Apresentaçao - Traumas no filme: Preciosa

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Seminário de
Psicologia da Personalidade I
Nomes: Andressa Oliveira, Bianca Lacerda, Daniele Kopp e Paola Simon.
Professor: Eduardo Steindorf Saraiva.
Filme Preciosa: Tema 01 - Trauma
Conceito de trauma para a psicanálise:
Etimologicamente, a palavra trauma vem do grego e significa ferida.
Freud partiu da concepção de que o conflito psíquico era um resultado (produto) das repressões que eram impostas pelos traumas de uma sedução real (que tinha um fundo sexual), sofridas pelas jovens pacientes - que lembranças retornavam do inconsciente e vinham em forma de sintomas, promovendo a Histeria - e que a cura para isso, consistia não mais em hipnose/catarse, mas sim em relembrar o acontecido. E quanto mais grave foi o acontecido, mais intensa (provavelmente) será a forma de repressão.
São vivências no corpo próprio ou nas percepções sensoriais, na maioria das vezes visto ou ouvido, vale dizer que são lembranças ou impressões.
O trauma é toda vivência que provocou medo, angústia, desprazer, vivida de forma submissa que futuramente na sua lembrança trará prejuízos. 
Refere-se então, a um fato que realmente aconteceu, que tenha tido uma importante repercussão no psiquismo do sujeito. 
Trauma: 
O que diferencia trauma de abuso? 
ABUSO: segundo o dicionário Aurélio: 1 - Mau uso. 2 - Uso excessivo. 3 - Desmando, desregramento, violação. Fazer um uso incorreto, excessivo, injusto, impróprio ou indevido de algo ou de alguém. Onde o sujeito abusado está submisso á algo ou alguém.
Ferenczi nos traz que, nas situações de abuso sexual, ocorre uma distorção da linguagem entre adultos e crianças. O trauma é entendido como uma situação excessiva, vivida pelo sujeito, que, no momento, é incapaz de dar vazão a tal carga energética. O trauma psíquico provoca efeitos patológicos duradouros na organização psíquica. 
Abuso = fato ocorrido com um sujeito que pode acarretar um trauma. 
Trauma = estado psicológico decorrente dessa vivência.
Vale ressaltar que todo trauma provém de um abuso, mas nem todo abuso acarreta um trauma.
Quais foram os traumas percebidos em Preciosa?
Vem carregada de imagens, emoções dos eventos traumáticos do passado revividos no momento atual por intermédio de sintomas. Exemplo de sintoma é a forma que ela percebe o amor. 
Impotência, desamparo, aspectos cognitivos afetados quebra de confiança parental, disfunção do papel paterno não visto como protetor e sim como violentador, confusão entre inocência e culpa.
Como ela reage aos traumas? (Em relação ao Id, Ego e Superego).
ID: É o sistema original da personalidade. O conteúdo do ID é tudo aquilo que é psicológico, herdado e o que se acha desde o nascimento. Requer gratificação imediata dos nossos desejos e necessidades – quando ela vai até a lanchonete após ter comida negada pela mãe e rouba a comida.
EGO: É o processo secundário. As necessidades requerem negociações com a realidade. O EGO compara a imagem subjetiva do ID com a imagem objetiva, pois o EGO reconhece os estímulos da realidade. Ou seja, tenta realizar os desejos do ID de uma forma socialmente mais “aceitável”, considerando o que os outros vão pensar.
SUPEREGO: É o ultimo sistema a se desenvolver. É o representante interno dos valore sociais e morais e dos ideais da sociedade – baseado na moral e julgamento sobre o “certo” e “errado”
Como ela lida com o corpo, sexualidade e libido?
Libido é energia/motivação, e no caso da personagem, a libido se encaixa no esforço dela em aprender (ler, escrever), ser uma “mãe boa”;
Visão distorcida de seu próprio corpo físico e erógeno = mãe e bullying na escola; 
Em relação ao mental: Não consegue se localizar como filha que deveria ser, uma vez que é forçada a assumir papel de mãe com afazeres domésticos; É “culpada” de seduzir seu pai – fato que faz a mãe a odiar e culpar pela perda do “seu homem” a partir do momento que o mesmo prefere ter relações sexuais com a adolescente (que já havia começado aos 3 anos de idade);
Psicossexualidade: Termo utilizado por Freud, que acredita que a sexualidade vai além do ato sexual – está relacionada à libido – energia vital instintiva vinculada à homeostase* – Pode ser percebida quando ela imagina o namorado dos sonhos, com o professor...
**Equilíbrio entre as necessidades de um indivíduo e o suprimento dessas mesmas necessidades. Quando não são supridas, acontece uma instabilidade interior, que se soluciona com alterações nos comportamentos, que então as satisfaçam.
