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Revisão Direito Penal III.pdf

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DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL: 
 
a. Constrangimento ilegal (art. 146): “Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa”. Em outras palavras, ocorre quando o agente ativo obriga a vítima a fazer ou deixar de fazer algo que por lei não está obrigado, mediante violência, grave ameaça ou qualquer meio que reduza a capacidade de resistência (violência imprópria, como por exemplo, embriaguez, narcóticos, hipnose, “et cetera”). A título de exemplo, é a prática desse delito uma esposa que prende o marido em casa, sob grave ameaça, para que o mesmo não saia com os amigos. Trata-se de um crime subsidiário, ou seja, o autor responderá pelo crime principal, devendo responder por constrangimento ilegal somente se não caracterizar o crime principal, como por exemplo, o agente que constrange a vítima a fim de ter com a mesma atos libidinosos, contudo, se não caracterizar o tipo penal de estupro (art. 213), o agente ativo responderá subsidiariamente por constrangimento ilegal. 
 
i. Tipo Objetivo: 
Núcleo: Constranger (obrigar/forçar). 
Elementos descritivos: Mediante violência (física), grave ameaça ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência (violência imprópria). 
Elementos normativos: a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda. ii. Tipo Subjetivo: Dolo. iii. Bem jurídico Tutelado: Liberdade pessoal. iv. Sujeito ativo: Qualquer pessoa, salvo funcionário público, no exercício de suas funções, que responderá por abuso de autoridade. 
v. Sujeito Passivo: Qualquer pessoa que tenha discernimento para entender a ilicitude do fato. vi. Consumação: Trata-se de um crime natural, isto é, pressupõe um resultado naturalístico. Ou seja, quando a vítima faz o que a lei não obriga ou não faz o que a lei permite. 
Tentativa: É possível, quando não ocorre por motivo alheio a vontade do agente. 
Aumento de pena: Aplicar-se-á a pena em dobro e cumulativamente (detenção + multa), quando, para a 
execução do crime, se reúnem mais de três pessoas, ou há emprego de armas. O emprego de arma de brinquedo (simulacro) não causa aumento de pena (entendimento dos tribunais superiores). 
Cumulação de pena: Aplica cumulativamente a pena de constrangimento ilegal com o resultado da conduta, como por exemplo, lesão corporal, etc. 
Exclusão típica: Na verdade, trata-se da exclusão da antijuricidade (estado de necessidade de terceiro). São elas, a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou de seu representante legal, se justificada por iminente perigo de vida, ou, a coação exercida para impedir suicídio. Ou seja, são formas de constrangimento ilegal não puníveis. 
 
b. Ameaça (art. 147): “Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causarlhe mal injusto e grave: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa”. A jurisprudência acredita que a embriaguez afasta a ameaça. Acredita também que ameaças proferidas em ira, não é crime. 
 
i. Tipo Objetivo: 
Núcleo: Ameaçar. 
Elementos descritivos: Por palavras; escrito; gestos ou outro meio simbólico. ii. Tipo Subjetivo: Dolo. 
Bem jurídico Tutelado: Liberdade pessoal. 
Sujeito ativo: Qualquer pessoa, salvo funcionário público, no exercício de suas funções, que responderá por abuso de autoridade. 
Sujeito Passivo: Qualquer pessoa que tenha discernimento para entender a ilicitude do fato. vi. Consumação: O entendimento majoritário diz que se trata de um crime de mera conduta, ou seja, apenas com a ameaça propriamente dita consuma-se o crime. O entendimento minoritário acredita que é crime material, isto é, consuma-se somente quando a vítima se sente ameaçado. 
Tentativa: Sim, porém somente na modalidade escrita. 
Ação penal: Pública condicionada (art. 147, parágrafo único). 
 
c. Sequestro e cárcere privado (art. 148): “Privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro ou cárcere privado: Pena - reclusão, de um a três anos”. 
 
i. Tipo Objetivo: 
Núcleo: Privar (impedir/tirar). 
Elementos descritivos: Sequestro (privação da liberdade sem encarceramento, isto é, a intensidade é menor, como por exemplo, sítio, casa, “et cetera”) ou cárcere privado (privação da liberdade com encarceramento, ou seja, intensidade é gigantesca, como por exemplo, ficar preso em área minúscula, como por exemplo, cela, edícula, etc). 
Elementos normativos: Não há. ii. Tipo Subjetivo: Dolo. iii. Bem jurídico Tutelado: Liberdade de ir e vir (locomoção). iv. Sujeito ativo: Qualquer pessoa, salvo funcionário público, no exercício de suas funções, que responderá por abuso de autoridade. 
v. Sujeito Passivo: Qualquer pessoa que possua discernimento para entender a ilicitude do fato. vi. Consumação: Consuma-se no momento em que a vítima perde o direito de locomoção. Trata-se de um crime permanente, isto é, a consumação prolonga-se no tempo. Em razão dessa prolongação, se houver lei nova que trate sobre o assunto, ela poderá ser aplicada, mesmo que prejudique o réu (Súmula 711 – STF). 
Tentativa: É possível. Quando não se consuma por motivo alheio a vontade do agente. 
Qualificadoras: Circunstância que torna mais grave o crime, isto é, novas parâmetros de pena. São elas, se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro do agente ou maior de 60 (sessenta) anos, se o crime é praticado mediante internação da vítima em casa de saúde ou hospital; se a privação da liberdade dura mais de quinze dias; se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito) anos; se o crime é praticado com fins libidinosos. 
 
