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Família Ascarididae Ascaris lumbricoides Taxonomia • Filo Aschelminthes – Classe Nematoda • Superfamília Ascaroidea – Família Ascaridiidae » Gênero Ascaris Ascaris lumbricoides Ascaris suum Estrutura e Parede do Corpo • Cutícula: proteção do organismo contra ações extremas – estojo para as estruturas internas e exoesqueleto de apoio para a ação dos músculos, assegurando a movimentação do verme e de alguns órgãos internos. • Cavidade geral: não apresenta revestimento endotelial (pseudoceloma), é preenchida por líquido que banha os órgãos internos e, por estar sob pressão, constitui esqueleto hidrostático, auxiliando a movimentação. www.dpd.cdc.gov Ascaris lumbricoides Nutrição • Vivem no interior do aparelho digestivo do hospedeiro e se alimentam de materiais semidigeridos e microorganismos. • Boca centrada na extremidade anterior apresenta 3 lábios grandes providos de papilas sensoriais. www.biosci.ohio-state.edu Ascaris lumbricoides Morfologia – adultos MACHO: 20 a 30 cm, • Extremidade posterior enrolada, ventralmente. FÊMEA: 30 a 40 cm Mais espessa, extremidade posterior retilínea. • Alta capacidade de oviposição (200 mil ovos/dia). Reprodução • Durante a cópula, os espículos são introduzidos na vulva e os espermatozóides são injetados. • A fêmea deve ser fecundada repetidas vezes, os espermatozóides acumulam-se no útero/oviduto e os ovos são fertilizados a medida que passam pelo oviduto. • Os ovos férteis contém a célula germinativa e são envolvidos por grossa casca. Ovos Forma oval ou esférica, ~50μm de diâmetro. Casca contém 3 camadas: Camada interna: delgada e impermeável a água. Camada média: espessa e lisa, formada por quitina. Camada externa: é segregada pela parede do útero, grossa, irregular, com superfície mamilonada, contém mucopolissacarídeos. casca externa pode ser delgada ou estar ausente. Rey, Parasitologia, 3a ed Ovos Ovo infértil: casca é mais delgada e citoplasma apresenta grânulos refringentes, aparecem nas fezes quando fêmeas iniciam a oviposição ou quando proporção de fêmeas para macho é muito grande (zonas de baixa endemicidade ou após medidas de controle) www.biosci.ohio-state.edu Rey, Parasitologia, 3a ed Crescimento e Mudas • Crescem de modo descontínuo, cada indivíduo deve passar por 4 ecdises (mudas), nas quais o revestimento cuticular é abandonado e substituído por nova cutícula. • A cutícula cresce com o animal até este alcançar o tamanho definitivo, aumenta de tamanho e espessura, o número de células no interior permanece estacionário. ovos transmitidos pelas fezes eclosão no intestino delgado larva penetra na circulação sangüínea/linfática crescimento nos alvéolos larvas migram para os brônquios e esôfago intestino delgado: maturação reprodução e oviposição Ciclo de Vida Ciclo de Vida • ovo fértil no ambiente: 25-30oC e 70% umidade, embrionamento: 15 dias • ovo embrionado = larva L1 Larva L1 ⇨ muda ⇨ L2 ⇨ muda ⇨ L3 (forma infectante) • ovo (contendo larva L3) – mantém poder infectante por longo período. • ingestão: intestino delgado, ovo (larva L3): pH, temperatura e CO2 – age sobre a larva, desencadeia mecanismo de eclosão com secreção de enzimas e dissolução das camadas externas. Ciclo de Vida larvas atravessam parede intestinal – circulação sangüínea ou linfática ⇨ fígado (18 a 24h após a infecção) ⇨ coração (2 a 3 dias após a infecção) ⇨ brônquios, traquéia, faringe expectoração – meio externo OU deglutição – esôfago e intestino delgado ⇨ fixação - adultos jovens (20 a 30 dias após a infecção) ⇨ maturidade sexual - ovos nas fezes (60 dias após a infecção) ⇨ 12 meses: macho 200mm, fêmea 300mm longevidade: 1 a 2 anos. Habitat • Em infecções intensas, estão presentes em toda a extensão do intestino delgado. • Podem ficar presos na mucosa (com o auxílio dos lábios). • Podem migrar pela luz, movendo-se contra a corrente peristáltica. • Migrações mais extensas são observadas em crianças com alta parasitemia. www.biosci.ohio-state.edu Transmissão • Ingestão de água ou alimentos contaminados com ovos contendo a larva infectante. - Utilização de água contaminada com ovos para a irrigação de hortas. - Poeira e insetos (moscas a baratas) podem transportar os ovos mecanicamente. - Material acumulado embaixo das unhas. Epidemiologia • Ascaridíase é a mais cosmopolita e frequente helmintíase humana. • Atinge cerca de 70 a 90% das crianças de 1 a 10 anos. • Número de pessoas infectadas: ~1,5 bilhões de pessoas, Ásia, África e América Latina. • Morbidade: 100 a 200 milhões de pessoas. • Adultos raramente apresentam a doença pois, se infectados quando criança, desenvolvem imunidade. • No Brasil: elevado parasitismo, especialmente em crianças, com idade inferior a 12 anos, nas zonas rurais ou urbanas. Distribuição Geográfica do A. lumbricoides no Brasil Neves, Parasitologia Humana, 10a ed Epidemiologia Fatores que interferem na prevalência: Naturais Grande produção de ovos pela fêmea. Solo úmido e sombreado que favorece a sobrevivência e embrionamento dos ovos. Possibilidade de dispersão por ventos, chuvas, insetos ou outros animais – transportam os ovos mecanicamente e os dispersam através de suas próprias fezes. Epidemiologia Ciclo de transmissão e manutenção desenvolvem-se, fundamentalmente, no domicílio e peridomicílio. O homem é a única fonte de parasitos – população infantil é a população mais infectada e a que mais promove a contaminação. Fatores que interferem na prevalência: Humanos Contaminação do solo pelo hábito de defecar no chão: Sujeira sob as unhas Água ou alimento contaminado com ovos (poeira) Alimentos de hortas adubadas com fezes humanas. Sintomas e Patogenia • Sintomas: parasitismo por Ascaris é, muitas vezes, assintomático – número de vermes albergados é pequeno. • Patogenia – fase de migração das larvas e, mais tarde, – Quando os vermes adultos se encontram no intestino (hábitat definitivo) OU - Migrações e localizações anômalas de vermes adultos. Patogenia - Migração das Larvas • Infecções leves: normalmente não apresenta alterações • Infecções maciças: lesões hepáticas – focos hemorrágicos e de necrose seguidos por fibrose lesões pulmonares – passagem de larvas para os alvéolos: focos hemorrágicos, síndrome de Löeffler: ⇨ febre, tosse, eosinofilia geralmente observado em crianças e estão associadas com o estado nutricional e a resposta imune Patogenia – Vermes Adultos • Infecções leves: Hospedeiro não apresenta alterações. • Infecções maciças: Ação tóxica: reação entre Ag do parasita e sistema imune do hospedeiro (Anticorpos IgE) – presença de edema, urticária, etc. Patogenia – Vermes Adultos • Infecções maciças: Ação expoliadora: os vermes consomem grandes quantidades de proteínas, carboidratos, lipídeos e vitamina A - em crianças resulta em desnutrição. L’Orcain & Holland, 2000 tratados tratados Patogenia – Vermes Adultos • Infecções maciças: Ação mecânica: presença de vermes na parede do intestinocausa irritação - vermes formam novelos causando obstrução mecânica. Complicação mais comum na ascariose aguda. Mais freqüente em crianças com idade < 10 anos – facilitado pelo menor diâmetro do intestino. Patogenia – Vermes Adultos • Infecções maciças: Localização ectópica: verme pode deslocar-se de seu hábitat normal: Apêndice cecal: apendicite Pâncreas: pancreatite Ouvido médio Eliminação do verme pela boca e narinas Diagnóstico • Clínico: sintomas semelhantes aos de outras verminoses. • Laboratorial: pesquisa de ovos nas fezes – fêmeas eliminam milhares de ovos por dia, não há necessidade de metodologia específica ou enriquecimento sedimentação espontânea ou centrifugação quantificação pelo método de Kato-Katz : método sensível, rápido, de fácil execução. Rey, Parasitologia, 3a ed Profilaxia Medidas com efeito definitivo: Educação sanitária: criar o hábito de lavar as mãos antes de manusear alimentos, proteger alimentos contra insetos, etc. Construção de fossas assépticas, suprimindo a contaminação do solo, no peridomicílio. Programas de Controle de Helmintos Objetivo: controle e, tardiamente, erradicação. Tratamentos em massa: envolvem a totalidade da população local, independente de exames positivos, são recomendados quando a prevalência é alta (>60%). Tratamento seletivo de casos positivos: exige o exame de cada membro da comunidade e seu reexame para controle de cura. Tratamento dos grupos mais parasitados: inclui apenas escolares e pré-escolares. Impacto de Métodos de Controle Método Redução da prevalência (%) Redução da intensidade (%) Nenhum 21,5 28,5 Saneamento 31,9 59,8 Medicação 81,6 71,6 Saneamento e Medicação 86,2 81,1 Arfaa et al., 1999 Impacto de Métodos de Controle • Quimioterapia induz rápida redução na prevalência das helmintíases. • O tratamento deve, sempre que possível, alcançar todos os indivíduos parasitados para reduzir drasticamente as fontes de infecção. • Consolidação dos resultados: – Mudança no comportamento da população, reduzindo a poluição do meio e re-infecção dos habitantes dentro do domicílio – educação sanitária Educação Sanitária • Uso de instalações sanitárias, suprimindo a contaminação do solo. • Lavagem das mãos antes de comer ou manusear alimentos. • Proteção dos alimentos contra poeira e animais. • Colaboração dos membros da comunidade com os programas de controle. Família Ascarididae Ascaris lumbricoides
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