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Unidade 5 Macroeconomia – Parte II 71 Ponto de partida Nesta segunda parte sobre a Macroeconomia, iremos nos aprofundar em alguns conceitos, como agregados nacionais e demanda agregada, e com- preenderemos melhor a economia monetária. Ao fim da unidade, você de- verá ser capaz de: • identificar os principais agregados macroeconômicos; • conceituar a economia monetária; • compreender as aplicações da economia monetária. >> Refletindo Lembre-se: a sua reflexão é individual! Não precisa ser enviada aos tutores. 72 Roteiro do conhecimento 5.1 Demanda agregada Para compreender o conceito de Demanda Agregada, você precisa entender o conceito de Despesa Nacional. Isso porque só temos demanda agregada quan- do incluímos todos os setores de Despesa Nacional. Figura 5.1 – Despesa Nacional (DN) Legenda: A despesa nacional inclui todos os gastos do país. Imagem: 123RF (2014). A Despesa Nacional (DN) é medida pelos gastos dos agentes econômicos com os bens e serviços produzidos na economia a preços de mercado. Portanto, a Despesa Nacional é composta pelos gastos das famílias com bens de consumo (C) e os investimentos das empresas (I). 73 DN = C + I Onde: • DN – Despesa Nacional; • C – Famílias; • I – Investimentos. Neste caso, dizemos que há uma identidade entre a Despesa Nacional e o con- sumo. Além disso, precisamos incluir o governo nessa equação, pois para rea- lizar suas atividades ele necessita arrecadar dinheiro com as famílias e empre- sas. O dinheiro é arrecadado com tributos que podem ser divididos da seguinte forma (GARCIA; VASCONCELLOS, 2008): • impostos indiretos: incidem sobre as transações com bens e ser- viços. Por exemplo: IPI, ICMS; • impostos diretos: incidem sobre as pessoas físicas e jurídicas. Por exemplo: imposto de renda; • contribuições à previdência social; • outras receitas: taxas, multas, pedágios, aluguéis. Com relação aos gastos e dispêndios para as contas nacionais, consideramos três tipos de gastos (GARCIA; VASCONCELLOS, 2008): • gastos dos ministérios e autarquias: suas receitas provêm das divi- sões dos orçamentos e são investidas na saúde, justiça, educação etc; • gastos das empresas públicas e sociedades de economia mista: como têm receita própria, são consideradas no setor de produção, junto com as empresas privadas; • gastos com transferências e subsídios: são computados como parte da renda nacional, pois representam uma transferência fi- nanceira do setor público ao setor privado, sem ocorrer aumento da produção. 74 Refletindo Pesquise na internet e verifique as formas de transferências e subsídios do governo para as famílias e empresas. Pense sobre o impacto gerado na economia. Quando o governo tem um total de arrecadação maior do que os gastos públi- cos, consideramos que ocorreu um superávit das contas públicas, quando ocor- re o oposto, temos um deficit das contas públicas (GARCIA; VASCONCELLOS, 2008). Os gastos do governo representam um retorno de recursos obtidos por ele para a população. Ao pagarmos os impostos, financiamos as atividades do go- verno que, ao gastar com serviços essenciais como saúde, educação, transfe- rência de renda ou até com as empresas mistas, gera um aumento da ativida- de econômica. Por isso, no que se refere à despesa nacional, consideramos os gastos do governo (G) como um acréscimo. DN = C + I + G Onde: • DN – Despesa Nacional; • C – Famílias; • I – Investimentos; • G – Governos. Até o momento, trabalhamos com uma economia fechada, sem considerar as trocas com o exterior de bens, serviços e recursos. Veja agora como o setor externo da economia comporá a Despesa Nacional. As exportações (X) são as compras feitas por estrangeiros de mercadorias produzidas pelas empresas nacionais. Já as importações (M) são as nossas compras de produtos estrangeiros (VASCONCELLOS, 2011). Com a inclusão do 75 setor externo, a nossa conta de despesa nacional está completa. Podemos re- presentá-la matematicamente da seguinte forma: DN = C + I + G + (X – M) Onde: • DN – Despesa Nacional; • C – Famílias; • I – Investimentos; • G – Governo; • X – Exportações; • M – Importações. Quando está completa, a Despesa Nacional também é conhecida como De- manda Agregada (DA). A Demanda Agregada (DA) representa todos os gastos planejados de todos os quatro agentes macroeconômicos: famílias (C), empresas (I), governo (G) e setor externo (X e M). As alterações na demanda agregada são realizadas por meio dos instrumentos de política econômica, vistos na Unidade 4. A seguir, você conhecerá o funcio- namento da oferta agregada. 