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04 ASCARIS LUMBRICOIDES

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Família Ascarididae 
Ascaris lumbricoides 
Taxonomia 
• Filo Aschelminthes 
 
– Classe Nematoda 
 
• Superfamília Ascaroidea 
 
– Família Ascaridiidae 
» Gênero Ascaris 
Ascaris lumbricoides 
Ascaris suum 
 
Estrutura e Parede 
do Corpo 
• Cutícula: proteção do 
organismo contra ações 
extremas – estojo para as 
estruturas internas e 
exoesqueleto de apoio para a 
ação dos músculos, 
assegurando a movimentação 
do verme e de alguns órgãos 
internos. 
• Cavidade geral: não apresenta 
revestimento endotelial 
(pseudoceloma), é preenchida 
por líquido que banha os órgãos 
internos e, por estar sob 
pressão, constitui esqueleto 
hidrostático, auxiliando a 
movimentação. 
www.dpd.cdc.gov 
Ascaris lumbricoides 
Nutrição 
• Vivem no interior do 
aparelho digestivo do 
hospedeiro e se 
alimentam de materiais 
semidigeridos e 
microorganismos. 
 
• Boca centrada na 
extremidade anterior 
apresenta 3 lábios 
grandes providos de 
papilas sensoriais. 
 
www.biosci.ohio-state.edu 
Ascaris lumbricoides 
Morfologia – adultos 
MACHO: 20 a 30 cm, 
 
• Extremidade posterior 
enrolada, ventralmente. 
 
FÊMEA: 30 a 40 cm 
Mais espessa, extremidade 
posterior retilínea. 
• Alta capacidade de 
oviposição (200 mil 
ovos/dia). 
Reprodução 
• Durante a cópula, os espículos são introduzidos na 
vulva e os espermatozóides são injetados. 
 
• A fêmea deve ser fecundada repetidas vezes, os 
espermatozóides acumulam-se no útero/oviduto e os 
ovos são fertilizados a medida que passam pelo oviduto. 
 
• Os ovos férteis contém a célula germinativa e são 
envolvidos por grossa casca. 
Ovos 
Forma oval ou esférica, ~50μm de 
diâmetro. 
 
Casca contém 3 camadas: 
 
Camada interna: delgada e impermeável 
a água. 
 
Camada média: espessa e lisa, formada 
por quitina. 
 
Camada externa: é segregada pela 
parede do útero, grossa, irregular, com 
superfície mamilonada, contém 
mucopolissacarídeos. 
 
casca externa pode ser delgada ou estar 
ausente. 
 
Rey, Parasitologia, 3a ed 
Ovos 
Ovo infértil: casca é mais delgada e citoplasma apresenta 
grânulos refringentes, aparecem nas fezes quando 
fêmeas iniciam a oviposição ou quando proporção de 
fêmeas para macho é muito grande (zonas de baixa 
endemicidade ou após medidas de controle) 
www.biosci.ohio-state.edu 
Rey, Parasitologia, 3a ed 
Crescimento e Mudas 
• Crescem de modo descontínuo, cada indivíduo deve 
passar por 4 ecdises (mudas), nas quais o revestimento 
cuticular é abandonado e substituído por nova cutícula. 
 
• A cutícula cresce com o animal até este alcançar o 
tamanho definitivo, aumenta de tamanho e espessura, o 
número de células no interior permanece estacionário. 
ovos transmitidos pelas fezes 
eclosão no intestino delgado 
larva penetra na 
circulação sangüínea/linfática 
crescimento 
nos alvéolos 
larvas migram para 
os brônquios e esôfago 
intestino delgado: 
maturação 
reprodução e 
oviposição 
Ciclo de Vida 
Ciclo de Vida 
• ovo fértil no ambiente: 
 25-30oC e 70% umidade, 
 embrionamento: 15 dias 
• ovo embrionado = larva L1 
 Larva L1 ⇨ muda ⇨ L2 ⇨ muda 
⇨ L3 (forma infectante) 
• ovo (contendo larva L3) – 
mantém poder infectante por 
longo período. 
 
