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Teorias do desenvolvimento da infância no filme Como estrelas na terra

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Nomes: Adailton Luduvico
 Ailton Volpato Rodrigues
Disciplina: Psicologia do Desenvolvimento da Infância
Professora: Drielle
Data: 24 de novembro de 2021
I. Sinopse do filme Como Estrelas na Terra – Toda Criança é Especial
O filme indiano Como Estrelas na Terra – Toda Criança é Especial, lançado em 2007 e produzido pelo ator, diretor e produtor Aamir Khan, tem como principal análise a forma na qual a dislexia é tratada nos principais eixos sociais e iniciais na vida da criança, isto é, nos ambientes escolar e familiar. 
A dislexia é um transtorno que acomete áreas do desenvolvimento cognitivo humano e pode ser diagnosticado nas idades iniciais da criança, porém é mais perceptível no período da alfabetização quando são exigidos maiores esforços em conteúdos específicos, como por exemplo a codificação de letras/algarismos, por exemplo, no filme em questão são várias as vezes em que o personagem principal, Ishaan, é mostrado vendo as letras, números, em livros, cadernos e quadro negro dançando; marcante, também, é a cena em que a professora lhe pede que leia um trecho do livro e ele não consegue, sendo assim ridicularizado por todos seus colegas de sala e expulso da sala. 
O protagonista do filme, Ishaan Awasthi, uma criança de nove anos que sofre do distúrbio, é sempre comparado ao seu irmão mais velho que é destaque na escola, dessa forma, os pais tratam Ishaan como burro ou desinteressado, sem nem ao menos cogitar a possibilidade do filho sofrer um problema cognitivo, visto que ele já estava repetindo a mesma série com grandes chances de repetir novamente. A invisibilidade desse tipo de transtorno é na verdade relacionada à não-sensibilidade do profissional da educação, que em conjunto com as percepções da família, deve pontuar quais são os empecilhos no processo de aprendizagem do aluno, que é notado no filme quando os professores avaliam Ishaan assim como os demais e apenas o rotulam como o mais burro da escola.
Howard Gardner[footnoteRef:1], um psicólogo pesquisador da área de aprendizagem, questionou a existência de apenas uma única inteligência para conteúdos vistos nas áreas de linguagem (ele fala de múltiplas inteligências); ele considera que há a possibilidade de se desenvolver nas áreas que se tenha mais afinidade, o que poderia acontecer precocemente com Ishaan, se houvesse um diagnóstico inicial da doença. [1: Howard Gardner (11 de julho de 1943) é um psicólogo cognitivo e educacional estadounidense, ligado à Universidade de Harvard e conhecido em especial pela sua teoria das inteligências múltiplas na obra “Múltiplas Inteligências” (1983). Em 1981 recebeu prêmio da MacArthur Foundation. Em 2011 foi galardoado com o Prémio Príncipe das Astúrias das Ciências Sociais.] 
Além das notas baixas e quase nenhum rendimento na escola, Ishaan também não tinha contato com os colegas de classe além da sala de aula, como seu desempenho sempre era exposto de forma ridicularizada, os outros alunos sempre preferiram mantê-lo afastado, e essa acabou se tornando uma barreira a mais para Ishaan sentir vontade de ir à escola.
A reação do pai ao receber da professora reclamações sobre o não-progresso do filho foi inicialmente de bater no menino, acreditando que era apenas por irresponsabilidade dele, pois assim como o filho mais velho era capaz de ter bons resultados, se Ishaan não tinha era por falta de vontade própria.
Essa atitude explosiva e ignorante da família, desestimulou tudo que sobrava da criatividade do filho, porque apesar dele encontrar dificuldades em soletrar, aprender fonemas, ou até mesmo reconhecer os símbolos, ele tinha uma grande habilidade de criação, desenhava muito bem e tinha um imaginário além do normal, porém suas poucas habilidades não foram exploradas nem tão pouco percebidas, o que levou Ishaan a não ter interesse em nenhuma área.
Um fator que influenciou diretamente nesse regresso, foi a ida ao colégio interno, que para os pais da criança seria uma forma mais rígida e eficaz de disciplinar seu filho, além de não ter nenhum amigo, Ishaan agora foi afastado da família que era seu único vínculo, agravando seu estado.
Somente com a chegada de um novo professor no colégio interno, que já trabalhava em uma instituição de educação especial, foi que surgiu a primeira especulação sobre o não-desenvolvimento de Ishaan. A sensibilidade do profissional que usualmente já identificava e tratava casos de problemas cognitivos na escola, foi a peça chave para os primeiros investimentos na grande mudança na vida de Ishaan.
