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34 Unidade II Re vi sã o: S ue li/ Vi to r - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 0/ 08 /1 2 Unidade II 3 OPORTUNIDADES DE ALAVANCAGEM LOGÍSTICA Alavancagem é um ato de melhoria, de crescimento, no qual a logística busca suprir as necessidades apontadas pelo mercado. Você pode se questionar: “por que ela é considerada uma melhoria?” Então, vamos estender a discussão usando uma técnica de aprendizagem baseada em problema. Antes de apontar os problemas, devemos nos lembrar da missão logística de uma instituição. Vejamos as situações a seguir: Beta Utilizamos Beta para não mencionar o nome verdadeiro da empresa, mas vamos destacar uma situação real. Beta é uma das grandes redes de fast-food (alimentação rápida) do país, tem como objetivo disponibilizar aos clientes refeições rápidas e de qualidade, e, ainda, busca oferecer comodidade, preço justo, inovação e praticidade. Quanto à localização, esse objetivo é bem atendido, mas os serviços ofertados deixam a desejar. Uma situação presenciada em relação a um de seus produtos foi a seguinte: Produto: hot dog. Produto ofertado em formas de combo, disponibilizando-os por números: 1, 2 e 3. Um cliente chega a uma das lojas, solicita o combo número 1, e a atendente diz: “esse não temos”. Então, ele pede o número 2 e ouve: “também não temos”. Antes que o rapaz pedisse o número 3, a funcionária diz que não tem os combos por falta de salsicha. Todos os outros itens do lanche estavam disponíveis, mas a salsicha não. Se o produto principal não está disponível, do que adianta ter todos os outros ingredientes? Outra questão é: por que não há salsicha no estabelecimento? Buscando informações sobre a empresa, relata-se o seguinte: Essa rede tem sua logística realizada pela empresa Gama, especializada na área, com centros de distribuição em São Paulo, Brasília e um centro de apoio em Pernambuco. 35 Re vi sã o: S ue li/ Vi to r - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 0/ 08 /1 2 Fundamentos e ImportâncIa da LogístIca O modelo de entrega utilizado é o One Stop Shop, explicando, é uma forma de atuação em que um mix de produtos é entregue de uma única vez. Para um bom atendimento, há uma previsão de demanda e negociação com fornecedores. Indústria de alimentos Produtos de higiene, limpeza Utensílios como copos, guardanapos , canudos Logística BETA Figura 14 O sistema de distribuição dessa empresa exige dos franqueados um alto grau de conhecimento do negócio na hora de realizar pedidos, pois possuem apenas dois centros de distribuição, e estes abastecem as franquias apenas duas vezes por semana. Se houver erros na solicitação, não haveria nada a se fazer, assim, a falta de itens nas lojas é comum. O que isso significa para uma rede que atua em um mercado altamente competitivo? Se houver falhas no serviço oferecido ao cliente, do que adianta ter produtos de alta qualidade? Imaginem que o cliente mencionado anteriormente seja um pai com um filho pequeno, e que este, ao receber a negativa da loja, comece um choro desenfreado dizendo: “eu quero, eu quero, eu quero.” Não haveria um descontentamento ainda maior por parte do cliente? E como a logística moderna pode resolver isso? Voltando ao tema alavancagem logística, como esta seria aplicada a essa situação? Observação Personalizar um serviço é o mesmo que customizar, ou seja, entregar um produto de acordo com as necessidades de cada cliente. É o cliente quem decide quanto quer, como quer, onde e como quer recebê-lo. As empresas parceiras, Beta e a Gama, tinham objetivos distintos. A primeira, que é uma rede fast-food, busca oferecer produtos variados e com preços competitivos; a outra, organizar-se de maneira que os custos sejam baixos. A Gama realiza entregas duas vezes por semana, e, para sanar a falta de produtos, permite que essas faltas nas lojas sejam adquiridas em outros locais não oficiais, o que muda o padrão de qualidade e custos dos produtos. Veja que não há personalização. 36 Unidade II Re vi sã o: S ue li/ Vi to r - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 0/ 08 /1 2 O serviço personalizado ou customizado ocorre quando uma organização se ajusta às necessidades de cada mercado, e isso agrega valor à cadeia como um todo, e, ao final do processo, o cliente percebe a integração funcional dessa cadeia. Exemplos de Aplicação Relate algum sistema de personalização no atendimento com que você tenha tido contato: ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________. Essa customização agregou valor ao negócio? Qual(is)? ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________. Vejamos uma situação em que isso é feito de maneira positiva. O texto a seguir foi adaptado do site do ILOS — Instituto de Logística e Supply Chain. Logística do McDonald’s A empresa Martin-Brower McDonald’s é a responsável pela ligação e operação logística entre fornecedores da rede McDonald’s e os mais de 500 estabelecimentos espalhados em todo o Brasil. Para melhor atender à missão logística, desde o início procurou informações sobre os critérios competitivos de seu cliente, o McDonald’s. Avaliou alguns pontos como: consistência — os produtos vendidos nas lojas são sempre iguais; há uma padronização no que é vendido, a distribuição é facilitada, apenas os volumes oscilam. Outra característica foi a rapidez — a empresa atua no setor de fast-food; deve ter sempre produtos frescos e estes devem chegar às mãos dos clientes o mais rápido possível. Esse é o grande diferencial da rede. 37 Re vi sã o: S ue li/ Vi to r - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 0/ 08 /1 2 Fundamentos e ImportâncIa da LogístIca E preço é outra característica do cliente muito importante (os produtos do McDonald’s não são os mais baratos do mercado, mas há uma preocupação em reduzir custos para que os valores não se distanciem dos praticados pelos concorrentes). Devemos entender que a logística tem como seu produto principal a venda de serviços, e que as parcerias logísticas estão sendo muito utilizadas. Acabamos de citar um exemplo de parceria, e faço a seguinte pergunta a você: Como um parceiro logístico pode auxiliar uma empresa a alcançar seus objetivos? Vejamos o que a MB fez: Para que seu cliente tenha sucesso junto a seus clientes, a MB desenvolveu um