Buscar

História Geral da Arte

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 48 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 48 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 48 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

NP1 
1.1. As definições de arte 
O conceito de arte é alterado de acordo com a época e a cultura. Pode ser 
separado ou não, como é entendido hoje na civilização ocidental, do 
artesanato, da ciência, da religião e da técnica no sentido tecnológico. Essa 
mutabilidade do conceito depende tanto daqueles que produzem os objetos 
que receberão a definição de obra de arte, quanto da sociedade na qual esses 
mesmos objetos são feitos. 
Assim, entre os povos ditos primitivos, a arte, a religião e o conhecimento 
acumulado não existiam de forma separada, tampouco existia a figura do 
artista como figura autônoma dentro dessas sociedades. Nesse momento arte 
é um conceito aplicado a certas habilidades que algumas pessoas possuíam 
para realizar algo. Esse sentido de arte está muito vinculado ao significado da 
palavra técnica. Para os gregos antigos do século 5 a.C. a palavra usada para 
definir arte, ou capacidade de realizar algo a partir de certas habilidades e 
conhecimentos, era "tekné", a qual etimologicamente deu origem à palavra 
técnica que usamos hoje. Para aqueles gregos havia a arte, ou técnica, de se 
fazer esculturas, pinturas, sapatos ou navios. 
O termo arte, com o passar dos séculos, e dependendo da sociedade em que 
se verificar a existência desse conceito, modificou-se bastante. Na Europa, 
durante vários séculos, o termo arte servia para designar uma atividade 
relacionada à capacidade de realizar objetos, pinturas, obras com muita 
qualidade, perícia e talento. 
Atualmente, arte é um termo relacionado à criação de imagens, sons, objetos, 
espaços, virtuais ou físicos, que contenham alguma qualidade plástica que se 
destaque a partir do ponto de vista da sociedade. O reconhecimento dessas 
qualidades plásticas, em geral, é feita por um crítico ou por alguém cuja opinião 
seja ouvida pela sociedade. É essa opinião, quando aceita pela sociedade 
dentro da qual ela foi emitida, e a sua aceitação que irão determinar o que é e 
o que não é arte, assim como o que é e o que não é obra-prima. 
 
 
1.2. As transformações da arte no tempo 
 
Para melhor compreender a enorme quantidade de informações, momentos, 
tendências e movimentos artísticos recorre-se geralmente a linhas do tempo ou 
linhas cronológicas, para assim permitir uma visualização sequencial dos 
diversos períodos que a arte percorreu na história humana. Porém, qualquer 
tentativa de estabelecer uma linha cronológica que organize temporalmente os 
diversos momentos pelos quais cada civilização constrói seus objetos 
artísticos, com seus valores sócio-culturais e técnicas específicas, esbarra na 
dificuldade de definir datas e conceitos exatos. Além disso, ao longo do tempo, 
certas classificações temporais que costumavam ser consideradas adequadas 
podem e vão sendo questionadas e alteradas. Um exemplo disso foi o 
Maneirismo que, tendo ocorrido no século 16, recebeu sua definição teórica na 
última década do século 19. Por isso, as linhas do tempo devem ser utilizadas 
dentro de um limite bastante claro: elas contribuem muito para compreender de 
uma maneira geral as transformações da arte ao longo da história, mas devem 
ser vistas com cautela quando se resolve estudar mais detalhadamente uma 
obra de arte, a vida de um artista ou um movimento nas artes plásticas com 
uma visão de estudioso mais específico. 
Portanto, é muito comum que certos movimentos artísticos ocorram 
contemporaneamente. Também é comum encontrar opiniões de autores que 
divergem entre si sobre um determinado assunto, data ou conceito. É também 
importante destacar que existem momentos de indefinição sobre a arte, que 
são os momentos de transição, em que um momento na arte muito bem 
definido está sendo substituído por outro, mas que ainda não está claro. 
Assim, nesta disciplina privilegiaram-se conceitos e definições mais 
cristalizadas e geralmente aceitas como corretas sobre a definição de arte e de 
quais objetos artísticos são realmente importantes. Mas, certamente, com o 
passar do tempo, essas noções poderão ser alteradas. 
 
A importância do estudo da arte na arquitetura 
 
As teorias no campo da arquitetura alimentam-se direta ou indiretamente de 
diversos outros campos do saber humano, e entre elas está a esfera do 
conhecimento produzido pelas teorias artísticas. Estas, por sua vez, possuem 
uma dinâmica mais intensa do que a arquitetura, por razões de sua própria 
materialidade e forma de produção. Por isso é fundamental desenvolver um 
olhar atento sobre o objeto artístico, suas concepções e teorias, sua forma de 
produção e investigar como em qualquer período da história, a arquitetura e a 
cidade (o edifício e os espaços abertos) sofreram influências significativas da 
produção artísticas. Por exemplo, o tratadista renascentista Leon Battista 
Alberti escreveu os Tratados da pintura, da escultura e o da arquitetura que se 
chama De re Aedificatoria. Nesse último tratado, o conceito de belo na 
arquitetura está relacionado com a música. 
Uma outra forma de influência e relação é a utilização das formas plásticas de 
um determinado movimento ou teoria artística aplicando-as diretamente em um 
projeto arquitetônico. É o exemplo que será apresentado a seguir. 
O arquiteto franco-suiço Le Corbusier estava muito ligado ao Purismo, 
movimento artístico que transformou alguns princípios do Cubismo no início do 
século 20. 
A Vila Stein – também conhecida como Villa Garches, Villa de Monzie, e Villa 
Stein-de Monzie – é uma residência unifamiliar que foi projetada por Le 
Corbusier e construída em 1927 em Garches, na França. No seu 
desenvolvimento o arquiteto utilizou um sistema construtivo que permite que as 
paredes não façam parte da estrutura (chamado de sistema independente). 
Apesar desse sistema, na época, não ser exatamente uma novidade, a forma 
de utilização e de criação de espaços com ele era algo ainda a ser explorado. 
Nesse projeto o arquiteto utiliza a sua experiência pessoal em artes plásticas 
para criar uma arquitetura diferenciada, combinando esse tipo de estrutura com 
um conceito de arte. Um dos objetivos era o de criar espaços arquitetônicos 
fluidos e livres, em contraponto ao espaço rígido da arquitetura tradicional e 
para explorar o sistema independente formado por pilares + lajes planas, 
necessário para a edificação. 
A partir do diagrama explicativo abaixo é possível visualizar como o arquiteto 
utilizou uma obra de arte, feita por ele mesmo, dentro dos princípios do 
Purismo para criar ambientes arquitetônicos. A expressão plástica do quadro 
(1) foi utilizada para definir os espaços da residência através da inserção de 
suas formas livres sobre uma retícula construtiva. A estrutura, composta pelos 
pilares e pelas lajes, é definida separadamente, e forma uma grade virtual (3). 
Nela o arquiteto posiciona paredes, escadas, pisos e divisórias, da mesma 
maneira livre como ele se expressa no quadro (2), resultando em um conjunto 
arquitetônico que é regular e diferente ao mesmo tempo (4). 
 
1 – Le Corbusier. Natureza morta com numerosos objetos, 1923. Óleo sobre 
tela, 114 x 146 cm. Fondation Le Corbusier. 
2 – Linhas principais de expressão do quadro anterior 
3 – Malha reticulada com distribuição da estrutura (pilares) e organização de 
espaços com eixos virtuais da Villa Stein. 
4 – Planta do primeiro andar da Villa Stein. Aqui está representado apenas este 
andar, mas os demais são semelhantes, em termos de conceito arquitetônico. 
 
A arte na Grécia antiga 
Foi a partir do século 5 a.C. que se deu o auge da arte grega. Nesse momento 
tem início a busca da representação do corpo humano de uma maneira mais fie
l à realidade visível que o compõe. Os gregos, amplamente influenciados pelos 
egípcios, basearam suas representações escultóricas nas observações diretas 
do corpo a ser representado, e não na reprodução de um conhecimento pronto 
que dizia como deveria seressa representação. Essa pesquisa constante pela 
representação mais fiel do corpo humano também se estendeu à pintura. A infl
uência da arte egípcia, apesar de ser limitadora, pois se baseava em regras de 
representação rígidas, deu uma contribuição importante à arte grega no seu au
ge: no Egito a representação tentava ser a mais detalhada e completa possível,
 e estimulou o artista grego a continuar explorando a anatomia dos ossos e mú
sculos, e a formar uma imagem convincente da figura humana, inclusive debaix
o das roupagens das esculturas. A busca da representação do movimento do c
orpo humano, e não apenas da sua forma, também fez parte da arte grega. Os 
jogos e exibições esportivas requisitavam estátuas que representassem o mais 
fielmente possível os chamados “atletas” da época. 
Apesar dessa intensa busca pela realidade, havia ainda na arte grega, principal
mente na escultura, alguma idealização do corpo humano. Isso significa que, m
esmo levando em consideração os aspectos físicos do corpo, as representaçõe
s deste não eram exatamente fiéis. Certas deformações na anatomia eram feita
s para tornar a estátua mais interessante à percepção do observador, ou para t
ornar o corpo representado em pedra com proporções mais equilibradas, busca
ndo atingir um ideal de beleza. 
 
 
Discóbolo 
Autor: Míron 
Cerca de 460 a.C. 
Cópia feita no período de Roma antiga. Museu Nacional, Nápoles, Itália. 
 
Esta famosa estátua reúne as inquietações de Míron, escultor grego, em busca
 da representação da figura em movimento. O ângulo de visão mais satisfatório
 – de perfil, com o rosto de frente para o observador da escultura –
 permite que se possa observar a elaborada composição, baseada em uma linh
a de curvas acentuadas que percorrem a estátua de cima a baixo, combinada c
om a ampla curva descrita pelos braços e pela linha dos ombros, prolongando-
se pela perna esquerda, que está retraída. A capacidade dessa escultura de tra
nsmitir um alto grau de realidade anatômica era uma das características da arte
 grega na época. 
 
