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Estefânia Pereira Diniz, 2018. EDEMAS Existem dois tipos de edemas: transudato e exsudato. O edema do tipo exsudato, há um aumento na permeabilidade de vasos e o conteúdo proteico é maior, sendo típico do processo inflamatório, já o transudato há uma passagem grande de líquido, mas o conteúdo de proteínas é menor, ou seja, é muito menos denso. Em relação à etiologia, os edemas surgem em função da alteração da permeabilidade de vasos, o que pode ser causado pela liberação substâncias como histamina, bradicinina e prostaglandinas, que são mediadores inflamatórios. Sendo assim, essa etiologia se relaciona com o edema do tipo exsudato, uma vez que o aumento da permeabilidade leva à saída de proteínas e líquido, deixando o conteúdo denso, viscoso. No edema exsudato, a permeabilidade pode estar tão alterada que pode haver a passagem de fibrinogênio junto com proteínas e líquidos. Essa molécula é uma proteína de peso molecular elevado que não é comum no interstício, logo, se ocorrer sua passagem para o meio extravascular, a pessoa pode desenvolver a chamada ascite¹ maligna. Nesta patologia, geralmente relacionada com invasão de células malignas² secretoras de mediadores inflamatórios dentro da cavidade abdominal, ocorre uma grande infiltração de agregados proteicos misturados com fibrinogênio, o que causa um edema que deve ser drenado via paracentese. Para o edema transudato, a etiologia está relacionada com o aumento da pressão hidrostática do plasma. Essa classificação é dada quando se há um maior conteúdo líquido e um menor conteúdo proteico em função de poucas alterações de permeabilidade causada por ligeira reação inflamatória e acompanhada de aumento hidrostático da pressão do plasma. Sendo assim, se a pressão sanguínea aumenta nos capilares, a pressão exercida pelo plasma na parede aumenta fazendo a passagem do líquido pelas fenestras. Estefânia Pereira Diniz, 2018. Um exemplo comum de edema do tipo transudato é observado na insuficiência cardíaca com edema de pulmão. Ocorre que na insuficiência cardíaca, o sangue proveniente das veias pulmonares para o átrio esquerdo pode se acumular em função da redução do débito provocado pela insuficiência, sendo assim, há congestão dessa veia e o sangue passa a se acumular no leito venoso e, posteriormente, nos capilares pulmonares. Esse acúmulo aumenta a pressão exercida (hipertensão pulmonar) nas paredes desses pequenos vasos, forçando a saída de líquido e fazendo surgir o transudato no pulmão, chamado edema agudo. Nesse quadro clínico, é importante ressaltar a presença mútua de edema de membros inferiores antes do aparecimento de edema agudo de pulmão. Esse edema, que também é do tipo transudato, ocorre porque na insuficiência cardíaca, a redução da força do ventrículo direito leva ao acúmulo de sangue nesta cavidade, causando congestão de sangue no átrio direito e na veia cava, o que dificulta o retorno venoso. Essa congestão leva ao aumento da pressão hidrostática nos membros, fazendo surgir o edema de membros antes do edema de pulmão logo nas primeiras horas de insuficiência. O agravamento da insuficiência, leva a uma congestão cada vez maior e o edema se estende bilateralmente para membros superiores e posteriormente para a face, nesse sentido, a pessoa já passa a adotar uma atitude ortopneica e tosse seca, em função da hematose. Nesse momento, já está ocorrendo o edema de pulmão, pois a congestão de veias pulmonares no átrio esquerdo e a congestão do tronco pulmonar no ventrículo direito causa hipertensão pulmonar e depois edema, logo, o edema agudo de pulmão só aparece antes de edemas de membros no caso de insuficiência cardíaca grave. Um fato importante destacado na insuficiência cardíaca inicial é o edema bilateral de membros inferiores, no caso de edemasiamento de apenas um deles, é mais provável que a causa seja local e não cardíaca. Nesse sentido, edema unilateral de membros acompanhado de dor intensa pode ser um indicativo de trombose, em que a dificuldade de passagem sanguínea pelo trombo causa aumento de pressão sanguínea em vasos, o que leva à dilatação de veias e o líquido é forçado a sair para o interstício nos capilares, causando edema transudato local em apenas em um membro. Na gestação, sobretudo no terceiro trimestre, o crescimento uterino leva à compressão da veia cava, o que dificulta o retorno venoso. Essa dificuldade de passagem cria um edema do tipo transudato nos membros inferiores, uma vez que ocorre um aumento da pressão do plasma nas veias, vênulas e capilares, isso explica o inchaço de membros no final da gestação. Estefânia Pereira Diniz, 2018. Por fim, o edema transudato pode ser causado não só pelo aumento de pressão hidrostática e pequeno aumento de permeabilidade, mas também por redução oncótica do plasma. O aparecimento do edema transudato causado por esse tipo de etiologia pode ser observado em quadros de hipoalbuminemia, uma vez que a ausência dessa proteína na corrente leva à perda de água contínua para o interstício. Quadros de hipoalbuminemia podem ocorrer associados às patologias relacionadas com lesões hepáticas que comprometam a produção de albumina, desnutrição e síndrome nefrótica com albuminúria maior que 3g diárias³. Por fim, a quarta causa de um edema transudado está associada à ineficiência de drenagem linfática, uma vez que todo tecido possui essa drenagem e se houver uma obstrução dessa via, ocorre o acúmulo de líquido no interstício. Patologias que dificultam a drenagem linfática estão associados com infecções, em que a mais comum, causada Wuchereria bancrofti, é observada na elefantíase ou filariose, endêmica em muitas regiões quentes e ilhas tropicais, sendo transmitida pelo mosquito do gênero Cullex. Uma forma de edema por obstrução de vasos linfáticos mais comumente observada em todos os lugares é aquela causada por retirada de linfonodos, comum em biópsia para detecção de neoplasia de mama, o que compromete a circulação linfática do local como um todo. 1. Ascite é o edema da cavidade abdominal. 2. Em tumores benignos, cujas células envolvidas não perdem proteínas de adesão e não causam necrose tecidual, não há produção de mediadores inflamatórios. Assim, não é comum o edema e geralmente a própria massa tumoral é envolvida por uma cápsula de proteção, podendo ser facilmente retirada. 3. Casos de nefropatias, como a nefropatia diabética, ocorre lesões renais com perda de maior de 3g de proteína por dia. O exame de urina rotina normal aponta perdas diárias normais menores que 150 mg.
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