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Odete Amanda – UCSal – 2017.1 Universidade Católica do Salvador Instituto de Ciências Exatas e das Engenharias Curso: Licenciatura em Matemática Geometria Analítica 1 1. Álgebra Vetorial 1.1 Introdução: A utilização da linguagem vetorial permite uma descrição elegante e unificada dos principais resultados da geometria Euclidiana bem como possibilita uma transição natural da formulação axiomática para a descrição analítica (em coordenadas) dessa mesma geometria. Nesta primeira parte do curso, estudaremos o básico da linguagem vetorial. Antes, porém, no intuito de motivá-los, vamos entender um pouco do papel fundamental que os vetores desempenham nas ciências naturais. Para entendermos o papel que os vetores desempenham nas ciências, começamos observando que, por um lado, diversas grandezas físicas ficam completamente determinadas por um único valor (um número real), num sistema de unidades. Assim por exemplo o volume de um corpo fica especificado quando dizemos quantos metros cúbicos esse corpo ocupa, bem como a massa, a temperatura, a carga elétrica, a energia, etc. Grandezas que ficam determinadas por um único valor real são denominadas grandezas escalares. Por outro lado, diversas grandezas físicas exigem para sua completa determinação, além de um valor numérico o conhecimento de sua direção orientada. Tais grandezas são denominadas grandezas vetoriais ou, simplesmente, vetores. O exemplo mais simples e ilustrativo é o deslocamento de um corpo. Se um corpo se move do ponto A para o ponto B, dizemos que ela sofreu um deslocamento de A para B. Para sabermos precisamente o deslocamento de um corpo precisamos conhecer o quanto ele se deslocou (a intensidade do deslocamento), mas também em que direção ele se deslocou. Pelas mesmas razões apresentadas serão grandezas vetoriais: a velocidade, a aceleração, a quantidade de movimento, a força(1) e o torque(2) . É importante que observemos que para as grandezas escalares uma parte significativa da utilidade de medi-las, isto é, associar-lhes um número, provém da riqueza de estruturas que possuem os números: estes podem ser somados, subtraídos, comparados, etc. Para que as grandezas descritas vetorialmente sejam úteis (tanto para a ciência como para a própria geometria) temos que construir no conjunto dos vetores estruturas análogas. Assim, também nesta primeira parte do curso, descreveremos e construiremos diversas operações vetoriais e suas interpretações. (1) Força: s.f. Física - Pode significar poder, energia, impulso. Com origem no latim, trata-se de uma grandeza vetorial, da qual não se tem uma definição precisa, única, expressa em palavras. (2) Torque: s.m. Física - Quantidade de torção exercida por uma força sobre um objeto. Torque é uma força que tende a rodar ou virar objetos. Você gera um torque toda vez que aplica a força usando uma chave de boca. Odete Amanda – UCSal – 2017.1 1.2 Segmentos Orientados Chamamos de segmento orientado a um segmento de reta que possui sua origem em um ponto e sua extremidade em outro. Tome-se, por exemplo, o segmento mostrado na figura 1. Na figura 1 o segmento de reta representado tem sua origem no ponto A e sua extremidade no ponto B. Escreve-se ̅̅ ̅̅ para indicar que o segmento sai de A para B. Dado um segmento ̅̅ ̅̅ , diz-se que o segmento ̅̅ ̅̅ é o seu oposto. A reta r, à qual pertence o segmento ̅̅ ̅̅ é dita reta suporte do segmento. Dizemos que um seguimento é nulo quando sua origem coincide com sua extremidade, isto é: A ≡ B. Dados dois segmentos orientados e não nulos ̅̅ ̅̅ e ̅̅ ̅̅ , como os mostrados na figura 3, dizemos que eles têm a mesma direção quando as suas retas suporte são paralelas ou coincidentes. Com relação ao seu sentido, dizemos que dois segmentos possuem o mesmo sentido quando, além de terem a mesma direção possuem a mesma orientação. Quando a orientação é oposta, dizemos que os segmentos são opostos. 1.3 Medida de um segmento Fixada uma unidade de comprimento, podemos sempre associar a cada segmento orientado um número real não negativo que é denominado medida (ou comprimento) do segmento em relação à dada medida. Os segmentos nulos têm medida (comprimento) igual a zero. r Figura 1 – Segmento de reta orientado ̅̅ ̅̅ . Figura 2 – Segmentos opostos. Figura 3 – Segmentos de mesmo sentido ( ̅̅ ̅̅ e EF̅̅̅̅ ) e de sentido contrário ( ̅̅ ̅̅ e ̅̅ ̅̅ ). E F Odete Amanda – UCSal – 2017.1 Indica-se a medida do segmento ̅̅ ̅̅ por med ( ̅̅ ̅̅ ). É claro que med ( ̅̅ ̅̅ ) = med ( ̅̅ ̅̅ )! 1.4 Equipolência Dizemos que dois segmentos são equipolentes quando eles possuem o mesmo comprimento, a mesma direção e o mesmo sentido. Observações: (1) Se os segmentos ̅̅ ̅̅ e ̅̅ ̅̅ são equipolentes, indicamos: ̅̅ ̅̅ ~ ̅̅ ̅̅ . (2) Se dois segmentos são nulos, eles são equipolentes. 1.4.1 Propriedades da equipolência de segmentos (1) Reflexiva: ̅̅ ̅̅ ~ ̅̅ ̅̅ (Todo segmento é equipolente a si mesmo.) (2) Simétrica: Se ̅̅ ̅̅ ~ ̅̅ ̅̅ então ̅̅ ̅̅ ~ ̅̅ ̅̅ (Se o segmento ̅̅ ̅̅ é equipolente ao segmento ̅̅ ̅̅ , o contrário também é verdade, isto é: o segmento ̅̅ ̅̅ é equipolente ao segmento ̅̅ ̅̅ .) (3) Transitiva: Se ̅̅ ̅̅ ~ ̅̅ ̅̅ e ̅̅ ̅̅ ~ EF̅̅̅̅ então ̅̅ ̅̅ ~ EF̅̅̅̅ (4) Dados um segmento ̅̅ ̅̅ e um ponto C, existe um único ponto D tal que ̅̅ ̅̅ ~ ̅̅ ̅̅ . (5) Se ̅̅ ̅̅ ~ ̅̅ ̅̅ então ̅̅ ̅̅ ~ ̅̅ ̅̅ . (6) Se ̅̅ ̅̅ ~ ̅̅ ̅̅ então ̅̅̅̅ ~ ̅̅ ̅̅ . 1.5 Exercício Considerando o prisma ao lado, cuja base é um hexágono regular, para cada classificação a seguir, destaque, se possível, dois pares de segmentos. Justifique sua escolha. 1) Segmentos de mesma direção. 2) Segmentos de mesmo sentido. 3) Segmentos de mesma medida. 4) Segmentos de mesma direção e sentido contrário. 5) Segmentos equipolentes. Figura 4 – Segmentos equipolentes.
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