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Processo Penal

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Processo Penal- Teoria Geral da Prova.
Conceito de prova: Todo elemento pelo qual se procura demonstrar a verdade de uma alegação ou de um fato, buscando com isso, influenciar o convencimento do julgador. O devido processo legal e os princípios decorrentes: Ninguém será privado de sua liberdade ou bens sem o devido processo legal (art. 5º,LIV, CF).Do devido processo legal decorrem os seguintes princípios processuais penais: Ampla defesa (art. 5º, LV, CF): garantia da defesa no âmbito mais amplo possível, garantia de todos os acusados: autodefesa (interrogatório e indicação de provas) ou defesa técnica (obrigatória). = autodefesa (como ele tem o direito de permanecer calado, é uma faculdade de autodefesa, ele pode falar como pode não falar) momento mais conveniente = interrogatório defesa técnica = o réu deve obrigatoriamente contar com um profissional habilitado para atuar em juízo na defesa de seus interesses - se for um advogado regularmente inscrito na OAB poderá ele optar por defender seus próprios interesses. Súmula Vinculante 14 (É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.) Súmula 705 (A renúncia do réu ao direito de apelação, manifestada sem a assistência do defensor, não impede o conhecimento da apelação por este interposta.) sumula 708 (É nulo o julgamento da apelação se, após a manifestação nos autos da renúncia do único defensor, o réu não foi previamente intimado para constituir outro.)sumula 712 (é nula a decisão que determina o desaforamento de processo da competência do júri sem audiência da defesa.)Contraditório (art. 5º, LV, CF): possibilidade de contra argumentar (manifestar-se em relação às provas trazidas pela parte adversa).Abrange a paridade de armas (isonomia em matéria probatória): simetria de oportunidades. Regra: de imediato. Mas pode ser diferido em algumas medidas cautelares. Pode ser postergado = quando ha o risco de perecimento das provas, então dá-se prioridade ao exame pericial e posteriormente, assegura-se o contraditório as partesJuiz natural art 5, XXXVII e LIII, CF competência pre á definida.Não se admite Tribunal de exceçãoAbrange a identidade física o juiz = art 399, p2, CPP: aquele que instrui, também julga o feito.
Não configura violação desse princípio:- convocação de juiz de 1 instancia para compor órgão julgador de 2 instancia redistribuição de causa decorrente da criação de nova Vara Vedação da prova ilícita (art. 5º, LXI, CF).Provas vedadas, proibidas ou inadmissíveis são aquelas cuja produção viole a lei ou os princípios inerentes ao direito material ou processual Publicidade: art. 5º, LX e 93, IX, CF: transparência, fiscalização das decisões. Exceções: Publicidade parcial = decretação de sigilo em prol da paz pública, segurança social e intimidade da pessoa exposta (só as partes têm acesso).art. 5º, XXXVIII, b, CF (votação no Júri); 234-B do CP (dignidade sexual); 20do CPP (IP).Motivação das decisões judiciais (art. 93, IX e X, CF).IX - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei, se o interesse público o exigir, limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes;X - as decisões administrativas dos tribunais serão motivadas, sendo as disciplinares tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus membros; Estado de Inocência (art. 5º, LVII, CF).Presunção de não-culpabilidade: ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória. No ônus da prova = o p. da presunção de inocência faz recair sobre a acusação o ônus de provar a culpa latu senso do acusado Dela decorre o in dubio pro reo (art. 386, VII, CPP): na dúvida, absolve-se. Recente polêmica – STF, HC n.º 126292 (17/02/16) e ADC 43 e 44: efetivo trânsito em julgado versus condenação em segunda instância = choque do princípio do estado de inocência com o da efetividade da Justiça – razoável duração e celeridade do processo (art. 5º, LXXVIII, CF).Princípios Orientadores: Direito de não autoincriminação Abrange o direito ao silêncio (art. 5º, LXIII, CF: direito de permanecer calado) e direito de não ter sua integridade física violada (art. 5º, XLIX).Art. 8º, item 2, da Convenção Interamericana de DH: : ninguém é obrigado a depor contra si mesmo, nem a declara-se culpado. Interpretação da Doutrina amplamente majoritária: destes direitos decorre, logicamente, o direito de não produzir prova contra si mesmo e até mesmo o direito do acusado de mentir. Busca da verdade real: Verdade formal é aquela que surge a partir dos argumentos trazidos pelas partes. o juiz julga de acordo com as provas produzidas, sem se preocupar com a busca daquilo que ocorreu no plano fático. Ex.: Revelia (falta de contestação por parte do réu em relação à ação proposta em face dele) no processo civil. Presumem-se verdadeiros os fatos alegados na petição inicial não contestada. Verdade Real: O Juiz não deve se contentar somente com as provas trazidas pelas partes. Ele deve buscar o julgamento mais próximo possível da realidade. Vigora no processo penal. O ônus da defesa é diferente do ônus da acusação, o ônus da defesa é um ônus imperfeitoClassificação da prova:
1) Quanto ao objeto da prova: Prova Direta: Voltada a demonstrar o fato principal, isto é, o objeto da demanda(ex.: o acusado matou ou não; que subtraiu coisa alheia móvel ou não). Prova da pessoa praticando o núcleo do tipo Prova indireta (ou indícios): Busca demonstrar “fatos secundários ou circunstanciais, dos quais se pode extrair a convicção da existência do fato principal” (Vicente Greco).