5.2 Oferta Agregada Enquanto a Demanda Agregada representa todos os gastos, a Oferta Agregada é o valor total da produção de bens e serviços colocados à disposição num dado período de tempo. O conceito de Oferta Agregada é o produto real da 76 economia, que conhecemos como Produto Interno Bruto (PIB) (GARCIA; VAS- CONCELLOS, 2008). A variação da Oferta Agregada ocorre em função das alterações nos fatores de produção: mão de obra, estoque de capital e tecnologia. Porém, há uma dife- rença entre a oferta agregada potencial e a oferta agregada efetiva. A oferta agregada potencial é aquela em que todos os fatores de produção são considerados para uma produção máxima da economia, sem capacida- de ociosa (GARCIA; VASCONCELLOS, 2008). Já a oferta agregada efetiva é a produção que efetivamente está ocorrendo. Assim, pode-se ter uma oferta agregada efetiva abaixo do potencial quando há capacidade ociosa na econo- mia (GARCIA; VASCONCELLOS, 2008). O modelo da curva de possibilidade de produção-CPP estudado no item 1 da Unidade 1 pode explicar a oferta agregada ou o produto da (tirar “da”) poten- cial e o efetivo. Pontos sobre a fronteira de produção indicam o produto po- tencial (pleno emprego), enquanto aqueles à esquerda desta fronteira indicam o produto efetivo. Volte ao modelo e faça esta análise! No curto prazo, não é possível alterar os fatores de produção, como estoque de capital e tecnologia, portanto, a oferta potencial é fixa no curto prazo. Sua composição só pode ser alterada no longo prazo. Porém, como vimos, a ofer- ta potencial pode estar funcionando abaixo do pleno emprego e, por isso, ela pode ser modificada em função das alterações da demanda de mercado. Você viu no início desta seção que a Oferta Agregada é o próprio conceito do PIB, porém, o que é PIB? O PIB é a soma de todos os bens e serviços finais produzidos dentro do territó- rio nacional num dado período, a preço de mercado (ROSSETTI, 2003). Na prática Uma das formas mais comuns de se medir o crescimento eco- nômico de um país é acompanhando o PIB. Analise o avanço do PIB brasileiro nos últimos 10 anos. Você pode pesquisá-lo no portal: www.ipeadata.gov.br. 77 Em termos matemáticos, o PIB nada mais é do que uma identidade da Oferta Agregada. Podemos representá-lo a partir de: PIB = C + I + G + (X – M) Onde: • PIB – Produto Interno Bruto; • C – Famílias; • I – Investimentos; • G – Governo; • X – Exportações; • M – Importações. Você deve lembrar que nessa equação o X se refere às exportações e o M, às importações realizadas no período de análise. Porém, nem toda a renda rece- bida do exterior fica retida no país. Parte dela retorna ao país de origem pelo lucro das empresas multinacionais instaladas no Brasil, com o pagamento de royalties pela tecnologia estrangeira e juros pela utilização de dinheiro obtido no exterior (dívida externa). Ao descontarmos da Renda Enviada ao Exterior (REE) a Renda Recebida do Exterior (RRE), temos a Renda Líquida Enviada ao exterior (RLE). Podemos representá-la por: RLE = REE – RRE Onde: • RLE – Renda Líquida Enviada ao exterior; • REE – Renda Enviada ao Exterior; • RRE –Renda Recebida do Exterior. 78 Ao subtrairmos a Renda Líquida Enviada ao exterior do PIB, temos o Produto Nacional Bruto (PNB): é a renda que efetivamente pertence aos residentes do país (ROSSETTI, 2003). PNB = PIB – RLE Onde: • PNB – Produto Nacional Bruto; • PIB – Produto Interno Bruto; • RLE – Renda Líquida Enviada ao exterior. No Brasil, temos uma Renda Enviada ao Exterior maior do que a renda recebi- da. Isto se dá pela quantidade de multinacionais instaladas no país, pelos juros da dívida externa e royalties pela utilização de tecnologia estrangeira (ROS- SETTI, 2003). Agora que você já sabe como funciona a demanda e a oferta agregada, vamos conhecer a composição do investimento agregado. 