• ingestão: intestino delgado, ovo 
(larva L3): pH, temperatura e 
CO2 – age sobre a larva, 
desencadeia mecanismo de 
eclosão com secreção de 
enzimas e dissolução das 
camadas externas. 
 
Ciclo de Vida 
larvas atravessam parede intestinal – 
circulação sangüínea ou linfática 
⇨ fígado (18 a 24h após a infecção) 
⇨ coração (2 a 3 dias após a infecção) 
⇨ brônquios, traquéia, faringe 
expectoração – meio externo 
OU 
deglutição – esôfago e intestino delgado 
⇨ fixação - adultos jovens (20 a 30 dias 
após a infecção) 
⇨ maturidade sexual - ovos nas fezes 
(60 dias após a infecção) 
⇨ 12 meses: 
macho 200mm, fêmea 300mm 
longevidade: 1 a 2 anos. 
Habitat 
• Em infecções intensas, 
estão presentes em toda a 
extensão do intestino 
delgado. 
 
• Podem ficar presos na 
mucosa (com o auxílio dos 
lábios). 
 
• Podem migrar pela luz, 
movendo-se contra a 
corrente peristáltica. 
 
• Migrações mais extensas 
são observadas em 
crianças com alta 
parasitemia. 
 
www.biosci.ohio-state.edu 
Transmissão 
• Ingestão de água ou alimentos contaminados com ovos 
contendo a larva infectante. 
 
- Utilização de água contaminada com ovos para a 
irrigação de hortas. 
 
- Poeira e insetos (moscas a baratas) podem transportar 
os ovos mecanicamente. 
 
- Material acumulado embaixo das unhas. 
Epidemiologia 
• Ascaridíase é a mais cosmopolita e frequente helmintíase 
humana. 
• Atinge cerca de 70 a 90% das crianças de 1 a 10 anos. 
• Número de pessoas infectadas: ~1,5 bilhões de pessoas, 
Ásia, África e América Latina. 
• Morbidade: 100 a 200 milhões de pessoas. 
• Adultos raramente apresentam a doença pois, se 
infectados quando criança, desenvolvem imunidade. 
• No Brasil: elevado parasitismo, especialmente em 
crianças, com idade inferior a 12 anos, nas zonas rurais 
ou urbanas. 
 
Distribuição Geográfica do A. lumbricoides 
no Brasil 
Neves, Parasitologia Humana, 10a ed 
Epidemiologia 
Fatores que interferem na prevalência: 
 
 Naturais 
 Grande produção de ovos pela fêmea. 
 Solo úmido e sombreado que favorece a sobrevivência e 
embrionamento dos ovos. 
 Possibilidade de dispersão por ventos, chuvas, insetos 
ou outros animais – transportam os ovos 
mecanicamente e os dispersam através de suas 
próprias fezes. 
 
Epidemiologia 
Ciclo de transmissão e manutenção desenvolvem-se, 
fundamentalmente, no domicílio e peridomicílio. 
O homem é a única fonte de parasitos – população infantil 
é a população mais infectada e a que mais promove a 
contaminação. 
 
Fatores que interferem na prevalência: 
 Humanos 
 Contaminação do solo pelo hábito de defecar no chão: 
 Sujeira sob as unhas 
 Água ou alimento contaminado com ovos (poeira) 
 Alimentos de hortas adubadas com fezes humanas. 
Sintomas e Patogenia 
• Sintomas: parasitismo por Ascaris é, muitas vezes, 
assintomático – número de vermes albergados é 
pequeno. 
 
• Patogenia 
– fase de migração das larvas e, mais tarde, 
– Quando os vermes adultos se encontram no intestino 
(hábitat definitivo) 
OU 
- Migrações e localizações anômalas de vermes 
adultos. 
Patogenia - Migração das Larvas 
• Infecções leves: 
normalmente não apresenta alterações 
 
• Infecções maciças: 
lesões hepáticas – focos hemorrágicos e de necrose 
seguidos por fibrose 
 
lesões pulmonares – passagem de larvas para os 
alvéolos: focos hemorrágicos, síndrome de Löeffler: 
 ⇨ febre, tosse, eosinofilia 
 
geralmente observado em crianças e estão associadas 
com o estado nutricional e a resposta imune 
Patogenia – Vermes Adultos 
• Infecções leves: 
 Hospedeiro não apresenta alterações. 
 
