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Direito Civil I

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DIREITO CIVIL I 
 
Profa. Ma. Caroline Vargas Barbosa 
profcarol.vargas@gmail.com 
1. HISTÓRICO DA LEGISLAÇÃO CIVIL BRASILEIRA 
De modo geral, o Direito Civil no Brasil evoluiu do Direito Romano, reavivado pelo 
Código Francês (1804) e pelo Código Alemão BGB – Burgerlichen Gesetzbuchs (1896). 
 Nosso direito civil, até 1917, não era codificado. Ele se regia por legislação sem 
sistema, esparsa, contraditória, retrógrada e obscura. Eram as ordenações do reino (Breviário de 
Alarico (506) Afonsinas - Manoelinas - especialmente as Ordenações Filipinas - 1603), regimentos, 
alvarás, decretos extravagantes e resoluções oriundas do Reino, Império e da República. 
 Essa confusão provocava o anseio pela codificação (compilação – ordem 
cronológica ou por matéria; consolidação – ordem sistematizada, sem criação de nova lei, afasta as 
revogadas e reúne as em vigor; codificação – criação de nova lei, organizada e sistematizada, 
estabelecendo relações entre as diversas normas). 
 Interessante que as Ordenações Filipinas vigoraram no Brasil até a edição do nosso 
CCB (1916), mas em Portugal o CC foi editado em 1867. 
 
IMPÉRIO 
– Carvalho Moreira – 1845 – estudos sobre a revisão e codificação das leis civis. 
– 1855 – “Inicialmente, foi designado para redigir um projeto o baiano Augusto 
Teixeira de Freitas, que, assinando seu contrato em 1855, preparou, inicialmente, a “Consolidação 
das Leis Civis”, em monumental trabalho de compilação e sistematização que, aprovado pelo 
governo, passou a preencher a lacuna do Código Civil.” 
– 1858 – Teixeira de Freitas, incumbido de organizar o Código Civil, pretende realizar 
uma abordagem científica para abarcar toda a matéria de direito privado. Em 1865 publica o 
denominado “Esboço”. O nome se deve ao fato de se tratar de um trabalho em andamento (1.702 
artigos publicados e 1.314 em andamento). Em razão de pressões para concluir, e de submeter o 
Código Civil ao Código Comercial, decidiu por renunciar a tarefa em 1866. “Embora não adotado 
no sistema brasileiro, trata-se de um colosso legislativo, que influenciou de grande maneira, por 
exemplo, o Código Civil argentino.” 
– Nabuco de Araújo – Ministro da Justiça, falece antes de concluir a tarefa (1878). 
– Joaquim Felício dos Santos, senador no 1º Congresso da República 1881 – apresentou 
um projeto chamado “Apontamentos para o Projeto do Código Civil Brasileiro” (não aprovado por 
uma comissão de juristas renomados). 
Comissão – Silva Costa; Afonso Pena; Coelho Rodrigues – 1889 – dissolvida com 
a República. 
 
 DIREITO CIVIL I 
 
Profa. Ma. Caroline Vargas Barbosa 
profcarol.vargas@gmail.com 
REPÚBLICA 
– Nomeação de Coelho Rodrigues (quando Campos Sales era Ministro da Justiça) – 
1890/93 – projeto não foi aprovado. 
– Nomeação de Clovis Beviláqua (quando Campos Sales foi Presidente da República) – 
apresentou projeto em 1899, chamava-se Código Civil dos Estados Unidos do Brasil. (parecer de 
Ruy Barbosa que era relator no Senado – restrito à forma e não ao conteúdo). 
Sancionado em 1º de janeiro de 1916; entra em vigor em 1º de janeiro de 1917 – mais 
de 15 anos após a sua apresentação original. 
 Conforme Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona (2013): 
(...) o Código Civil de 1916, cuja concepção original foi elaborada por Clóvis Beviláqua em 
1899 (discutido anos a fio no Congresso Nacional, oportunidade em que receberia 
influência humanista de Ruy Barbosa, como visto), traduz, em seu corpo de normas tão 
tecnicamente estruturado, a ideologia da sociedade agrária e conservadora daquele 
momento histórico, preocupando-se muito mais com o ter (o contrato, a propriedade) do 
que com o ser (os direitos da personalidade, a dignidade da pessoa humana). 
 
 Em razão de ser expressão da sociedade de sua época, o Código Civil de 1916, foi se 
tornando insuficiente para acompanhar as mudanças da sociedade, sobretudo após a 1a Grande 
Guerra. 
 Um exemplo dos doutrinadores é o dos filhos espúrios, aqueles concebidos fora do 
casamento, que nessa Codificação recebiam tratamento severo, não reconhecendo a família como 
um “grupo social afetivamente vinculado”. 
 Mudanças como a derrogação de princípios basilares: – pacta sunt servanda (“os 
acordos devem ser mantidos”) – locação de serviços deu lugar á CLT; a propriedade e a função 
social; as leis agrárias; divórcio - mulher casada passa a ter os mesmos direitos que o marido – 
derrogação do regime dotal e outros, influenciaram a formação de leis específicas para cada caso , 
no que ficou conhecido como a descentralização do Direito Civil. 
 A partir dessas mudanças, em 1969 uma nova Comissão para rever o Código civil foi 
montada e em 1972 apresentou o seu Anteprojeto de Código Civil. 
 Apenas em 1984, após anos de debate na Câmara dos Deputados e até esquecido por 
falta de clamor social o Projeto de Lei n. 634/B foi publicado no Diário do Congresso Nacional de 
17 de maio. Ocorre que, em razão de ter sido elaborado na primeira parte da década de 70, sofreu 
críticas de diversos setores da sociedade. 
 Ainda conforme os doutrinadores, foi Ricardo Fiúza, na Câmara dos Deputados que, 
diante das argüições de inconstitucionalidade, buscou adequar o texto as reivindicações da 
sociedade organizada, sendo aprovado por acordo de lideranças e levado à sanção presidencial. 
 Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona (2013) relatam: 
 DIREITO CIVIL I 
 
Profa. Ma. Caroline Vargas Barbosa 
profcarol.vargas@gmail.com 
Em solenidade realizada no Palácio do Planalto, foi sancionado, sem vetos, o projeto 
aprovado na Câmara dos Deputados, convertendo-se na Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 
2002 (publicada no Diário Oficial da União de 11-1-2002), o Novo Código Civil brasileiro, 
que, dentre outras modificações, consagra a unificação parcial do direito privado 
(obrigações civis e comerciais). 
 