d. Redução a condição análoga à de escravo (art. 149): “Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto”. É crime de conduta vinculada (expressamente previstas no CP). Crime permanente. A competência de julgamento desse tipo penal sempre será da Justiça Federal. 
 
i. Tipo Objetivo: 
Núcleo: Reduzir (impor ao trabalhador condições indignas). 
Elementos descritivos: Submeter o trabalhador a trabalhos forçados. ii. Tipo Subjetivo: Dolo 
iii. Bem jurídico Tutelado: Liberdade pessoal. Dignidade da pessoa humana. iv. Sujeito ativo: Empregador. 
Sujeito Passivo: Empregado. 
Consumação: Consuma-se quando o trabalhador se submete a condições análoga de escravo. 
Tentativa: É possível. Quando não se consuma por vontade alheia a vontade do agente. 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO: 
 
a. Furto (art. 155): “Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel”. De acordo com a doutrina majoritária, furtar para uso não é crime. Quando se subtrai algo de patrimônio público, não é furto, é dano! 
 
i. Tipo Objetivo: 
Núcleo: Subtrair (tirar). 
Elementos descritivos: Para si ou para outrem. 
Elementos normativos: Coisa alheia móvel. ii. Tipo Subjetivo: Dolo (“animus furandi”). 
iii. Bem Jurídico Tutelado: Patrimônio. Posse. Detenção. iv. Sujeito ativo: Qualquer pessoa, salvo o dono da coisa. 
Sujeito Passivo: Qualquer pessoa. 
Consumação: Consuma-se a partir do momento em que o agente detêm a coisa. vii. Tentativa: Muito difícil. 
Furto noturno: Circunstância subjetiva do magistrado. Agravante. Não se trata de horas ou ausência ou não de luz solar, mas sim, momento de descanso da vítima. Aspecto cultural. Parcela da doutrina acredita que independentemente de residência ou comercio, aplica-se essa agravante, porém, outra parcela, acredita que apenas incidirá nas residências. 
Furto privilegiado: Causa de diminuição de pena ou somente aplicação de multa. Cabível para aquele que é primário ou tecnicamente primário (condenado a mais de cinco anos), cujo o objeto do furto é de pequeno valor. Difere-se do entendimento doprincípio da insignificância (não há agressão ao patrimônio da vítima). Parcela da doutrina entende que pequeno valor é o salário mínimo, porém, deve-se analisar a proporcionalidade, pois um pacote de bolacha de R$ 2,00 de um morador de rua não caracteriza pequeno valor. 
Cláusula de equiparação: Equipara-se a coisa móvel, energia ou qualquer outro que tenha valor econômico, como por exemplo, furtar energia, agua, internet, “et cetera” (tudo aquilo que diminui). O STF DECIDIU 
QUE NÃO É FURTO A SUBTRAIR SINAL DE SATÉLITE (“SKY GATO”), POIS O MESMO NÃO É ENERGIA. 
Furto qualificado: Situações especiais que tornam o furto mais grave, isto é, pena maior (entre 2 e 8 anos, enquanto o furto simples é 1 a 4 anos). São essas situações: 
Com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa: danificar objeto como cadeados, cortar corrente, quebrar muro, quebrar vidro, etc. Não há rompimento de obstáculo sem dano. Pressupõe laudo pericial. 
Com abuso de confiança (confiança plena, como por exemplo, confiança entre chefe e gerente financeiro), ou mediante fraude (quando o ladrão se utiliza de um artifício [equipamento, como por exemplo, crachá, etc.] ou de ardil [lábia]), escalada (acesso mediante esforço incomum, isto é, pular muro. Depende da altura do agente ativo e do muro escalado. Pressupõe laudo pericial) ou destreza (excepcional habilidade manual, profissional); 
Com emprego de chave falsa (instrumento que pode ou não ter formato de chave que introduzido na fechadura pode abri-la); 
Mediante concurso de duas ou mais pessoas: Concurso de agentes. Não pressupõe a identificação de todos. 
Obs. Todas as qualificadoras materiais pressupõem laudo pericial. 
Furto de veículo: A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. 
Semovente: Quando o objeto do furto é animal criado para abate, isto é, gado, carneiro e similares. Salienta-se que, para o furto ser qualificado independe se o animal está vivo ou morto. 
 