projeto de serviços logísticos que cotidianamente persegue aqueles critérios competitivos que citamos: a) junto com os principais fornecedores (carnes e pães), criou em São Paulo o condomínio Food Town, que reúne as instalações fabris daqueles fornecedores e o principal centro de distribuição da MB, onde são processados os pedidos das lojas e dos outros centros de distribuição da empresa. Todos os produtos necessários para abastecer as lojas (à exceção dos refrigerantes) convergem para o Food Town. Foco: o objetivodo projeto foi garantir a sincronia necessária para atender rapidamente aos pedidos recebidos. Cada loja define a quantidade de pedidos que precisa realizar por semanas, esse é um dos importantes indicadores utilizados pelo McDonald’s para medir o desempenho da MB, ou seja, o quanto consegue atender às necessidades das lojas. Perceba a diferença entre esse modelo e o da empresa Beta, aqui as lojas dizem o que querem e como organizam sua logística. b) buscou a sincronização das operações. A grande maioria dos caminhões da MB possui três compartimentos em temperaturas distintas para acomodar diferentes tipos de necessidades das lojas, com o objetivo de minimizar o número de entregas, e, ainda, diminuir a probabilidade de que alguns produtos cheguem e outros não. Foco: evitar que alguma entrega ocorra com falta de algum item. c) redução de erros tanto na emissão como no recebimento de pedidos; a MB desenvolveu o formulário eletrônico para envio e recepção dos pedidos via internet. Essa medida reduziu drasticamente os retrabalhos, as entregas urgentes e a falta de mercadoria nas lojas. 38 Unidade II Re vi sã o: S ue li/ Vi to r - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 0/ 08 /1 2 Foco: redução do ciclo do pedido pela automatização do processo de solicitação, evitando novas tarefas e agilizando a troca de informação. d) A MB instalou um sistema ERP — conjunto de softwares para maximizar ganhos produtivos e financeiros, minimizando retrabalhos e custos. Esse programa possuía módulos de previsão de vendas, recebimento de pedidos, controle de estoques próprios e dos fornecedores, relatório de vendas por loja e acompanhamento diário dos indicadores de desempenho. Foco: saber em tempo real o que está sendo vendido em cada uma das lojas, facilitando a reposição dos itens nas quantidades necessárias. e) Para otimizar o número de caixas de produtos a serem transportadas por caminhão e por rota, a empresa adquiriu um programa de roteirização, que determina, em função dos pedidos a serem entregues, a melhor rota para o veículo. Foco: reduzir custos nas operações de transporte e agilizar as entregas com veículos fazendo rotas racionais. f) A MB mantém um Customer Service 24 horas, sete dias na semana, para atender a emergências das lojas e dos motoristas caso haja algum problema em rota. Foco: administrar as incontingências que surgem nas operações do dia a dia, ajustando-se às necessidades de cada loja e região. Saiba mais Para saber mais detalhes sobre essa matéria, acesse: <http://www.ilos. com.br/web/index.php?option=com_content&task=view&id=701&Itemid =74&lang=br>. Lembrete Alavancagem é um ato de melhoria, de crescimento, no qual a logística busca suprir as necessidades apontadas pelo mercado. 39 Re vi sã o: S ue li/ Vi to r - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 0/ 08 /1 2 Fundamentos e ImportâncIa da LogístIca Exemplos de Aplicação Os pontos que destacamos até aqui têm alguma semelhança com alavancagem logística? ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________. A visão do McDonald’s Toda essa operação deve ser controlada e medida por indicadores, e isso vai indicar se ela está sendo bem realizada ou não. O McDonald’s paga os custos operacionais declarados pela MB e controla a parceria mediante um conjunto de indicadores que persegue a eficiência operacional do parceiro. Principais indicadores: • giro do estoque; • número de funcionários da MB por restaurante atendido; • percentual de pedidos sem erro sobre o total de pedidos; • número de caixas entregues por rota etc. O grande objetivo do McDonald’s é fazer que, por meio de operações logísticas e de forma enxuta, a MB possa solucionar totalmente o seus problemas. Assim, sua parceira não é apenas um operador que abastece as lojas; é um operador logístico integrado que administra a inteligência logística da cadeia, desenvolvendo soluções que deem respostas aos desafios enfrentados pelo cliente, perseguindo o custo total mínimo para todos os integrantes da cadeia. Dessa forma, atende plenamente ao conceito de alavancagem logística. Estratégia do canal de distribuição “O canal de distribuição é o caminho que o produto percorre até chegar às mãos do cliente” (ROSENBLOON, 1999, p. 23). O autor aponta cinco diferentes canais, de acordo com sua amplitudes: 40 Unidade II Re vi sã o: S ue li/ Vi to r - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 0/ 08 /1 2 Canal A Fabricante Consumidor Canal B ConsumidorFabricante Varejista Canal C ConsumidorFabricante Atacadista Varejista Canal D ConsumidorFabricante Agente Varejista Canal E Consumidor ConsumidorFabricante Atacadista Varejista Rosenbloon (1999) ainda destaca um diagrama dos fluxos presentes nos mais variados canais. É possível que isso facilite o acesso aos clientes e reduza os custos. Veja a figura a seguir: Produtores Varejistas 40 linhas de contato Vendas diretas Produtores Atacadista Varejistas 14 linhas de contato Vendas por meio de um atacadista Produtores Atacadistas Varejistas 28 linhas de contato Vendas por meio de dois atacadistas Figura 15 41 Re vi sã o: S ue li/ Vi to r - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 0/ 08 /1 2 Fundamentos e ImportâncIa da LogístIca A escolha ou estruturação estratégica do canal de distribuição vai interferir diretamente no: • Sortimento dos itens ofertados — o canal deve atender à premissa da rapidez e da redução de estoque, assim os custos serão menores. • Tempo de procura — os locais onde os itens estão disponíveis podem interferir diretamente na escolha do cliente. Por exemplo, para adquirir um refrigerante não precisamos fazer grandes esforços, podemos encontrá-lo em diversos lugares. A cadeia de distribuição deve aceitar essa premissa, ter ampla distribuição. • Tamanho do lote — os locais de oferta, a