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NOTA 1 IDENTIFICAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS

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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DO RIO GRANDE DO NORTE
DDE / GERÊNCIA DA ÁREA DE CONSTRUÇÃO CIVIL
CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM GERENCIAMENTO DE OBRAS
MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES
“CONSIDERAÇÕES SOBRE A ORIGEM, IDENTIFICAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS”
(JÕAO DE BARRO)
PROF. ALEXANDRE DA COSTA PEREIRA
MARÇO DE 2005
NOTAS DE AULA DE MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES
NOTA 01: CONSIDERAÇÕES SOBRE A ORIGEM, IDENTIFICAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Etimologicamente, temos os seguintes significados para os termos que constituem o título da disciplina que nos propomos a trabalhar:
Mecânica (do Grego Mekánikós): Parte da ciência que estuda o movimento e as suas causas.
Solo (do Latim Solum): Lugar onde se pisa.
Fundação: Fazer nascer, região sobre a qual se edifica.
Como diria o ilustre prof. Milton Vargas, “não se pode pretender, em uma aula, sintetizar a Mecânica dos Solos, o que, se fosse possível, não seria desejável, porque tal massa de conhecimentos, transmitida de repente, poderia trazer mais malefícios que benefícios”. Logo, a meta a buscar nestas primeiras aulas do Curso será simplesmente procurar definir e classificar o material que chamamos, na construção civil, de solo.
Desde o ponto de vista da construção civil, pode-se definir solo como sendo um “sistema de partículas discretas que cobre a superfície da crosta terrestre”. E como o solo é um ente da natureza, para bem defini-lo necessitamos de uma classificação, classificação esta a ser feita de tal forma que resulte útil para fins da prática da construção civil. 
A Mecânica dos Solos é uma das únicas disciplinas da Engenharia Civil, em que a classificação do material de que trata têm importância fundamental. Os problemas de Mecânica dos Solos devem partir da identificação do material com que se vai tratar. Uma vez feita a identificação, o solo é qualificado em uma classificação pré-estabelecida. Após essa etapa é que o problema se define e, então, começa a parte de cálculo, dimensionamento, etc.
Convém que se destaque que a disciplina da Mecânica dos Solos apresenta relação com o Meio Ambiente em todas as suas esferas: Água (hidrosfera), Terra (crosta terrestre), Fogo (energia e organismos) e Ar (atmosfera), estando também presente em todas as fases das obras de engenharia (concepção, análise, projeto, execução e manutenção), com repercussões nos aspectos aparência, função e estabilidade das obras.
O seguinte esquema busca encaixar a Mecânica dos Solos junto aos demais campos do conhecimento relacionados com o estudo da crosta terrestre:
Figura 1- Campos do conhecimento relacionados com o estudo da crosta terrestre.
SOBRE A ORIGEM E FORMAÇÃO DOS SOLOS
O solo natural é produto dos agentes geológicos cuja origem primeira são as rochas que formam a crosta terrestre. O intemperismo age sobre as rochas desintegrando-as em partículas semelhantes à rocha original ou transformando alguns de seus constituintes em grãos de composição radicalmente distinta. Este processo de deterioração da rocha matriz pode se produzir motivado por agentes mecânicos (água, vento, T) ou químico (modificação mineralógica do solo por oxidação, hidratação, carbonatação,...). A compreensão dos ciclos da água e dos minerais (Figura 2) pode resultar bastante útil quando de estudam os processos relacionados com a deterioração das rochas.
O ataque por agentes mecânicos produz a fragmentação das rochas, processo este que inicia-se com a expansão e contração térmica alternada do material, cujo fraturamento mecânico está associado a forças expansivas de certos minerais que reagem com a água que penetra pelas fissuras. Já o ataque químico se caracteriza por provocar, como já comentado, a alteração química do material, principalmente devido á oxidação e ataque da rocha por água acidulada, com CO2 agressivo e/ou ácidos orgânicos.
Quando o produto do intemperismo permanece no local onde ocorre o processo de desintegração e/ou decomposição do solo, este é denominado de residual, já os solos transportados são aqueles onde o local de deposição difere da localização da rocha matriz, sendo denominado em função do agente transportador (rio – aluvião, vento – dunas, gravidade – coluvião, ...). As terras diatomáceas são solos constituídos pela deposição de conchas e carapaças de algas. Solos orgânicos são aqueles constituídos por elementos de decomposição de organismos (turfa, argilas orgânicas,...). Os solos também podem se formar mediante processos antrópicos, onde a ação humana é preponderante na conformação dos depósitos, que é o caso dos aterros artificiais.