A arte na Roma antiga 
A arte do antigo Império Romano do ocidente, foi muito influenciada pela cultur
a da Grécia antiga e pelos etruscos, estendendo-
se do século 8 a.C ao século 5 d.C., difundindo-
se por diversas expressões artísticas desde a construção de edifícios públicos, 
até a pintura afresco, a escultura, entre outras formas de manifestação artística
. Mas foi na arquitetura e na escultura que se pode visualizar com mais nitidez 
os avanços e influências da arte Romana clássica. 
A escultura da Roma Antiga desenvolveu-
se em toda a área de influência romana, com seu foco na metrópole, entre os s
éculos 6 a.C. e 5 d.C.. Em sua origem derivou da escultura grega, primeiro atra
vés da herança etrusca, e logo diretamente com a própria Grécia, durante o per
íodo helenista. Apesar da reconhecida influência da escultura grega em toda a 
Roma antiga, hoje se pode afirmar que os artífices romanos não eram meros c
opiadores. Houve importantes contribuições de sua parte para a escultura, prin
cipalmente na criação de esculturas feitas especificamente para grandes monu
mentos públicos, nas quais a capacidade de uma estátua de expressar significa
dos vinculados ao poder de Roma era algo fundamental e conseguido com muit
a dedicação e talento dos escultores da época. E na retratística, com a produçã
o de bustos, rostos, e perfis em relevo de grande qualidade. 
 
 
Augusto de Prima Porta 
Autor desconhecido. 
Mármore. Museu Vaticano, Itália. 
 
Acima, Augusto de Prima Porta, revelada em 1863 na villa de Augusto César, e
m Roma, Itália. Atualmente está exposta no Braccio Nuovo, no Museu do Vatic
ano. 
A estátua representa Augusto César, imperador romano, foi baseada no Dorífor
o de Policleto (escultor grego) do século 5 a.C, e foi talhada em mármore. Aind
a contém alguns resquícios de tintas douradas, púrpuras, azuis e outras cores 
com as quais ela foi policromada. 
 
 
A crise do Classicismo: a relação Oriente e Ocidente na Idade Média (476-
1453) 
A queda do Império Romano é assinalada pela conquista de Roma no ano de 4
76 pelos povos germânicos, combinada com a ascensão do cristianismo como 
religião oficial, a qual se impôs, paulatinamente, sobre as antigas crenças, tant
o as romanas como as das tribos germânicas, que passaram a ser tratadas co
mo pagãs. Esse processo teve lugar tanto no Ocidente como no Leste europeu.
 Em ambas as regiões, entretanto, permaneceu o desejo de retomar a pujança 
do antigo Império Romano. Assim, enquanto a parte Ocidental do continente as
sistiu, na Idade Média, à formação do Sacro Império Romano Germânico, na b
anda oriental conformou-
se o denominado Império Romano do Oriente ou Império Bizantino, cuja capital
 era Bizâncio ou Constantinopla (atual Istambul, na Turquia). A queda do Impéri
o Bizantino, com a tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos em 1453, 
marca o fim do período medieval. Essa época caracterizou-
se, no campo artístico, pelo predomínio dos temas da religião cristã, pela busca
 da representação do sagrado na pintura, na escultura e na arquitetura. Porém, 
a arte cristã medieval pode ser dividida em arte bizantina e arte medieval do Oc
idente. 
 
A arte cristã no Império Bizantino 
O Império Bizantino manteve-
se distanciado das influências dos povos bárbaros germânicos. Em Bizâncio e 
nas áreas sob seu controle, desenvolveu-
se uma arte cristã cujo auge ocorreu no século 6, no Império de Justiniano I, e 
que combinava influências da arte romana, da Grécia antiga e do Oriente Médi
o. A própria localização geográfica de Constantinopla (hoje Istambul na Turquia
), na fronteira entre o Oriente e o Ocidente, era favorável a essa confluência art
ística. 
Há que se considerar ainda a constante ingerência do clero cristão do Oriente s
obre a arte bizantina, o que contribuía para torná-
la profundamente religiosa. Ademais, o próprio Imperador do Oriente devia o se
u poder ao caráter teocrático do Império Bizantino, motivo pelo qual estimulava 
a produção de obras de arte, como mosaicos, nos quais era representado, com
 sua cabeça aureolada, geralmente ladeando a própria Virgem Maria e o Menin
o Jesus. Na arte bizantina, têm destaque a pintura parietal (em paredes), a pint
ura mural, as iluminuras, a tapeçaria e os mosaicos. 
 
Basílica de San Vitale, Ravena, Itália. 
Corte da Imperatriz 
Theodora. 
c. 524 
Mosaico no interior 
da Basilica de San 
Vitale. 
No período bizantino, o uso da cúpula apoiada sobre pend
entes e os arcobotantes possibilitaram aumentar significati
vamente o tamanho das edificações e, consequentemente 
o seu espaço interno. Mas apesar disso, e do aumento da 
quantidade de aberturas nas fachadas das construções as 
paredes ainda eram grossas, lisas e amplas. Os mosaicos 
e afrescos bizantinos tinham como uma de suas finalidade
s ornamentar e enriquecer essas extensas superfícies, tra
nsmitindo, ao mesmo tempo, as imagens de reis, rainhas, 
santos, santas, clérigos e os personagens da religião cristã
. 
A Basílica de San Vitale possui alguns dos mais interessan
tes afrescos do período bizantino, como se pode ver acima
 
 à direita. 
 
A arte cristã na Europa ocidental medieval 
No Ocidente medieval, caracterizado pelo feudalismo, a arte também foi predo
minantemente cristã. O próprio sistema feudal, marcado pela organização políti
ca fragmentada em feudos e pela divisão social em oratore (os que oram), bela
tore (os que guerreiam) e laboratore (os que trabalham, especialmente lavram 
a terra), era legitimado pela Igreja Cristã, pois essa forma de organização políti
ca e social era considerada a expressão da vontade de Deus na Terra, que so
mente podia ser interpretada e compreendida pelos clérigos. Neste sentido, a a
rte do Ocidente medieval voltava-
se em especialpara a representação dos desígnios divinos, com imagens do c
éu e do inferno, de modo a ensinar o caminho da salvação cristã à população, 
que em sua quase totalidade era analfabeta. 
Costuma-
se dividir a trajetória da História da Arte do Ocidente Medieval em três moment
os significativos: a arte românica, o Renascimento carolíngio e a arte gótica. A 
arte românica corresponde ao período do auge do feudalismo, sendo portanto 
a expressão artística da sociedade rural feudal acima descrita. A arte do Renas
cimento carolíngio foi aquela produzida durante o Império de Carlos Magno, a p
artir do ano de 800, em que se buscou a volta a padrões clássicos, apesar do p
redomínio da orientação religiosa cristã. Finalmente, a arte gótica desenvolveu-
se na crise do feudalismo, quando floresceram novamente a cultura urbana, as 
universidades e as ordens monásticas (cistercienses, franciscanos, dominicano
s e beneditinos), que contribuíram para a primeira reforma da Igreja cristã, no s
entido de sua reaproximação com os valores originais da fé. 
 
La Maestà. 
Duccio di Boninsegna. 
Pintura sobre madeira. 
1308-1311. Museu da Catedral, Siena, Itália. 
 
La Maestà, conhecida como A Virgem com Vinte Anjos e Dezenove Santos, é u
m amplo conjunto de várias pinturas, com frente e verso feita por Duccio di Bon
insegna, em 1308 para a cidade de Siena, Itália. A face da obra aqui mostrada 
representa a Virgem em majestade, flanqueada por anjos e santos. Essa obra s
erviu como referência para uma importante mudança na arte italiana: o período 
bizantino teve como uma de suas características a representação do corpo hu
mano de uma maneira simplificada, com alterações anatômicas que evitavam o
 reconhecimento do sexo das figuras, e outras modificações nas proporções de
 partes do corpo humano. A obra La Maestà estimulou outros artistas da época 
a modificar essa forma de representação, buscando uma pintura mais realista d
o ponto de vista físico, mais próximo à anatomia e fisionomia das pessoas daqu
ela região. 
Outra característica da pintura da época é a maneira utilizada pelo autor da obr
a para demonstrar a hierarquia na composição do quadro: a importância de cad
a personagem dentro da cena está diretamente relacionada ao tamanho da sua
 imagem, ou seja, quanto mais importante é a figura, maior é o seu tamanho. N
ão havia a preocupação em representar as imagens em escala real em relação 
ao conjunto, tampouco em criar profundidade através da redução de tamanho d
as figuras. Ou seja, cada figura é proporcional em si, mas não necessariamente
 em relação às outras imagens. Essa técnica somente surgiria séculos depois, 
no Renascimento.A composição é bastante nítida, feita com o propósito de valo
rizar a Virgem. Posicionada no centro, tem quase todos os olhares dos persona
gens que a cercam voltados para si. Para o observador é inevitável ter o olhar 
dirigido fortemente para o rosto d 
 
O Renascimento: a razão e a arte 
 
A palavra renascença significa nascer de novo ou ressurgir. Para os italianos, e 
principalmente os artistas florentinos do século 14, a arte que estava sendo 
produzida era considerada de qualidade porque recuperava aquela do período 
do Império Romano. E foi na cidade de Florença que esse sentimento se 
manifestou de modo mais intenso. Foi também nesse momento que um grupo 
de artistas se dispôs deliberadamente a criar uma nova arte e a romper com as 
idéias do passado recente, tendo como líder Filippo Brunelleschi, que ficou 
encarregado da conclusão da cúpula da catedral de Florença. Sua proposta era 
que as formas da arquitetura clássica (colunas, frontões, proporções, etc.) 
fossem livremente usadas para criar novos modos de harmonia e beleza. Para 
os grandes mestres da Renascença, os novos recursos e descobertas da arte 
nunca foram um fim em si. Sempre os utilizaram com o propósito de aproximar 
ainda mais do nosso espírito o significado de seus temas. 
 
É desse período a invenção de uma forma de representação que dominou 
durante alguns séculos a criação de imagens que reproduzem o mundo real: a 
perspectiva. Atribui-se a Filippo Brunelleschi a sua invenção, e apesar do 
surgimento de outras formas de representação, a perspectiva é usada até hoje, 
inclusive no mundo virtual da informática. 
 