Anotações pessoais: 
Semovente: Animais criados para o abate. 
Estelionato / furto mediante fraude: No estelionato, o estelionatário faz com que a vítima entregue o bem, já no furto, o objetivo do agente é subtrair coisa móvel da vítima sem que a mesma perceba. 
 
b. Roubo (art. 157): “Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência”. No roubo, a vítima tem a privação da liberdade, porém, somente para a consumação do roubo. 
 
i. Próprio (“caput”): Violência ou grave antes da subtração da coisa. ii. Impróprio (§1º): Furto que se torna roubo, ou seja, há a subtração clandestina e para manter a coisa, age com violência ou grave ameaça. No roubo impróprio, o núcleo é EMPREGAR. O emprego deve ser direcionado a vítima. 
 
iii. Tipo objetivo: 
1. Núcleo: Subtrair (tirar). 2. Elementos descritivos: 
Roubo próprio: Mediante violência (violência física)¹, grave ameaça (promessa de um mal/violência moral, como por exemplo, porte de arma de fogo)² ou violência imprópria (qualquer outro meio que reduza a capacidade da vítima, como por exemplo, embriagando, dopando, hipnotizando, etc)³. 
Roubo impróprio: Mediante violência ou grave ameaça. 
3. Elementos normativos: Não há. 
Tipo Subjetivo: Dolo (no roubo impróprio, o dolo é outro, visa assegurar a detenção da coisa ou impunidade). 
Bem Jurídico Tutelado: Patrimônio. Liberdade individual. 
Sujeito ativo: Qualquer pessoa. 
Sujeito Passivo: Qualquer pessoa. 
Consumação: 
Roubo próprio: Quando o sujeito ativo detém a coisa (crime material). 
Roubo impróprio: Quando se emprega grave ameaça ou violência. 
ix. Tentativa: 
Roubo próprio: Se a subtração da coisa sob violência ou grave ameaça não ocorre por motivo alheio a vontade da vítima. 
Roubo impróprio: Não cabe, pois já houve a subtração (consumou furto) e se ameaçar ou agir com violência, consuma-se o roubo. 
x. Causas de aumento: Será causa de aumento quando: 
Se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma: Quando há a utilização de arma, própria ou imprópria (arma de brinquedo não caracteriza). Não há necessidade de apreensão da arma de fogo para caracterizar essa causa de aumento, isto é, se depois do sujeito ativo ser identificado e detido, mesmo sem a apreensão da arma usada, caracterizar-se-á aumento de pena. 
Se há o concurso de duas ou mais pessoas: Concurso de agentes. As regras são as mesmas do tipo penal de furto. 
Se a vítima está em serviço de transporte de valores (não somente pecuniário, mas qualquer outro objeto de valor) e o agente conhece tal circunstância: Transportador profissional em serviço, isto é, não cabe quando o transporte é de valores próprios. 
Se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. 
Se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade: Quando o sujeito ativo restringe o sujeito passivo, por tempo juridicamente relevante, para que consume o crime. 
 xi. Qualificadora: 
Lesão corporal grave ou gravíssima: Reclusão de 7 a 15 anos e multa. 
Resultado morte: Reclusão de 20 a 30 anos e multa. Deve-se salientar que a morte deve ser oriunda do roubo, ou seja, morte oriunda da ameaça não qualifica. 
 
Obs. O latrocínio se consuma com resultado morte, isto é, não pressupõe o roubo, somente o homicídio com o dolo de roubo. Será latrocínio consumado, quando o ladrão atira na vítima e depois ao tentar roubar o carro, não o fez, pois não sabe dirigir carro automático. Será latrocínio tentado, 
como por exemplo, quando a vítima fugir e o disparo de arma de fogo não o atingir. SE NÃO 
HOUVE RESULTADO MORTE, NÃO CARACTERIZARÁ LATROCÍNIO. 
 
c. Extorsão (art. 158): “Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa”. Difere-se de Constrangimento ilegal, pois a extorsão possui objetivo de vantagem econômica. A vítima vai ser obrigada a fazer algo, a não fazer algo ou permanecer omissa. No roubo, a colaboração da vítima é irrelevante, já na extorsão, a colaboração da vítima é indispensável, isto é, o acréscimo patrimonial só vem se a vítima colaborar (diferença entre roubo e extorsão). 
 
i. Tipo Objetivo: 
Núcleo: Constranger. 
Elementos descritivos: Mediante violência ou grave ameaça e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica (dinheiro, crédito ou similar). 
Elementos normativos: Não há. ii. Tipo Subjetivo: Dolo. iii. Bem Jurídico Tutelado: Patrimônio. Liberdade pessoal. iv. Sujeito ativo: Qualquer pessoa. 
Sujeito Passivo: Qualquer pessoa (pessoa que suporta a privação da liberdade e também, a que tem o prejuízo patrimonial). 
Consumação: Consuma-se com o constrangimento da vítima, e o que vier adiante, será o exaurimento, como por exemplo, será exaurimento se a vítima entregar o bem pedido. Há súmula (96 - STJ). 
Tentativa: É possível, somente na modalidade escrita. 
Causa de aumento (majorante): Será causa majorante se o crime for cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) até ½ (metade). 
Qualificadora: 
(§2º) Extorsão mediante violência: Se da violência resulta lesão corporal grave, aplicar-se-á a pena de reclusão de 7 (sete) a 15 (quinze) anos, além da multa, todavia, se o resultado for morte, a reclusão será de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, sem prejuízo da multa. 
 
(§3º) Extorsão mediante restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a 
obtenção da vantagem econômica: A pena será de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa, e se, resultar lesão corporal grave, a pena será de reclusão de 16 a 34 anos, porém, se o resultado for morte, aplicar-se-á pena de 24 (vinte e quatro) a 30 (trinta) anos (trata-se de um sequestro visando a extorsão,vulgo SEQUESTRO RELAMPAGO). 
 