2) Quanto ao sujeito: Prova pessoal: emana de depoimentos de pessoas (vítima, testemunhas, interrogatório). Oralidade. Prova Real: Produzida por meio de objetos ou coisas (prova documental, pericial).
3) Quanto ao momento da produção: Provas Simples (comum): produzida no bojo da instrução. Prova pré-constituída: produzida em procedimento cautelar, para utilização em futura demanda.
Objetos de provas:
Objeto da prova = são os fatos, principais ou secundários ---- obj de prova = diz respeito ao que é ou não necessário ser demonstrado Porém, somente devem ser submetidos à atividade probatória os fatos pertinentes ao processo (relacionados à causa) e os fatos relevantes (aqueles que podem influir na decisão da causa).
A instrução probatória de fatos impertinentes ou irrelevantes acaba por ser inútil e tão apenas procrastina o feito.
No processo penal, os fatos, ainda que notórios, devem ser comprovados quando elementares do tipo penal. Ex.: Embora a morte de alguém seja amplamente divulgada na mídia, isto não dispensa o exame necroscópico.
•  Obs.: embora prova testemunhal possa supri-lo (art. 167, CPP).
•  A falta de contraditório sobre um fato não dispensa a prova. Exemplo: Não basta a confissão do réu; esta deve ser corroborada por outras provas.
•  Prova do Direito. É necessária?
•  Se a legislação for federal, não é preciso prová-la. O Juiz tem obrigação de conhecê-la (“dai-me os fatos que te dou o direito”). Ele também tem obrigação de conhecer a legislação do Estado e do Município no qual exerce seu cargo.
•  Se a legislação for de outro Estado ou Município (diversos do local de atuação do Magistrado), e a parte pleitear sua aplicação por analogia, o Juiz poderá determinar que seu teor e vigência sejam provados.
Meios de Prova. Restrições:
Meios de prova “são todos os recursos diretos ou indiretos, utilizados para alcançar a verdade dos fatos no processo” (Nucci).
• O direito à prova não é irrestrito, absoluto. “Como qualquer direito, também está sujeito a limitações decorrente da tutela que o ordenamento confere a outros valores e interesses igualmente dignos de proteção” (Antonio Magalhães Gomes Filho).
• Noutras palavras, o direito à prova é limitado em respeito a direitos/garantiasconstitucionais do acusado.
Os meios de obtenção da prova podem ser:
- Lícitos: admitidos pelo ordenamento jurídicos;
- Ilícitos: não admitidos; contrários ao ordenamento.
• Para Ada Pellegrini, os meios ilícitos abrangem não só aqueles proibidos pela Lei, mas também os imorais, antiéticos, atentórios à dignidade da pessoa humana, aos bons costumes ou aos princípios gerais de direito.
Prova ilegal: Ilícita X Ilegítima (Magalhães)
Prova ilícita = - Resultado da violação de um direito material.
- Ilegalidade ocorre no momento da obtenção da prova
- Ex.: confissão mediante tortura; documentos interceptados com violação de correspondência; objetos apreendidos em buscas não autorizadas; interceptação telefônica sem os requisitos da Lei.
- Ex.: confissão mediante tortura; documentos interceptados com violação de correspondência; objetos apreendidos em buscas não autorizadas; interceptação telefônica sem os requisitos da Lei.
Prova ilegítima = Resultado da violação de uma norma processual
- Ilegitimidade se dá no momento da produção
- Ex.: oitiva das testemunhas de defesa antes das de acusação; oitiva de testemunha além do número legal; perícia realizada por perito que não prestou compromisso, etc.
- Tem por consequência a nulidade da prova, podendo sua produção ser renovada de acordo com as regras processuais.
Meios de produção da prova = Restrições
• O CPP traz, expressamente, algumas limitações à produção da prova:
- art. 155, p. ú: proibição no juízo penal de discussão relativa ao estado civil das pessoas. Tais questões devem ser resolvidas no juízo próprio (questões prejudiciais absolutas – art. 92, CPP).