 
 
A Santíssima Trindade 
Afresco, 1428 
Santa Maria Novella, Florença, Itália 
Masaccio (Tommaso de San Giovanni Valdano ou 
Tommaso de San Giovanni di Simone Guidi), 1401-
1428 
 
Este quadro gerou grande espanto devido à ilusão, 
criada pela disposição e proporção dos corpos, a 
qual fazia com que os fiéis imaginassem ali a 
extensão de uma outra capela, tal a realidade 
criada pelo uso da perspectiva. Na imagem à 
direita as linhas que estruturam o afresco 
convergem para o ponto de fuga, que se encontra 
na altura dos olhos do observador, “convidando-o” 
a participar da composição. 
 
A perspectiva, com seu método de representação quase científico, e de certa 
forma, matemático, também se inseria na visão dos mestres florentinos do 
século 15 que se voltaram para o uso da racionalidade como forma de explicar 
o mundo. A perspectiva, associada aos conhecimentos que esses artistas 
possuíam sobre a anatomia humana, proveniente de seus estudos em 
cadáveres, geravam imagens com uma exatidão que impressionava a todos os 
observadores da época. 
 
Enquanto na Itália, os florentinos buscavam a exatidão da representação 
através da perspectiva com ponto de fuga (perspectiva cônica) e com um 
profundo conhecimento da anatomia humana, no norte da Europa, Jan van 
Eyck, um artista flamenco, da região onde hoje se encontram os Países Baixos, 
buscava essa mesma exatidão, porém de outra maneira. A solução por ele 
adotada foi materializar a ilusão do mundo real através da cuidadosa e 
paciente composição de uma imagem pela somatória de detalhes precisos, 
reproduzindo, da maneira mais completa possível, o que os olhos viam no 
universo real. Apesar de van Eyck também se utilizar de uma característica da 
perspectiva, a de criar a ilusão de profundidade através da redução do 
tamanho dos objetos em um quadro à medida que se afastam do plano do 
observador, os detalhes é que convencem o espectador de que aquelas 
imagens são um espelho do mundo real. Para conseguir a exatidão da 
representação de imagens ele aperfeiçoou significativamente sua capacidade 
de pintar, inventando a pintura a óleo, que permite uma riqueza de detalhes 
muito rica. 
 
Uma das principais contribuições dos artistas, tanto na Itália (sul da Europa) 
quanto em Flandres (norte da Europa), foi a demonstração de que a arte 
pudesse ser usada não só para contar a história sagrada de uma forma 
comovente, e que era uma das principais preocupações da Igreja Católica, mas 
para refletir também um fragmento do mundo real. 
 
 
 
O casal Arnolfini 
Autor: Jan van Eyck 
1434. National Gallery, Londres, Inglaterra. 
 
Giovanni Arnolfini era um negociante italiano, que se 
estabeleceu em Bruges com sua esposa. O casal foi 
representado por van Eyck no interior de uma 
residência, que reflete o seu cotidiano. Isso é possível 
de se perceber devido ao alto grau de detalhamento 
realista que foi utilizado para mostrar elementos 
domésticos como o cãozinho (na parte inferior do 
quadro), as frutas (na mesa) e o espelho, na parede 
ao fundo. Esse espelho se converte em um 
interessante elemento no quadro, pois em uma 
observação mais detalhada é possível perceber nele 
a presença de outros personagens na cena. 
Apesar da aparente naturalidade e simplicidade da 
cena, são vários os elementos simbólicos que 
remetem ao matrimônio, representado de forma 
discreta pelo autor da pintura, como era hábito entre 
os artistas da época. 
 
Nesse ambiente, os artistas passaram a organizar-se em corporações, 
bastante fechadas, e que correspondiamaos sindicatos de hoje. A transmissão 
do conhecimento também era restrita: não havia escolas, e os interessados em 
aprender algo tinham que começar bem cedo, como jovem aprendiz de algum 
mestre habilitado. É nesse ambiente, no século 16, que se formaram algumas 
gerações de artistas e arquitetos mais importantes da Itália e que se tornariam 
referência para o mundo ocidental nos séculos seguintes, criando algumas das 
obras mais significativas da arte na Europa. Mas, ao contrário de outros 
períodos na história da arte, os artistas que hoje reconhecemos como grandes 
mestres já eram reconhecidos como tal naquela época. Nesse período o artista 
era tratado como indivíduo criativo, autor único de talento incomparável, 
quando reconhecido como tal por seus pares. A idéia do artista, e também do 
arquiteto, como ser criador, único ou principal, responsável pelas qualidades de 
sua obra, se consolida nessa época. É daí que provêm nomes da península 
itálica como Leonardo da Vinci, Rafael, Miguelângelo, Fra Angelico e Ticiano, e 
do norte da Europa, Albrecht Dürer e Hans Holbein e também de vários outros 
mestres famosos. Não é por acaso que durante a Renascença o artista 
consolida-se como mestre dotado de autonomia, não podendo alcançar fama e 
glória sem explorar os mistérios da natureza e sondar as leis secretas do 
universo. Para isso os artistas, principalmente depois de Alberti, deveriam ser 
completos: intelectuais, músicos, estudiosos da natureza em seus vários 
aspectos, letrados, filósofos. Essa situação é muito diferente do que acontecia 
antes, como já foi dito na apresentação deste texto. Até então o artista se 
confundia com o artesão, profissional que produzia desde objetos do cotidiano, 
como sapatos e roupas até pinturas e grandes esculturas, mediante 
encomendas específicas. A ascensão dos grandes mestres, em face de um 
preconceito que existia contra pintores e escultores, se deve em parte à 
necessidade que os nobres e ricos mercadores, desejosos de ascender 
socialmente, tinham de construir belos edifícios, fazer túmulos suntuosos, ou 
oferecer uma pintura para o altar-mor de alguma igreja famosa. 
 
Foi na arquitetura que essa mudança ocorreu de forma mais acentuada. Os 
mestres eruditos do século 15, conhecedores do passado clássico através dos 
escritos de Vitrúvio (construtor e escritos que viveu no império romano), 
buscavam realizar obras usando como referência a arquitetura de Roma e da 
Grécia antigas. O arquiteto renascentista buscava projetar e construir um 
edifício em que pudesse aplicar todo o seu conhecimento de proporção, 
simetria e regularidade, características daquela arquitetura. Donato Bramante 
tem essa oportunidade e realiza o Tempietto (pequeno templo) no início do 
século 16. Essa escolha também estava carregada do desejo de utilizar a 
razão, incrustada na matemática e na geometria, para criar formas perfeitas, 
segundo aqueles construtores. 
 
Leonardo da Vinci (1452-1519) foi aprendiz em uma importante oficina de 
Florença, e destacou-se como uma das mais capazes e ricas personalidades 
de todos os tempos. Estudou, ampliou os conhecimentos, criou e imaginou 
artefatos que somente viriam a se tornar realidade séculos depois. Atuou nas 
áreas de medicina, anatomia, engenharia militar, ótica, arquitetura, pintura, 
geometria, entre outros campos. Em uma das suas mais conhecidas obras, a 
“Monalisa”, Leonardo consegue superar os mestres anteriores, usando uma 
técnica de pintura denominada de “sfumato”, a qual possibilitou criar uma ilusão 
de vivacidade nunca antes conseguida na pintura de uma figura humana. 
 
Mona Lisa, ou La Gioconda 
Leonardo da Vinci 
1503-1507, óleo sobre madeira 
Museu do Louvre, Paris, França 
 
Neste detalhe do rosto da Mona Lisa se pode perceber o uso da técnica do 
“sfumato”: as pinceladas aparentes de uma pintura são retiradas usando verniz 
de madeira, que corrói a tinta, deixando um gradiente perfeito no local. Como 
consequência da técnica é quase impossível perceber pinceladas nesta e em 
outras obras de Leonardo da Vinci. 
O Maneirismo: clássico e anticlássico 
 
Outro grande florentino cuja obra tornou tão famosa a arte italiana do século 
16, foi Miguelangelo Buonarrotti (1475-1564). Em sua longa vida, foi 
testemunha de uma completa mudança na posição do artista dentro da 
sociedade. A sua capacidade de representar o corpo humano em qualquer 
posição ficou logo conhecida, e nisso superou todos os antigos mestres. Essa 
habilidade foi desenvolvida a partir do estudo da anatomia humana feita 
diretamente em cadáveres, como Leonardo da Vinci e outros artistas já haviam 
feito. 
 
Em uma de suas obras, a pintura do teto da Capela Sistina, é que se pode 
admirar toda a habilidade e imaginação de Michelangelo, em manipular a 
anatomia do corpo humano. Até hoje aquelas imagens nos seduzem e são 
reproduzidas pelo mundo inteiro, resultado de um árduo trabalho de 4 anos de 
extrema dedicação. 
 
Porém, Michelangelo não pode ser considerado um artista exclusivamente 
renascentista. Apesar de seu trabalho estar carregado de premissas 
semelhantes às de outros artistas da época, que acreditavam na razão como 
meio de intervir, conhecer o mundo e criar obras perfeitas, Michelangelo não se 
limitou a esse ideal. A partir de suas obras arquitetônicas (o vestíbulo com a 
escada da Biblioteca Laurenciana), urbanas (Piazza del Campidoglio, ou Praça 
do Capitólio, Roma, Itália, feita entre 1536 e 1546) e até mesmo da pintura (o 
teto da Capela Sistina), ele começa a criar uma posição anticlássica, que 
começa a se contrapor a uma certa rigidez clássica característica de obras de 
outros artistas mais antigas. Essa situação anticlássica pode ser percebida nas 
suas obras através de um elo em comum entre elas: a utilização de formas 
clássicas de uma maneira diferente, sem uma organização exclusivamente 
lógica e geométrica, buscando criar composições plásticas inovadoras através 
de novas maneiras de criar espaços, esculturas, pinturas, representações 
humanas, e até mesmo espaços urbanos. 
 