Figura 2- Ciclos da água e dos minerais.
Como exemplo representativo de processo de decomposição podemos citar o caso das rochas graníticas, formadas fundamentalmente por minerais de quartzo, feldspato e mica. Com o fraturamento e decomposição dessas rochas, os grãos de quartzo (SiO2) presentes nas mesmas se soltam, dando origem à fração das areias e pedregulhos presente no solo, que não sofre ataque químico. O ataque por água com ácido carbônico sobre o feldspato e a mica presentes na estrutura da rocha origina, por sua vez, os argilo-minerais.
Ex.: Reação para o feldspato mais simples, o ortoclásio, formando a caulinita (ou caolinita): [K2O.Al2O3.6SiO2] (ortoclásio) + H2CO3 (ácido carbônico) + 2H2O (água) --- [Al2O3.2SiO2.2H2O] (caulinita) + 4SiO2 (sílica) + K2CO3 (sal solúvel)
Podemos citar como exemplos de relação entre a tipo de rocha matriz e o correspondente solo originado a formação predominante de argilas pelo ataque dos plagioclásios e outros elementos presentes nas rochas basálticas por águas aciduladas, a origem de solos micáceos ariundos da deterioração dos micaxistos e a formação de solos residuais predominantemente arenosos (presença insignificante de feldspatos e micas) pelo ataque a rochas sedimentares de arenito.
A Figura 3 apresenta como os fatores climático (o solo edáfico) e diferenciação da estrutura da rocha matriz está relacionada com a evolução dos perfis dos solos originados.
Cabe atenção especial aos solos lateríticos, que apresentam como característica marcante a presença de concreções de aspecto ferruginoso, com cor variando do vermelho ao amarelo claro. A ação de climas com temperatura elevada, estações secas prolongadas e precipitações elevadas nas épocas das chuvas, conduz à laterização do solo, que pode ser caracterizada quimicamente pela relação sílica-sesquióxidos (S/R) inferior a 2,0.
	S/R = [SiO2] / {[Al2O3] + [Fe2O3]} < 2
Figura 3- Influência dos fatores climático e diferenciação da estrutura da rocha matriz no perfil de solo.
Especial interesse no estudo da formação dos solos reside no aspecto estrutural do mesmo, principalmente no que diz respeito à predominância do comportamento arenoso ou argiloso do material.
As areias, com estrutura caracterizada pelo antagonismo entre a estrutura romboidal (estado compacto, denso) e a estrutura cúbica (estado solto, fofo), apresenta estrutura e estados de compacidade que conduzem a comportamentos regidos pelo atrito entre os grãos do solo ) (Figura 4).
Figura 4- Estruturas romboidal e cúbica para as areias.
Por sua vez, os solos argilosos se apresentam com comportamento fortemente influenciado por forças de contato entre as superfícies das partículas que o constituem, fenômeno este influenciado fundamentalmente pela forma e secundariamente pelo tamanho de suas partículas. Estruturalmente, os argilo-minerais são representados por camadas duplas ou triplas de tetraedros de Si e octaedros de Al, com valência respectivamente negativa e positiva, unidas por ligações do tipo iônica (Figura 5).
Figura 5- Representação gráfica dos elementos constituintes das capas dos argilo-minerais.
Os principais argilo-minerais (Figuras 6 e 7) que constituem as argilas são a já comentada caolinita, que apresenta fortes ligações tipo ponte de hidrogênio entre a estrutura de duplacamada a ilita [(OH)4.Ky.(Si8-y.Aly).(Al4.Fe2Mg4.Mg6).O20] que, por sua vez apresenta ligações relativamente fracas com íons K+ entre camadas e a montmorilonita [(OH)4.Si8.Al4.O20.nH2O], que consiste no mais argilo-mineral com ligações mais fracas entre as camadas, permitindo que muita água se introduza em sua estrutura, o que provoca importantes variações volumétricas (expansão e contração) frequentemente preocupantes em obras de engenharia.
Figura 6- Estrutura laminar em duas camadas da caulinita.
 
Figura 7- Estrutura laminar em três camadas.