O professor Nikumbh, personagem interpretado pelo idealizador e produtor do filme, percebeu no comportamento da criança que ela deveria receber atenção especial em relação aos demais, pela sua falta de participação nas aulas e interesse nas atividades propostas, dessa forma, Nikumbh decide sugerir uma atividade de desenho livre, que é de interesse geral de qualquer criança, porém o que surpreendeu o professor foi que nem ao menos uma atividade lúdica que dá total liberdade criativa ao aluno foi capaz de despertar o interesse de Ishaan, a partir disso, o professor utilizou de todos os seus artifícios metodológicos utilizados nos processos de inclusão do aluno na sala de aula e conquistou a confiança de Ishaan, lhe dando acesso aos seus antigos desenhos de quando ele ainda sentia vontade de aprender. 
Após a conversa do professor com os pais da criança e os mesmos terem passado a entender de fato do que se trata uma doença de caráter cognitivo, várias oportunidades foram abertas para Ishaan. Todos os avanços em relação ao problema do menino aconteceram por conta do olhar diferenciado de um profissional especializado na área, a especialização e a inserção deprofessores com a formação em educação especial independente da sua área principal é um fator que pode modificar todo o quadro da educação, tratando distúrbios precocemente e minimizando traumas nas crianças. 
II. O Caso de Ishaan e as etapas do desenvolvimento em Freud
Sigmund Freud, o pai da psicanálise, propôs sua teoria do desenvolvimento psicossexual na infância através de cinco estágios, sendo eles: oral, anal, fálico, latência e genital. As famosas cinco fases de Freud. Cada estágio representa a fixação da libido (traduzida também como “impulsos”) em uma área diferente do corpo: boca; ânus; falo (pênis); repressão da fixação do prazer para o desenvolvimento de outros aspectos na vida humana; e, novamente o corpo e os órgãos genitais e o surgir do “interesse sexual” com vista a reprodução. Assim, a perspectiva freudiana, ou psicanalítica afirma que 
“a personalidade formava-se nos primeiros anos de vida, momento em que as crianças passam por conflitos inconscientes entre seus impulsos biológicos inatos e as exigências da sociedade. Ele sugeriu que esses conflitos ocorrem em uma sequência invariável de fases de desenvolvimento psicossexual, baseadas na maturação, em que o prazer muda de uma zona corporal para outra - da boca para o ânus e depois para os genitais. Em cada fase, o comportamento, que é a principal fonte de gratificação, muda - da alimentação para a eliminação e posteriormente para a atividade sexual”[footnoteRef:2]. [2: PAPALIA, Diane E. Desenvolvimento Humano – 8ª Edição. Artmed Editora S. A: Porto alegre, 2006, pg 67] 
	Assim, segundo a perspectiva psicanalítica, podemos contextualizar o protagonista do filme analisado, Ishaan, na fase de latência do desenvolvimento, uma vez que este está com nove anos e a fase de latência vai dos seis anos e se estende até à puberdade. 
	 Latente significa “oculto”. Isso significa que nesta fase não há mais desenvolvimento psicossexual. Pode se dizer que a libido está adormecida. Freud pensou que a maioria dos impulsos sexuais é reprimida durante o estágio latente. Assim, a energia sexual é sublimada. Isso quer dizer que grande parte da energia da criança é canalizada para o desenvolvimento de novas habilidades e a aquisição de novos conhecimentos. E nesta fase, as brincadeiras são feitas em sua maioria com outras criançasdo mesmo sexo. De fato, toda a trama do filme envolve a grande energia que Ishaan emprega para apreender os conteúdos escolares frente à dificuldade que ele tem com relação à dislexia. 
	Como a fase anterior à fase de latência é a fase fálica, só há uma evolução para fase sucessiva se todas as questões da anterior forem resolvidas. Conforme Papalia “as crianças, com o tempo, resolvem esta ansiedade pela identificação com o genitor de mesmo sexo e entram na relativamente calma fase de latência da terceira infância. Elas se socializam, desenvolvem habilidades e aprendem sobre si mesmas e sobre a sociedade”[footnoteRef:3]. Durante o filme, poderíamos dizer que houve uma identificação de Ishaan com seu pai, no sentido de resolução do complexo de Édipo e identificação com genitor do mesmo sexo, quando ele é mostrado, por várias vezes fazendo referência ao seu pai, abraçando-o, chorando por pensar que seu pai não ama, etc, e de maneira bem forte há uma outra identificação com outra figura masculina que, no colégio interno assuma a representação de pai, seu professor que o ajuda a descobrir suas potencialidades e superar as dificuldades de aprendizagem. Quando há o direcionamento correto das energias empregadas para o aprender e o consequente socializar-se, netão, vemos claramente o desenvolver da fase de latência em Ishaan. [3: PAPALIA, Diane E. 2006, pg. 68] 
	Contudo, durante cada fase, uma criança é confrontada com um conflito entre impulsos biológicos e expectativas sociais. Se ela passar de forma bem-sucedida por esses conflitos internos, acabará tendo domínio de cada estágio de desenvolvimento e, finalmente, obterá uma personalidade totalmente madura. Para Ishaan, o conflito era o saber lidar com sua necessidade especial proveniente da dislexia e utilizar bem suas energias para o bem aprendizado e socialização, tal conflito é resolvido com a ajuda de seu professor e com a compreensão e aceitação dos familiares, da escola e da sociedade que o circundava. 