distância entre os pontos de entrega e a frequência em que as entregas vão ocorrer vai interferir diretamente no tamanho do lote. Interfere, ainda, em custos na cadeia logística, no giro de estoque, no tempo em que os itens ficarão parados nos estoques etc. Saiba mais Para saber mais sobre a cadeia de suprimentos, leia: CHOPRA, S.; MEINDL, P. Gerenciamento da cadeia de suprimentos: estratégias, planejamento e operação. São Paulo: Prentice Hall Brasil, 2003. O e-commerce vem alterando consideravelmente os canais de distribuição, pois amplia-se o campo de atuação nas vendas e o contato com os clientes. Devido ao crescimento das operações e-commerce, uma nova estrutura logística precisa ser desenhada. a) Relacionamento com clientes Uma empresa que tenha como objetivo ampliar as vendas pode seguir dois caminhos: • vender mais produtos para a mesma carteira de clientes; no varejo, isso amplia o ticket médio; • angariar novos clientes, ampliando a carteira da instituição. Para escolher o caminho a seguir, vamos considerar alguns estudos americanos que mostram ser mais barato vender mais para o mesmo cliente do que vender para mais clientes. Pois, a captação de um cliente novocusta caro, o que interfere no lucro sobre essa venda. Um meio de comunicação eficiente e eficaz que transmita segurança para o consumidor é fundamental para enxergar os problemas e vender mais para os mesmos clientes. A utilização de ferramentas como CRM —Customer Relationship Management é cada vez mais comum. É um dispositivo de gerenciamento de relacionamento com cliente. O conceito de CRM está baseado na obtenção e no processamento de informações sobre os clientes, tais como: hábitos e costumes, compras, 42 Unidade II Re vi sã o: S ue li/ Vi to r - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 0/ 08 /1 2 decisões tomadas, perfil de consumo, entre inúmeras outras que possibilitam que as empresas entendam cada vez melhor seus clientes, adequando seus negócios e estratégias para os consumidores (BANZATO, 2005, p. 37). Saiba mais Para conhecer mais sobre o CRM, acesse: <http://www.sap.com/brazil/ services/education/catalog/crm.epx>. b) Utilização da capacidade Equilibrar a capacidade da empresa em função da demanda é essencial para garantir um bom nível de atendimento. Entendamos como capacidade o quanto uma organização pode fabricar um produto por dia, por mês, por semana ou por ano. Exemplos de capacidade: • quantas pizzas uma pizzaria pode fazer por noite; • quantas blusas uma confecção pode fazer por semana; • quantos pães uma padaria pode fazer por hora. A capacidade pode ser formada por vários itens, entre eles: • o tipo de máquina utilizada; • a quantidade de máquinas; • a mão de obra qualificada em quantidade suficiente; • o layout de produção; • a forma de abastecimento das linhas; • o sistema de produção escolhido; • e as formas de estocagem. Exemplos de Aplicação Veja o exemplo a seguir: Uma pizzaria pode preparar um disco de pizza a cada cinco minutos, o forno comporta cinco pizzas, e cada pizza fica em média dez minutos assando. Trabalhando das 19h à 01h, quantas pizzas podem ser produzidas por essa pizzaria? 43 Re vi sã o: S ue li/ Vi to r - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 0/ 08 /1 2 Fundamentos e ImportâncIa da LogístIca Supomos que nesse estabelecimento haja apenas um profissional na preparação das pizzas, e que ele não sai para refeição e nem faz uma pausa para descansar. Supomos, também, que essa pizzaria tenha sido montada com 30 mesas. Em caso de lotação, quais seriam as consequências? Quais seriam as alternativas para ampliar a capacidade de produção? Responda a essas questões: ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ Comentários: Etapas Preparação dos discos: 60 min/5 uni/min. = 12 unidades por hora. Trabalhando das 19h às 13h, atua seis horas por noite, assim: 12 x 6 = 72 pizzas por noite. Em caso de lotação: Supondo uma pizza por mesa. Fazendo uma média, para produzir 30 pizzas, o cálculo é: 30 /12 = 2,5 horas. Você já deve ter percebido que o tempo de espera será muito grande, e isso causará a perda de clientes. Devemos considerar o gargalo, que é a produção manual dos discos de pizzas. Para minimizar os problemas de capacidade, devemos procurar uma forma de utilizar a capacidade máxima do forno. Para ampliar a capacidade de uso, deverá haver três pizzaiolos. 44 Unidade II Re vi sã o: S ue li/ Vi to r - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 0/ 08 /1 2 Um profissional= 12 pizzas por hora, 72 por dia. Três profissionais= 36 por hora, 216 por dia. Ter um diferencial no atendimento, fazer o cliente percebê-lo diferencial é o foco da competição; isso é agregar valor para o cliente. A organização estará oferecendo rapidez no processo e ampliando sua capacidade de atendimento. Outro exemplo: Uma fábrica de produtos eletrônicos produz dois produtos em sua linha de montagem, respectivamente PA e PB. Os produtos PA e PB seguem um mesmo fluxo produtivo, porém têm diferença na etapa de complementação, o que resultou numa parte da linha específica para os produtos PA e PB conforme se pode observar no fluxo abaixo. Mais adiante, exemplificaremos o processo produtivo com uma figura. Agora, para melhor entendimento, veja os detalhes dos equipamentos e do processo produtivo: Máquina de inserção automática • Capacidade máxima de 1000 placas/hora. • Tempo de 6 min. de parada para alimentação e troca de placas. Máquina de solda • Capacidade máxima de 500 placas/hora. Processo de complementação manual • Linha do produto A: 400 placas/hora. • Linha do produto B: 200 placas/hora. Processo de inspeção, montagem final e testes (semiautomático) • Capacidade: 500 placas/hora (independe do produto). • Cada placa monta 1 produto. Embalagem (manual) • Capacidade máxima de 350 produtos/hora. 45 Re vi sã o: S ue li/ Vi to r - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 0/ 08 /1 2 Fundamentos e ImportâncIa da LogístIca Outras informações: • a empresa trabalha em um único turno de 7h/dia e, em média, 20 dias/mês; • assume que os materiais necessários para os produtos PA e PB estão disponíveis; • não estão autorizadas horas extras, nem investimentos adicionais em capacidade. Veja a figura a seguir: Máquina de inserção automática Máquina de inserção solda Complementação produto A Complementação produto B Inspeção montagem final e testes Embalagens 400 placas/hora 200 placas/hora 350 produtos/hora Produtos 1000 placas/hora Comum para os dois produtos 500 placas/hora Cada placa monta um produto 500 placas/hora Comum para os dois produtos Figura 16 - Processo produtivo da fábrica Exemplos de Aplicação Como nosso foco é analisar capacidade, faço a seguinte pergunta a você: Qual a capacidade mensal para produzir cada um dos produtos separadamente? E se forem produzir os dois na mesma proporção, qual será a capacidade mensal dessa produção? ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ 46 Unidade II Re vi sã o: S ue li/ Vi to r- Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 0/ 08 /1 2 Comentários Para produzir os itens separadamente: Deve-se localizar o gargalo da operação, esse é a etapa que tem menor capacidade produtiva; assim, se fôssemos produzir o PA, teríamos como gargalo a embalagem, ou 350 unidades/hora, vezes sete horas, corresponde a 2450 unidades/dia. Trabalhando 20 dias, teríamos 49.000 unidades. Vejamos: 350 x 7 = 2450 unidades/dia. 2450 x 20 = 49.000 unidades/mês. Para produção de PB O gargalo agora é a complementação que pode produzir 200 unidades/hora, assim, teremos 1400 unidades/dia. Por mês, teríamos uma capacidade 28.000 unidades. Para produção dos dois itens (PA e PB) O gargalo agora é a embalagem, pois pode fazer 350 unidades; se formos atuar com os dois, teremos 175 de cada um deles. Assim, vamos produzir 175 unidades do PA e 175 unidades do PB. Toda essa operação da capacidade deve ser utilizada com objetivo de agregar valor ao produto ou ao negócio. Tudo que foi apontado, como customização, relacionamento com cliente, utilização da capacidade deve agregar valor, mas o que é isso? Vamos ver a figura proposta por Nigel Slack (2002) a seguir: Gestão financeira Gerenciamento dos Recursos Humanos Infraestrutura e Tecnologia Compras Suprimentos (inbound logistics) Operações ou produção Dsitribuição (outbound logistics) Vendas e marketing Serviços de pós- venda Atividades de apoio Atividades principais (Primárias) M A R G E M Figura 17 Uma empresa é composta por: atividades fins e atividades meios; em outras palavras, o que não é o principal ou foco do negócio são as atividades de apoio, que tornam possíveis as operações principais 47 Re vi sã o: S ue li/ Vi to r - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 0/ 08 /1 2 Fundamentos e ImportâncIa da LogístIca (essas são as atividades meio); as atividades principais, como produzir e vender, são atividades fins. No conceito de atuação competitiva, deve-se buscar a integração dessas áreas, fins e meios; juntas, formam o conceito de imagem, que é aquilo que o cliente realmente compra, é o valor agregado. Como estamos falando o tempo todo de competição, é importante citar Slack (2002), que aponta cinco fatores de desempenho, e estes devem guiar as operações de uma empresa. Por um lado, ele acrescenta uma discussão comum entre os autores, pois quem define o caminho a ser seguido é o cliente. Veja os fatores: Há empresas que competem pelos custos, e, para tal estratégia logística, deve-se buscar redução de custo na compra da matéria-prima, no seu recebimento, na estocagem, na produção, como produzir em grande escala, por exemplo, e, principalmente, na distribuição. E essa escolha deve partir do cliente, cabendo à empresa responder o que é mais importante para ele (cliente). Há empresas que competem pela rapidez, assim, deve-se reduzir o fluxo do pedido, diminuindo, assim, seu ciclo. O processo produtivo integrado com PCP (Planejamento e Controle da Produção) e com o meio de fazer pedidos para fornecedores deve ser automatizado de alguma maneira (EDI). Há empresas que buscam concorrer pela qualidade, ter a melhor matéria- prima, a melhor mão de obra, o melhor fluxo, a maior eficiência etc. Tudo deve ser melhor. O problema é que isso custa dinheiro, e quem paga por isso é o cliente. A pergunta deve ser se o consumidor está disposto a pagar por tudo isso. É importante lembrar que não é possível ter uma Ferrari pelo preço de um Fusca. Há empresas que buscam concorrer pela flexibilidade, ou seja, oferecer produtos personalizados e únicos, ou até mesmo ser flexível na frequência de entrega ou volume de entregas. Isso requer um planejamento a cada dia, são os acontecimentos que irão direcionar os caminhos que devem ser seguidos. Também exige mão de obra qualificada, que saiba trabalhar sem um padrão rígido. Isso pode ser um entrave para a operação. Há empresas que buscam competir pela confiabilidade. Cumprir o que prometeu é fundamental para se construir confiabilidade. Os outros pontos são obtidos na medida em que se opta por eles, mas confiabilidade só se consegue no decorrer do tempo, pois requer comprometimento e acompanhamento constante. 48 Unidade II Re vi sã o: S ue li/ Vi to r - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 0/ 08 /1 2 Atrasos não são permitidos, tampouco erros de fabricação. No ano de 2010, a maior montadora automobilística do mundo, a Toyota, teve que fazer um recall no Corolla, e isso teve uma repercussão absurda, pois se tratava de uma empresa cujo diferencial é o nome. Essa repercussão não seria a mesma em outras organizações. Esses cinco pontos destacados por Slack (2002) devem ter uma sequência de prioridade. Qual será o foco da empresa? Qualidade, custo, rapidez, confiabilidade ou flexibilidade? Quem vai responder isso é o mercado. Voltando ao McDonald’s, qual é a prioridade de seus clientes? Rapidez! Pois o que é ofertado não é barato e não podemos dizer que faz bem para a saúde. Então, o modelo logístico operacional montado pela empresa é para oferecer rapidez. No McDonald´s, o serviço rápido é uma característica da rede. Os produtos são feitos nas lojas numa linha de produção. Com uma visão taylorista, o ritmo de produção é cronometrado de acordo com a expectativa e experiência de venda dos itens por dia e por horário, que vão sendo armazenados em fileiras ao alcance dos balconistas atrás dos caixas. Isso permite que o alimento esteja sempre pronto quando o cliente faz o pedido. Todo o processo de atendimento, desde o pedido até o pagamento e retirada da comida, é confeccionado para levar em média quatro minutos. A variação no tempo é grande, dependendo da região