• Infecções maciças: 
 Ação tóxica: reação entre Ag do parasita e sistema 
imune do hospedeiro (Anticorpos IgE) – presença de 
edema, urticária, etc. 
 
Patogenia – Vermes Adultos 
• Infecções maciças: 
 Ação expoliadora: os 
vermes consomem 
grandes quantidades de 
proteínas, carboidratos, 
lipídeos e vitamina A - em 
crianças resulta em 
desnutrição. 
 
L’Orcain & Holland, 2000 
tratados 
tratados 
Patogenia – Vermes Adultos 
• Infecções maciças: 
 Ação mecânica: presença de vermes na parede do 
intestinocausa irritação - vermes formam novelos 
causando obstrução mecânica. 
 
 Complicação mais comum na ascariose aguda. 
 
 Mais freqüente em crianças com idade < 10 anos – 
facilitado pelo menor diâmetro do intestino. 
Patogenia – Vermes Adultos 
• Infecções maciças: 
 Localização ectópica: verme pode deslocar-se de seu 
hábitat normal: 
 
 Apêndice cecal: apendicite 
 Pâncreas: pancreatite 
 Ouvido médio 
 Eliminação do verme pela boca e narinas 
 
Diagnóstico 
• Clínico: sintomas semelhantes aos de outras 
verminoses. 
 
• Laboratorial: 
 pesquisa de ovos nas fezes – fêmeas eliminam milhares 
de ovos por dia, não há necessidade de metodologia 
específica ou enriquecimento 
 sedimentação espontânea ou centrifugação 
quantificação pelo método de Kato-Katz : método 
sensível, rápido, de fácil execução. 
Rey, Parasitologia, 3a ed 
Profilaxia 
Medidas com efeito definitivo: 
 
Educação sanitária: criar o hábito de lavar as mãos 
antes de manusear alimentos, proteger alimentos contra 
insetos, etc. 
 
 Construção de fossas assépticas, suprimindo a 
contaminação do solo, no peridomicílio. 
Programas de Controle de Helmintos 
Objetivo: controle e, tardiamente, erradicação. 
 
Tratamentos em massa: envolvem a totalidade da 
população local, independente de exames positivos, são 
recomendados quando a prevalência é alta (>60%). 
Tratamento seletivo de casos positivos: exige o exame de 
cada membro da comunidade e seu reexame para 
controle de cura. 
Tratamento dos grupos mais parasitados: inclui apenas 
escolares e pré-escolares. 
Impacto de Métodos de Controle 
Método Redução da 
prevalência (%) 
Redução da 
intensidade (%) 
Nenhum 21,5 28,5 
Saneamento 31,9 59,8 
Medicação 81,6 71,6 
Saneamento e 
Medicação 
86,2 81,1 
Arfaa et al., 1999 
Impacto de Métodos de Controle 
• Quimioterapia induz rápida redução na prevalência das 
helmintíases. 
 
• O tratamento deve, sempre que possível, alcançar todos 
os indivíduos parasitados para reduzir drasticamente as 
fontes de infecção. 
 
• Consolidação dos resultados: 
– Mudança no comportamento da população, 
reduzindo a poluição do meio e re-infecção dos 
habitantes dentro do domicílio – educação sanitária 
Educação Sanitária 
• Uso de instalações sanitárias, 
suprimindo a contaminação do 
solo. 
 
• Lavagem das mãos antes de 
comer ou manusear alimentos. 
 
• Proteção dos alimentos contra 
poeira e animais. 
 
• Colaboração dos membros da 
comunidade com os 
programas de controle. 
Família Ascarididae 
Ascaris lumbricoides

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