Essa posição de Michelangelo deu origem ao período chamado de Maneirismo, 
o que significa “à maneira de”, ou seja, de acordo com a vontade do artista. 
Tem início um momento na história da arte européia – que se contraporia ao 
Renascimento, de caráter clássico – que privilegiou os desejos pessoais eo 
talento individual dos artistas e arquitetos em criar arte segundo seus princípios 
pessoais, ao contrário de perseguir regras matemáticas, geométricas, ou, como 
já foi dito clássicas. O momento anticlássico começa e se manifestará de forma 
mais intensa no momento seguinte, o Barroco, e ficará a serviço dos interesses 
de uma das mais fortes instituições que havia na Europa naquele momento, a 
Igreja católica. 
 
Vista geral do interior do teto da Capela 
Sistina 
Michelangelo Buonarroti 
Maria e Jesus, detalhe do Juízo Final. 
Autor: Michelangelo Buonarroti 
1534–1541. 
Quando Michelangelo foi contratado para realizar o teto da Capela Sistina, ele 
já era um escultor e artista consagrado. Suas esculturas, com uma anatomia 
manipulada de forma magistral, graças a seus conhecimentos do corpo 
humano, já o definiam como um dos grandes artistas da transição entre o 
Renascimento e o Barroco. Ao ser chamado para realizar um grande trabalho 
de afresco, Michelangelo já havia realizado trabalhos de pintura, mas não 
desse porte. A escolha do artista foi inovadora: a sua pintura não seguiu os 
cânones renascentistas, optando por realizar a transposição de formas 
escultóricas e tridimensionais para um trabalho bidimensional. Daí a percepção 
de que as imagens no famoso teto da capela são representações de esculturas 
de caráter masculino, o que realça a plasticidade do conjunto que consumiu 
parte da vida e da saúde de Michelangelo. 
 
O Barroco: a invenção do movimento 
 
Omomento, na história da arte, que sucede ao Renascimento e Maneirismo, é 
chamado de Barroco, e originalmente esse nome fora dado àquelas obras 
como um meio de caracterizá-las como obras grosseiras, absurdas, ou seja, 
com um sentido pejorativo. Esse nome fora atribuído à arquitetura e às obras 
de arte produzidas durante o século 17, por homens que insistiam em que as 
formas das construções clássicas jamais deveriam ser usadas ou combinadas 
senão da maneira adotada na Antiguidade por gregos e romanos. 
 
 
Êxtase de Santa Teresa. 
Gian Lorenzo Bernini. 
1645 – 1652. Santa Maria della Vittoria, Roma, Itália. 
 
Este conjunto de estátuas (grupo) feito em mármore forma o centro da capela 
Cornaro, na qual a estrutura arquitetônica, as estátuas e os elementos decorativos 
formam um todo unitário, ou seja, um cenário completo. A representação do 
drama se materializa de maneira cenográfica no centro da capela. Em ambos os 
lados do local onde se encontram as estátuas abrem-se duas cavidades, como se 
fossem palcos, nas quais debruçam-se estátuas que representam a família 
Cornaro. 
A santa, arrebatada de amor divino, junta-se a seu esposo místico. A 
materialização desse ato espiritual tem uma explicação formal, em que estão 
presentes aspectos puramente carnais e eróticos. Essa ambiguidade, marcada 
pela convivência, na mesma obra, de referenciais do cristianismo e do paganismo 
constitui uma característica do período barroco, intencionalmente utilizada pelo 
autor da escultura. 
 
Esse rigor na utilização e na reprodução de formas provenientes da Grécia e 
da Roma antigas foi o critério utilizado por esses críticos para denominar as 
obras de arte de sua época, que não seguiam esses cânones clássicos, de 
“barroco” (era um termo comumente usado para denominar uma pérola 
imperfeita, com deformações). O que os arquitetos e artistas barrocos faziam 
era, aos olhos de seus críticos, modificar as regras clássicas e organizar suas 
obras segundo uma lógica e um raciocínio próprios, reinventando a maneira de 
usar as formas clássicas e até mesmo criando novas formas. 
 
Já no maneirismo, na igreja Il Gesù, de Giacomo della Porta (1538? – 1602) 
acontece isso: o uso das formas clássicas (frontões, colunas, capitéis) foi feito 
de uma maneira que não existia no passado. Além disso, della Porta empregou 
formas, como a voluta, posicionada na parte superior da fachada, que sequer 
existiam no passado clássico. No entanto é preciso ressaltar que essas formas 
aparentemente anti-clássicas não são meros caprichos, e estão, na verdade, a 
serviço da “composição formal” do edifício, e de uma organização melhor da 
estrutura da edificação. Isso significa que esses artistas e arquitetos não faziam 
essas invenções e modificações de uma referência clássica por mero capricho. 
Eles reconheceram e exploraram a capacidade de invenção que se 
transformaria mais tarde, com as devidas diferenças conceituais, em uma das 
buscas mais intensas nas artes plásticas e na arquitetura a partir do início do 
século 20: a obsessão da novidade. 
 
 
Fachada da Igreja Il Gesù em Roma, Itália (cerca de 1564). 
Autor: Giacomo della Porta 
 
A fachada da Igreja Il Gesù é representativa da utilização dos elementos 
clássicos de forma anti-clássica característica maneirista. Pode-se notar o 
frontão e o entablamento com reentrâncias e saliências, as pilastras duplas na 
parte superior. Na parte inferior notamos os plintos e pilastras duplas com 
portal com colunas e pilastras e frontão sob um arco. A maneira de compor 
todos esses elementos abre as possibilidades de busca do movimento 
desenvolvido e aprimorado no barroco. As volutas e as imagens em nichos 
quebram a bidimensionalidade do plano da fachada. Mas o mais importante é 
que a planta da igreja passa a ter nova forma, isto é planta em nave única, que 
será adotada em todo o período barroco. Por isso, Il Gesù, obra maneirista, é a 
precursora das inovações barrocas. 
 
Na pintura, assim como na arquitetura, também os artistas tiveram que recorrer 
a novos métodos de trabalho e que se aprofundaram no século 17: a ênfase 
sobre a luz e a cor; o desprezo pelo equilíbrio simples, e a preferência por 
composições mais complicadas. Começa também no século 16 uma prática, 
dentro da sociedade, que não havia anteriormente. Inicia-se a prática do 
debate sobre a arte e os seus “movimentos”, inclusive sobre questões de 
hierarquia (qual obra era a melhor dentre outras). 
 
 
Crucifixão de São Pedro 
Autor: Michelangelo Merisi, conhecido como Il Caravaggio 
1601. Igreja de Santa Maria Del Poppolo, Roma, Itália. 
 
A representação naturalista escolhida por Caravaggio, adota como modelo a 
realidade mais fiel possível à cena, e utiliza uma luz artificial, que ilumina de 
forma conceitual o espaço da composição de maior importância para o tema 
do quadro. Por isso, a luz incide de fora do quadro sobre a figura de São 
Pedro, captando com nitidez sua atitude diante do martírio de ser crucificado. 
A luz, dessa forma, auxilia Caravaggio a transmitir sua mensagem com 
veracidade. O santo tem uma expressão, entre temerosa e surpresa, que está 
muito distante da exaltação mística dos santos barrocos. Neste quadro, o 
personagem foi introduzido no seu drama, e sua instabilidade emocional é a 
melhor prova de que se trata de um homem real. 
 
 
 
 
 
 
 
 
NP2 
A arte na era das Revoluções 
 
O período compreendido entre os anos de 1776 e 1848 foi marcado, tanto na 
Europa como na América, por importantes movimentos que conduziram à 
transformação da sociedade ocidental. Esses movimentos foram: a Primeira 
Revolução Industrial, ocorrida inicialmente na Inglaterra a partir de 1750, e que 
modificou o modo de produção econômico e as próprias relações sociais na 
Europa; a Revolução Americana (1776), de que resultaram a independência 
dos Estados Unidos e o início da derrocada do Antigo Sistema Colonial no 
continente americano; a Revolução Francesa (1789), que pôs fim ao sistema 
feudal na França e as diversas revoluções que eclodiram em diferentes regiões 
da Europa no ano 1848, com base em ideais como o liberalismo, o socialismo e 
o nacionalismo, princípios novos que conduziram à derrubada, em toda a 
Europa, das relações políticas, econômicas e sociais que predominavam no 
continente desde a Idade Média. A produção artística desse período de 
intensas transformações também sofreu modificações importantes, como será 
observado a seguir. 
 
A laicização da arte e a Revolução Francesa 
 
A revolução francesa constituiu um dos mais importantes momentos da História 
da civilização ocidental, e foi responsável pelo estabelecimento dos princípios 
humanistas da igualdade, da liberdade e da fraternidade, que se contrapunham 
ao sistema de privilégios do Antigo Regime. Fundada nos ideais da 
racionalidade iluminista, a Revolução Francesa abriu as portas para uma nova 
forma de arte, que não mais expressaria a vontade divina, mas os anseios, 
dramas e práticas cotidianas dos próprios seres humanos. Foi neste sentido 
que a arte ocidental caminhou, a partir de então, na direção de sua constante 
laicização: os temas bíblicos foram substituídos, na pintura e na escultura, por 
temas mitológicos e do cotidiano burguês. Ademais, os artistas passaram a 
servir não mais à Igreja, doravante decadente como centro de irradiação do 
poder político, mas aos novos líderes políticos, em especial Napoleão 
Bonaparte, tornado Imperador francês em 1799, e que pretendeu estender a 
toda a Europa os ideais da Revolução Francesa e suplantar a sua principal 
rival, a Inglaterra, no campo econômico, como principal fornecedora de 
produtos industrializados para o velho continente e para o Novo Mundo. Em 
diferentes obras, a representação de temas da mitologia Greco-romana servia 
ao propósito de simbolização do carátereterno do poder, encarnado na figura 
de Napoleão. Particularmente, no que se refere à pintura, predominava o 
denominado academicismo, pois os artistas seguiam modelos e regras que 
eram aprendidas nas Escolas de Belas Artes. Entre os pintores do período, 
cabe destacar a atuação de Jacques-Louis David, artista oficial do Império 
napoleônico, cujas obras representam momentos históricos, cenas mitológicas, 
paisagens, além de retratos e nus, em geral carregados de realismo e emoção. 
 
