considerado	por	muitos	o	
fundador	do	jusnaturalismo	moderno.
Sairemos	da	Itália	dos	séculos	15	e	16	e	partiremos	para	a	
Inglaterra,	em	um	outro	contexto	histórico,	mais	precisamente	no	
século	17,	momento	em	que	Hobbes	escreve	suas	obras.	
Para	entendermos	o	pensamento	político	de	Hobbes	esco-
lhemos	o	seu	livro	mais	conhecido	e	discutido:	O Leviatã.	A	partir	
deste	estudo,	entenderemos	como	Hobbes	concebe	o	estado	de	
natureza,	o	contrato	e	a	passagem	para	o	estado	político,	ou	civil,	
em	que	os	homens	encontram-se	organizados	em	sociedade.
Boa	parte	da	obra	deste	autor	é	voltada	para	a	defesa	do	con-
servadorismo	e	da	soberania	na	política.	Assim	como	O Príncipe,	
de	Maquiavel,	O Leviatã,	de	Hobbes,	trata	da	necessidade	de	um	
© Teoria Política Clássica
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
56
governo	unido	e	forte	que	tem	a	função	primordial	de	preservar	a	
unidade	do	Estado.	No	entanto,	esses	dois	autores	não	podem	ser	
considerados	semelhantes	em	todos	os	momentos	de	suas	obras.	
Como	vimos	na	unidade	anterior,	Maquiavel	 teve	momentos	de	
defesa	 do	 ideal	 republicano,	 alguns	 críticos	 consideram	que	 até	
mesmo	O Príncipe	seria	uma	obra	republicana	que	alertaria	o	povo	
sobre	um	governo	tirano.	Hobbes,	ao	contrário,	é	conservador	em	
toda	a	sua	obra.		
Vamos,	então,	ver	como	essas	ideias	influenciaram	a	Teoria 
Política Clássica,	tema	central	de	nosso	estudo!
5. O JUSNATURALISMO
O	Justanaturalismo,	que	é	uma	corrente	do	pensamento	po-
lítico	moderno	cujo	objetivo	é	oferecer	uma	explicação	da	origem	
e	dos	fundamentos	do	Estado	Moderno,	inicia-se	em	meados	do	
século	17	com	Thomas	Hobbes,	na	Inglaterra,	e	continua	influen-
ciando	fortemente	a	filosofia	política	até	o	final	do	século	18	e	o	
início	do	século	19.	
Como	vimos	anteriormente,	o	 Jusnaturalismo	é	o	 ramo	da	
filosofia	política	que	busca	explicar	o	poder	político	recorrendo	à	
ideia	de	um	estado	natural	que	existiu	antes	da	política.
Por	 estado natural	 ou	 estado de natureza	 entendemos	 o	
estado	que	antecede	a	organização	da	sociedade	civil,	a	ausência	
desta	sociedade.	Portanto,	só	é	possível	entender	o	estado	de	na-
tureza	em	contraposição	ao	estado	político.	Os	diferentes	autores	
jusnaturalistas,	também	conhecidos	por	contratualistas,	conside-
ram	diferentemente	 as	 características	 deste	 estado.	 Além	disso,	
alguns	 deles	 admitem	 que	 este	 estado	 possa,	 talvez,	 nunca	 ter	
existido	e	ser	apenas	um	recurso	retórico	para	a	melhor	explicação	
da	teoria.	
Ou	seja,	seria	uma	ficção,	utilizada	apenas	para	se	contrapor	
ao	que	conhecemos	por	sociedade	e	tornar	a	explicação	dada	por	
57© O Jusnaturalismo: Hobbes e o Contrato Social 
eles	mais	eficaz.	No	entanto,	outros	autores	acreditam	na	sua	exis-
tência	real,	mas	não	têm	a	possibilidade	de	precisar	em	que	mo-
mento	da	história	este	existiu,	ou	se	existiu	em	diferentes	lugares	
e	em	tempos	diferentes.
O	que	caracteriza	este	estado	é	ele	ser	constituído	por	indiví-
duos	absolutamente	isolados,	ou	que	não	estão	associados,	a	não	
ser	por	razões	absolutamente	naturais,	como	os	laços	de	sangue	
que	unem	uma	família.	Os	indivíduos	que	compõem	este	estado	
têm	 duas	 características	 fundamentais:	 são	 livres	 e	 iguais.	 Isso	
pode	ser	considerado	bom	ou	mau,	dependendo	de	como	o	autor	
entende	a	natureza	humana.	Veremos,	a	seguir,	que	cada	um	dos	
autores	tem	uma	concepção	diferente	sobre	se	o	homem	é	natu-
ralmente	bom,	ou	naturalmente	mau,	o	que	provoca	profundas	di-
ferenças	em	suas	obras,	apesar	de	todos	eles	serem	considerados	
jusnaturalistas	ou	contratualistas.
Assim,	temos	os	autores	que	consideram	o	estado	de	natu-
reza	um	estado	pacífico	e	os	que	consideram	este	como	um	estado	
de	guerra	de	todos	contra	todos.