Como é sua autoestima considerando os traumas? 
Bastante afetada negativamente por seus traumas, pois a mãe a culpa, ela é negra e obesa - sofre bullying, o fato de querer “um namorado de pele clara e cabelo bom” e em um de seus devaneios se vê loira e magra no espelho, demonstram como a condição “ser negro(a)” ainda são considerados pejorativamente por ela. Além de não se sentir amada.
 No decorrer ela “cresce” - ganha autoestima. E, nos momentos de sonho, a atriz se transforma totalmente: imagina-se como ela realmente é, apenas com roupas mais “chiques”. Ela ressignifica a sua vida, conseguindo não naturalizar a violência que sofria, a professora teve uma escuta ativa e a amou, sentimento esse nunca vivenciado por ela que até então não o compreendia – reconhece a face amorosa das pessoas, ama seus filhos mesmo que o amor dos pais nunca teve, o que teve no lugar deste amor nunca caracterizou algo de bom para Preciosa. 
Como é a relação de sonho x fantasia:
As fantasias = Roteiro imaginário que o sujeito está presente e representa a realização de um desejo – Pode ser visto quando Preciosa está vendo o álbum de fotos e vê sua mãe sendo amorosa e compreensiva, ou quando vê o professor, quando se vê famosa...
Quando o homem dorme, a consciência "desliga-se" parcialmente para que o inconsciente entre em atividade, produzindo o sonho: através do id, os desejos reprimidos são realizados. Para Freud, as causas dos traumas que geram certos comportamentos tidos como anormais estão escondidas no inconsciente das pessoas, onde estão guardados os desejos reprimidos.
Fantasia = Roteiro imaginário ligado a realização de desejos – sujeito acordado.
Sonho = Ação do Id, desejos reprimidos são realizados – sujeito dormindo.
Demais observações:
A única pessoa no âmbito familiar que demonstra ao menos um pouco de compaixão é a avó de Preciosa, mas que não deixa-a morar junto pois tem medo de Mary, mãe de Preciosa – única compaixão na família.
Preciosa: “Por que as pessoas que nem me conhecem são mais legais comigo do que minha mãe e meu pai? Me sinto protegida. Minha vó tem medo da minha mãe. Por isso não me deixa morar com ela. A dona Rain diz para não ter medo de nada. Aposto que ela não tem medo da minha mãe. “
Minha mãe diz que gay é gente ruim. Mas mãe, não foram os gays que me violentaram! Gays não me deixaram sentada numa sala pra não aprender nada. E não tem gay vendendo crack para o pessoal do Harlem. [...]”.
A professora Rain, da escola alternativa, desempenhou um importante papel na vida de Preciosa. Seu método de ensino era problematizador, reflexivo e com muito diálogo, contribuiu para uma educação como prática da liberdade, e para a emancipação da situação de opressão e de vulnerabilidade que Preciosa enfrentava.
Referências
ARPINI, Dorian Mônica; SIQUEIRA, Aline Cardoso; SAVEGNAGO, Sabrina dal Ongaro. Trauma psíquico e abuso sexual: o olhar de meninas em situação de vulnerabilidade. 2012. UFSM, Santa Maria. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/pdf/ptp/v14n2/v14n2a08.pdf>. Acesso em: 23 mar. 2018.
GODOI, Marcos Roberto; NEVES, Luciene. Corpo, violência sexual, vulnerabilidade e educação libertadora no filme: “Preciosa: uma história de esperança”. 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/icse/2012nahead/aop3312>. Acesso em: 23 mar. 2018.
LOPES, Rosimeri Bruno. Os Sonhos na Concepção de Freud. 2012. Matéria desenvolvida para o site Psicologado. Disponível em: <https://psicologado.com/abordagens/psicanalise/os-sonhos-na-concepcao-de-freud>.
Acesso em: 24 mar. 2018.
FULGENCIO, Leopoldo. A noção de trauma em Freud e Winnicott. 2004. São Paulo. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/pdf/nh/v6n2/v6n2a03.pdf>. Acesso em: 25 mar. 2018.
MORENO, Maria Manuela Assunção; COELHO JUNIOR, Nelson Ernesto. Trauma: o avesso da memória. 2012. Rio de Janeiro. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/agora/v15n1/v15n1a04.pdf>. Acesso em: 25 mar. 2018.
HENDERSON, Guilherme; CHATELARD, Daniela; MAESSO, Márcia. Dos sonhos diurnos a uma concepção fundamental de fantasia. 2017. Belo Horizonte. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/pdf/reverso/v39n73/v39n73a06.pdf>. Acesso em: 23 mar. 2018.
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