III. O Caso de Ishaan e as etapas do desenvolvimento em Piaget[footnoteRef:4] [4: COLL, César; MARCHESI, Álvaro; Palácios, Jesús et.all. Desenvolvimento psicológico e educação: psicologia evolutiva. Vol. 1. Porto Alegre: Artmed, 2017. ] 
Segundo a teoria dos estágios do desenvolvimento intelectual de Piaget, Ishaan encontra-se no Estágio das operações concretas, que abarca o intervalo de tempo dos 7 aos 12 anos. No filme, Ishaan está na transição dos 8 para 9 anos. Para Piaget, no estágio das operações concretas o pensamento lógico aparece; no início, raciocina-se logicamente somente sobre conteúdos simples (defasagens horizontais), mas, aos poucos, a lógica vai impondo sua soberania sobre todas aquelas situações que o sujeito pode submeter à verificação empírica, isto é, sobre situações de experimentação concreta. 
Neste estágio também é possível verificar que as regras sociais já estão mais internalizadas, comandadas por um senso de justiça e reciprocidade, bem como o momento em que as crianças estão aprendendo a lidar com o pensamento e questões conceituais. 
O filme aborda o quanto metodologias pedagógicas unilaterais podem prejudicar o desenvolvimento quando uma criança apresenta alguma dificuldade do ponto de vista cognitivo, como é o caso de Ishaan que apresenta dislexia. Somente com a sensibilidade do professor de artes Nikhumbh que foi possível tornar ainda mais concreto o processo de desenvolvimento ao identificar pontualmente a dificuldade apresentada, descobrindo suas habilidades. 
É significativa a dimensão artística nesta fase em questão, pois além de trabalhar os aspectos lógicos e formais, a arte permite que a criança aprenda a expressar suas ideias e emoções, sendo um significativo instrumento da identidade. De fato, foi justamente a partir da sensível intervenção pedagógica que se obteve um satisfatório resultado no desenvolvimento cognitivo de Ishaan, o que nos revela o papel significativo do professor como entusiasta facilitador no estágio nas operações concretas.
IV. O Caso de Ishaan e as etapas do desenvolvimento em Erikson[footnoteRef:5] [5: LEITE, Artur Alexandre de M. Um estudo bibliográfico da teoria psicossocial de Erik Erikson: contribuições para a educação. Debates em educação. Vol. 11 | Nº. 23 | Jan./Abr. | 2019. Disponível em: file:///C:/Users/Ailton/Downloads/6332-Texto%20do%20Artigo-26966-3-10-20190425.pdf. Acessado em 21 de novembro de 2021. ] 
Segundo a teoria Psicossocial, desenvolvida por Erik Erikson, o personagem Ishaan encontra-se na fase da Diligência versus Inferioridade, que abarca os 6 anos até a etapa da puberdada. Nesta etapa do desenvolvimento, a criança passa a desenvolver maior controle por atividades físicas e intelectuais, adaptando-se às regras e métodos do sistema formal de ensino, tendo suas principais relações sociais na escola.
Nesta etapa, as tarefas que são realizadas de maneira satisfatória apontam às compreensões de perseverança, recompensa a longo prazo e competência no trabalho. Todavia, o ego está sensível, uma vez que se falhas ocorrerem ou se o grau de exigência for alto, ele voltar a níveis anteriores de desenvolvimento, implantando o sentimento de inferioridade na criança. 
Esse aspecto é notório no filme, pois devido as dificuldades de Ishaan no aprendizado, segundo o sistema rígido imposto pela escola e reforçado por seu pai, percebe-se a fuga ou o isolamento do contato e interação social, bem como a perda da alegria e criatividade. 
Somente por meio de uma sensível intervenção pedagógica, onde foi considerado não somente os aspectos que reforçavam o sentimento de inferioridade mediante a dificuldade apresentada, mas a potência criativa da arte, Ishaan reestabelece a dimensão de diligência, retomando a confiança em si. Nesse sentido, torna-se necessário estimular a representação social no intuito de valorizar e enriquecer a própria personalidade.
REFERÊNCIAS
COLL, César; MARCHESI, Álvaro; Palácios, Jesús et.all. Desenvolvimento psicológico e educação: psicologia evolutiva. Vol. 1. Porto Alegre: Artmed, 2017.
LEITE, Artur Alexandre de M. Um estudo bibliográfico da teoria psicossocial de Erik Erikson: contribuições para a educação. Debates em educação. Vol. 11 | Nº. 23 | Jan./Abr. | 2019. Disponível em: file:///C:/Users/Ailton/Downloads/6332-Texto%20do%20Artigo-26966-3-10-20190425.pdf. Acessado em 21 de novembro de 2021.
 
PAPALIA, Diane E. Desenvolvimento Humano – 8ª Edição. Artmed Editora S. A: Porto alegre, 2006

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