ÍNDICES FÍSICOS DO SOLO
Para o estudo das propriedades dos solos, se faz necessário que se conheça convenientemente as relações de natureza física entre os elementos constituintes do sistema de partículas que representa o solo. Este sistema pode ser modelizado como constituído por fases sólida (grãos), líquida (água) e ar (gases) (Figura 8).
Figura 8- Solo como sistema trifásico.
Quanto à fase líquida, convém que se destaque que a água pode se apresentar segundo cinco diferentes tipos:
Constituição --- Faz parte da estrutura molecular dos grãos.
Adesão --- Película aderida fortemente à superfície das partículas.
Capilar --- Sob os efeitos da sucção capilar.
Livre --- Regida pelas leis de fluxo.
Higroscópica --- Presente nos solos secos ao ar livre.
Como índices que caracterizam o grão individualmente, temos a textura ou tamanho das partículas (), a forma (redondo, lamelar, fusiforme,...) e a natureza mineralógica dos grãos.
Estudando-se o sistema de partículas como um todo, teremos os seguintes índices para caracterizar o solo: Estrutura, Porosidade e Índice de Vazios, Umidade, Peso Específico, Granulometria, Plasticiadde, Consistência ou Compacidade.
Quanto à estrutura, temos como características básicas a monogranular (areias), a alveolar (siltes) e as floculentas (argilas) (Figura 9).
Figura 9- Tipos de estrutura dos solos.
Para o estudo dos demais índices físicos, pode-se recorrer ao artifício do diagrama de fases do solo (Figura 10), do que se deduzem as diversas relações constitutivas entre as diversas fases do sistema.
Figura 10- Diagrama de fases e algumas relações constitutivas.
Um índice físico importante, principalmente para o caso das areias, é a densidade relativa so solo, Dr, que atua como indicador do estado de compacidade da areia, bastante útil na prática do controle de compacidade em obras de terra. A equação abaixo nos mostra a forma de obtenção do citado parâmtro:
	Dr = (emax – e) / (emax – emin)
Sendo:
emax = Índice de vazios máximo, para o estado mais fofo.
emin = Índice de vazios mínimo, para o estado mais compacto.
e = Índice de vazios atual.
Uma equação que resulta bastante prática para a determinação do valor do índice de vazios é Gs.w = Sr.e. Valores superiores a 70% de densidade relativa indicam aterros bem compactados e inferiores a 30% temos o caso das areias fofas.
GRANULOMETRIA
A análise granulométrica consiste na avaliação da distribuição do tamanho dos grãos, sabendo-se que o comportamento de uma massa de solo depente, em grande medida, da sua composição granulométrica. Para a fração de solo com  > 0,074mm (peneira No 200) o efeito do atrito entre os grãos é preponderante no comportamento mecânico do solo e, para a fração fina do solo (silte e argila), a coesão entre as partículas é determinante.
As principais faixas granulométricas utilizadas no Brasil são a da ABNT (NBR 5602), a da ISSMFE (International Society of Soil Mechanics and Foundation Engineering) e norma estadunidense de rodovias AASHO.
A Figura 11 apresenta um possível formato de curva de distribuição granulométrica. Tal curva de porcentagens acumuladas é a que se mostra mais conveniente para a análise dos solos, porque oferece as porcentagens de material inferior a certo diâmetro de poros e também, por diferença, as porcentagens de qualquer fração de solo.
Com as indicações dos valores para os diâmetros correspondentes às porcentagens de 10%, 30% e 60% de material passando, podemos retirar dois fatores de identificação, o diâmetro efetivo (def = d10) que indica a posição relativa da curva no gráfico.
Mediante a utilização dos valores de def, d30 e d60 se podem determinar os coeficientes de uniformidade (ou desuniformidade) e de curvatura do solo, respectivamente Cu e Cc, conforme as equações apresentadas abaixo:
	Cu = d60 / def
	Cc = (d30)2 / (d60 . def)
Figura 11- Gráfico de distribuição granulométrica para um solo.
Para solos com granulometria muito uniforme temos Cu < 5, e para solos bem graduados temos 1 < Cc < 3.
Com as curvas granulométricas identificam-se, portanto, os solos, especialmente as areias, que possuem propriedades intimamente relacionadas com o tamanho dos seus grãos.