e do tipo de refeição pedida. Nos EUA, o tempo de serviço pode ser inferior a dois minutos. E quando um cliente tem apenas quinze minutos para comer, a primeira opção é o McDonald´s. E qual seria a prioridade do cliente do Habib´s? A empresa divulga o tempo todo que seus preços começam com o algarismo zero. O foco é vender barato. Para isso, foca toda sua operação em custos. Para Alberto Saraiva, fundador da instituição, a política é de verticalização. Em outras palavras, são doze departamentos cuidando da rede, sendo que os principais itens utilizados são produzidos pela rede: o queijo é produzido pelo departamento de laticínios, os discos de pizza e os pães são produzidos pela padaria, os sorvetes, pela sorveteria, e assim a empresa consegue redução nos custos da matéria-prima, garantindo a filosofia de preços baixos. A Zara, caso citado anteriormente, faz uma mescla entre qualidade, flexibilidade e rapidez. A percepção correta faz uma organização tomar a decisão correta, e ter a logística estruturada de acordo com as necessidades percebidas é o segredo. A logística passa a ter uma função estratégica, pois agrega valores de tempo, lugar e propriedade aos clientes. Para atender aos objetivos pretendidos pela instituição, a cadeia logística é crucial. Deve seguir os seguintes pontos: 49 Re vi sã o: S ue li/ Vi to r - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 0/ 08 /1 2 Fundamentos e ImportâncIa da LogístIca • encurtar o fluxo logístico; • melhorar a visibilidade do fluxo logístico; • gerenciar a logística como um sistema; • controlar os custos com base no foco da cadeia logística; • alinhar as estratégias entre empresas e nas empresas; • alinhar o plano operacional com o estratégico. A referência da logística como sistema representa um conjunto de partes, e cada qual depende da outra. Se alguma área errar, os erros serão cumulativos. 4 SISTEMA LOGÍSTICO Pensar em sistema logísticoé idealizar o modelo de relacionamento que a empresa pretende ter com a cadeia da qual faz parte. As decisões podem ser no sentido de escolher o grau de verticalização ou horizontalização. Mas o que significa isso? Vejamos: Verticalização Resumidamente, pode-se dizer que é um modelo de atuação em que se controla a cadeia, não a parceria; a empresa produz tudo internamente ou grande parte do que utiliza em seus processos. Escolher o grau de verticalização abre espaço para iniciar as discussões de parcerias e terceirização. Horizontalização É um modelo de atuação em que uma instituição foca em uma etapa do processo e terceiriza as demais, atuando com empresas parceiras, ou por melhoria de qualidade, ou por redução de custos. Com a ampliação do cenário competitivo, essas parcerias são cada vez mais necessárias; inicialmente, a integração vertical foi o modelo adotado. A busca atual é de gerenciamento da cadeia de suprimento, que pode ser definida como: rede de organizações envolvidas por meio de vínculos em todas as etapas do processo de produção e em atividades que produzem valor na forma de produtos e serviços destinados ao consumidor final. Como exemplo, pode-se citar um fabricante de camisas. Este faz parte de uma cadeia de suprimentos, que se estende dos produtores das camisas aos produtores de tecidos, fibras e ao distribuidores e revendedores finais. Christopher (2007) diz que cada uma dessas organizações, por definição, depende da outra, e, no entanto, paradoxalmente, por tradição, não cooperam em alto grau entre si. Para a visão atual, isso é muito ruim, pois o planejamento de forma integrada traz grandes vantagens competitivas. Integrar-se à cadeia é uma forma de obter êxitos nas operações, pois isso resulta em operação enxuta, com baixo custo e boa flexibilidade. Vejamos um exemplo de cadeia a seguir: 50 Unidade II Re vi sã o: S ue li/ Vi to r - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 0/ 08 /1 2 Fornecedores de materiais Fornecedores de componentes Fornecedores para submontagem Fábrica Depósitos principais Centros de distribuição Lojas varejistas Cl ie nt es O quê, Quanto, Quando, Onde Produto, Preço, Onde, Quando, Como Receber/Pagar, Condições Pgto. Fluxos PrincipaisSuprimento Demanda Caixa Figura 18 O fluxograma apresentado resume as operações de uma organização para atender a uma determinada demanda. Perceba que o sentido de cadeia é amplo, são vários elos, cada um fazendo sua parte para que o sistema funcione bem. Nessa cadeia de suprimento, a integração faz a diferença, o fluxo de informação entre as partes facilita as operações de cada um dos elos, e mesmo assim as dificuldades são grandes: • relacionamentos de poder Quem detém o maior poder na cadeia detém para si o maior ganho (assimetria de ganhos). As montadoras de automóveis têm uma cadeia grande: chega-se ao ponto em que os fornecedores não ditam os preços que querem pelas suas peças, são as próprias montadoras que dizem quanto querem pagar. Com as grandes redes de supermercados como Pão de Açúcar, Carrefour e Walmart, os fornecedores, com exceção da Nestlé, Unilever e gigantes organizações, não ditam regras, e sim recebem imposições de quanto vão pagar, de quanto querem, e de qual é o prazo de pagamento. Não há uma relação de negociação ganha, assim, atende-se somente às expectativas de uma das partes. • falta de integração entre os elementos da cadeia O fluxo de informação entre os elos é essencial para que a cadeia funcione como um conjunto, não em partes. 51 Re vi sã o: S ue li/ Vi to r - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 0/ 08 /1 2 Fundamentos e ImportâncIa da LogístIca Redes como o Pão de Açúcar trabalham com gerenciamento de estoque pelo fornecedor, com alguns produtos em que a reposição é automática, de acordo com o consumo. Isso reduz a ruptura de estoque. No entanto, as pequenas empresas não conseguem ter esse funcionamento integrado. O setor de planejamento, a exemplo do que ocorre com as montadoras automobilísticas, planeja a cadeia como um todo, e não somente sua produção e vendas. A fábrica de caminhões de Resende, no Rio de Janeiro, funciona como um condomínio industrial, em que os principais parceiros estão dentro da planta da fábrica. Vejamos: Sistemas: - Cabine - Bancos e painel de instrumentos - Pintura - Motor - Rodas e pneus - Chassis - Sistema Suspensão Tamet VDO MWM/Cummins Remon Rockwell Iochpe Maxion Aprovação final Eisenmam Truck & Bus Quais os ganhos para a VW? Quais os ganhos para os parceiros? Quais as dificuldades? Figura 19 O sistema de produção modular é um sistema aberto de produção e consiste numa ampliação do conceito de condomínio industrial, em que os fornecedores se localizam dentro da fábrica ou próximos a ela para aumentar sua integração na cadeia logística. Nesse modelo, os fornecedores e parceiros trabalham dentro da planta e no interior do próprio processo produtivo, em seus respectivos módulos, de maneira integrada. No consórcio modular, o fornecedor é um parceiro que ajuda a reduzir custos e investimentos, pessoal e espaço físico, bem como a aumentar a eficiência e a produtividade e tornar mais flexível o sistema produtivo. 