Vale	 ressaltar	 que	 todos	 esses	 autores	 concordam	 com	 a	
ideia	de	um	estado de natureza	(seja	ele	fictício	ou	real)	e	que	os	
indivíduos,	por	meio	de	um	contrato,	concordam	em	passar	para	
um	estado civil	em	que	a	sociedade	encontra-se	organizada.	O	que	
os	diferencia	é	a	maneira	pela	qual	concebem	este	estado	(pacífico	
ou	belicoso)	e	o	motivo	e	a	forma	com	que	se	dá	o	contrato,	como	
veremos	a	seguir.
Percebemos,	então,	que	a	passagem	do	estado	de	natureza	
se	dá	por	meio	de	um	contrato	social	em	que	os	indivíduos	con-
cordam	em	sair	do	estado	de	natureza,	em	função	deste	ser	um	
estado	de	guerra	de	todos	contra	todos,	ou	deste	ser	um	estado	
de	extrema	incerteza.	De	todas	as	formas	os	indivíduos	entram	em	
um	consensode	que	o	estado	em	que	vivem	deve	ser	substituído	
por	um	estado	de	organização	civil	e	política.
© Teoria Política Clássica
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
58
O	contrato social	é,	portanto,	esta	concordância	entre	todos	
os	indivíduos	de	sair	do	estado	de	natureza	para	organizarem-se	
em	sociedade.	Este	funda	a	soberania	e	institui	a	autoridade	po-
lítica	e	o	estado	civil,	o	qual	tem	por	objetivo	declarar	um	fim	às	
lutas	mortais	do	estado	de	natureza	de	Hobbes,	ou	do	estado	de	
sociedade	de	Rousseau,	como	veremos	nas	próximas	unidades.
O	que	varia,	neste	tema,	é	se	o	contrato	é	de	todos	os	indi-
víduos	entre	si	em	favor	apenas	da	coletividade,	ou	se	o	benefici-
ário	é	um	terceiro	que	será,	a	partir	de	então,	o	soberano.	Outra	
diferença	entre	os	autores	é	se	este	contrato	pode	ou	não	ser	re-
vogado.
O	estado civil,	ou	estado	político,	é	a	reunião	desses	indiví-
duos,	antes	isolados,	em	uma	sociedade	organizada.	É	o	estabele-
cimento	de	um	poder	político	que	coordena	as	ações	dos	indiví-
duos,	que	eram	absolutamente	livres	para	praticar	qualquer	ato,	
mesmo	que	esse	ato	fosse	contrário	à	vontade	de	todos	os	outros	
e	os	prejudicassem.
Segundo	Bobbio	(1991,	p.	3):	“O	que	importa	observar	é	que	
nenhuma	dessas	variações	nega	ou	modifica	os	elementos	essen-
ciais	[...]	que	se	referem	ao	ponto	de	partida	(o	estado	de	nature-
za),	ao	ponto	de	chegada	(o	estado	civil)	e	ao	meio	através	do	qual	
ocorre	a	passagem	(o	contrato	social)”.	
O	Jusnaturalismo	traz	uma	inovação	de	extrema	relevância	
para	a	filosofia	política.	Os	autores	desta	corrente	não	falam	mais	
em	 comunidade	 e	 sim	 em	 sociedade.	Mas	 o	 que	 isso	 significa?	
Significa	que	os	homens,	depois	do	 contrato,	decidem	por	viver	
juntos	de	forma	voluntária,	construindo	“um	todo”.	Este	“todo”	é	
maior	do	que	a	simples	soma	de	indivíduos	agrupados	ao	acaso	e	
que	partilham	de	referências	comuns	e	unem-se	em	uma	associa-
ção	benéfica	para	todos.	A	comunidade	nos	remete	à	ideia	de	um	
agrupamento	natural	de	homens	e	a	sociedade	a	um	grupo	forma-
do	pela	vontade	dos	indivíduos.	
59© O Jusnaturalismo: Hobbes e o Contrato Social 
Outro	ponto	importante	a	se	destacar	é	que	a	ideia	de	estado	
de	natureza	traz	outra	ideia:	a	de	direitos	naturais.	Esses	direitos	
naturais	são	certos	direitos	e	leis	humanas	que	têm	validade	uni-
versal.	A	concepção	de	quais	são	estes	direitos	também	é	variável	
nas	obras	de	alguns	autores,	mas	podemos	dizer	que	variam	entre	
elementos,	tais	como:	direito	à	vida,	à	liberdade	e	à	propriedade.	
Todas	essas	divergências,	 apresentadas	 rapidamente	neste	
tópico,	 ficarão	claras	no	momento	em	que	estudarmos	cada	um	
dos	autores	jusnaturalistas,	objetos	de	estudo	desta	disciplina.
Portanto,	 não	 se	 espantem	 com	 tantos	 conceitos	 e	 diver-
gências	apresentados	logo	neste	início,	pois	eles	serão	incessante-
mente	trabalhados	até	o	final	dos	nossos	estudos!	
6. THOMAS HOBBES: VIDA E OBRA
Thomas	Hobbes	ingressa	na	Universidade	de	Oxford	em	1603	
e,	mesmo	sem	ter	sido	um	aluno	brilhante,	cinco	anos	mais	tarde,	
depois	de	se	formar,	torna-se	preceptor	de	Willian	Cavendish,	no-
bre	que,	mais	tarde,	se	tornaria	Segundo	Conde	de	Devonshire.