Sabemos, entretanto, que certos solos finos, apresentando a mesma curva granulométrica, têm propriedades diferentes ou, então, podem apresentar distribuição granulométrica diferente com propriedades análogas.
No Quadro 1 abaixo estão dispostas as faixas granulométricas segundo a ABNT (NBR 6502) a ISSMFE e AASHO.
Quadro 1- Faixas granulométricas segundo diferentes normativas.
Obs.: Faixas de granulometrias por peneiras segundo ABNT.
	Pedregulho ---	No 4 (4,8mm) a ( 3” (76mm)
	Areia Grossa ---	No 20 (0,84mm) a No 4 (4,8mm)
	Areia Média ---	No 60 (0,25mm) a No 20 (0,84mm)
	Areia Fina ---		No 200 (0,075mm) a No 60 (0,25mm)
	Silte e Argila ---	Passando na ( No 200 ( < 0,075mm)
PLASTICIDADE
É comum dizer-se que a argila é um material que tem certa plasticidade, porque seus grãos possuem forma lamelar e, por isso, podem deslizar uns sobre os outros, propiciando a moldagem da argila, modificando a sua forma, sem diminuir o seu volume.
Essa propriedade é que se chama de plasticidade, ocorrendo sempre nos solos finos e depende fundamentalmente da forma dos grãos, mais do que seu tamanho. Quanto mais complexa é a forma da partícula (que depende da espécie mineral da argila), maior é a sua plasticidade.
Experiências feitas com materiais pulverulentos artificiais (esferas de vidro com  ~ 2m) mostraram que tais materiais não são plásticos, isto é, não conseguem ser moldados, qualquer que seja o seu teor de umidade. Pelo contrário, qualquer argila é plástica, dentro de certos teores de umidade, e diferente conforme a espécie de argilo-mineral presente.
As caulinitas, cujos grãos têm forma geralmente de placas hexagonais, apresentam plasticidades baixas. As montmorilonitas, cujos grãos têm as formas mais complexas possíveis (alongadas, escamosas, tubiformes,...), apresentam notável plasticidade. As ilitas, sendo argilo-minerais do tipo das micas, apresentam o aspecto peculiar escamoso destas.
Devemos ao pesquisador Atterberg a idéia de transformar a qualidade plasticidade em uma quantidade, ou seja, um valor mensurável. Ele admitiu que o solo fosse um material que mudasse de estado físico pela simples variação do seu estado de umidade. Seguindo o seu raciocínio, um solo muito úmido estaria no estado líquido, tomando a forma do recipiente onde estivesse ou escoaria pelos dedos de quem o tentasse moldar com as mãos. Caso se apresentasse menos úmido, entre teores de umidade determinados, estaria no estado menos plástico (poderia ser moldado) e, finalmente, abaixo de uma certa umidade, o solo estaria no estado sólido e quebraria quando solicitado além da sua resistência.
Partindo do princípio de que o solo é um material que pode passar do estado líquido ao plástico (também do estado plástico ao sólido) por uma simples variação de umidade, podemos definir esses pontos de passagem, pelos teores de umidade LL (limite de liquidez) e LP (limite de plasticidade), conforme apresentado na Figura 12. Para exprimir a plasticidade do solo, Atterberg propôs a adoção da diferença entre as duas umidades (LL – LP) para exprimir a plasticidade do solo, denominando esta diferença de índice de plasticidade do solo(IP).
Figura 12- Limites de Atterberg.
Quanto maior o valor do índice de plasticidade mais plástico seria o solo, entretanto, verificou-se que, isoladamente, o IP não se bastaria para definir a plasticidade, sendo necessário correlaciona-lo com o correspondente valor encontrado para o seu limite de liquidez, LL.
Desta forma, para atender à necessidade de correlação entre LL e IP para caracterizar a plasticidade do solo, costuma-se representar a plasticidade plotando-se o par coordenado (LL, IP) em um gráfico onde se colocam, nas abscissas, os valores para o limite de liquidez e, nas ordenadas, os valores para os correspondentes índices de plasticidade, tal como se apresenta na Figura 13.
Figura 13- Gráfico de plasticidade.
Para classificar as plasticidades, o pesquisador Casagrande dividiu o gráfico acima por meio das linhas “A” (indicada na Figura) e “B”, esta última correspondente ao valor de limite de liquidez igual a 50%. Uma amostra acima da linha “A” seria de alta plasticidade e, à direita da linha “B” temos os solos de elevada compressibilidade.
É interessante observar que a consistência de um solo no seu estado natural, para um determinado teor de umidade w, pode ser expressa quantitativamente mediante a seguinte relação:
	IC = (LL – w) / IP	; onde IC = Índice de Consistência.
Segundo o valor de IC, as argilas classificam-se em:
	Muito moles ------- IC < 0
	Moles ---------------- 0 < IC < 0,50
	Médias -------------- 0,50 < IC < 0,75
	Rijas ----------------- 0,75 < IC < 1,00
	Duras ---------------- IC > 1,00
A umidade natural w é determinada no campo ou em amostras trazidas ao laboratório em frascos selados para ser comparada com os valores de LL e LP para este solo.
Alguns autores adotam o índice de liquidez (IL), cuja interpretação é feita de forma análoga ao índice de consistência do solo. A expressão empregada para o índice de liquidez é a seguinte:
	IL = (w – LP) / IP
Finalmente, chama-se atividade de uma argila a sua maior ou menor plasticidade em relação à porcentagem da fração argila ( < 2m) presente. Esta atividade é definida pelo índice de atividade Ia, segundo a seguinte expressão:
	Ia = IP / (% < 2m)
Uma argila normal tem Ia ≤ 0,7; ente 0,7 e 1,5 a atividade da fração argila presente é grande e, acima de 1,5, trata-se de uma argila extraordinariamente ativa, isto é, capaz de comunicar ao solo alta plasticidade, mesmo quando presente em pequena porcentagem. As caulinitas são argilas de atividade normal e as montmorilonitas são de alta atividade. Assim sendo, o índice Ia pode ser usado para identificação da espécie de argila presente.
CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS
VI.1	Introdução
Com a granulometria, é possível classificar-se as areias; isto é, colocá-las em grupos cujos componentes tenham mesmas características geotécnicas. As tentativas de utilização de classificações tendo em vista somente características granulométricas deram ótimos resultados para as areias, porém, falharam completamente para as argilas. Ao classificarmos uma amostra de areia colocando-a num grupo de solos a partir simplesmente de suas características granulométricas podem nos conduzir a indicadores de suas propriedades geotécnicas. O mesmo não se dá com as argilas, pois que as propriedades plásticas das argilas são mais determinantes das suas características geotécnicas do que a sua granulometria.
Uma classificação do solo, para fins da construção civil, para ser bem sucedida, deve classificar os solos tanto pela granulometria como pela plasticidade. Os dois sistemas de classificação de solos mais utilizados no setor da construção civil são o Sistema Unificado de Classificação de Solos (USCS: Unified Soil Clasification System) e a Classificação HRB (Highway Research Board).
VI.2	Sistema Unificado de Classificação de Solos
Em linhas gerais, os solos são classificados, neste sistema, em três grandes grupos:
Solos grossos – Mais que 50%, em peso, dos grãos passando na peneira No 200.
Solos finos – Aqueles cujo diâmetro da maioria absoluta dos grãos é menor que 0,074mm.
Turfas – Solos altamente orgânicos, com estrutura em geral fibrilar, e extremamente compressíveis.
No grupo dos solos grossos acham-se os pedregulhos, as areias e os solos pedregulhosos (GW, GC, GP e GM) ou arenosos (SW, SC, SP e SM) com pequenas quantidades de material fino (silte ou argila).
As letras empregadas para classificação representam as iniciais das palavras inglesas:
G de gravel (pedregulho).
S de sand (areia).
C de clay (argila).
W de well graded (bem graduado).
P de poorly graded (mal graduado).
M da palavra sueca mo, refere-se ao silte.
No segundo grupo estão os solos finos: siltosos ou argilosos, de baixa compressibilidade (LL < 50) ou de alta compressibilidade (LL > 50). São designados da seguinte forma:
Solos de baixa compressibilidade: ML, CL e OL.
Solos de alta compressibilidade: MH, CH e OH.
As letras O, L e H significam:
O de organic (orgânico).
L de low (baixo).
H de high (alta).
Como se verifica, na simbologia adotada por esta classificação, os prefixos correspondem aos grupos gerais, e os sufixos aos subgrupos.
Quanto aos solos do terceiro grupo, representam-se pelo símbolo Pt de peat turfa).
Convém que se destaque que o gráfico de plasticidade (Figura 13) consiste em um instrumento muito utilizado pelo Sistema Unificado.