A morte de Marat ou Marat assassinado (Marat assassiné). 
Jacques-Louis David. 
1793. Óleo sobre tela. Musées Royaux des Beaux-Arts de Belgique, Bruxelas, 
Bélgica. 
 
Essa pintura não retrata nenhum momento religioso, tampouco uma situação 
glorificadora, com musas imaginárias, imperadores, religiosos, ou guerreiros. 
Pelo contrário, ela mostra Jean-Paul Marat, revolucionário morto em sua 
residência por Charlotte Corday. O uso de temas políticos radicais na pintura é 
uma conquista da época, reforçada pela capacidade dos artistas de mostrar 
com muita fidelidade qualquer cena que desejassem pintar. 
 
A arte e a Revolução Industrial 
 
Realismo 
 
A pintura Realista desenvolveu-se principalmente na França, na segunda 
metade do século 19, paralelamente ao contínuo processo de transformação 
promovido, sobretudo nas cidades, pela Revolução Industrial. O Realismo 
consistiu numa nova estética, a qual se fundava no propósito de aplicar, no 
campo artístico, o mesmo rigor de interpretação e domínio da natureza 
conquistado no campo científico. Neste sentido, preconizava o abandono, na 
arte, da subjetividade e da emoção, caracterizando-se pela busca da 
objetividade, de modo racional. 
 
 
 
 
 
Principais características da arte realista: 
 
· A pintura apresenta cunho cientificista, pois visa representar o real com 
o mesmo grau de objetividade com que os cientistas analisam fenômenos 
naturais. A pintura realista apresentava portanto caráter documental. 
· Os artistas realistas não idealizam a natureza, nem buscam melhorá-la 
ao representá-la em suas obras. O belo está na própria realidade do modo 
como ela é, cumprindo apenas ao artista reproduzi-la em sua verdade. 
· As pinturas são marcadas pela sua sobriedade e pela minuciosidade da 
representação, revelando os aspectos próprios da realidade. 
· Em decorrência da ênfase na objetividade e na minúcia, as obras de 
arte realistas caracterizam-se por expressar o mais fielmente possível a 
realidade em detalhes, adquirindo um caráter descritivo. 
 
No Realismo, a obra de arte constitui veículo de denúncia das injustiças 
sociais, protestando, de forma politizada, em favor dos oprimidos e 
desfavorecidos, revelando a desigualdade existente entre a pobreza do 
proletariado e a riqueza dos burgueses. Alçados a heróis da sociedade 
industrial, os operários e miseráveis constituem temas privilegiados das 
pinturas realistas, em substituição aos heróis idealizados da pintura da época 
do Romantismo. 
 
Moças Peneirando o Trigo. 
Gustave Courbet 
1854. Museu de Belas Artes, Nantes, França. 
 
O principal representante do Realismo, na pintura, é Gustave Courbet (1819-
1877), que representou em suas obras, principalmente, cenas da vida cotidiana 
das classes trabalhadoras. Courbet era declaradamente socialista. Outro artista 
importante ligado ao Realismo é Jean-François Millet, homem muito religioso, 
amante da natureza e que trabalhara desde jovem no campo. Sua pintura 
representa sobretudo os vínculos entre o homem e a terra 
Além da obra pictórica de Courbet e Millet, cabe fazer referência, no Realismo, 
à produção do escultor Auguste Rodin, que se afastou dos princípios idealistas 
e procurou criar estátuas que representavam a realidade do modo como ela é, 
dando preferência a temáticas contemporâneas e à busca de registrar, em 
bronze, o momento específico de uma atitude, como na sua obra O Beijo. 
 
 
O Beijo (Le Baiser) 
Auguste Rodin 
Década de 1890. Escultura em mármore. Museu Rodin, Paris, França. 
 
Na escultura O Beijo de Rodin é possível observar as principais 
características da obra deste que foi o mais importante escultor realista. 
Sua importância reside, entre outros fatores, na sua ruptura com os 
padrões clássicos das esculturas buscando novas proporções e ensaiando 
torções e movimentos com forte inspiração em Michelangelo. 
 
Naturalismo 
 
A partir de 1830 surge uma nova forma de representação da realidade a partir 
das inovações que a máquina permitia: a fotografia. Os artistas perceberam o 
limite das possibilidades da arte na mimese do real. Abandonando um pouco 
as questões ideológicas (crítica social) do Realismo, os artistas naturalistas 
empreenderam uma caminhada na busca da reprodução fiel das paisagens 
urbanas ou não, sem o caráter idealizado do Realismo. Sua prática ocorria ao 
ar livre, característica adotada posteriormente também pelos impressionistas 
para garantir o contato direto com o real. Entre os principais artistas estão 
Theodore Rousseau (1812-1867) e Camille Corot (1796-1875). 
 
 
Forum visto do Jardim Farnese (1826) 
Jean Baptiste Camille Corot 
Papel montado sobre tela – Museu do Louvre, Paris 
 
Em sua fase italiana, Corot no início do século 19 privilegiava as paisagens 
elaboradas com volumes, cuja luz construía as formas a partir do contraste 
com as sombras. As tonalidades das cores complementam a construção 
minuciosa da paisagem. 
 
Romantismo 
 
No Romantismo os artistas afastam-se da representação do real. O seu 
interesse era o de representar valores sociais simbolizados nas próprias 
pinturas por figuras humanas, seus trajes e seus gestos e mesmo os objetos 
que portavam. 
 
A pintura adquire um caráter eminentemente retórico tornando-se um discurso 
sobre o real, representando as mudanças sociais e políticas decorrentes da 
ascensão da burguesia ao poder. Por esse motivo, as cenas do cotidiano, do 
povo e seus costumes são os preferidos pelos artistas. 
 
Um dos artistas mais representativos desse período foi Eugène Delacroix 
(1798-1863) autor do primeiro quadro político da história da arte, A Liberdade 
guiando o povo (1830). A ideia de liberdade estava impregnada de valores 
nacionalistas e de independência da pátria. 
 
 
A Liberdade guiando o povo (28 de julho 1830) 
Eugène Delacroix 
Óleo sobre tela 
Museu do Louvre, Paris 
 
Delacroix sintetiza nesta obra os principais elementos da pintura romântica: a 
sua forte carga emocional, o apelo a símbolos da nacionalidade e liberdade e 
que representavam a ideia de mobilização das camadas populares no 
caminho da libertação dos grilhões do Antigo Regime. 
 
A síntese da forma na obra pictórica de Paul Cézanne 
 
Um dos mais importantes artistas do Ocidente, e que influenciou muitas 
gerações de pintores, nas quais se incluem Pablo Picasso e Georges Braque, 
foi o francês Paul Cézanne (1839-1906). Ele não considerava que a arte 
tivesse como papel a fiel representação da realidade, nem o mero registro das 
impressões decorrentes dos sentidos, mas antes, a busca da interpretação do 
real. Noutros termos, segundo Cézanne, o artista não reproduz, mas interpreta 
a realidade. Tendo iniciado a sua carreira com obras de cunho sensual, como A 
Orgia, Cézanne destacou-se sobretudo, na História da Arte, pelo rigor técnico 
com que buscou a geometrização em suas pinturas, empregando com maior 
constância formas cilíndricas, esféricas e cônicas, tornando-se um precursor do 
Cubismo. 
 
Paul Cézanne. 
Monte Sainte-Victoire, visto de Bellevue. 
c. 1885. Óleo sobre tela. Barnes Foundation, Merion, Pennsylvania, EUA. 
A Montanha Sainte-Victoire foi pintada por Cézanne em diversas ocasiões. 
Como se estivesse à procura da descoberta da estrutura fundamental do 
espaço tridimensional representadono plano. Para Cézanne a natureza 
deveria ser representada pelos volumes puros, o cone, o cilindro, o cubo e a 
esfera. Essa perspectiva prenuncia o Cubismo. 
 
A busca da ruptura com os padrões clássicos: pintura, design e 
arquitetura 
A introdução da máquina como elemento fundamental do ciclo produtivo 
propiciou em meados do século 19 um debate exaustivo sobre a relação entre 
artesanato versus indústria e por conseguinte entre arte versus artesanato. Na 
Primeira Exposição Universal de 1851 realizada no Palácio de Cristal em 
Londres ficara patente a necessidade de adequar as formas dos objetos 
produzidos artesanalmente pelo homem aos novos tempos, agora os da 
máquina. Formou-se então na Inglaterra um movimento denominado Arts and 
Crafts liderado por artistas como William Morris (1834-1896) e John Ruskin 
(1819-1900) que rejeitavam a forma de produção industrial. Defendiam o 
artesanato e buscavam nas corporações e guildas da Idade Média uma saída 
plausível para a organização da produção nos novos tempos. Mais no final do 
século 19, no entanto, surge na Europa um movimento antagônico ao Arts and 
Crafts nos seus objetivos. Com diversas denominações, a Arte Nova, ou Art 
Nouveau pretendia avançar a questão da produção em série a partir dos novos 
materiais: o ferro e o vidro. Por isso, era necessário buscar novas formas, que 
rompessem com o clássico, já que produzir nesses padrões implicava no 
artesanato. No entanto, as formas e as referências utilizadas pela Arte 
Nova para romper com o clássico tinham forte influência da pintura oriental, 
com utilização de formas da natureza, portanto linhas curvas e com temas 
florais. Nesse sentido, a tentativa viu-se frustrada para alcançar rapidamente 
uma solução para a produção em série dos objetos, acessórios da construção 
e da própria edificação. Rapidamente os arquitetos e artistas perceberam que 
as formas da Arte Novanão implementariam a produção racional e industrial. O 
trabalho manual continuava a ser necessário para obter os resultados formais 
pretendidos. 
Já na primeira década do século 20, mais precisamente em 1907, na Alemanha 
é fundada a Werkbund, uma sociedade de artesãos e artistas com o objetivo de 
relacionar a arte e a indústria através do ensino e da propaganda. 
Diferentemente do movimento inglês Arts and Crafts, aWerkbund concilia a 
máquina na produção artística de forma e abrir terreno seguro para que Walter 
Gropius (1883-1969), em 1919 fundasse em Weimar, também na Alemanha, a 
primeira e mais importante escola de arte, design, arquitetura e urbanismo, 
a Bauhaus (1919-1933). 
 