Obs. (SEQUESTRO RELÂMPAGO – NÃO É SEQUESTRO E NEM RELÂMPAGO) 
 
d. Extorsão mediante sequestro (art. 159): “Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate”. Trata-se de um crime hediondo (terá mais dificuldade para progressão da pena, 2/5 [dois quintos] se réu primário e 3/5 [três quintos] para reincidente). Crime formal, pois não exige que todos os resultados materiais sejam consumados, como por exemplo, não precisa ocorrer a modificação patrimonial para caracterizar a consumação deste tipo penal. Ou seja, o pagamento da contraprestação é meramente um exaurimento do crime, pois somente o sequestro com dolo de exigir uma contraprestação já atinge a consumação. É crime de consumação permanente (desnecessidade de ordem judicial inerente a prisão em flagrante delito e no tempo que estiver em consumação, se vigorar lei maléfica, está deverá ser aplicada, pois se trata de uma exceção do princípio da “reformatio in pejus”). 
 
i. Tipo Objetivo: 
Núcleo: Sequestrar (a esclarecer). 
Elementos descritivos: Qualquer vantagem patrimonial. 
Elementos normativos: Não há. ii. Tipo Subjetivo: Dolo. 
1. Fim especial: Obtenção de qualquer vantagem. iii. Bem Jurídico Tutelado: Patrimônio. Liberdade de locomoção. Integridade física. Vida. iv. Sujeito ativo: Qualquer pessoa. 
v. Sujeito Passivo: Qualquer pessoa. vi. Consumação: Consuma-se com a privação da liberdade da vítima por período juridicamente relevante, com escopo de exigir contraprestação patrimonial. 
Tentativa: Haverá a modalidade tentada quando há início da prática do crime e não ocorre por motivo alheio a vontade do agente, como por exemplo, quando os seguranças da vítima impedem a consumação. 
Qualificadora: 
1. (§2º): 
Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas. 
Se o sequestrado é menor de 18 (dezoito) anos. 
Se o sequestrado é maior de 60 (sessenta) anos. 
Se o crime for cometido por banco ou quadrilha (atualmente chamado de associação criminosa. Art. 288). 3 (três) ou mais pessoas. Se associação criminosa for somente para um único crime, não caracterizará a qualificadora associação criminosa, será meramente concurso de agentes. Pena - reclusão, de doze a vinte anos. 
Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos. 
Se resulta a morte: Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos (independentemente de dolo ou culpa, ou seja, não importa se o homicídio doloso ou culposo). 
Delação premiada (causa especial de diminuição de pena): Se o crime for cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços (§4º). O fator primordial da delação é a facilitação da libertação da vítima. 
 
Extorsão indireta (art. 160): “Exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando da situação de alguém, documento que pode dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou contra terceiro”. Ou seja, abusar da situação de alguém, exigindo ou recendo documento comprometedor, como por exemplo, exigência ou recebimento de cheque como garantia do pagamento para agiota. 
 
i. Tipo Objetivo: 
Núcleo: Exigir. Receber. 
Elementos descritivos: Documento (pode ser público ou particular). 
Elementos normativos: Não há. ii. Tipo Subjetivo: Dolo. 
Bem Jurídico Tutelado: Patrimônio. Liberdade de locomoção (pois o agente ativo pretende causar consequências criminais). 
Sujeito ativo: Qualquer pessoa. 
Sujeito Passivo: Qualquer pessoa. 
Consumação: Consuma-se com a exigência (neste caso, o recebimento é mero exaurimento do crime) ou recebimento de documento comprometedor. 
Tentativa: Somente é possível se a exigência for por escrito e este não chegou a vítima, e, se a vítima encaminha o documento, mas o mesmo é extraviado. 
 
Dano (art. 163): “Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia”. Infração de menor potencial ofensivo, segue o rito sumaríssimo da lei 9.099/95 (transação penal / composição civil dos danos / Suspenção condicional do processo). Pressupõe laudo pericial. 
 
i. Tipo Objetivo: 
Núcleo: Destruir (acabar com a substância, como por exemplo, jogar “tinner” em um quadro; queimar totalmente um veículo automotor, demolir uma casa, “et cetera”). Inutilizar (dano que atinge a coisa não a destruindo, porém, inutilizando a coisa. A título de exemplo, gerar curto circuito no computador, etc). Deteriorar (parcial destruição, como por exemplo, quebrar faróis de um veículo automotor, “et cetera”). 
Elementos descritivos: Coisa alheia (coisa própria não é crime, salvo se for fraude contra seguro). 
Elementos normativos: Não há. ii. Tipo Subjetivo: Dolo. iii. Bem Jurídico Tutelado: Patrimônio. iv. Sujeito ativo: Qualquer pessoa. 
Sujeito Passivo: Qualquer pessoa. 
Consumação: Consuma-se com o efetivo dano. 
Tentativa: Quando não se consuma por motivo alheio a vontade do agente. 
Qualificadora: 
Com violência à pessoa ou grave ameaça; 
Com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato não constitui crime mais grave. 
Contra o patrimônio da União, Estado, Município, empresa concessionária de serviços públicos ou sociedade de economia mista; 
Por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima (quando o agente ativo tem inveja do sujeito passivo. Vaidade. Satisfazer o próprio ego/Quando o dano não está somente no fim da coisa, mas também, prejuízos inerentes dela.). 
Ação penal: Como regra, se trata de Ação Penal Pública condicionada, salvo exceção, o “caput” e inciso IV do parágrafo único, cujo será Ação Penal Privada. 
Pichação: Pichar é crime, porém não dano ou previsto no Código Penal, mas sim, art. 65 da lei nº 9.605/98 (crimes ambientais). 
 