5.3 Investimento agregado Algumas famílias não gastam toda a sua renda com o consumo: utilizam parte dela em poupança. As empresas também fazem o mesmo. Assim como as fa- mílias, elas poupam parte de seus lucros para aumentar a capacidade produti- va e investem em bens de capital. A Macroeconomia analisa o investimento das empresas em bens de capital, por meio do Investimento agregado (I). Ele se refere ao que foi gasto com bens produzidos, mas não consumidos no período analisado e que aumentam a ca- pacidade produtiva da economia para os períodos seguintes (GARCIA; VAS- CONCELLOS, 2008). Para entender melhor esse conceito, pense em uma fábrica de automóveis. 79 Figura 5.2 – Investimento agregado Legenda: Uma fábrica produziu, em dezembro de 2013, 150 mil automóveis. Vendeu 125 mil. O que sobrou – 25 mil carros – ficam como investimento para 2014. Imagem: 123RF (2014). A fábrica já começará o ano de 2014 com um estoque de 25 mil automóveis: é um investimento! Ampliando os horizontes Para saber mais sobre bens de capitais, consulte a seção 1.5 "Funcionamento de uma economia de mercado: fluxos reais e fluxos monetários” no livro de Garcia e Vasconcellos (2008). Além da variação de estoque, o investimento das empresas em bens de ca- pital (máquinas e imóveis) também compõe o Investimento agregado. O in- vestimento em ações não é considerado, elas não representam aumento de capacidade produtiva da economia. Você verá, a seguir, quais são as principais aplicações da economia monetária. 80 5.3.1. Componentes do investimento agregado O investimento é a despesa realizada pelas empresas e tem como objetivo o aumento da capacidade produtiva. Como o PIB indica o total de bens e servi- ços produzidos por uma economia em um período de tempo, os investimentos aumentam o PIB. Por isso, esta é uma variável de suma importância para o crescimento econô- mico de um país, pois viabiliza o aumento da produção, aumentando a riqueza e o bem-estar da sociedade envolvida. Quando se fala de investimento, portanto, aparece a noção de que todo inves- timento aumenta a produção. Porém, na verdade não é bem assim, pois quan- do nos referimos ao investimento bruto (IB) estamos considerando dois tipos, o investimento de depreciação ou reposição e o investimento líquido. Assim tem-se que: IB = IR + IL Onde: • IB – Investimento Bruto • IR – Investimento de Reposição • IL – Investimento Líquido Para entender melhor a diferença entre estes dois componentes do investi- mento bruto, considere a aquisição de uma máquina (bem de capital) por uma empresa no Ano I. Como a máquina é nova pode-se dizer que o investimento bruto é igual ao investimento líquido e, neste caso, haverá aumento de pro- dução e de riqueza. Supondo que esta máquina foi programada para produzir 1000 unidades/mês, pode-se dizer que ela contribui para o PIB do país com este volume de produção. 81 Agora considere que após um ano de uso contínuo a empresa decida fazer mais investimento para aumentar a sua produção no Ano II, ou seja, produzir mais de 1.000 unidades/mês. É nesta hora que o investimento bruto já não é mais igual ao investimento líquido. Por quê? A resposta deve levar em consideração a noção de desgaste ou depreciação dos bens de capital (máquinas e equipamentos). O uso contínuo de um bem de capital gera desgaste que faz com que a capacidade produtiva de uma máqui- na, por exemplo, diminua com o tempo. No nosso exemplo, ao final do Ano I com o desgaste natural do capital, a má- quina poderia estar produzindo, por exemplo, 800 unidades/mês e não mais 1000. Como a empresa decidiu aumentar a produção, digamos, para 2000 unidades mês, ela deverá fazer primeiro um investimento de reposição para recompor a capacidade produtiva já instalada, ou seja, trocar peças e com- ponentes desgastados ou depreciados na máquina existente para ela voltar a produzir 1000 unidades/mês. Observe que neste caso não houve aumento da produção ou que o investimento não gerou mais riqueza. Só depois que a empresa recuperar sua capacidade produtiva original, por meio do investimento de reposição é que a ela poderá, efetivamente, aumen- tar a sua produção (geração de mais riqueza) por meio do investimento líqui- do, comprando uma nova máquina. Com isso, o investimento bruto incorpora uma parte para recomposição da capacidade produtiva que foi perdida com a própria produção e outra parte relacionada ao crescimento desta mesma capacidade. Resumidamente o quadro a seguir demonstra estas diferenças. 