 Como dito anteriormente, as mudanças sociais alteram a eficácia da norma na 
sociedade, estando sujeita a atualizações para garantir o seu papel de regularização, sendo, para isso, 
importante o conhecimento de sua história. 
 Com base no exposto anteriormente, e principalmente em razão da descentralização 
do Direito Civil, é que se faz importante o Direito Civil Constitucional, é o que estudaremos a 
seguir. 
 
2. DIREITO CIVIL CONSTITUCIONAL. 
 Quem melhor inicia o estudo do Direito Civil Constitucional é Flávio Tartuce (2017) 
no seguinte trecho: 
Em princípio, o Direito Público tem como finalidade a ordem e a segurança geral, enquanto 
o Direito Privado reger-se-ia pela liberdade e pela igualdade. Enquanto no Direito Público 
somente seria válido aquilo que está autorizado pela norma, no Direito Privado tudo aquilo 
que não está proibido pela norma seria válido. Mas essa dicotomia não é um obstáculo 
intransponível e a divisão não é absoluta, com nada é absoluto nos nossos dias atuais. Nesse 
sentido, é interessante tecer alguns comentários sob a relação entre o Direito Civil e o 
Direito Constitucional, o que faz com que surja, para muitos, uma nova disciplina ou 
caminho metodológico, denominado Direito Civil Constitucional (...). 
 
 Portanto, estamos tratando de uma nova relação do Direito Civil com o Direito 
Constitucional. Isso implica dizer que a anterior divisão entre Direito Público e Direito Privado não 
é tão nítida, afinal podemos conceber uma “nova disciplina ou caminho metodológico” que 
considera tantos institutos de direito privado quanto de direito público, o Direito Civil 
Constitucional. 
 Retomando o momento histórico do seu surgimento o Direito Civil Constitucional é 
uma resposta a descentralização do CódigoCivil, conforme explicam Pablo Stolze e Rodolfo 
Pamplona (2013) abaixo: “Diante desse quadro, pode-se ter a falsa impressão de que o mosaico 
normativo que caracteriza esse processo descentralizador, por demais complexo e denso, careceria 
de lógica sistemática, em face da inexistência do eixo unificador (o Código civil). Não é bem assim. 
Aí se manifesta, com toda a sua magnitude, a importância do Direito Civil Constitucional.” 
 Assim temos a necessidade de interpretação de um sistema que se desfazia – pela 
descentralização. A criação de diversas normas a partir da necessidade concreta poderia flexibilizar 
os valores que o ordenamento busca preservar, permitindo assim inclusive a prevalência de 
interesses individuais ou de grupos com maior representação. É por isso que um “sistema 
principiológico superior, estruturador da harmonia do conjunto”, ou seja, a própria Constituição, é 
 DIREITO CIVIL I 
 
Profa. Ma. Caroline Vargas Barbosa 
profcarol.vargas@gmail.com 
garantia de que os valores sociais e individuais serão considerados na formação e aplicação da 
norma. 
 Flávio Tartuce (2017) faz a seguinte ressalva: “Na realidade, não se trata, ainda, de 
um novo ramo do direito. Como afirma José Afonsa da Silva, trata-se de uma variação 
hermenêutica, uma mudança de atitude no ato de interpretar a Lei Civil em confronto com a Lei 
Maior.” 
 Dessa maneira, o Direito Civil Constitucional determina uma nova forma de 
interpretação. Essa nova forma de interpretação tem por base princípios constitucionais, conforme 
Tartuce (2017) explica abaixo: 
O primeiro deles, aquele que pretende a proteção da dignidade da pessoa humana, está 
estampado no art. 1º, III, do Texto Maior, sendo a valorização da pessoa um dos objetivos 
da República Federativa do Brasil. Trata-se do superprincípio ou princípio dos princípios 
como se afirma em sentido geral. A proteção da dignidade humana, a partir do modelo de 
Kant, constitui o principal fundamento da personalização do Direito Civil, da valorização 
da pessoa humana em detrimento do patrimônio. 
 
O segundo princípio visa à solidariedade social, outro objetivo fundamental da 
República, conforme o art. 3º, I, da CF/1988. Outros preceitos da própria Constituição trazem esse 
alcance, como no caso do seu art. 170, pelo qual: ‘a ordem econômica, fundada na valorização do 
trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os 
ditames da justiça social’. Aqui também reside o objetivo social de erradicação da pobreza, também 
previsto na Constituição Federal de 1988. 
Essa horizontalização dos direitos fundamentais nada mais é do que o reconhecimento 
da existência e aplicação dos direitos que protegem a pessoa nas relações entre particulares. Nesse 
sentido, pode-se dizer que as normas constitucionais que protegem tais direitos têm aplicação 
imediata (eficácia horizontal imediata). Essa aplicação imediata está justificada, conforme nos 
ensina Ingo Wolfgang Sarlet, pelo teor do art. 5º, §1º, da Constituição Federal...”

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