Pontilhismo 
O Pontilhismo foi uma iniciativa tomada por alguns artistas europeus no final do 
século 19, e que se baseava em uma propriedade do olho e do cérebro 
humano de reunir certos elementos visuais – neste caso um conjunto de 
milhares de pontos coloridos – e a partir deles construir imagens. 
Um dos principais artistas desse tipo de representação foi Georges 
Seurat, que influenciou muito os artistas chamados de impressionistas. 
Até hoje a obra de Seurat é uma referência e chama a atenção do 
observador. No quadro ao lado, o artista escolheu não apenas 
representar as cores e formas dos elementos que compõem o quadro 
através do pontilhismo, mas também através de outras escolhas 
plásticas: tanto as pessoas quanto a vegetação e os animais estão 
representadas de uma maneira simplificada e geometrizada, quase 
como bonecos. Não há uma preocupação em representar fielmente, do 
ponto de vista visual, a cena de lazer e de descanso do quadro. 
 
Tarde de Domingo na Ilha de Grande Jatte (Un dimanche après-midi à 
l'Île de la Grande Jatte 
Georges Seurat.1884 – 1886. Óleo sobre tela, 207,6 x 308 cm. Art 
Institute of Chicago, Chicago, EUA. 
 
Impressionismo 
 
A pintura denominada Impressionista desenvolveu-se na Europa no século 19. 
Essa denominação tem a sua origem em uma famosa tela, de autoria de 
Claude Monet, intitulada Impressão, nascer do Sol, de 1872. Os artistas 
vinculados a esse movimento desprenderam-se da preferência por temas da 
mitologia greco-romana e puseram de lado a preocupação com a reprodução 
fiel (mimese) da realidade. Conferiam maior relevância aos próprios quadros, 
considerados importantes em si mesmos como obras de arte. O seu interesse 
central era a exploração dos efeitos de movimento e de luminosidade, obtidos a 
partir de pinceladas soltas, sem traço de desenho. Em geral, os impressionistas 
pintavam em meio à natureza e nos espaços abertos das cidades, visando 
observar melhor as variações decorrentes das mudanças da luz incidindo sobre 
pessoas e objetos durante o dia e à noite. 
 
A imagem ao lado reproduz o quadro 
intitulado Impressão, nascer do sol, de Monet. 
Exibida em exposição ocorrida no ano de 1874, foi 
a partir dessa obra que se nomeou o movimento 
impressionista. 
 
Claude Monet. Impressão, nascer do sol (1872) 
Museu Marmottan, Paris, França 
 
Características gerais da pintura impressionista: 
 
· Considerando que a luz solar é a fonte de todas as cores, os 
artistas buscam mostrar as variações de tonalidade decorrentes das mudanças 
no modo como objetos e pessoas são iluminados ao longo do dia; 
· Os artistas procuram capturar o instante em que observam a 
realidade, e, para tanto, empregam, inclusive, a fotografia; 
· O traço do desenho que conferia nitidez de contorno às imagens, 
não é empregado, mas apenas largas pinceladas, que geram manchas, as 
quais criam a “impressão” de representarem objetos e pessoas; 
· Os artistas também representam sombras, porém estas são 
também coloridas e plenas de luminosidade, visando reproduzir o efeito que as 
mesmas causam às vezes quando vistas a olho nu; 
· Ruptura com o academicismo, por exemplo, no abandono do 
claro-escuro, substituído pelo uso de cores complementares para a obtenção 
do efeito de luz e sombra; 
· Os artistas não misturam tintas em suas paletas. Utilizam apenas 
cores puras, sendo o próprio observador quem, por meio do olhar, realiza a 
combinação das mesmas. 
 
Fauvismo 
O Fauvismo (também chamado de fovismo) nasceu em 1905, em Paris, a partir 
da exposição no Salão de Outono. Naquela ocasião, certos artistas expuseram 
obras em que empregavam as cores puras de forma muito intensa, e, por esse 
motivo, passaram a ser denominadosFauves (feras, em português). 
 
Principais características do fauvismo 
· A obra de arte não é um produto intelectual nem um produto da 
sensibilidade. No ato de criação, o pintor deve seguir os impulsos instintivos, os 
seus sentimentos primários. 
· Na pintura, deve-se exaltar as cores puras. Tanto as linhas do 
desenho como o colorido das tintas devem surgir de modo impulsivo, 
expressando em sua maior pureza as sensações do artista. 
· A obra de arte deve ser marcada por pinceladas abruptas, 
arrematadas em um colorido intenso de grandes manchas de cores puras. 
Na pintura fauvista não há preocupação com o realismo da representação. Não 
interessam formas ou figuras, técnicas de desenho e a própria perspectiva são 
abandonadas em favor do tratamento exclusivo da cor. 
 
Os mais importantes representantes do Fauvismo foram os franceses Maurice 
de Vlaminck (1876-1958), André Derain (1880-1954), Raoul Dufy (1877-1953) e 
Henri Matisse (1869-1954). Este último, ao contrário dos demais, transitou 
gradativamente, em sua obra, para uma composição equilibrada entre colorido 
e desenho em pinturas nas quais a profundidade está ausente. 
Os movimentos transformadores da arte: os “ismos” 
 
Entre as principais mudanças ocorridas no campo das artes no início do século 
20 surgem as denominadas vanguardas artísticas. A denominação de 
vanguarda deve-seao caráter ideológico e político do período pré-guerra e 
entre-guerras, ao longo do qual as mudanças sociais foram bastante 
acentuadas (por exemplo a Revolução bolchevique na Rússia em 1917) e às 
quais as artes não ficaram alheias. Os artistas pretendiam e entendiam que as 
transformações sociais seriam possíveis a partir da arte, que, neste sentido, 
deteria papel civilizatório. O caráter urbano e industrial da vida cotidiana 
alimentou as temáticas predominantes no qual a máquina tem papel 
fundamental: sua velocidade, a energia, o tema da reprodução em série e a 
própria guerra constituíram assuntos recorrentes nas obras dos artistas. A 
natureza entendida agora como artificial é o novo mundo com o qual a arte 
presta contas em seu caminho rumo à abstração. 
 
Expressionismo 
 
O Expressionismo desenvolveu-se na Europa entre o final do século 19 e o 
início do século 20. Os artistas que tomaram parte nesse movimento 
privilegiavam os aspectos internos do processo de produção artística, em 
detrimento de suas manifestações exteriores. Por esse motivo, conferiam às 
suas obras uma forte carga de subjetividade, tornando-as expressão direta dos 
seus universos interiores. 
Embora tenha se manifestado em diferentes campos das artes, foi na pintura 
que teve início o movimento expressionista, tendo constituído, ao lado do 
fauvismo, o iniciador das vanguardas históricas. Ademais, devido às suas 
próprias características, que conduziam a uma supervalorização da 
individualidade artística, o Expressionismo caracterizou-se por uma certa 
heterogeneidade de estilos, tendo sido, por isso mesmo, sobretudo, uma 
postura diante da arte que congregou diferentes artistas, de características 
intelectuais diversas. 
Há ainda que observar que o Expressionismo originou-se em contraposição ao 
Impressionismo, em particular contra as suas tendências naturalistas e 
positivistas. Por essa razão, conforme indicado anteriormente, os 
expressionistas privilegiavam a intuição e o personalismo, enfatizando a 
interioridade de cada artista. Noutros termos, o Expressionismo deforma o real 
a fim de explicitar a subjetividade do artista e da própria natureza, privilegiando 
a manifestação dos sentimentos e não a descrição objetiva da realidade. 
 
 
O grito. 
Edvard Munch. 
1893. Óleo sobre tela, têmpera e pastel sobre cartão. Galeria Nacional, 
Oslo. 
A imagem acima reproduz a tela intitulada O Grito, de autoria do pintor 
norueguês Edvard Munch (1863-1944). Constitui esta uma das mais 
significativas obras do Expressionismo. Nela, um ser, cujo sexo não é 
facilmente discernível, aparece atormentado nas docas de Oslofjord, na 
cidade de Oslo, ao anoitecer, e, como sugerido pelo título do quadro, 
solta um grito. O caráter subjetivo da cena – característico do 
Expressionismo - é bastante explícito, sobretudo por não ser 
demonstrado com exatidão o que o quadro efetivamente representa. 
Com efeito, a sua interpretação depende do envolvimento do espectador, 
a quem cumpre buscar compreender o que o artista buscou expressar. 
Angústia, dor, desespero, são alguns dos sentimentos que se pode 
entrever nesta tela, que bem poderia querer representar o desejo do 
artista de gritar, ainda que solitariamente e com a sensação de não 
poder ser ouvido – nem mesmo por nós - diante das profundas 
mudanças que a nova sociedade européia, burguesa e industrial, estava 
provocando. 
 
Cubismo 
 
A arte cubista teve início em 1907 e influenciou diferentes gerações de artistas 
no transcorrer das primeiras décadas do século 20. Influenciados, entre outros 
fatores, pela obra de Paul Cézanne, os iniciadores do Cubismo, Pablo Picasso 
(1881-1973) e Georges Braque (1882-1963) contribuíram de forma decisiva 
para uma das mudanças mais significativas ocorridas na arte Ocidental. 
Efetivamente, o Cubismo rompeu com os padrões de representação artística 
do real ao empregar, predominantemente, figuras geométricas que 
representavam seres e objetos em todas as suas partes em um único plano, 
sem preocupação com perspectiva ou tridimensionalidade. Assim, nas obras 
cubistas, representar o mundo não mais significava apresentá-lo conforme a 
sua aparência real, conforme vista a olho nu. A realidade se via simplificada, 
nos quadros do Cubismo, às formas geométricas: triângulos, losangos, 
trapézios, cubos, etc. 
 