Apropriação indébita (art. 168): “Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção”. Ocorre quando o possuidor (há certa formalidade, como por exemplo, contrato) ou detentor (quando o agente ativo pega emprestado) da coisa, em determinado momento, se torna dono da coisa. Diferencia-se de furto, pois, no furto, o agente não tinha a posse ou a detenção da coisa. 
 
i. Tipo Objetivo: 
Núcleo: Apropriar-se (tonar-se dono. Assenhorar-se). 
Elementos descritivos: Coisa alheia móvel. 
Elementos normativos: ii. Tipo Subjetivo: Dolo – Subsequente à posse/detenção (antes de querer a coisa, o agente já o tinha). iii. Bem Jurídico Tutelado: Patrimônio. iv. Sujeito ativo: Qualquer pessoa, salvo exceção, quando se tratar de funcionário público, onde caracterizará peculato (art. 312). 
Sujeito Passivo: Qualquer pessoa. vi. Consumação: Consuma-se com a inversão do “animus” da posse, isto é, quando o sujeito ativo pratica atos incompatíveis com a vontade de restituir a coisa. 
Tentativa: a esclarecer! 
Causas de aumento de pena: 
A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a coisa: 
Em depósito necessário; 
Na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante, testamenteiro ou depositário judicial; 
Em razão de ofício, emprego ou profissão; 
 
Estelionato (art. 171): “Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo¹ ou mantendo alguém em erro², mediante artifício (instrumento), ardil (lábia, conversa mole), ou qualquer outro meio fraudulento (silêncio, omissão, “et cetera”) ”. Trata-se de um crime de duplo resultado, ou seja, para consumar-se, deverá cumprir dois critérios, sendo eles, vantagem ilícita e prejuízo alheio. 
 
Tipo Objetivo: 
Núcleo: Obter (conseguir/auferir). 
Elementos descritivos: Vantagem ilícita em prejuízo alheio. 
a. Meios para empregar a fraude: Artifício. Ardil. Qualquer que seja o meio fraudulento. 
3. Elementos normativos: ii. Tipo Subjetivo: Dolo. 
iii. Bem Jurídico Tutelado: Patrimônio. iv. Sujeito ativo: Qualquer pessoa. 
Sujeito Passivo: Qualquer pessoa, certa e determinada. vi. Consumação: Consuma-se com a reunião de dois critérios, sendo eles vantagem ilícita e prejuízo alheio,cuja ausência de um desses critérios será meramente estelionato tentado. 
Tentativa: É possível. Quando a vítima não cai nos empenhos do agente, como por exemplo, rapaz que se identifica como funcionário da SABESP, mas a vítima não o deixa adentrar em sua residência. 
Causas de aumento de pena: 
Hipóteses de balança adulterada/bomba de combustível adulterada/Taxímetro adulterado: Como não há vítima específica ou determinada, temos crime contra a economia popular (art. 2º da lei nº 1.521/51). 
Estelionato privilegiado: Mesmas condições do furto privilegiado (art. 155, §2º). Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. 
Figuras equiparadas: 
Disposição de coisa alheia como própria: Vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia coisa alheia como própria (não confunde com apropriação indébita pois neste tipo o agente 
já tem a posse da coisa, e nesta hipótese de estelionato, a coisa nunca foi do agente ativo). Há duas vítimas, o real proprietário e a vítima que adquire de boa-fé. 
Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria: Vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante pagamento em prestações, silenciando sobre qualquer dessas circunstâncias (Nesta hipótese, a coisa é do estelionatário, porém, não pode ser vendida, dada em pagamento, etc, ou seja, a coisa é alienável e não pode ser negociada). Jurisprudência. TACRIM – 24/46 (venda de imóvel a terceiro sem passar ciência ao comprador que o imóvel possui uma cláusula de inalienável [hipoteca]). 
Defraudação de penhor: Defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou por outro modo, a garantia pignoratícia, quando tem a posse do objeto empenhado. Obrigação de penhor, regulado pelo art. 1.431 ao 1.472 do CC. Este dispositivo tem núcleo, elementos descritivos e normativos. Trocando em miúdos, ocorre quando o sujeito ativo vende bens cujos são garantias de um credor. 
Fraude na entrega da coisa: Defrauda substância (própria natureza da coisa, como por exemplo, joalheria que finge que está vendendo joia, mas na realidade é bijuteria), qualidade (hipóteses de falsificação, onde pensa-se que está comprando um tênis de uma marca, mas na verdade é uma falsificação) ou quantidade (quantidade distinta daquela comprada, por exemplo, compra de 1000 litros de leite, onde na verdade, foi entregue 900 litros) de coisa que deve entregar a alguém. Esta hipótese não caracteriza fraude na relação de consumo, pois atinge várias vítimas, enquanto esta hipótese, para ser caracterizada, pressupõe uma vítima certa e determinada. TACRIM. RT. 584-361 (Condenação de sujeito ativo que vendia uísque nacional em garrafa de uísque importado). 
Fraude para recebimento de indenização ou valor do seguro: Destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava as consequências da lesão ou doença, com o intuito de haver indenização ou valor de seguro. A título de exemplo, caracterizarse-á quando o próprio proprietário de um veículo o destrói para acionar o seguro visando receber valor integral do bem. 
Fraude no pagamento por meio de cheque: Emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento. Caracterizar-se-á quando o sujeito ativo emite cheque sem saldo. Somente haverá crime na modalidade dolosa. Há duas maneiras de se consumar essa hipótese, emitindo o cheque sem fundo e sustando o cheque visando frustrar o pagamento. Súmula 246 – STF: Comprovado não ter avido fraude não se configura o crime de emissão de cheque sem fundos. Súmula 554 – STF: O pagamento do cheque emitido sem provisão de fundos não obsta o prosseguimento da ação penal (isto é, o pagamento do cheque realizado após o recebimento da denúncia não finaliza a penalização na seara penal, somente na civil, por tanto, o pagamento até a denúncia significa que não haverá processo, pois vai figurar como causa de extinção de punibilidade). Súmula 521 – STF. Cheque é uma ordem de pagamento à vista, então, quando há inserção de “bom para” (Cheque pré-datado, que é pós-datado. STF – RT 592-445: falta de provisão de fundos de cheque não configura o crime de estelionato desde que ele tenha sido imitido como garantia de dívida, ciente o beneficiário desta particularidade e aceitando para apresentação em data posterior[não é crime emitir cheque pré-datado]), descaracteriza o cheque, transformando o em nota promissória. Na hipótese em que o cheque for depositado em data anterior ao inserido no cheque não caracteriza crime, pois o princípio da legalidade diz claramente que as hipóteses de crime são previstas taxativamente, e não exemplificativo, por tanto, trata-se de um fato atípico, pois o cheque se transformou em nota promissória e para caracterizar estelionato, o sujeito ativo deve emitir CHEQUE e no caso, é promessa de pagamento (nota promissória). 
xii. Causas de aumento: A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em detrimento de entidade de direito público (a esclarecer) ou de instituto de economia popular (Caixa Econômica Federal), assistência social (a esclarecer) ou beneficência (ASILO/AVACI). 
 