Somente	em	1610,	Hobbes	viaja	pela	primeira	vez	da	ilha	bri-
tânica	para	o	continente,	acompanhando	seu	pupilo.	Mas	apenas	
em	1629,	em	uma	viagem	à	França	e	à	Itália,	é	que	ele	se	coloca	
em	contato	com	a	vanguarda	do	pensamento	filosófico	e	científico	
da	época,	conhecendo	pessoas	como	Galileu	Galilei	e	René	Des-
cartes.
De	volta	à	Inglaterra,	Hobbes	dedica-se	aos	estudos	de	polí-
tica	e	de	direito,	e,	mais	tarde,	em	1640,	publica	Os Elementos da 
Lei.	Como	consequência	do	que	escreve	em	sua	obra,	exila-se	na	
França.	Lá,	publica	Do Cidadão	e	torna-se	professor	de	matemática	
do,	então,	futuro	rei	Carlos	II.
Como	o	momento	político	torna-se	favorável,	em	1651,	Ho-
bbes	publica	O Leviatã	e	regressa	à	Inglaterra,	onde	publica	mais	
© Teoria Política Clássica
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
60
dois	livros,	Do Corpo	e	Do Homem	que,	juntamente	com	Do Cida-
dão,	formam	um	sistema	filosófico	completo.	
Já	em	1668,	ele	passa	a	escrever	uma	narrativa	histórica	so-
bre	a	Guerra	Civil	Inglesa,	chamada	Behemoth	ou	O Longo Parla-
mento,	publicada	apenas	em	1682,	três	anos	após	sua	morte	(OS-
TRENSKY,	2007).
7. CONTEXTO HISTÓRICO
Na	Inglaterra,	com	o	fim	da	dinastia	Tudor,	em	1603,	os	Stu-
art	assumem	o	poder.	O	primeiro	rei	desta	dinastia	foi	Jaime	I,	que	
governa	até	1625	e,	logo	depois,	dá	lugar	a	Carlos	I,	o	qual	vive	um	
período	de	muita	turbulência	na	história	da	Inglaterra.	Em	1640,	
momento	em	que	o	governo	vivia	 forte	crise	 financeira,	Carlos	 I	
convoca	o	parlamento	com	o	intuito	de	firmar	paz	com	os	escoce-
ses.	No	entanto,	dois	anos	depois,	em	1642,	o	parlamento	exigiu	
que	os	ministros	fossem	nomeados,	mediante	o	seu	consentimen-
to,	com	a	permissão	às	práticas	calvinistas	e	a	supervisão	por	parte	
do	Parlamento	do	exército	destinado	à	Irlanda.	Carlos	negou	estas	
solicitações	e,	em	3	de	janeiro	de	1642,	enviou	um	Fiscal	Geral	do	
Estado	à	Câmara	dos	Lordes	para	pesar	um	processo	por	alta	trai-
ção	a	vários	Comunes.	A	tentativa	precipitou	uma	guerra	civil	que	
durou	até	1649,	quando	Carlos	I	foi	decapitado	e	Oliver	Cromwell	
assume	o	poder	e	abole	a	monarquia.	Antes	de	morrer,	em	1658,	
Cromwell	nomeou	seu	filho,	Richard	Cromwell,	como	seu	sucessor.	
Com	Richard,	 o	 caos	 político	 e	 econômico	 tomou	 conta	 do	país	
até	que,	dois	anos	depois,	em	1660,	a	monarquia	é	restaurada	e	o	
poder	volta	às	mãos	dos	Stuart	com	Carlos	II.	
Revoluções Inglesas do século 17 ––––––––––––––––––––––
No século 17, a Inglaterra viveu dois momentos revolucionários: a Revolução Pu-
ritana, de 1640, que culminou na execução do Rei Carlos I e, em 1689, a Revo-
lução Gloriosa. Ambas fizeram parte de um mesmo processo revolucionário que 
tinha por objetivo atender aos anseios da burguesia ascendente e estabelecer 
em definitivo o sistema parlamentarista de governo, vigente até os dias de hoje 
na Inglaterra. Estas revoluções manifestam a crise do absolutismo, ou seja, do 
61© O Jusnaturalismo: Hobbes e o Contrato Social 
Antigo Regime, e consolidam as bases para o desenvolvimento do capitalismo. 
Portanto, podemos dizer que estas foram as primeiras revoluções burguesas da 
Europa. 
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
8. O LEVIATÃ
O Leviatã,	 uma	das	principais	obras	de	Thomas	Hobbes,	é	
escrito	em	um	período	de	Guerra	Civil	que	aconteceu	entre	1642	e	
1649.	Fundador	do	Jusnaturalismo	Moderno,	Hobbes	mostra	que,	
além	do	direito	positivo	(expresso	em	códigos),	há	um	direito	na-
tural	que	o	precede	e	lhe	é	superior.	Para	os	autores	do	Jusnatu-
ralismo	Moderno	a	 ideia	de	estado	de	natureza	é	 independente	
da	história	humana.	Certos	direitos	e	leis	humanas	com	validade	
universal	são	deduzidos	da	ideia	mais	geral	de	direito	natural,	con-
forme	veremos	a	seguir
9. ESTADO DE NATUREZA 
Podemos	imaginar	a	importância	que	alguns	conceitos	jus-
naturalistas	 têm	 para	 a	 obra	 de	 Thomas	 Hobbes,	 sendo	 o	mais	
importante	deles	o	estado	de	natureza.	Compreender	como	Ho-
bbes	concebe	esta	 ideia	pode	nos	esclarecer	muito	de	sua	obra.	
Basicamente,	podemos	dizer	que	o	homem	no	estado	de	natureza	
hobbesiano	tem	duas	características	fundamentais:	a	liberdade	e	a	
igualdade.	Com	homens	livres	e	iguais	o	estado	de	natureza	torna-
se	um	estado	de	guerra	permanente.	
Mas	como	duas	características	como	liberdade	e	igualdade	
podem	transformar-se	na	causa	de	um	estado	de	guerra	de	todos	
contra	todos?
Hobbes	nos	esclarece	essa	questão	dizendo	que	os	homens	
são	relativamente	iguais	tanto	física	quanto	intelectualmente.	Ain-
da	 que	 haja	 pequenas	 diferenças,	 essas	 não	 são	 significativas	 a	
ponto	de	fazer	com	que	um	homem	se	destaque	dos	outros.	Com	
© Teoria Política Clássica
 Claretiano- REDE DE EDUCAÇÃO
62
isso,	ele	quer	dizer	que	os	homens	não	são	absolutamente	iguais,	
mas	são	iguais	o	bastante.
Sendo	 iguais,	 consequentemente,	 os	 homens	 desejam	 as	
mesmas	coisas.	E,	no	momento	em	que	a	coisa	desejada	não	pode	
ser	de	todos,	eles	tornam-se	inimigos.	Dois	homens	podem	dispu-
tar	um	mesmo	bem	e	esta	disputa	provoca	todas	as	controvérsias.	
Assim,	o	mais	razoável	passa	ser	a	ideia	de	atacar	para	não	ser	ata-
cado,	generalizando	o	estado	de	guerra.	Veremos,	na	passagem	a	
seguir,	como	o	próprio	autor	coloca	esta	ideia:
Desta	igualdade	quanto	à	capacidade	deriva	a	igualdade	quanto	à	
esperança	de	atingirmos	nossos	fins.	Portanto,	se	dois	homens	de-
sejam	a	mesma	coisa,	ao	mesmo	tempo	que	é	impossível	ela	ser	
gozada	por	ambos,	eles	tornam-se	inimigos.	E	no	caminho	para	seu	
fim	(que	é	principalmente	sua	própria	conservação,	e	às	vezes	ape-
nas	seu	deleite)	esforçam-se	por	destruir	ou	subjugar	um	ao	outro	
(HOBBES,	1999,	p.	108).	
Desse	modo,	três	causas	principais	são	definidas	para	a	dis-
córdia	que	existe	entre	os	homens:	a	competição,	a	insegurança	e	
a	glória.	Ávidos	pelo	lucro,	pela	sua	segurança	e	pela	sua	reputa-
ção,	os	homens	são	impelidos	a	atacarem	uns	aos	outros.	Assim,	
no	estado	de	natureza	“a	vida	do	homem	é	solitária,	pobre,	sórdi-
da,	embrutecida	e	curta”	(HOBBES,	1999,	p.	109).
Da	mesma	maneira	que	no	estado	de	natureza	os	homens	
são	iguais,	eles	também	são	livres.	Esta	liberdade	é	o	direito	que	
o	homem	tem	de	fazer	tudo	o	que	estiver	ao	seu	alcance	para	a	
manutenção	da	própria	vida,	pois	ele	é	livre	para	julgar	quais	são	
as	atitudes	mais	adequadas	para	esse	fim.	Não	há	nada	que	 lhe	
imponha	limites!	Essa	característica	agrava	a	situação	de	guerra	de	
todos	contra	todos.
Como	podemos	observar,	 igualdade	e	 liberdade	no	estado	
de	 natureza,	 de	 acordo	 com	 Hobbes,	 têm	 implicações	 bastante	
distintas	 da	 ideia	 que	 temos	 atualmente	 desses	 dois	 conceitos.	
Isso	 acontece,	 especialmente,	 porque	 Hobbes	 considera	 que	 os	
homens	são	naturalmente	maus.	Ele	não	acredita	na	ideia	do	bom	
63© O Jusnaturalismo: Hobbes e o Contrato Social 
selvagem,	incapaz	de	fazer	mal	a	alguém,	para	Hobbes,	no	estado	
de	natureza,	o	homem	tem	por	característica	incontestável	a	mal-
dade.
Dessa	ideia	deriva	a	frase	mais	citada	de	Hobbes:	“O	homem	
é	o	lobo	do	homem”,	frase	esta	que	não	aparece	no	livro	que	es-
tamos	estudando	mais	detidamente,	O Leviatã,	e	sim	na	obra	Do 
Cidadão.	Todavia,	essa	 frase	quer	dizer	a	mesma	coisa	que	uma	
outra	frase	que	já	vimos	aqui:	“a	guerra	de	todos	contra	todos”,	ou	
seja,	que	a	maior	ameaça	para	o	homem	é	o	próprio	homem.
Mas	como	sair	dessa	situação?	Veremos,	a	seguir,	qual	foi	a	
solução	encontrada	por	Hobbes.	
10. O CONTRATO
A	regra,	ou	a	lei	mais	importante	do	estado	de	natureza,	é	
a	da	manutenção	da	própria	vida.	Esta	lei	proíbe	que	os	homens	
façam	qualquer	coisa	que	atente	contra	a	sua	própria	vida.	E	o	que	
é	o	estado	de	guerra?	É	o	estado	em	que	o	homem	coloca	a	sua	
vida	em	perigo	constante.
De	acordo	com	a	lei	natural,	o	homem	deve,	então,	sair	des-
se	estado	de	guerra	para	preservar	a	sua	vida.	Há	uma	base	jurí-
dica	para	que	o	homem	deixe	o	estado	de	natureza.	Mas	isso	não	
é	suficiente,	é	preciso	que	haja	uma	entidade	capaz	de	fazer	com	
que	os	homens	se	respeitem	mutuamente.	Esta	entidade	é	o	Esta-
do,	o	qual	é	o	detentor	da	espada,	ou	seja,	da	força,	para	obrigar	
os	homens	a	agir	de	acordo	com	as	leis	estabelecidas.
Para	 instituir	este	Estado	e	salvar-se	da	situação	de	guerra	
generalizada,	 todos	 os	 indivíduos,	 entre	 si,	 instituem	 um	 pacto,	
também	chamado	de	contrato social.	Este	é	o	momento	em	que	
os	 indivíduos	 assumem	o	propósito	de	 alcançar	 a	paz	 e	 a	 segu-
rança,	abdicando	de	sua	liberdade	de	fazer	tudo	em	favor	de	um	
poder	único:	o	do	Estado.	
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64
É	importante	lembrarmos	que	o	pacto	hobbesiano	não	é	es-
tabelecido	entre	o	povo	e	o	 governante,	mas	apenas	pelo	povo	
entre	si,	que,	em	um	segundo	momento,	decide	quem	será	o	go-
vernante.	No	momento	do	contrato	não	se	sabe	quem	será	o	so-
berano.
Para	passar	do	estado	de	natureza	para	o	estado	civil,	por	
meio	 do	 contrato,	 o	 homem	deve	 seguir	 os	 preceitos	 ou	 regras	
gerais	da	razão	apresentados	por	Hobbes.
O	 primeiro	 preceito,	 ou	 regra	 geral	 da	 razão,	 propõe	 que	
“todo	homem	deve	aperfeiçoar-se	pela	paz	na	medida	que	tenha	
esperança	de	 consegui-la	 e	 caso	não	 a	 consiga	pode	procurar	 e	
usar	todas	as	vantagens	da	guerra”	(HOBBES,	1999,	p.	114).	Já	o	
segundo	preceito	mostra	que	para	conseguir	a	paz	o	homem	deve	
renunciar	a	seu	direito	sobre	todas	as	coisas	em	favor	do	Estado,	
sendo	esta	renúncia	irrevogável.	O	Estado	passa	a	exercer	um	po-
der	superior	que	lhe	é	dado	por	meio	do	contrato.
Nesses	dois	preceitos	estão	as	regras	fundamentais	da	obe-
diência	estabelecidas	por	Hobbes.	O	homem	é	criador	e	autor	do	
Estado	e,	portanto,	não	pode	rebelar-se	contra	ele.	O	pacto,	ou	o	
contrato,	não	é	feito	entre	os	homens	e	o	soberano,	mas	entre	to-
dos	os	homens	que	instituem	um	soberano.	Os	homens	são,	a	par-
tir	desse	ato,	responsáveis	pelos	atos	do	soberano.	Desse	modo,	
observamos,	aqui,	as	bases	para	o	autoritarismo.
A	partir	do	terceiro	preceito,	Hobbes	enumera	as	regras	para	
a	manutenção	da	paz.	A	base	dessa	paz	está	na	ideia	de	que	os	ho-
mens	devem	cumprir	o	contrato.	A	fonte	de	todas	as	injustiças	está	
no	descumprimento	deste	contrato.	Ao	total,	Hobbes	estabelece	
14	preceitos,	ou	regras	gerais	da	razão,	que	podem	ser	sintetizadas	
em	uma	só:	“faz	aos	outros	o	que	gostarias	que	te	fizessem	a	ti”	
(HOBBES,	1999,	p.	131).
Com	essas	regras	de	obediência	estabelecidas,	o	poder	do	
soberano	passa	a	ser	total	e	indivisível.	Dessa	maneira,	sua	frag-
mentação	pode	significar	o	seu	fracasso	e	a	sua	destruição.	Assim,	
65© O Jusnaturalismo: Hobbes e o Contrato Social 
Hobbes	estabelece-se	como	um	forte	defensor	da	soberania	polí-
tica.	Defensor	do	governo	de	um	só,	ou	de	um	grupo	pequeno	de	
pessoas,	cujo	poder	é	ilimitado	e	indivisível.	Se	o	poder	é	limitado,	
ou	dividido	de	alguma	forma,	ele	deixa	de	ser	soberano.	
Desse	modo,	Hobbes	não	deriva	o	absolutismo	de	um	direi-
to divino,	mas,	sim,	do	contrato	social,	que	é	estabelecido	entre	
todos	os	indivíduos	entre	si,	os	quais	concordam	em	renunciar	a	
seus	direitos	e	entregar	todos	os	poderes	a	um	chefe	político	que	
tem	por	obrigação	estabelecer	a	paz	e	a	segurança.
Nenhum	outro	autor	mostra	 tão	 claramente	os	elementos	
característicos	do	ideário	conservador	e	absolutista!
11. O ESTADO CIVIL
O	estado civil	hobbesiano	é	o	que	podemos	chamar	de	Esta-
do	com	“E”	maiúsculo,	ou	seja,	uma	organização	política	dotada	de	
força	e	de	poder	absoluto.	O	Estado	é	a	condição	para	a	existência	
da	sociedade	que	nasce	somente	com	ele.
Neste	Estado,	estão	concentrados,	também,	os	poderes	re-
lativos	à	religião.	Segundo	Hobbes,	a	religião	pode	ameaçar	a	paz	
civil	e,	por	isso,	o	poder	religioso	deve	estar	nas	mãos	do	soberano	
político	a	fim	de	evitar	conflitos.		
Em	O Leviatã,	Hobbes	expressa	claramente	a	sua	discordân-
cia	em	relação	ao	papel	que	a	igreja	vinha	desempenhando,	espe-
cialmente,	durante	a	Idade	Média.	
De onde vem o Leviatã? –––––––––––––––––––––––––––––––
A imagem do Leviatã tem origem bíblica. Nos capítulos 40 e 41 do Livro de Jó 
podemos ver como este é representado. Conforme demonstra a Figura 1, trata-
se de um imenso monstro aquático que desafia as forças humanas.
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Figura	1	A Destruição de Leviatã	–	Gravura	de	Gustave	Doré	(1865).
Observe, também, alguns trechos destes capítulos: 
“Eis que um rio trasborda, e ele não se apressa, confiando que o Jordão possa 
entrar na sua boca.”
“Podê-lo-iam, porventura, caçar à vista deseus olhos, ou com laços lhe furar o 
nariz?”
“Poderás pescar com anzol o leviatã ou ligarás a sua língua com a corda?”
“Ninguém há tão atrevido, que a despertá-lo se atreva; quem, pois, é aquele que 
ousa erguer-se diante de mim?”
“Da sua boca saem tochas; faíscas de fogo saltam dela.”
“Do seu nariz procede fumaça, como de uma panela fervente, ou de uma grande 
caldeira.”
“O seu hálito faz acender os carvões; e da sua boca sai chama.”
“No seu pescoço pousa a força; perante ele, até a tristeza salta de prazer.”
“As profundezas faz ferver, como uma panela; torna o mar como quando os un-
güentos fervem.”
“Todo o alto vê; é rei sobre todos os filhos de animais altivos (Disponível em: 
<http://www.bibliaon.com/jo_40/> e <http://www.bibliaon.com/jo_41/>. 
Acesso em: 28 fev. 2010).
Foi nesta passagem bíblica que Hobbes encontrou o título para a sua obra! 
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
67© O Jusnaturalismo: Hobbes e o Contrato Social 
O	Leviatã	hobbesiano	é	o	Estado.	A	representação	que	Ho-
bbes	utiliza	na	capa	da	primeira	publicação	deste	livro	é	a	de	um	
gigante	cujo	corpo	é	formado	por	milhares	de	pequenos	homens,	
conforme	observaremos	a	seguir	na	Figura	2.	A	única	parte	do	cor-
po	deste	 Leviatã	que	não	é	 formada	por	uma	multiplicidade	de	
corpos	é	a	cabeça,	que	representa	a	unidade	da	vontade	soberana,	
a	qual	é	capaz	de	decidir	sozinha.	Veja:
Figura	2	Frontispício Original do Leviatão de Thomas Hobbes.
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68
Conforme	observamos,	a	imagem	do	soberano	surge	no	fun-
do	do	quadro	em	grandes	proporções,	no	horizonte	do	território,	
tendo	à	sua	frente	e,	abaixo,	a	cidade	devidamente	ordenada,	for-
mada	por	zonas	de	fortificação	militar,	muros,	residências	e	igrejas.	
Em	uma	de	suas	mãos	ele	segura	a	espada,	representado	a	
força	da	dominação	política.	Na	outra,	ele	segura	um	cedro	que	
representa	a	dominação	religiosa.	Abaixo	da	figura	do	gigante	há	
o	título	completo	do	livro	que	é	Leviatã ou matéria, forma e poder 
de um Estado eclesiástico e civil.	
À	esquerda	deste	título	tem-se	os	elementos	referentes	ao	
poder	político	como	o	castelo	e	a	coroa.	À	direita	estão	as	repre-
sentações	do	poder	eclesiástico	como	uma	igreja	e	uma	tiara	pa-
pal.
O Leviatã dos dias de hoje? Vamos refletir um pouco... –––––
Certamente, Angeli (2007) se inspirou no Leviatã hobbesiano para produzir a 
charge apresentada a seguir. Observem que, nela, a corrupção tem a forma de 
um gigante cujo corpo é constituído por uma infinidade de indivíduos.
Fonte:	ANGELI	(2007,	p.	2).
Figura	3	Corrupção:	a	cara	da	besta.	
69© O Jusnaturalismo: Hobbes e o Contrato Social 
Será que a dominação total e indivisível, descrita por Hobbes, estaria, hoje, nas 
mãos da corrupção? O gigante engravatado representa o Estado ou a própria 
sociedade brasileira?
Com certeza, esses tipos de indagações e inquietações devem estar presentes 
em nosso cotidiano. Os elementos da política nos darão os instrumentos neces-
sários para refletirmos estas questões e agirmos para reverter o quadro atual. 
Como já abordamos anteriormente: “saber é poder”.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
12. HOBBES NA HISTÓRIA
Hobbes	 foi	 considerado,	 na	 mesma	 medida	 que	 Maquia-
vel,	um	pensador	maldito.	O	inglês,	além	de	caracterizar	o	Estado	
como	um	monstro	e	o	homem	como	naturalmente	mau,	enfrenta	
a	igreja	e	a	coloca	em	posição	inferior	ao	poder	político.
No	entanto,	ele	não	desagrada	apenas	aos	religiosos,	mas,	
também,	 à	 burguesia	 que,	 como	 vimos	 na	 unidade	 anterior,	 se	
tornava	uma	classe	cada	vez	mais	forte.	Ele	desafia	os	burgueses	
porque	não	considera	que	a	propriedade	seja	um	direito	natural,	
anterior	 e	 superior	 ao	 Estado,	 e,	 sim,	 uma	 consequência	 deste,	
dependendo,	portanto,	da	vontade	do	soberano	que,	em	última	
instância,	pode	controlar	todos	os	bens.
13. SÍNTESE DA UNIDADE
Hobbes	 tem	 uma	 concepção	 absolutamente	 individualista	
do	homem	que	é,	por	natureza,	insociável.	Em	O Leviatã,	ele	trata	
da	necessidade	de	um	governo	unido	e	forte	para	governar	este	
homem	e	preservar	a	unidade	do	Estado.	O	poder	deve	ser	con-
centrado	nas	mãos	de	um	soberano,	pois	a	divisão	deste	pode	le-
var	à	guerra	civil,	o	pior	mal	a	que	um	Estado	pode	ser	submetido.	
“A	concórdia	é	a	saúde,	a	sedição	é	a	doença	e	a	guerra	civil	é	a	
morte”	(HOBBES,	1999,	p.	27).
Com	base	na	 ideia	 dos	 direitos	 naturais,	Hobbes	 cria	 uma	
teoria	da	obediência	e	fundamenta	os	princípios	de	um	Estado	ab-
solutista.
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Segundo	Bobbio	(1991,	p.	150):
A	verdade	é	que	Hobbes	inventa,	elabora,	aperfeiçoa	os	mais	refi-
nados	 ingredientes	 jusnaturalistas	–	o	estado	de	natureza,	as	 leis	
naturais,	os	direitos	individuais,	o	contrato	social	–	mas	os	emprega	
engenhosamente	para	construir	uma	gigantesca	máquina	da	obe-
diência.
Para	tanto,	Hobbes	parte	do	princípio	de	que	todos	os	ho-
mens	foram	feitos	 iguais	pela	natureza,	não	só	quanto	à	sua	ca-
pacidade,	mas,	também,	quanto	aos	seus	fins,	que	são,	em	última	
instância,	a	conservação	de	suas	vidas.	No	estado	de	natureza,	o	
homem	subjuga	para	não	ser	subjugado	e	isso	cria	um	estado	de	
guerra	permanente,	um	estado	de	desconfiança	generalizado.	
A	competição,	a	desconfiança	e	a	busca	da	glória	são	as	cau-
sas	fundamentais	da	discórdia	no	estado	de	natureza.	Para	sair	do	
medo	constante	que	este	estado	gera,	o	homem	deve	recorrer	à	
razão	e	firmar	um	pacto	chamado	por	ele	de	contrato	social,	por	
meio	do	qual	os	homens	renunciam	ao	seu	direito	em	favor	de	um	
soberano	que	terá	poder	total	e	indivisível	a	partir	de	então.
14. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
O	estudo	e	as	avaliações	constantes	são	a	melhor	maneira	
que	temos	para	solucionar	as	dúvidas	e	promover	o	aprendizado	
contínuo.	Com	estas	questões	será	possível	traçar	paralelos	entre	
os	conteúdos	aprendidos	até	aqui	e	fazer	uma	síntese	deles.	Assim,	
no	ensino	a	distância	a	autoavaliação	tem	uma	importância	ímpar,	
já	que	estas	questões	podem	ser	a	base	para	o	estabelecimento	de	
um	diálogo	cooperativo	e	construtivo	com	seus	colegas.	Se	você	
encontrar	problemas	para	resolvê-las,	tente	revisar	os	conteúdos	
ou	recorrer	às	referências	bibliográficas	indicadas	no	final	da	Uni-
dade	2.
1)	 Os	 conceitos	 de	 estado	 de	 natureza,	 contrato	 social	
e	 estado	 civil	 são	 de	 fundamental	 importância	 para	 o	
entendimento	 do	 contratualismo,	 também	 chamado,	
por	alguns	autores,	de	 jusnaturalismo.	Esses	 conceitos	
71© O Jusnaturalismo: Hobbes e o Contrato Social 
ficaram	 claros	 para	 você?	 Tente	 defini-los	 com	 suas	
palavras.