VI.3	Sistema de Classificação “HRB”
Nesta classificação os solos são reunidos em grupos e subgrupos, em função da sua granulometria e plasticidade.
Os “solos granulares” compreendem os grupos A-1, A-2 e A-3, e os “solos finos”, os grupos A-4, A-5, A-6 e A-7, três do quais subdivididos em subgrupos.
No Quadro 1 abaixo são indicados os tipos de material, sua identificação e classificação como “sub-leito”, ou seja, qualificando-o como fundação para pavimentos rodoviários.
Quadro 1- Sistema de classificação do HRB.
Notas:
P10, P40 e P200 indicam, respectivamente, as porcentagens que passam nas peneiras Nos 10 (2mm), 40 (0,42mm) e 200 (0,074mm).
LL e IP referem-se à fração passando na peneira No 40.
Sub-grupo A-7-5 para IP < LL-30 e A-7-6 para IP > LL-30.
Em relação ao Índice de Grupo, temos a seguinte expressão empírica:
IG = 0,2.a + 0,005.a.c + 0,01.b.d
Onde:
a =	porcentagem do material que passa na peneira No 200, menos 35; se a porcentagem é maior do que 75, só se anotará 75, se é menor que 35, anotar-se-á 0 (“a” varia de 0 a 40).
b =	porcentagem do material que passa na peneira No 200, menos 15; se a porcentagem é maior que 55, só se anotará 55 e, se é menor que 15, anotar-se-á 0 (“b” varia de 0 a 40).
c =	valor do limite de liquidez, menos 40; se o limite de liquidez é maior que 60%, só se anotará 60 e, se menor que 40%, escrever-se á 0 (“c” varia de 0 a 20).
d =	Valor do índice de plasticidade, menos 10; se o índice de plasticidade é maior que 30%, só se anotará 30 e, se é menor que 10, anotar-se-á 0 (“d” varia de 0 a 20).
Os valores de “a”, “b”, “c” e “d” deverão ser expressos em números inteiros e positivos, assim como o valor de IG.
	
_1142085484.xls
Plan1
		Classificação		Solos Granulares (P200 < 35%)														Solos Silto-Arglosos
		Geral																(P200 > 35%)
		Grupos		A-1				A-3		A-2								A-4		A-5		A-6		A-7
		Sub-grupos		A-1-a		A-1-b				A-2-4		A-2-5		A-2-6		A-2-7								(nota iii)
		P10		< 50		xxx		xxx		xxx		xxx		xxx		xxx		xxx		xxx		xxx		xxx
		P40		< 30		< 50		> 50		xxx		xxx		xxx		xxx		xxx		xxx		xxx		xxx
		P200		< 15		< 25		< 10		< 35		< 35		< 35		< 35		> 35		> 35		> 35		> 35
		LL		xxx		xxx		xxx		< 40		> 40		< 40		> 40		< 40		> 40		< 40		> 40
		IP		< 6		< 6		NP		< 10		< 10		> 10		> 10		< 10		< 10		> 10		> 10
		Índice		0		0		0		0		0		< 4		< 4		< 8		< 12		< 16		< 20
		de Grupo (IG)
		Tipos de		Pedregulho				Areia		Pedregulhos e Areias								Solos				Solos
		Material		e Areia				Fina		Siltosas e Argiloas								SiltososArgilosos
		Classificação		Excelente a Bom										Regular a Mau
		como sub-leito
_1142089120.xls
Plan1
		Faixa Granulométrica		ABNT (NBR 6502)		ISSMFE		AASHO
		PEDREGULHO		4,8 < f < 76mm		2,0 < f < 60mm		2,0mm < f
		AREIA GROSSA		0,84 < f < 4,8mm		0,6 < f < 2,0mm		0,42 < f < 2,0mm
		AREIA MÉDIA		0,25 < f < 0,84mm		0,2 < f < 0,6mm		xxx
		AREIA FINA		0,075 < f < 0,25mm		0,06 < f < 0,2mm		0,075 < f < 0,42mm
		SILTE		0,005 < f < 0,075mm		0,002 < f < 0,06mm		0,005 < f < 0,075mm
		ARGILA		f < 0,005mm		f < 0,002mm		f < 0,005mm
_1142079595/ole-[42, 4D, B6, 2D, 0A, 00, 00, 00]

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