Receptação (art. 180): “Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte”. Há dois tipos de receptação, própria ou imprópria. A primeira ocorre quando o sujeito ativo adquiri, recebe, transporta, conduz ou oculta, em proveito próprio ou alheio coisa que sabe ser produto de crime. A recepção imprópria ocorre quando o agente influi para que terceiro, de boa-fé, adquira, receba ou oculte produto de crime. A receptação própria pode ser praticada por duas pessoas (autor do crime e quem adquire o produto do crime, como por exemplo, uma pessoa furta um relógio e passa para outrem ciente do crime). Já a receptação imprópria, pressupõe no mínimo três pessoas (autor do crime, quem adquire o produto do crime e o terceiro de boa-fé, como por exemplo, uma pessoa furta um relógio, vende a outrem que sabe de um crime e pede para um amigo que nada sabe guardar o produto de crime). 
 
i. Tipo Objetivo: 
Núcleo: 
Receptação própria: Adquirir. Receber. Transportar. Conduzir. Ocultar. 
Receptação imprópria: Influir (induzir). 
Elementos descritivos: Em proveito próprio ou alheio, objeto produto de crime (não caracterizarse-á quando o produto for de contravenção penal (título de exemplo, uma máquina de jogo do bicho), todavia, se for proveniente de ato infracional, caracterizar-se-á a receptação, pois ato infracional é equiparado ao crime). 
Tipo subjetivo: Dolo (direto), quando há convicção que o objeto é proveniente de crime (no “caput”, não caberá o dolo eventual, então, não caracterizar-se-á quando houver dúvida). 
Bem Jurídico Tutelado: Patrimônio. De acordo com Nelson Hungria, o bem jurídico tutelado, além do patrimônio, é também a Administração da Justiça, pois dificulta a descoberta do crime anterior. 
Sujeito ativo: Qualquer pessoa, salvo na hipótese qualificada, onde pressupor-se-á ser comerciante ou industrial. 
Sujeito passivo: Qualquer pessoa. 
Consumação: 
Receptação própria: Consuma-se quando o sujeito comprou, recebeu, transportou, conduziu ou ocultou o objeto de crime (crime material). 
Receptação imprópria: Consuma-se com a indução (crime formal). O resultado da indução é mero exaurimento do crime. 
Tentativa: Na própria é possível e na imprópria somente na modalidade escrita. 
Qualificadora (§1º): Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, coisa que deve saber ser produto de crime. Essa qualificadoraé praticada por profissional (crime próprio, ou seja, sujeito ativo será somente comerciante ou industrial). O agente conhece deve conhecer o mercado, a cadeia produtiva, por tanto, o dolo, nesta hipótese, o dolo eventual já é suficiente para caracterizar o crime de receptação qualificada. 
Cláusula de equiparação (§2º): Equipara-se à atividade comercial, para efeito do parágrafo anterior, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercício em residência, isto é, comprar um produto cujo preço de mercado é R$ 1.000,00, pela quantia de R$ 200,00, qualificar-se-á receptação qualificada. 
Receptação culposa (§3º): Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso. Único crime contra o patrimônio na modalidade culposa. Pressupõe boa-fé, pois se for comerciante ou industrial tem o dever de conhecer o mercado, ou seja, o agente aqui deve ser negligente. São três critérios a serem observados, sendo eles: 
Natureza: Exemplo: “Smartphone” de marca vendido em esquina. 
Desproporção entre valor e preço: Quando o preço de mercado não é condizendo com o valor cobrado. 
Condição de quem a oferece: Quando o vendedor do produto é suspeito, como por exemplo, vendedor de adolescente. 
Jurisprudência RT 80/71: Condenação de receptação culposa de pessoa que recebeu veículo sem placa e documentação. 
Crime pressuposto (§4º): A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor do crime de que proveio a coisa, ou seja, o crime de receptação é um crime acessório (pois o objeto de crime é oriundo de outro tipo penal), e o processo é independente, isto é, se o autor do crime original ser absolvido não importará para a condenação do crime acessório. 
Perdão judicial / privilégio (§5º): Na hipótese do § 3º (receptação culposa), se o criminoso é primário, pode o juiz, tendo em consideração as circunstâncias, deixar de aplicar a pena (perdão judicial). Na receptação dolosa aplica-se o disposto no § 2º do art. 155 (Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa). 
Causa de aumento: Tratando-se de bens e instalações do patrimônio da União, Estado, Município, empresa concessionária de serviços públicos ou sociedade de economia mista, a pena prevista no caput deste artigo aplica-se em dobro. 
 