52 Unidade II Re vi sã o: S ue li/ Vi to r - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 0/ 08 /1 2 Exemplos de Aplicação Você acha que esse modelo é funcional? ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ . Saiba mais Para se inteirar sobre o tema cadeia no setor automobilístico, acesse: <http://www.rds.net.br/rds/public/files/DissertacaoRicardoSoares.pdf>. • Falta de transparência nos custos da cadeia Em busca de vantagens superiores a dos parceiros ou até mesmo pela falta de confiança no funcionamento como parceiro, os custos não são abertos para que todos conheçam os ganhos e as possibilidades da cadeia. • Não compartilhamento de riscos conjuntos Um fabricante não deve pensar que apenas vende um produto, como o couro para o setor calçadista; o tecido para a confecção, mas sim se enxergar como parte integrante de um comércio, buscando fazer parte do negócio do calçado e do negócio da confecção. O empreendimento é mais do que o produto ou serviço, e, nesse contexto, correr riscos pelo negócio torna o conjunto mais forte. Christopher (2002) aponta algumas questões para se proteger dessas fragilidades citadas: • Quais são as exigências de serviços para cada segmento de cliente? • Como a integração operacional pode ser atingida dentro do canal de distribuição? • Qual é o sistema de distribuição que melhor minimiza os custos e oferece níveis competitivos de serviços? • Quais tecnologias de manuseio/armazenagem de materiais facilitarão a realização dos objetivos do serviço com ótimos níveis de investimentos em instalações e equipamentos? • Os procedimentos atuais de gestão de estoques podem suportar as demandas de serviços? 53 Re vi sã o: S ue li/ Vi to r - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 0/ 08 /1 2 Fundamentos e ImportâncIa da LogístIca • Quais são os sistemas de informação necessários para obter a eficiência máxima nas operações logísticas? • Há oportunidades de redução de custos com transporte em curto e longo prazo? • Como os recursos deveriam serorganizados para alcançar melhores resultados operacionais e de serviços? • Quais são as mudanças necessárias para alcançar melhor desempenho? • Como introduzir essas mudanças? 4.1 Usando a cadeia de suprimento para competir O setor de computadores pessoais (PCs) ainda engatinhavam quando, em 1983, o estudante de medicina Michael Dell começou a comprar de revendedores locais sobras de estoques de PCs IBM já ultrapassados. No próprio dormitório da faculdade, Dell fazia um upgrade nas máquinas e depois as revendia a preços baixos para ávidos clientes. Pouco tempo depois, ele abandonou os estudos para se concentrar em seu crescente negócio de computadores. Em 1985, a DELL computadores deixou de fazer upgrades em IBMs antigos para construir suas próprias máquinas. Mesmo assim, a Dell se diferenciava de outros fabricantes de computadores da época. As máquinas em si não tinham nada de extraordinário em termos tecnológicos, o diferencial era o modo como eram vendidas: diretamente ao consumidor. Isso proporcionava à empresa uma vantagem única em relação aos fabricantes estabelecidos. O modelo de negócio da Dell1 Enquanto os líderes do setor disputavam entre si o lançamento de PCs com tecnologia cada vez mais rápida e impressionante, pouca atenção era dada ao gerenciamento da cadeia de suprimentos. Os computadores que eles produziam eram invariavelmente fabricados a partir de previsões de demanda, e, devido ao modo como eram vendidos — em lojas, em revendedores e em canais autorizados de integração, ficavam parados nos depósitos ou nas próprias lojas cerca de dois meses antes de serem adquiridos por um consumidor. Essa situação expunha os fabricantes a um duplo risco inerente, criado pela dinâmica e pela economia do setor. Em primeiro lugar, os custos dos componentes vêm caindo desde a criação do setor, especialmente os poderosos processadores, que haviam reduzido seu preço a uma média de 30% ao ano. Quanto mais tempo se leva para vender esses componentes, menor fica o seu valor. Historicamente, os custos desses equipamentos respondem por cerca de 80% do custo total de um PC. Em segundo lugar, há o risco de que repentinamente ocorra uma mudança na tecnologia, e isso pode tornar obsoletas diversas mercadorias. Milhões de dólares seriam perdidos, e os fabricantes seriam forçados a compensar os revendedores para desafogar seus estoques. 1Adaptado de: CHRISTOPHER, M. Logística e gerenciamento da cadeia de suprimentos. Tradução: Mauro de Campos Silva. 2. ed. São Paulo: Thomson Learning, 2007, p. 22. 54 Unidade II Re vi sã o: S ue li/ Vi to r - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 0/ 08 /1 2 Ao vender diretamente ao consumidor, a Dell era capaz de configurar e montar cada PC encomendado, e isso lhe permitia manter sua vantagem de custos sobre os concorrentes convencionais. As máquinas da Dell, com suas configurações encomendadas e com preços mais em conta, eram uma opção atraente para consumidores que se sentiam confiantes para fazer uma compra direta. Com o crescimento do uso da internet, a metodologia de venda direta foi ainda melhor. Em seis meses de operação na rede, a Dell alcançava US$ 1 milhão em vendas por dia, e com um crescimento de 20% ao mês. No máximo em 36 horas após a encomenda feita pela internet, os PCs configurados pelos próprios consumidores saem das linhas de produção para os caminhões de entrega. De fato, mais de 80% das encomendas da Dell foram montadas, customizadas e despachadas em oito horas. Foi gasto mais tempo testando as máquinas