82 Este mesmo raciocínio pode ser utilizado quando analisamos o PIB de um país. Como o objetivo é o crescimento econômico sustentado e duradouro, os in- vestimentos realizados para sustentar este processo, devem levar em conta aqueles direcionados para, primeiro, a recomposição da capacidade produtiva existente e, segundo, para a geração de taxas positivas de crescimento da pro- dução e da renda nacionais a partir do investimento líquido. Se a Economia não faz, pelo menos, investimento de reposição, ela entra em recessão econômica; se faz somente investimento de reposição, ela entra em estagnação econômica; e se faz ambos os investimentos, ela entra em um pro- cesso de crescimento econômico. 5.4 Economia monetária Você viu na Unidade 4 que a política monetária é utilizada pelo governo para alcançar os objetivos macroeconômicos. A partir de agora, verá como ela fun- ciona e quais são suas principais aplicações. Assim como os demais bens e serviços, a moeda também tem seu preço e quantidade determinados pela oferta e demanda. A oferta monetária, também chamada de meios de pagamento, é o suprimento de moeda para atender as necessidades da população (VASCONCELLOS, 2011). Os meios de pagamento constituem o total de moeda à disposição do setor privado, não bancário, e de liquidez imediata. Tradicionalmente, os meios de pagamento são a soma da moeda em poder do público, mais os depósitos à vista nos bancos comerciais: é a soma da moeda que cada um tem na mão mais a moeda escritural (VASCONCELLOS, 2011). Figura 5.3 – Meios de pagamento Legenda: Os meios de pagamento incluem o dinheiro que você tem na carteira, em casa, mais o que existe na sua conta corrente – e de todas as outras pessoas e empresas. Imagem: Stock. xchng (2014). 83 A demanda ou procura de moeda corresponde à quantidade desse produto que o setor privado, não bancário, retém com o público, no cofre das empresas e nos depósitos à vista nos bancos comerciais (VASCONCELLOS, 2011). Mas, por que retemos moeda que não rende juros? Existem três motivos. • Primeiro, para dar conta de transações e tarefas do dia a dia, como utilizar o transporte público ou comprar um pão de queijo. • Segundo, retemos moeda por precaução, para pagamentos im- previstos ou atrasos em recebimentos esperados no futuro. • Terceiro, para especular: caso apareça uma nova oportunidade de negócio, o dinheiro está na mão para investir (VASCONCELLOS, 2011). As duas primeiras razões dependem do nível de renda – quanto maior a renda, maior a demandapor moeda para transações e por precaução. Já no último motivo, quanto maior a taxa de juros, menor a quantidade de moeda que o aplicador irá reter. Mas, qual a relação entre a taxa de juros e investimento? As decisões dos empresários com relação à compra de máquinas, manutenção de estoques e de capital de giro serão determinadas pelo nível atual da taxa de juros e pela sua expectativa futura. Se o empresário tiver uma expectativa pessimista sobre a taxa de juros, di- minuirá seus estoques e seu capital de giro no presente, pois ficará mais caro mantê-los no futuro. Para os consumidores, a taxa de juros também é impor- tante: quanto menor a taxa de juros, maior seu poder de compra. Ao comprar uma televisão nova, por exemplo, se a taxa de juros estiver alta, o consumidor irá preferir guardar seu dinheiro e pagar à vista. Se estiver baixa, o consumidor pode antecipar esse consumo e pagar de forma parcelada. Figura 5.4 – Taxa de juros Legenda: Taxas de juros menores estimulam o consumo. Imagem: 123RF (2014). 