	j. 	Disposições gerais: Aplicam-se em todos os crimes contra o patrimônio. 
i. É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em prejuízo (art. 181 – escusas absolutórias): 
Ascendente ou descendente, na constância da sociedade conjugal; 
De ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural (linha reta). 
 
ii. Somente se procede mediante representação (Ação Penal Pública Condicionada), se o crime previsto neste título é cometido em prejuízo (art. 182): 
Do cônjuge desquitado ou judicialmente separado (ex-esposa/ex-marido). 
De irmão, legítimo ou não. 
De tio ou sobrinho, com quem o agente coabita. 
 
iii. Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores (art. 183): 
Se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de grave ameaça ou violência à pessoa; 
Ao estranho que participa do crime; 
Se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 anos (introduzido pelo Estatuto do Idoso). 
 
3. DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL: 
 
a. Estupro (art. 213): “Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso”. Trata-se de um crime hediondo. Atualmente o tipo de estupro comtempla a conduta que até 2009 representava o crime de atentado violento ao pudor (art. 214 revogado). Operou-se o fenômeno da CONTINUIDADE NORMATIVA – TÍPICA, ou seja, o legislador unificou os tipos de atentado violento ao pudor ao tipo de estupro, não acarretando “abolitios criminis” pois a conduta continua sendo tipificada como crime. Esse tipo penal não pressupõe contato físico, como por exemplo, forçar a vítima a masturbarse. A 5ª e a 6ª turma do STJ (são as turmas que julgam recursos criminais) converge em alguns pontos de vista. A 5ª turma entende que o estupro é um tipo penal cumulativo, ou seja, para esta turma, existe dois crimes (concurso de delitos – se houver conjunção carnal e ato libidinoso, as penas serão somadas), já a 6ª turma, acredita que é um tipo isto alternativo, crime único, praticar conjunção carnal OU ato libidinoso. A extinção de punibilidade, acerca do casamento entre vítima de estupro e o estuprador, foi revogado. Crime que independe de gênero, podendo ser homem com homem, mulher com mulher, “et cetera”. 
i. Tipo objetivo: 
Núcleo: Constranger (obrigar/forçar). 
Elementos descritivos (como se pratica): Mediante violência (física) ou grave ameaça (violência moral) a ter conjunção carnal (refere-se à introdução parcial ou total do pênis na vaginal - cópula natural) ou outro ato libidinoso (atos que visam satisfaze o desejo sexual – outros tipos de cópula [diverso do pênis ou vagina, como por exemplo, coito anal, sexo oral, etc]). Conjunção carnal é uma espécie de ato libidinoso, mas o legislador o distingue dos demais atos libidinosos, sendo que mulher não pode ser sujeito ativo da prática de conjunção carnal. 
ii. Tipo subjetivo: Dolo (animo de satisfazer a lascívia). iii. Unificação: Em meados de 2009, o tipo de atentado violento ao pudor foi unificado com o crime de estupro, sendo ao art. 214 revogado, passando sua conduta a fazer parte do art. 213. Não caracteriza “abolitios criminis”, pois a conduta prevista no artigo revogado continua vigente no art. 213. iv. Bem jurídico tutelado: Dignidade da pessoa humana. Liberdade de sexual. 
v. Sujeito ativo: Qualquer pessoa, inclusive o marido em relação a sua esposa. vi. Sujeito passivo: Qualquer pessoa, salvo o vulnerável (menor de 14 anos, débil mental ou aquele que não pode oferecer resistente – sujeito passivo do art. 217-A). 
Consumação: Crime material, isto é, pressupõe resultado naturalístico. Consuma-se com cópula, com a prática sexual que a vítima não concordava. 
Tentativa: Quando não se consuma por vontade alheia do agente. 
Qualificação: 
Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos (reclusão de 8 a 12 anos). 
Se da conduta resulta morte (reclusão de 12 a 30 anos). 
 
