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A antropologia, assim como outras disciplinas do conhecimento humano, surge na efervescência do debate intelectual que se desenvolve na Europa Ocidental, mais precisamente no decorrer do século XIX. O que acontecia na Europa naquele momento, ou melhor, um pouco antes, lá pelos séculos XVII e XVIII? Vamos fazer uma breve retrospectiva? Tivemos nesse período o desenvolvimento das ciências, a aplicação do conhecimento produzido em novas invenções, como máquinas e equipamentos que facilitaram o trabalho humano, e que foram decisivos para o aumento da produção. A indústria se desenvolveu, inventou-se um modo coletivo de produção: a fábrica. Muitas populações viram-se obrigadas a migrar do campo para as cidades e construir um novo estilo de vida. Esse período de desenvolvimento do capitalismo no Ocidente costuma ser caracterizado como Idade Moderna ou Modernidade. Isso gerou tantas mudanças que alguns pensadores do período se perguntavam quais seriam as consequências de toda aquela revolução. Esse processo ainda continua, mas isso é outra estória... Voltemos ao século XIX. Enquanto alguns pensadores esforçavam-se para descobrir mais e mais, especialmente nas chamadas ciências da natureza - biologia, química, física - outros começaram a se preocupar com as mudanças desencadeadas no seio dessa nova sociedade: nas instituições, nas relações sociais que se estabeleciam, nos conflitos, nas relações de poder entre os grupos humanos. Em resumo: se a ciência precisava ser desenvolvida para explicar os fenômenos naturais, era preciso desenvolver uma ciência que procurasse explicar a forma como os homens se organizavam para viver. Esse papel foi cumprido pela sociologia. Mas onde entra a antropologia nisso tudo? Nem todos os grupos humanos viviam da mesma forma assim como não vivem hoje. E isso intrigava muito os europeus... No chamado período pré-capitalista, antes da chamada revolução industrial, a Europa ocidental atirou-se à aventura de atravessar o oceano, descobrir novas terras, comercializar, buscar riquezas... E assim o fez: realmente “descobriu” novas terras, explorou riquezas, submeteu povos ao seu domínio. Mas uma coisa intrigava o ocidente desde o período das grandes navegações: por que existiam povos com um modo de vida tão diferente dos europeus? Seriam, eles, humanos? Esses seres teriam alma? Muitos viajantes, aventureiros, missionários, administradores das colônias registraram seus “estranhamentos” frente a esses povos na forma de texto escrito. Essa fase é conhecida como pré-história da antropologia. A história da disciplina acontece no século XIX, quando eles criam uma ciência que deveria se ocupar do estudo dessa “diferença”, chamaram essa nova ciência de antropologia ou etnologia. Portanto, a antropologia nasce como a ciência do “outro”, fruto do contato do processo colonizador. Sobre essa fase da antropologia vamos fazer uma primeira parada, porque a partir dela vamos entender percurso da antropologia e o desenvolvimento dos conceitos e teorias que a legitimam. Para compreender melhor essa fase, temos uma proposta de leitura de textos e participação em fóruns de discussão. Vamos lá? Texto elaborado especificamente para a disciplina. Margarete Fagundes Nunes. Ana Luiza Carvalho da Rocha.
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