84 Uma alta taxa de juros pode interferir na propensão marginal a consumir e a poupar, pois os consumidores irão preferir a poupança em detrimento do con- sumo, colocando suas economias no mercado financeiro. Na prática Pesquise a taxa de juros paga pela poupança e pelo CDB no banco em que você é correntista. Compare essas taxas com a taxa de juros de financiamento de alguma grande loja de departamento. É pela política monetária que o governo irá interferir na quantidade de moeda no mercado. Como você já viu, para isso, o governo conta com os seguintes instrumentos: emissão de moeda, reserva compulsória, open market, redes- contos e regulamentação sobre crédito e taxa de juros. O controle das emissões de moeda é feito pelo Banco Central do Brasil e con- trola o volume de moeda na economia (GARCIA; VASCONCELLOS, 2008). Os depósitos compulsórios ou reservas obrigatórias são os depósitos reali- zados pelos bancos comerciais no Banco Central (GARCIA; VASCONCELLOS, 2008). Eles são realizados a partir de um percentual sobre depósitos recebidos pelos bancos, determinado pelo Banco Central. O aumento ou a diminuição desse percentual do depósito compulsório influenciará no volume de emprés- timo bancário. As operações com mercado aberto (open market) consistem na compra e ven- da de títulos públicos e obrigações pelo governo (GARCIA; VASCONCELLOS, 2008). Quando o governo coloca mais títulos à venda, ele reduz os meios de pagamento; quando ele compra os títulos de volta, ele amplia os meios de pa- gamento. Ampliando os horizontes Para conhecer os títulos governamentais, acesse a página do Tesouro Direto. 85 As operações de redesconto envolvem a liberação de recursos pelo Banco Central aos bancos comerciais (GARCIA; VASCONCELLOS, 2008). Por exem- plo: para incentivar a compra de máquinas agrícolas, o Banco Central pode abrir linhas especiais de crédito para produtores rurais. Neste caso, os bancos comerciais emprestam (descontam) aos produtores, que depois redescontam o título no Banco Central. Pela regulamentação da moeda e do crédito, o Banco Central fixa taxas de ju- ros, exige maior rigor na concessão de crédito, altera os limites de prazos para o crédito ao consumidor etc. (GARCIA; VASCONCELLOS, 2008). 5.5. A moeda e suas funções Para melhor entender o papel da moeda no sistema econômico, basta analisar- mos suas funções. Basicamente são três funções desempenhadas pela moeda: meio de troca, unidade de conta e reserva de valor. Meio de troca: é por meio da moeda que as transações econômicas podem ser realizadas facilmente. Se você é um sapateiro e necessita adquirir roupa, não é necessário que aquele que produz roupa receba o seu sapato como forma de pagamento. Basta você vender o seu produto e com a moeda, comprar roupa. Com a modernização dos sistemas econômicos ao longo dos séculos, a moeda se tornou um instrumento poderoso que aperfeiçoou as trocas econômicas. Por exemplo, quando vendemos trabalho, recebemos salário (moeda) e com ele adquirimos os bens e serviços que necessitamos. Unidade de conta: quando comparamos dois bens diferentes, sabemos que um vale mais do que o outro pelo seu valor monetário (preço). A função da unidade de conta é nos fornecer a informação do quanto é o valor das coisas e quanto a mais este valor é quando comparamos os bens. Isso é importante para que possamos medir, por exemplo, o custo de oportunidade quando você resolve sacrificar um produto para adquirir outro. No exemplo de PASSOS & NOMAMI (2006) vemos que se um determinado bem A é vendido a R$ 10,00 e o bem B a R$ 20,00, então podemos afirmar que a mercadoria B é duas vezes a mercadoria A, ou caso você escolha a mercadoria B, você estará sacrificando duas unidades de A. A função da unidade de conta é prejudicada em períodos 86 de alta inflação, pois com o descontrole dos preços há uma dificuldade de fazer essa relação pois os preços das mercadorias perdem a unidade de conta. Reserva do valor: Como a moeda é um meio de pagamento, basta você retê-la para ser usada no futuro. Portanto, ela guarda um valor em si que é útil na hora em que a trocamos por bens e serviços. Essa função é prejudicada quando há um processo inflacionário persistente que corrói o seu valor ou poder de compra (lembra do valor real?), ou seja, ao reter moeda em períodos de forte inflação, você compra menos mercadorias no futuro. Portanto, a decisão de se reter moeda deve levar em consideração a variação do seu poder de compra. 