b. Violação sexual mediante fraude (art. 215): “Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima”. Chamada pela doutrina de estelionato sexual. Aqui o emprego não é de violência ou grave ameaça, mas sim, de fraude (artimanhas). Se a vítima está desacordada, não caracteriza este tipo, mas sim, estupro de vulnerável. Se a fraude anular a capacidade de resistência da vítima, caracterizar-se-á estupro de vulnerável. 
i. Tipo objetivo: 
Núcleo: Ter (manter). 
Elementos descritivos: Manter conjunção carnal ou ato libidinoso diverso. 
ii. Tipo subjetivo: Dolo. iii. Bem jurídico tutelado: Liberdade sexual. Dignidade da pessoa humana. 
Sujeito ativo: Qualquer pessoa. 
Sujeito passivo: Qualquer pessoa. 
Consumação: Crime material. Consuma-se com a prática do ato libidinoso. 
Tentativa: Quando não se consuma por vontade alheia ao agente. 
1. Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa. 
 
c. Assédio sexual (art. 216-A): “Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função”. É indispensável o vínculo hierárquico ou vínculo ascendente (se não se trataria do estupro). A relação de emprego, cargo oufunção deve ser da mesma empresa. Crime próprio. Professor não pratica este tipo contra aluno inerente a ausência de relação empregatícia, podendo incidir o aumento de pena previsto no art. 226. i. Tipo objetivo: 
Núcleo: Constranger (importunação – difere-se do núcleo do art. 213). 
Elementos descritivos: Tentar obter vantagem sexual com subordinado. ii. Tipo subjetivo: Dolo (obtenção de uma vantagem sexual). iii. Bem jurídico tutelado: Liberdade sexual. Dignidade da pessoa humana. iv. Sujeito ativo: Superior hierárquico (Direito público) ou ascendente (Direito privado). v. Sujeito passivo: Subordinado. vi. Consumação: De acordo com a corrente majoritária, se trata de crime formal, se consuma com o assédio/constrangimento, mesmo se representado por ato único (é irrelevante a consumação da relação/ Capez. Mirabete. Damásio). Já a corrente minoritária, entende que é crime habitual, isto é, pressupõe uma conduta reiterada, uma insistência. 
vii. Tentativa: 
Entendimento majoritário: Quando não se consuma por motivo alheio a vontade do agente. 
Entendimento minoritário: Não há tentativa. 
viii. Causa de aumento: A pena é aumentada em até um terço se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos (se for menor de 14 anos será estupro de vulnerável). 
 
d. Estupro de vulnerável (art. 217-A): “Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos (“caput”). Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência (parágrafo primeiro); ” 
i. Tipo objetivo: 
Núcleo: Ter (manter). Praticar. 
Elementos descritivos: Com vítima vulnerável (menor de 14 anos, deficiente mental (que não conhece sexo), enfermo ou aquela pessoa que por qualquer causa não pode oferecer resistência). 
ii. Tipo subjetivo: Dolo (vontade de satisfazer desejo sexual). iii. Bem jurídico tutelado: Liberdade sexual. Dignidade da pessoa humana. iv. Sujeito ativo: Qualquer pessoa. 
Sujeito passivo: Vulneráveis. 
Consumação: Consuma-se com o ato sexual, independentemente da existência ou não do consentimento. vii. Tentativa: 
viii. São vulneráveis: 
Menor de 14 anos; 
Doente mental ou enfermo; 
Aquele que não pode oferecer resistência (dopado, alcoolizado, etc). 
ix. Qualificadoras: 
Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave (reclusão de 10 a 20 anos). 
Se da conduta resulta morte (reclusão de 12 a 30 anos). 
x. Erro de tipo: Nos casos onde o agente passivo não aparenta ser vulnerável, o agente ativo não responderá. 
 
Ação penal 
 
Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se mediante ação penal pública condicionada à representação. 
Parágrafo único. Procede-se, entretanto, mediante ação penal pública incondicionada se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa vulnerável. 
 
Aumento de pena 
 
Art. 226. A pena é aumentada: 
– De quarta parte (25%), se o crime é cometido com o concurso de 2 (duas) ou mais pessoas; 
– De metade (50%), se o agente é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro título tem autoridade sobre ela (inerente ao princípio “non bis in idem”, esse aumento de pena não é aplicado ao art. 216-A – Assédio sexual); 
 
Art. 234-A. Nos crimes previstos neste Título a pena é aumentada: 
– (VETADO); 
– (VETADO); 
- De metade, se do crime resultar gravidez; e (ou seja, se resultar gravidez, independentemente se ocorrer no agente ativo ou passivo). IV - De um sexto até a metade, se o agente transmite à vítima doença sexualmente transmissível de que sabe ou deveria saber ser portador; 
 
Art. 234-B. Os processos em que se apuram crimes definidos neste Título correrão em segredo de justiça. 
Rodovia Francisco Alves Negrão, Km 285 - Pilão d'Água, Itapeva - SP, 18412-000 Telefone: (15) 3526-8888 
 
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