e carregando os softwares do que na montagem. Para a maior parte das vendas diretas ao consumidor, a Dell podia esperar receber o pagamento em 24 horas, prazo iniciado a partir do momento que se fazia a encomenda, enquanto a Compaq, líder de mercado global da época, tinha de esperar em torno de 35 dias pelo pagamento. Outras empresas que faziam vendas diretas só conseguiam converter um pedido em dinheiro após duas semanas. As próprias operações da Dell são constantemente reexaminadas, a fim de eliminar dos processos de aquisição e montagem cada momento possível de tempo sem valor. Como resultado, o número total de intervenções ou “toques” envolvidos na manufatura de um PC da Dell foi reduzido a 60, contra uma média no setor em torno de 130. Em relação a suprimento, a Dell também trabalha para minimizar o estoque e aumentar o retorno do capital empregado. Muitos componentes não são encomendados de um fornecedor antes de a instituição receber o pedido de um consumidor. Para atingir tais níveis de cooperação e integração, a empresa reduziu progressivamente o número de fornecedores de 204 empresas em 1992, para apenas 47, em 1997. Os números finalmente superariam os níveis de 1992 à medida que aumentava a variedade de produtos, mas, em 2003, cerca de 30 fornecedores entregavam 75% dos insumos diretamente para a empresa. A maior parte dos fornecedores da organização mantém o estoque de oito a dez dias em armazéns situados a não mais de 15 minutos das fábrica da Dell no Texas, na Irlanda e na Malásia. A empresa decidiu que era preferível comprar de fornecedores próximos de suas instalações, e não de localidades mais distantes no exterior, mesmo que os custos de fabricação fossem mais altos. Ligações por meio da tecnologia da informação (TI) com fornecedores importantes permitem à Dell programar as linhas de produção em suas fábricas a cada duas horas. Os fornecedores têm 90 minutos para tirar o material da prateleira e entregá-lo na fábrica da Dell. Eles têm acesso ao estoque central e são responsáveis pelo ressuprimento nas centrais e pela entrega às fábricas em consignação. As submontagens acabadas e grandes 55 Re vi sã o: S ue li/ Vi to r - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 0/ 08 /1 2 Fundamentos e ImportâncIa da LogístIca em tamanho, como monitores e autofalantes, têm tratamentos diferentes. Estes não são despachados para as fábricas da Dell, são enviados diretamente para o consumidor a partir da central do fornecedor (localizada próximo ao mercado, e não perto das instalações da Dell), o que significa uma economia para a empresa de US$ 30,00 por item nos custos de transporte. A Dell é cobrada pelos componentes somente quando eles deixam o depósito do fornecedor em resposta a um pedido do consumidor. O fornecedor recebe o pagamento 45 dias depois. A organização empenha-se em manter dois fornecedores para a maior parte dos seus componentes, mas alguns itens, como os chips da Intel, têm apenas um fornecedor. Por se comunicar diretamente com os consumidores, a Dell é capaz de ajustar a demanda orientando os consumidores para certas configurações, de acordo com componentes prontamente disponíveis. Esse modelo lhe permite ter estoque para apenas quatro dias, enquanto muitos de seus concorrentes continuam mantendo um estoque para até 30 dias. Saiba mais Para ter maiores informações sobre o texto apresentado, leia: CHISTOPHER, M. Logística e gerenciamento da cadeia de suprimentos. São Paulo: Thompson Learning, 2007. Exemplos de Aplicação Esse processo da Dell mudou o modelo de cadeia de suprimento? ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________.4.2 Decisões logísticas Citamos muitas decisões que devemos tomar no contexto logístico, e agora vamos focar essas decisões por área de atuação: 56 Unidade II Re vi sã o: S ue li/ Vi to r - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 0/ 08 /1 2 Estratégia de estoque Essa estratégia significa definir qual será o nível de estoque, o seu giro, a frequência de reabastecimento, e os custos de estoque. Exemplos de Aplicação Comente como a Dell enxerga a estratégia de estoque: ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________. Estratégia de localização Essa operação define se a instituição terá estoques centralizados, descentralizados, ou um misto deles, bem como os custos de armazenagem. Exemplos de Aplicação Como a Dell encara a questão de localização dos seus parceiros? Isso trouxe vantagens ou não? ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________. Estratégia de transporte Essa estratégia define qual modal irá utilizar, a frequência de entrega, os prazos de entrega e os custos de transporte. Essa tomada de decisão pode agilizar as operações, aumentar os custos, e agilizar a separação, a localização e a distribuição dos itens. 57 Re vi sã o: S ue li/ Vi to r - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 0/ 08 /1 2 Fundamentos e ImportâncIa da LogístIca Lembrete O ponto principal do planejamento logístico é a capacidade de formar parcerias, bem como terceirizar ou agregar-se a outras empresas para ter maior capacidade de realização. 4.3 Outsourcing — terceirização ou parcerias Essa prática requer uma estratégia planejada por várias empresas, em que uma depende da outra. É algo bem complexo. Em muitas situações, as corporações não têm condições de realizar essas operações, pois perderiam o foco do negócio que dominam. Então, surge a necessidade de buscar parceiros eficientes. E isso foi reforçado pela evolução dos meios de comunicação, como a internet e a rádio, além da evolução dos meios de transporte, com sua variedade de modelos. Observação As técnicas de produção modernas também resultaram em maior capacidade produtiva, mudando o layout com maior flexibilidade. As facilidades e oportunidades de localização tornaram as empresas globais. Com a complexidade das operações e com o acirramento da competição, as organizações foram forçadas a focar suas competências essenciais, assim, o processo logístico, antes realizado internamente, passou a ser adquirido de terceiros. Nascia, então, a necessidade de terceirizar. Cada empresa terceiriza por um motivo, veja a figura a seguir: % de citações Todos os setores Reduzir custos Foco no care business Aumentar os níveis de serviços logísticos Trazer maior