5.6. Sistema de intermediação financeira Existem várias formas de se entender um sistema econômico. A Economia pode ser vista por atividades, mercados, campos de estudo entre outros. Uma destas maneiras é ver o seu funcionamento por meio dos setores real e financeiro. Enquanto o setor real é o espaço onde há a produção, circulação e distribuição de bens e serviços não financeiros como alimentos, produtos industrializados e serviços como comércio, transporte, telecomunicações etc., o setor financei- ro engloba tão somente as atividades financeiras. Essencialmente o setor financeiro funciona para que o setor real, onde é ge- rada a maior parte de riqueza de uma nação, funcione perfeitamente. Assim, o sistema financeiro é composto de instituições presentes na economia que ajudam a promover o encontro das pessoas que poupam com aquelas que in- vestem (MANKIW, 2014). Por isso esse sistema também é conhecido como intermediação financeira, pois permite o elo entre quem oferta e quem demanda moeda. O papel de in- termediação é realizado pelas instituições financeiras, destacando-se os ban- cos, que ofertam moeda no mercado monetário. Por ser um mercado como qualquer outro, a moeda tem um preço que é deter- minado pela taxa de juros. Portanto se há um aumento da taxa de juros (preço) a moeda fica mais cara e isso pode prejudicar os projetos de investimento. No caso de uma redução da taxa de juros, a moeda fica mais barata estimulando 87 mais investimentos. Basta você analisar a demanda e oferta em um modelo de mercado, como foi visto na Unidade 3. No presente caso o produto é a moeda e o preço do produto é a taxa de juros. A importância dos intermediários financeiros é permitir que os tomadores de empréstimos não busquem diretamente os credores, o que ocasionaria uma ineficiência no sistema econômico dada a dificuldade de identificá-los. Ima- gine você saindo na rua perguntando quem tem dinheiro para lhe emprestar? Se você necessita de moeda, basta ir a um banco e solicitar o empréstimo, sem precisar conhecer o dono do dinheiro que está sendo tomado. Além disso, o sistema financeiro é útil na guarda dos recursos financeiros dos agentes econômicos, dispensando o perigo de se deixar moeda em casa, não só na questão do risco de ser roubado, mas também contra a inflação,já que você pode optar por várias aplicações financeiras que rendem juros. Diz-se que a Economia funciona como um veículo onde o setor real é o motor e o setor financeiro é o lubrificante que permite que o funcionamento do motor seja perfeito, fazendo com que o veículo (a Economia) tenha um ótimo desem- penho. Você acha que a economia brasileira se comporta atualmente como uma Ferrari ou como um Fusquinha? 88 O que aprendemos Nesta unidade você aprendeu que: • a Demanda Agregada representa todos os gastos planejados dos qua- tro agentes macroeconômicos; • a Oferta Agregada é o valor total da produção de bens e serviços; • o PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos dentro do ter- ritório nacional num dado período, e o PNB representa a renda que efetivamente pertence aos residentes do país; • a oferta monetária é o suprimento de moeda para atender as necessi- dades da população e a demanda de moeda corresponde à quantidade de moeda retida com o público não bancário; • os motivos para reter moeda são: para transações, por precaução e para especulação; • as decisões de investimento dos empresários serão determinadas pelo nível atual da taxa de juros e pela sua expectativa futura; • os instrumentos de política monetária são: emissão de moeda, a re- serva compulsória, open market, redescontos e regulamentação sobre crédito e taxa de juros. • a moeda exerce importantes funções na vida econômica das pessoas. >> Sua vez Agora é o momento de ir ao Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) e par- ticipar do Fórum de Discussão. Você irá interagir com seus colegas e com o seu tutor, assim, ampliará o seu conhecimento, debatendo um tema po- lêmico. Sua opinião é muito importante! Lembre-se, também, de realizar a atividade de fixação do conhecimento. 89 Referências da unidade ROSSETTI, J. P. Introdução à economia. São Paulo: Atlas, 2003. GARCIA, M. E.; VASCONCELLOS, M. A. S. Fundamentos de economia. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. VASCONCELLOS, M. A. S. Economia: micro e macro. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2011.
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