- Art. 158 e 167: Necessidade da prova por meio de exame de corpo de delito quando o crime deixar vestígios, sendo admissível a prova testemunhal somente se os vestígios desapareceram (ex.: corpo do morto não encontrado).
- Art. 62: Prova da morte para extinção da punibilidade deve ser feita por meio de certidão de óbito.
Meios de produção da prova. Restrições:
Art. 207: Impedimento de depoimento por parte de pessoas que devem guardar o sigilo profissional, salvo se desobrigadas pela parte e se assim o desejarem.
• Súmula 74 do STJ: Menoridade do réu somente pode ser comprovada por meio de documento hábil (ex. certidão de nascimento, RG).
• Estas provas , se colhidas em desconformidade com os referidos artigos de lei, ferem normas de direito processual; há vício na forma de produção.
•  Assim, são provas ilegítimas e nulas (podem ser refeitas, escoimadas dos vícios na produção).
•  Nulidade pode ser absoluta ou relativa (esta depende da prova do prejuízo e está sujeita à preclusão) – v. arts. 563 a 573, CPP.
Prova ilícita ex: um cara pra ferrar uma mulher coloca um relogio seu na bolsa dela, ela é presa em flagrante, solta, depois o cara esta falando com um amigo e confessa tudo, a ligação é grampeada, o amigo entrega para a policia é prova ilícita !!!!
• Regra: inadmissibilidade:
• “São inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos” (art. 5º, LVI).
• CPP, art. 157: ”São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais”.
•  * Impropriedade da redação: se não houver nexo de causalidade, não há prova derivada!
•  “Doutrina dos frutos da árvore envenenada”: uma prova (secundária) obtida a partir de uma prova ilícita também é ilícita.
•  Ex.: STF, HC 69.912-0/RS: reconheceu a ilicitude de provas produzidas de forma lícita (depoimentos) que só foram possíveis a partir do uso de interceptações telefônicas não autorizadas (prova originária ilícita).
Prova ilícita por derivação:
Fonte independente:
•  CPP, art. 157, “§ 2o: ”Considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova ” . = ela seria uma fonte suficiente
•  Conceito resgatado na jurisprudência norte-americana, em decisões nas quais a prova possuía duas fontes, uma ilícita (desconsiderada) e outra lícita (considerada). Exclui-se, na realidade, o nexo causal entre a ilicitude e a prova admissível.
•  Crítica da doutrina majoritária: Lei confunde “fonte independente” com “descoberta inevitável”.
•  Para o texto da lei, bastaria a possibilidade de obtenção da prova de forma regular (e não a efetiva obtenção desvinculada da prova obtida ilicitamente).
Inutilização da prova ilícita:
• CPP, art. 157, § 3º. “Preclusa a decisão de desentranhamento da prova declarada inadmissível, esta será inutilizada por decisão judicial, facultado às partes acompanhar o incidente”.
• Prova ilícita = desentranhada e não-valorada pelo Juiz.
• Problema da destruição: Prova ilícita poderia ser utilizada em outro feito, licitamente. Ex.: processo para apurar crime de tortura utilizada para a confissão (prova ilícita em decorrência da tortura).
Prova ilícita: pode ser utilizada em alguma hipótese?
Existem 4 teorias:
•  Sempre se admite: busca da verdade real prevalece (minoritária e, a nosso ver, contrária à CF);
•  Nunca se admite: vedação é absoluta;
•  Admite-se, excepcionalmente, em favor do réu (posição majoritária) !!
•  Admite-se, excepcionalmente, em favor do réu ou da sociedade (pensamos ser a melhor posição).
•  As duas últimas teorias invocam o princípio da proporcionalidade.
Princípio da Proporcionalidade
Preceitua que nenhuma garantia constitucional goza de valor supremo e absoluto, de modo a aniquilar outra garantia de valor e grau equivalente.
Princípio (norma de valor) que possui três elementos estruturantes:
• Adequação (idoneidade) Um meio é adequado quando o seu uso é apto a alcançar o resultado almejado.
• Necessidade (exigibilidade) Um meio é necessário quando não existe outro meio distinto que seja igualmente eficaz
• Proporcionalidade em sentido estrito (justa medida). Um meio é proporcional (justo) quando as vantagens do fim alcançado superam as desvantagens da limitação ou restrição ao direito fundamental atingido. Choque de valores constitucionais
Ônus da Prova:
aquele que alegar algo tem o onus de provar o que alegou !!
“Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício:
I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida;
II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante ” .
Ônus da Prova:
• Ônus = encargo de provar; de convencer o julgador.
• A prova é produzida pelas partes: Quem alegar, deve provar. Ao Juiz caberá, dentro de limites, dirimir dúvidas, para realizar um julgamento justo.
• