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B io m a te m á tic a - P ro f. M a rc o s V in íc iu s C a r n e iro V ita l (IC B S – U F A L ) - M a te r ia l d is p o n ív e l n o e n d e re ç o h ttp :/ / m a rc o s v ita l.w o rd p re s s .c o m / Universidade Federal de Alagoas Instituto de Ciências e Biológicas e da Saúde BIOB-003 – Biomatemática Prof. Marcos Vinícius Carneiro Vital 1. Introdução - Agora que já entendemos o que é uma derivada, podemos partir para a etapa de calculá-la, o que chamamos de derivação. Derivar uma função é uma tarefa relativamente simples, que deve seguir algumas regras gerais que apresentarei aqui. - Cada uma das regras apresentadas aqui pode ser demonstrada matematicamente, e algumas demonstrações são na verdade bem simples! Não iremos nos preocupar com todas as demonstrações em sala de aula, já que nosso tempo é curto; mas basta recorrer ao livro do Batschelet para acompanhá-las com facilidade. 2. Ponto de partida - Como vimos na definição do que é uma derivada na aula passada, encontrar uma derivada é encontrar um limite. Dada uma função y = f(x), sua derivada em x1 será: lim 𝑥2 → 𝑥1 ∆𝑦 ∆𝑥 - Vamos desdobrar um pouco, e dizer que: lim 𝑥2 → 𝑥1 𝑦2 − 𝑦1 𝑥2 − 𝑥1 = 𝑓(𝑥2) − 𝑓(𝑥1) 𝑥2 − 𝑥1 - E agora vamos substituir alguns termos, dizendo que: x1 = x, x2 = x + h, e, conseqüentemente, Δx = h - Estamos apenas dizendo que a diferença entre x1 e x2 vale h. - Encontrar uma derivada é, então, encontrar o seguinte limite: lim ℎ →0 𝑓(𝑥 + ℎ) − 𝑓(𝑥) ℎ B io m a te m á tic a - P ro f. M a rc o s V in íc iu s C a r n e iro V ita l (IC B S – U F A L ) - M a te r ia l d is p o n ív e l n o e n d e re ç o h ttp :/ / m a rc o s v ita l.w o rd p re s s .c o m / 3. Encontrando a derivada de y = x2 - Na prática, para encontrarmos uma derivada precisamos apenas seguir um conjunto de regras que serão apresentadas adiante, o que é relativamente simples. Mas para compreendermos de onde estas regras saíram, vamos deduzir uma delas em alguns passos usando como exemplo a função potência y = x2. - Passo à passo, vamos lá: - A função é: 𝑦 = 𝑓(𝑥) = 𝑥2 - E o limite de uma função é: lim ℎ →0 𝑓(𝑥 + ℎ) − 𝑓(𝑥) ℎ - Colocando a nossa função no formato f(x + h): 𝑓(𝑥 + ℎ) = (𝑥 + ℎ)2 = 𝑥2 + 2𝑥ℎ + ℎ2 - E substituindo isso no limite que queremos encontrar: 𝑓(𝑥 + ℎ) − 𝑓(𝑥) ℎ = 𝑥2 + 2𝑥ℎ + ℎ2 − 𝑥2 ℎ = 2𝑥ℎ + ℎ2 ℎ - Vamos simplificar a fração dividindo o numerador e o denominador por h, e teremos então: 2𝑥 + ℎ - Então queremos saber: lim ℎ →0 2𝑥 + ℎ - Se h tende à zero, então tudo o que sobre é: 2𝑥 - Ou seja, a nossa derivada é: 𝑦′ = 𝑓′(𝑥) = (𝑥2)′ = 2𝑥 B io m a te m á tic a - P ro f. M a rc o s V in íc iu s C a r n e iro V ita l (IC B S – U F A L ) - M a te r ia l d is p o n ív e l n o e n d e re ç o h ttp :/ / m a rc o s v ita l.w o rd p re s s .c o m / - A generalização do que acabamos de fazer é uma regrinha que nos permitirá encontrar a derivada de qualquer função polinomial: (𝑥𝑛)′ = 𝑛𝑥𝑛−1 4. As regras - Para derivarmos uma função qualquer, só precisamos seguir algumas regras, que nos permitem encontrar rapidamente o limite da função quando o h tende a zero. As quatro primeiras regras (em negrito) são as mais importantes para a resolução de problemas biológicos, e serão as únicas que vamos aplicar em exercícios e em prova. (𝒄)′ = 𝟎 (𝒙𝒏)′ = 𝒏𝒙𝒏−𝟏 (𝒄 ∙ 𝒇(𝒙)) ′ = 𝒄 ∙ 𝒇′(𝒙) (𝒇(𝒙) + 𝒈(𝒙)) ′ = 𝒇′(𝒙) + 𝒈′(𝒙) (𝑠𝑒𝑛 𝑥)′ = cos 𝑥 (cos 𝑥)′ = −𝑠𝑒𝑛 𝑥 (𝑓(𝑥) ∙ 𝑔(𝑥)) ′ = 𝑓′(𝑥) ∙ 𝑔(𝑥) + 𝑓(𝑥) ∙ 𝑔′(𝑥) - Para seguirmos adiante e apresentar outras três regras, precisamos pensar um pouco sobre a idéia de uma função composta. Tanto as funções compostas quanto as três regras a seguir não serão usadas em nossos exercícios e provas. B io m a te m á tic a - P ro f. M a rc o s V in íc iu s C a r n e iro V ita l (IC B S – U F A L ) - M a te r ia l d is p o n ív e l n o e n d e re ç o h ttp :/ / m a rc o s v ita l.w o rd p re s s .c o m / 5. Funções compostas - Uma função composta é, literalmente, uma “função de uma função”. Podemos representar uma função deste tipo dizendo: 𝑦 = 𝑓(𝑢(𝑥)) - Por exemplo: podemos desmembrar a função y = sen2x em duas partes, e dizer que u(x) = sen x, e que f(u) = u2 - A partir das funções compostas, podemos demonstrar as três últimas regras que nos ajudam a encontrar uma derivada. Veja o livro para as demonstrações. 6. Mais três regras - A derivada de uma função composta: (𝑓(𝑢(𝑥))) ′ = 𝑓′(𝑢) ∙ 𝑢′(𝑥) - A derivada do quociente de duas funções: ( 𝑓(𝑥) 𝑔(𝑥) ) ′ = 𝑔(𝑥) ∙ 𝑓′(𝑥) − 𝑓(𝑥) ∙ 𝑔′(𝑥) 𝑔(𝑥)2 - Por fim, a derivada de uma função inversa: 𝑑𝑥 𝑑𝑦 = 1 𝑑𝑦/𝑑𝑥 B io m a te m á tic a - P ro f. M a rc o s V in íc iu s C a r n e iro V ita l (IC B S – U F A L ) - M a te r ia l d is p o n ív e l n o e n d e re ç o h ttp :/ / m a rc o s v ita l.w o rd p re s s .c o m / EXERCÍCIO RESOLVIDO 1 Neste primeiro exercício, vamos partir do exercício realizado em sala de aula (aquele com o cálculo da taxa média de crescimento de uma planta aquática) e destrinchar passo a passo como derivar uma função qualquer. Percebam que encontrar uma derivada é um simples exercício de se aplicar uma ou mais regras, e depois substituir os valores de x para se encontrar a taxa instantânea desejada. O exercício realizado foi: Um pesquisador determinou que a população de uma planta aquática invasora cresce em um lago recém ocupado de acordo com a seguinte equação: N = N0 + 2t + 5t 2 N é o número de indivíduos (sendo N0 o número inicial) e t é o tempo medido em dias. 1.1. Após a introdução de três plantas em um lago, quantos indivíduos devemos encontrar após 7 dias (ou seja, quando t=7)? 1.2. Esboce o gráfico do crescimento populacional desta espécie, considerando apenas valores inteiros de tempo e obedecendo ao domínio D = {t | 0 ≤ t ≤ 7} 1.3. Qual a taxa média de crescimento populacional entre t = 2 e t = 5? A primeira e a segunda pergunta são bem simples, basta substituir os valores. Na terceira, vocês calcularam uma taxa média, substituindo os valores de tempo e resolvendo: Δ𝑦 Δ𝑥 = 138 − 27 5 − 2 = 37 Como podemos ver, a taxa média depende de um intervalo específico de tempo, e sempre representará um erro, pois representa a média de várias taxas que ocorrem naquele intervalo detempo. Uma derivada representa uma taxa instantânea no tempo, e nos dá uma resposta muito mais precisa do que está acontecendo com a população em um momento específico. Imaginem, então, uma quarta questão que pedisse: 1.4. Calcule a taxa instantânea de crescimento populacional da planta no tempo t = 3. B io m a te m á tic a - P ro f. M a rc o s V in íc iu s C a r n e iro V ita l (IC B S – U F A L ) - M a te r ia l d is p o n ív e l n o e n d e re ç o h ttp :/ / m a rc o s v ita l.w o rd p re s s .c o m / Passo 1: calculando a derivada da função. - Temos que usar as regras de derivação para encontrar a derivada da função. Neste caso, precisamos das quatro primeiras regras: (𝑐)′ = 0 (𝑥𝑛)′ = 𝑛𝑥𝑛−1 (𝑐 ∙ 𝑓(𝑥)) ′ = 𝑐 ∙ 𝑓′(𝑥) (𝑓(𝑥) + 𝑔(𝑥)) ′ = 𝑓′(𝑥) + 𝑔′(𝑥) - A função é: 𝑁 = 𝑁0 + 2𝑡 + 5𝑡 2 A quarta regra nos diz que podemos simplesmente encontrar a derivada de cada “pedaço” da nossa função, então a vida fica bem simples: - A derivada de N0, uma constante, é zero, por causa da primeira regra. - A derivada de 2t é 2 vezes a derivada de t, por causa da terceira regra: (2𝑡)′ = 2(𝑡)′ - E a derivada de t é, segundo a segunda regra: (𝑡′) = (𝑡1)′ = 1𝑡1−1 = 1𝑡0 = 1 - Ou seja, a derivada de 2t é: (2𝑡)′ = 2 - Por fim, para 5t2 o raciocínio é o mesmo que acabamos de fazer: (5𝑡2)′ = 5(𝑡2)′ = 5(2𝑡2−1) = 10𝑡 - O resultado final, então, é que a derivada da função é: 𝑁′ = 2 + 10𝑡 B io m a te m á tic a - P ro f. M a rc o s V in íc iu s C a r n e iro V ita l (IC B S – U F A L ) - M a te r ia l d is p o n ív e l n o e n d e re ç o h ttp :/ / m a rc o s v ita l.w o rd p re s s .c o m / Passo 2: calculando a taxa instantânea desejada. Uma taxa instantânea, por definição, varia a cada momento do tempo (exceto para as funções lineares), então para encontrarmos a taxa que queremos, devemos substituir o valor de x adequado. - Neste caso, a pergunta foi sobre a taxa no tempo t = 3. Então: 𝑁′ = 2 + 10 ∙ 3 = 2 + 30 = 32 - Então a taxa instantânea de crescimento no tempo t = 3 é de 32 indivíduos. Significa que naquele momento do tempo 32 indivíduos são adicionados à população. EXERCÍCIO RESOLVIDO 2 Após ingerir um alimento com 5 gramas de glicose, um organismo começou a absorvê- lo segundo a função: 𝑀 = 5 − 0,03𝑡2 Onde M é a massa de glicose ingerida, e t o tempo em horas. A velocidade com a qual a glicose é absorvida pelo organismo é chamada de taxa de reação. 2.1. Esboce um gráfico da massa de glicose em relação ao tempo, para o domínio {t| 0 ≤ t ≤ 10}, considerando apenas os valores inteiros de t. Nada de complicado, basta substituir os valores, e obter o M para cada tempo. O gráfico ficaria assim: 0 1 2 3 4 5 6 0 2 4 6 8 10 12 B io m a te m á tic a - P ro f. M a rc o s V in íc iu s C a r n e iro V ita l (IC B S – U F A L ) - M a te r ia l d is p o n ív e l n o e n d e re ç o h ttp :/ / m a rc o s v ita l.w o rd p re s s .c o m / 2.2. Qual a taxa instantânea de reação em t = 5 horas? Novamente, temos que calcular uma derivada. Vou omitir os passos, já que são semelhantes aos da questão anterior. (5 – 0,03t2)’ = 0 – 0,03 ∙ 2t = – 0,06t Para t = 5: M’ = – 0,06 ∙ 5 = – 0,3 Ou seja, a taxa instantânea de reação quando t = 5 é de – 0,3 gramas de glicose. (a taxa é negativa porque temos um decréscimo) EXERCÍVIO RESOLVIDO 3 Um fragmento de mata com 545 km2 sofre um decréscimo em sua área seguindo a equação A = A0 – 7 ∙ t – 7 ∙ t3 (onde A é a área e t o tempo em anos). 3.1. Qual a taxa média de perda de área para o intervalo de tempo t = 1 e t = 3? Δ𝑦 Δ𝑥 = 335 − 531 3 − 1 = −98 3.2. Qual a taxa instantânea de perda de área no tempo t = 2? 𝐴′ = −7 − 21𝑡2 𝐴′ = −7 − 21 ∙ 22 = −91
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