2)	 Você	concorda	com	a	ideia	de	que	alguns	direitos	nascem	
com	o	homem,	ou	seja,	são	inatos,	entendidos,	portanto,	
como	direitos	naturais?	Ou	você	acredita	que	só	depois	
da	vida	em	sociedade	os	homens	adquirem	direitos?
3)	 Os	direitos	naturais	traçados	por	Thomas	Hobbes,	ou	seja,	
a	liberdade	e	a	igualdade	também	são	os	fundamentos	
do	 que	 chamamos	 de	 Estado	 Democrático	 de	 Direito.	
Mas,	hoje	em	dia,	como	são	entendidos	esses	direitos?	
Eles	 são	 ilimitados	 ou	 apresentam	 limites	 dentro	 da	
sociedade	contemporânea?
4)	 O homem é o lobo do homem.	 Essa	 é	 uma	das	 frases	
mais	famosas	de	Thomas	Hobbes,	dela	retira-se	a	ideia	
de	que	o	homem	é	mau	por	natureza	e	por	isso	precisa	
da	 força	 do	 Estado	 para	 controlá-lo.	 Em	 que	 medida	
você	 concorda	 com	 essa	 colocação?	 Como	 entender	
esse	conceito	dentro	da	sociedade	atual?
5)	 Como	você	entendeu	a	 ideia	do	 Leviatã,	 que	dá	 título	
à	 obra	 mais	 importante	 de	 Thomas	 Hobbes?	 Qual	 a	
diferença	 do	 significado	 original	 de	 Leviatã,	 como	 um	
monstro	bíblico	e	do	significado	proposto	pelo	autor	da	
nossa	Unidade?
6)	 Tente	 elaborar	um	esquema	 com	os	pontos	 essenciais	
discutidos	naUnidade	2.	Essa	atividade	tornará	mais	fácil	
a	memorização	e	os	estudos	futuros	sobre	esse	tema.
7)	 Quais	foram	as	suas	impressões	sobre	esta	unidade:
-	Ela	atingiu	os	objetivos	propostos?
-	O	conteúdo	foi	exposto	de	maneira	clara?	O	que	pode	
ser	melhorado	nesse	quesito?
15. CONSIDERAÇÕES
Nesta	unidade,	vimos	como	Thomas	Hobbes	trata	a	criação	
do	Estado,	em	nome	do	qual	os	indivíduos	abdicam	de	seus	direi-
tos	naturais.	Sem	dúvida,	Hobbes	é	um	grande	defensor	do	Estado	
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72
Absolutista,	uma	vez	que	os	homens	que	dão	poder	a	ele	não	po-
dem	mais	voltar	atrás	nessa	decisão.	
Na	 próxima	 unidade,	 conheceremos	 uma	 posição	 quase	
oposta	à	colocada	por	Hobbes.	Veremos,	com	Jonh	Locke,	como	se	
constitui	o	Estado	Liberal.	Locke	parte	de	categorias	muito	seme-
lhantes	às	de	Hobbes	e	tira	conclusões	quase	opostas.	
16. E-REFERÊNCIAS
Lista de figuras
Figura 1 – A Destruição de Leviatã - Gravura de Gustave Doré (1865):	disponível	em:	
<http://portalcienciaevida.uol.com.br/esfi/Edicoes/36/imagens/i121922.jpg>.	 Acesso	
em:	28	fev.	2010.
Figura 2 – Frontispício Original do Leviatão de Thomas Hobbes:	 disponível	 em:	
<http://xama.incubadora.fapesp.br/portal/projeto-tese/imagens-da-
tese-gravuras-fotografias-fotogramas-slides/detalhe_gravura_leviathan_
pb.jpg/image_preview>.	Acesso	em:	28	fev.	2010.
17. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANGELI.	Corrupção:	a	cara	da	besta.	In:	Folha de São Paulo,	jul./2007.
BOBBIO,	 Norberto.	 Direito e Estado no pensamento de Emanuel Kant.	 São	 Paulo:	
Mandarim,	2000.
CHAUÍ,	Marilena.	Convite à Filosofia.	São	Paulo:	Ática,	2006.
CICCO,	Cláudio	de.	História do Pensamento Jurídico e da Filosofia do Direito.	3.	ed.	São	
Paulo:	Saraiva,	2006.
HOBBES,	 Thomas	 (1588-1679).	 Leviatã ou matéria, forma e poder de um estado 
eclesiástico e civil.	 [Traduzido	 do	 original:	 Leviathan,	 or	matter,	 form	 and	 power	 of	 a	
commonwealth	ecclesiastical	and	civil].	João	Paulo	Monteiro	(Trad.);	Maria	Beatriz	Nizza	
da	Silva	(Trad.).	4.	ed.	São	Paulo:	Nova	Cultural,	1988.	v.	2.	
OSTRENSKY,	Eunice.	Thomas	Hobbes:	como	controlar	os	impulsos	dos	homens.	In:	Mente, 
Cérebro e Filosofia,	n.	2.	São	Paulo:	Duetto	Editorial,	2007.
WEFFORT,	F.	(Org.).	Os Clássicos da Política.	v.	I.	São	Paulo:	Ática,	1997.

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