 
Les demoiselles d’Avignon 
Pablo Picasso 
1907. Óleo sobre tela. 
The Museum of Modern Art, Nova York, EUA. 
A imagem acima representa a obra Les demoiselles 
d'Avignon(1907), da autoria de Picasso. Essa pintura é 
considerada como aquela que deu início ao Cubismo. Nela 
podem-se observar influências da arte tribal africana, bem como 
de Paul Cézanne. Obra-prima das artes plásticas do Ocidente, 
nela é perceptível a ruptura com todas as convenções e tradições 
das arte ocidental. As cinco mulheres do quadro são apresentadas 
à maneira cubista, seus corpos reduzidos a formas geométricas. 
Observe-se ainda a mulher sentada no canto direito, e que é vista 
por nós ao mesmo tempo pela frente e pelas costas. 
Futurismo 
 
Contrários a toda a tendência moralista e passadista, os futuristas foram 
artistas que enalteceram, em suas obras, as conquistas tecnológicas do início 
do século 20 e as mudanças velozes que estas imprimiam na sociedade 
européia da época, tendo também exaltado, nos inícios do movimento, a 
própria guerra e a violência. Em decorrência de seu apreço pela novidade, 
propunham inclusive a destruição dos museus e das antigas cidades. Presente 
nas Artes plásticas e na Literatura, o Futurismo foi inaugurado com a redação 
do Manifesto Futurista, de autoria do poeta italiano Filippo Tommaso Marinetti 
(1876-1944). Esse texto foi publicado pelo jornal francês Le Figaro em sua 
edição do dia 20 de fevereiro de 1909. Devido ao seu caráter agressivo, o 
Futurismo repercutiu internacionalmente, tendo influenciado artistas 
modernistas de outros continentes. 
Principais características do Futurismo: 
 
· Enaltecimento da indústria e das novas tecnologias; 
· Aceitação da propaganda como mais importante meio de comunicação; 
· Emprego de onomatopéias (palavras que expressam ruídos, barulhos, 
sons diversos) nos poemas; 
· Utilização de frases fragmentadas na poesia, visando significar 
velocidade; 
· Na pintura, adoção de cores fortes, vivazes, com fortes contrastes, além 
da sobreposição de imagens e algumas distorções, a fim de representar o 
dinamismo do movimento; 
· Os pintores futuristas não buscavam representar objetos (um carro, por 
exemplo), mas significar, em suas obras, a forma plástica das direções e 
da velocidade dos movimentos descritos pelos objetos no espaço. 
 
Velocità astrata + rumore 
Giacomo Balla. 1913-1914. Óleo sobre tela. The Solomon R. Guggenheim 
Foundation, Peggy Guggenheim Collection. Nova York, EUA. 
Na imagem acima encontra-se reprodução da obra intitulada Velocità astrata + 
rumore, de autoria do pintor italiano Giacomo Balla (1871-1958). Nela acham-
se explicitados alguns dos principais elementos definidores da pintura futurista: 
a tendência ao cubismo e à abstração, o emprego de cores fortes, a simulação 
de ação, de movimento, a demonstração de que os diferentes aspectos dos 
objetos interpenetram-se simultânea e permanentemente. A obra de Balla 
sugere figuras movimentando-se velozmente num determinado espaço, sem a 
preocupação com a representação figurativa bem definida em seus contornos 
de qualquer objeto. 
 
Dadaísmo 
 
Constituiu o Dadaísmo (ou simplesmente Dadá) um movimento artístico de 
vanguarda que se iniciou no Cabaret Voltaire, localizado na cidade de Zurique, 
capital da Suiça, no ano de 1916. A liderança do mesmo coube ao escritor 
alemão Hugo Ball (1886-1927) – autor do Manifesto Dada, publicado em 1916, 
ao poeta romeno Tristan Tzara(1896-1963) e ao pintor e poeta alemão Hans 
Arp (1886-1966). O emprego da palavra Dada para representar o movimento 
visa indicar o caráter anti-racionalista do mesmo, uma vez que o termo parece 
não ter um significado, pois se trata de uma palavra que lembra o balbuciar de 
um bebê humano, como a indicar que a linguagem pode não fazer sentido ou 
mesmo remeter a múltiplos sentidos. Devia-se essa característica à oposição 
que os dadaístas faziam à Primeira Grande Guerra e a outras vanguardas 
artísticas do período, notadamente o Futurismo, que valorizava o conflito e as 
inovações tecnológicas, tidas pelos dadaístas como demonstrações de 
irracionalidade. Ao enfatizarem o non-sense, o não-lógico e o não-racional, os 
dadaístas empregavam a ironia em suas obras e eram radicais na valorização 
daquilo que era considerado absurdo e ilógico. Por esse motivo, recorreram ao 
poema aleatório e aosready-mades, e, embora tenham encerrado as suas 
atividades no início do decênio de 1920, as suas propostas influenciaram 
diversos movimentos de vanguarda que lhe sucederam, como o 
Expressionismo Abstrato, o Surrealismo, a Pop Art e a Arte Conceitual. 
 
 
Roda de bicicleta. 
Marcel Duchamp. 
1912. Museum of Modern Art – MoMA, Nova York, EUA. 
A figura acima reproduz a obra Roda de Bicicleta, produzida no 
ano de 1912, e que constituiu o primeiro ready-made de autoria 
de Marcel Duchamp, um dos mais importantes artistas 
dadaístas. A peça é formada por uma roda de bicicleta 
equilibrada sobre o tampo de um banco. Com esta obra, 
Duchamp pretendeu discutir o próprio conceito de arte, 
demonstrando que esta não é definida pelo objeto, pelos 
materiais ou pelo tipo de suporte empregado, mas pela atitude 
do artista, que modifica a própria natureza do objeto, ao dispô-
lo não mais como produto industrial utilitário, mas como obra 
artística. 
 
Construtivismo Russo 
 
Constituiu o Construtivismo Russo um movimento artístico de forte conotação 
político-ideológica e que teve origem na extinta União Soviética no ano de 
1919. Contrariamente à noção de pureza artística, o Construtivismo Russo 
enfatizava as vinculações entre a produção artística e a realidade cotidiana. 
Desse modo, preconizava-se que as obras de arte deveriam refletir as 
conquistas sociais da Revolução Bolchevique de 1917, e também representar o 
mundo do trabalho e do operariado na era da máquina e da industrialização. 
Portanto, a arte serviria a propósitos ideológicos, de apoio à construção da 
sociedade socialista. A denominação de arte construtivista foi colocada pelo 
artista plástico russo Kazimir Malevich (1878-1935), referindo-se à obra do seu 
compatriota, o pintor e fotógrafo Alexander Rodchenko (1891-1956). 
Estendendo-se até meados da década de 1930, o Construtivismo russo, 
caracterizado sobretudo pelo recurso à abstração geométrica, influenciou 
importantes movimentos das artes plásticas e do design modernos, como o De 
Stijl, a Bauhaus e o Suprematismo. 
 
Pintura suprematista 
Kazimir Malevitch 
1916. Óleo sobre tela. Stedelijk Museum, Amsterdã, Holanda. 
Na figura acima, observa-se reprodução do quadro intitulado Pintura 
Suprematista, de Kazimir Malevich, um dos principais expoentes do 
Construtivismo russo. Esse quadro é representante do extremo 
abstracionismo a que chegaram os construtivistas, denominado 
suprematismo, caracterizado pelo uso de figuras geométricas e cores 
primárias. 
 
De Stijl: o neoplasticismo holandês 
 
O movimento denominado De Stijl ou neoplasticismo, teve origem na Holanda 
e contou, entre os seus mais importantes expoentes, com o artista plástico, 
designer, poeta e arquiteto Theo Van Doesburg (1883-1931), o pintor Piet 
Mondrian (1872-1944) e o designer de produtos e arquiteto Gerrit Rietveld 
(1888-1964). O movimento teve sua origem na revista intitulada De Stijl (em 
português, O Estilo), fundada no ano de 1917 por Doesburg e outros artistas , 
incusive Mondrian e Rietveld, que nela publicavam textos em favor de uma 
nova estética para a poesia, a arquitetura e as artes plásticas, que tinha como 
epicentro a supervalorização das cores primárias e das formas geométricas, 
conduzindo ao abandono de toda representação figurativa, por meio da adoção 
do completo abstracionismo. Ressalte-se ainda que a simbiose entre os 
integrantes do movimento foi tamanha que as obras de design e arquitetura de 
Rietveld (como a cadeira Red and Blue (1917) e as residências por ele 
projetadas) praticamente reproduziam os quadros de Mondrian. 
 
Composição em vermelho, preto, azul, amarelo e cinza. 
Piet Mondrian. 
1920. Óleo sobre tela. Stedelijk Museum, Amsterdam, Holanda. 
A total abstração da pintura de Mondrian foi obtida através de um longo 
trabalho de pesquisa plástica que começa ainda com o figurativismo em seus 
primeiros quadros. Posteriormente o autor foi criando uma forma de 
representação que volta-se para si mesma, sem buscar referências externas, 
baseando-se na composição das cores básicas, reveladas pela ciência da ótica 
e da física. 
Esse tipo de plasticidade também se estendeu à arquitetura, tanto de edifícios 
quanto de interiores. 
 
Surrealismo 
 
O movimento surrealista abrangeu tanto a Literatura como as artes plásticas, o 
teatro e o cinema e teve sua origem em Paris na década de 1920, a partir da 
publicação, em 1924, do Manifesto Surrealista, da autoria do poeta André 
Breton (1896-1966). Essa vanguarda artística foi bastante influenciada pelas 
teorias do pai da Psicanálise moderna, o austríaco Sigmund Freud (1856-
1939). Decorre daí a ênfase conferida pelos artistas surrealistas ao papel do 
inconsciente na representação da realidade, o que valia por uma crítica ao 
extremado racionalismo vigente na condução da política e das relações sócio-
econômicas, à época. Por esse motivo, os surrealistas buscavam apresentar 
em suas obras o real de maneira não-racionalista, a qual se podia captar, 
principalmente, nos sonhos, quando o inconsciente se encontra liberado da 
repressão racionalista do consciente. 
 