eficiência na execução das atividades operacionais Reduzir os investimentos em ativos Adquirir maior flexibilidade nas operações logísticas Realizar serviços especializados de maior valor agregado Trazer maior know-how para geração de novas soluções logísticas Aumentar o controle das atividades logísticas Expandir mercados Melhorar as tecnologias de informação utilizadas 81% 73% 73% 73% 72% 66% 56% 53% 46% 43% 43% Figura 20 58 Unidade II Re vi sã o: S ue li/ Vi to r - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 0/ 08 /1 2 O processo de terceirização concentra-se inicialmente em transporte e armazenagem, atingindo a produção (Contract Manufacturing) e depois os provedores logísticos, coordenando parte ou toda a cadeia. Por fim, inicia o processo de parcerias estratégicas. Essas parcerias são relações duradouras, em que empresas compartilham riscos e participam de processos de melhoria. São atores desse processo, a instituição e seus fornecedores de primeiro nível e os provedores logísticos, que passam a se integrar mais aos processos na cadeia de suprimentos. Os fornecedores de serviços logísticos podem oferecer os mais variados serviços, que são customizados de acordo com as necessidades de cada cliente, tais como: • embalagem; • armazenagem; • transporte e distribuição; • rastreamento de cargas e materiais; • cross-docking; • logística reversa pós-venda; • uma combinação das atividades, podendo, inclusive, gerenciar toda a cadeia de suprimento de seu cliente. Transporte de suprimentos Transporte de distribuição Desembaraço aduaneiro Transporte de transferência Gerenciamento de risco no transporte Logística reversa Armazenagem Gerenciamento do Transporte Intermodal Definição do perfil de frota Definição de rotas Desenvolvimento de projetos / Soluções Milk Run Cross docking Gestão integrada das operações logísticas Montagem de kits Auditoria de fretes Serviço ao cliente Gestão de estoques 94% 92% 88% 86% 79% 66% 64% 61% 51% 50% 48% 42% 41% 26% 26% 25% 18% 10% 20% 40% 60% 80% 100%0% B B B B I I I I I S S S S S S S S I Básicas Transportes Intermediárias Armazenagem Sofisticadas Outras B I S Atividades Atividades % de citações Figura 21 - Principais atividades logísticas terceirizadas 59 Re vi sã o: S ue li/ Vi to r - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 0/ 08 /1 2 Fundamentos e ImportâncIa da LogístIca Resumo Esta Unidade trouxe uma visão sobre a integração logística, apresentando a aplicação da missão logística por meio da atuação em parceria, saindo da integração vertical para a gestão da cadeia de suprimento. Também destacamos que a situação de competição que as empresas enfrentam exige planejamento logístico, a fim de agregar valor aos produtos ou serviços ofertados no mercado. Apresentamos uma visão de cadeia de operações logísticas e os níveis de integração para agregação de valor à cadeia. E usar a gestão em cadeia é uma ferramenta crucial de competição. Ressaltamos, ainda, que a necessidade de melhoria no atendimento ao cliente deve ser observada em um conceito chamado de “Oportunidade de Alavancagem Logística”. Essa melhoria busca oportunidade de crescimento, uma vez que está atuando em busca de satisfazer o mercado. Pode ser atendida por meio de alguns pontos, como: serviços personalizados, estratégia de canal de distribuição, relacionamento com cliente e melhor utilização da capacidade produtiva. Esta Unidade ainda abordou conceitos de sistemas logísticos, ou seja, a escolha de como vai se relacionar na cadeia da qual faz parte, de maneira vertical ou horizontal. Isso vai formar o conceito de poder na cadeia, definir o quanto vai controlar os processos ou buscar parcerias para as operações. Exercícios Questão 1. (ENC de Administração 2001 - questão 30) Sabe-se que a capacidade calculada de produção de uma célula é função da utilização real da capacidade instalada e da eficiência de seu uso. Uma célula de trabalho de uma empresaé formada por cinco máquinas, que são operadas oito horas por dia, durante seis dias na semana. Historicamente, a utilização de cada célula tem sido de 50%, devido à manutenções periódicas necessárias, sendo que ela é operada com uma eficiência de 110%. Qual a capacidade (semanal) calculada de cada célula? A) 108 horas. B) 120 horas. C) 132 horas. D) 240 horas. E) 528 horas. Resposta correta: alternativa C. 60 Unidade II Re vi sã o: S ue li/ Vi to r - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 0/ 08 /1 2 Resolução do exercício Uma célula tem cinco máquinas que são operadas oito horas por dia, portanto, juntas elas tem um total de 40 horas diárias e, portanto, 240 horas semanais, ou seja: 5 máquinas x 8 horárias diárias x 6 dias por semana = 240 horas. No entanto, a utilização da célula tem sido de 50%, o que reduz essas 240 horas teóricas em 120 horas realmente produtivas, ou seja, 240 semanais teoricamente disponíveis x 50% de utilização = 120 horas semanais. Finalmente cada hora efetivamente de produção é trabalhada com uma de 110%, ou seja, é como se cada hora rendesse 10% a mais. Em outras palavras, é como se as horas efetivamente utilizadas fossem 120 horas x 1,10 de eficiência = 132 horas. Assim nessas condições a capacidade calculada é de 132 horas semanais. Questão 2. (ENC de Administração 2003 - questão 32) A Maçã Verde Produtos Agrícolas Ltda. está estudando os custos de distribuição de seus produtos. Existem três possibilidades para o transporte das maçãs produzidas desde a fazenda até o armazém de distribuição da empresa localizado na cidade de Natal. A tabela a seguir mostra os custos dos diferentes tipos de transporte, o número de dias para a entrega por tipo de transporte e o custo de manutenção do estoque em trânsito por dia (principalmente refrigeração). Tipo de transporte Aéreo Marítimo Rodoviário Custo do frete por tonelada R$ 100,00 R$ 20,00 R$ 50,00 Tempo de entrega 3 dias 40 dias 20 dias Custo da manutenção do estoque em trânsito, por tonelada, por dia R$ 10,00 R$ 2,50 R$ 3,00 Colocando-se em ordem crescente de custos totais os diversos tipos de transporte, tem-se: A) Rodoviário, marítimo e aéreo. B) Rodoviário, aéreo e marítimo. C) Aéreo, marítimo e rodoviário. D) Marítimo, rodoviário e aéreo. E) Marítimo, aéreo e rodoviário. Resolução desta questão na plataforma.
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