 
Aparição de rosto e fruteira numa praia 
Salvador Dali 
1938 
Wadsworth Atheneum, Hartford, Connecticut 
Óleo sobre tela, 114,2 x 143,7 cm. 
Na imagem acima encontra-se reproduzido o quadro Aparição de rosto e 
fruteira numa praia (1938), de autoria de Salvador Dali (1904-1989), um dos 
principais expoentes da pintura surrealista, ao lado de René Magritte (1898-
1967). Nessa obra de Dali, é possível observar apresenta a mais importante 
característica da arte surrealista: o mundo é aí percebido como se 
estivéssemos em meio a um sonho, cercados por imagens de seres e objetos 
transfiguradas pela ação do inconsciente quando este se acha liberado do 
rígido controle da racionalidade. 
 
A arte abstrata e a Bauhaus 
 
A Bauhaus (1919-1933) foi a mais conhecida escola alemã de formação de 
arquitetos, técnicos e artífices especializados da primeira metade do século 20. 
Ela começou com uma definição utópica: “A construção do futuro” deveria 
combinar todas as artes em um ideal único. Isto requeria um novo tipo de 
artista, além da especialização acadêmica, para quem a Bauhaus poderia 
oferecer educação adequada. Para atingir este objetivo, o fundador, Walter 
Gropius (1883-1969), sentiu a necessidade de desenvolver novos métodos de 
ensino e estava convencido de que a base para qualquer arte estava no 
artesanato: "a escola se transformara gradualmente em um workshop". Assim, 
artistas e artesãos dirigiram aulas e produção juntas na Bauhaus em Weimar, 
Alemanha. Isto pretendia remover qualquer distinção entre artes puras e artes 
aplicadas. Ou seja, de acordo com o texto o conceito de “novo tipo de artista” 
estava vinculado à idéia de que somente unindo todas as artes seria possível 
formar um novo profissional, voltado para o futuro. 
A realidade da civilização tecnicista no início doséculo XX gerou solicitações 
para a Bauhaus que não poderiam ser preenchidas apenas pela revalorização 
do artesanato, que era a idéia inicial da escola. Em 1923, a Bauhaus reagiu 
com um programa modificado, o qual marcaria sua futura imagem debaixo de 
um novo mote: “arte e tecnologia – uma nova unidade”. O potencial da indústria 
seria aplicado para satisfazer padrões de design, abrangendo tanto aspectos 
funcionais quanto estéticos. As oficinas da Bauhaus produziram protótipos para 
produção em massa: desde uma simples lâmpada até uma habitação 
completa. 
Principais características da Bauhaus 
· A união entre arte e indústria foi necessária para a escola Bauhaus 
enfrentar as novas necessidades da sociedade. 
· A relação entre funcionalidade e estética nos objetos desenvolvidos pela 
escola seria resolvida pela aplicação de princípios industriais. 
· O novo objetivo da Bauhaus era produzir objetos que abrangessem 
todos os aspectos da vida contemporânea. 
Uma das consequências do novo programa da escola era criar um design 
específico para os novos meios de produção em massa. 
 
 
Acima está uma imagem da 
cadeira Cesca, de 1928, da 
autoria do arquiteto alemão 
Marcel Breuer (1902-1981), 
Esse projeto é característico da 
visão da escola Bauhaus, que 
buscava aliar tecnologia a 
estética. 
 
 O papel do artista e a crise da modernidade 
 
O denominado Expressionismo Abstrato ou Action Painting constituiu um 
movimento artístico de grande originalidade e forte repercussão que modificou 
a cena artística norte-americana no final dos anos de 1940. Suas principais 
características eram o emprego de largas massas coloridas, com o predomínio 
de manchas e não de traços. Ao contrário do Expressionismo europeu, 
diretamente envolvido em debates ideológicos, os expressionistas norte-
americanos excluíam totalmente os temas políticos e sociais de suas obras, 
privilegiando questões existencialistas como a miséria humana, buscando 
expressar emoções de forma intensa e espontânea. Para tanto, destruíram os 
meios tradicionais de pintura, pintando diretamente no chão, na parede, por 
vezes sem uso de pincéis. Efetivamente, Jackson Pollock (1912-1956), maior 
nome do Action Painting, aplicava jatos de tinta sobre a superfície de telas 
deitadas no chão, portanto, sem emprego de cavalete. Por vezes, apenas 
derramava a tinta sobre a tela. Por meio dessa ação, Pollock cobria totalmente 
a tela e eliminava qualquer possibilidade de percepção figurativa ou de 
perspectiva por parte do espectador. Desse modo, criava obras de arte cheias 
de instintividade e emoção. Nessa proposta de arte não há a relação tradicional 
de figura e fundo, e o quadro é apenas um suporte para a pintura. Ele não mais 
delimita uma visão do mundo real. 
Diferentemente de Pollock, Willem De Kooning (1904-1997), igualmente 
representante do expressionismo abstrato norte-americano, não se distanciou 
totalmente do figurativismo. Adepto do abstracionismo empregava pinceladas 
fortes, violentas, frenéticas em seus quadros, produzindo composições 
diferenciadas e muito coloridas, mas nas quais se reconhecem objetos e seres. 
Privilegiou em seus trabalhos as figuras femininas, sendo que a sua obra mais 
famosa é a série Mulheres, produzida no início da década de 1950. 
 
No 5, 1948 
Jackson Pollock 
Óleo sobre tela, 243.8 × 121.9 cm 
Coleção particular 
A imagem ao lado representa a Tela intitulada N. 5, de Jackson Pollock, o mais 
importante representante da Action Painting. Nela, pode-se notar as principais 
características desse artista e do movimento de que fez parte: a ruptura plena 
com o figurativismo, gerada pelo uso de respingos de tinta lançados contra a 
tela. A técnica de gotejamento, por meio de latas de tinta perfuradas, foi 
introduzida por Pollock, que chegava a produzir as suas telas na frente do 
próprio público. 
 
A Pop-art 
 
A Pop Art constituiu um movimento artístico que teve lugar predominantemente 
nos Estados Unidos e na Inglaterra, entre a segunda metade dos anos de 1950 
e 1960. Bebendo em fontes como o Dadaísmo, a Pop Art contribuiu também 
para revolucionar o próprio conceito de obra de arte, uma vez que incluía em 
seus temas objetos tipicamente comerciais e de consumo de massa, 
contrariando a máxima de que a arte é alheia aos interesses do mercado. 
Sobretudo, os artistas representativos desse movimento incorporaram ao seu 
repertório objetos emblemáticos da indústria cultural e do universo da 
propaganda, como a Coca-Cola e as imagens de artistas populares como 
Marilyn Monroe. Devido a essa mesma motivação, as principais fontes de 
inspiração dos representantes da Pop Art eram os programas de televisão, as 
revistas em quadrinhos, o cinema e a publicidade. De certo modo, por incluir 
imagens plenamente identificáveis de pessoas e objetos, a Pop Art marcou 
também um retorno ao figurativismo, contrapondo-se ao Expressionismo, 
dominante desde o fim da Segunda Grande Guerra (1939-1945). 
Entre as principais consequências do movimento da Pop Art, cabe destacar a 
elevação à categoria de arte de objetos que antes eram considerados vulgares, 
dado o seu caráter eminentemente de produtos comerciais. 
Dos principais artistas da Pop Art, cumpre destacar os seguintes: 
a) Robert Rauschenberg (1925-2008), que empregava materiais diversos, 
como folhas de jornal, garrafas e outros objetos industrializados, bem como 
fotografias, em combinação com tintas e silk-screen, representando temas da 
indústria cultural e da contemporaneidade nos Estrados Unidos; 
b) Roy Lichtenstein (1923-1997), que tinha grande apreço pelas histórias em 
quadrinhos. Pintou sobretudo quadros a óleo e tinta acrílica, empregando uma 
técnica muito própria de pontilhismo, marcada pelo forte colorido e 
luminosidade, sempre delimitado por um traço negro. Os temas de seus 
quadros, muitos dos quais remetem a uma espécie de imagem congelada de 
uma sequência de quadrinhos, não estão porém vinculados explicitamente a 
nenhum enredo, que cabe ao espectador imaginar. 
c) Andy Warhol (1927-1987), que foi o mais renomado representante da Pop 
Art. Tornou-se internacionalmente conhecido por suas séries de retratos de 
ícones da música e do cinema, como, por exemplo, Marilyn Monroe e Elvis 
Presley. Warhol empregou em suas obras sobretudo a técnica da serigrafia, 
representado, além dos ídolos pop, objetos de consumo de massa, como 
garrafas de Coca-Cola, latas de sopa, carros e cédulas de dinheiro. 
 
 
Número 6 de Campbell’s 
Soup 1 (1968) - detalhe 
Andy Warhol 
91.8 x 61.3 x 3.8 cm 
Kerry Stokes Collection, 
Perth, Australia 
A imagem ao lado reproduz 
uma das obras mais 
significativas da Pop Art, a 
série de imagens de latas 
de sopa Campbell’s, da 
autoria de Andy Warhol. Na 
Pop Art, produtos 
industrializados, ou seja, 
objetos comerciais, eram 
convertidos em obras de 
arte, fator que aproximava 
a arte da cultura de 
massas. Esse emprego 
de ready mades, à 
maneira do 
dadaísmo, possibilitava a 
reconfiguração do sentido 
dos objetos, que, 
deslocados das prateleiras 
de supermercados, das 
telas de cinema, das 
bancas de jornais, 
adquiriam novosentido 
como objetos de arte em 
galerias, museus e 
exposições. 
 
A Op Art 
 
A Op Art ou Optical Art, foi um movimento artístico caracterizado pelo emprego 
de formas geométricas que induzem o olhar do espectador a uma espécie de 
ilusão de ótica, gerando sensações de movimento, de tridimensionalidade, de 
vibração e de mudança de sentido. A Op Art parece querer significar a 
permanente mudança a que está submetido o mundo contemporâneo, seu 
caráter sempre passageiro, mesmo fugaz. Característicos desse movimento 
são, por exemplo, os móbiles do artista Alexander Calder (1898-1976). Trata-se 
de uma arte de construção bastante rigorosa, quase científica, dado

Continue navegando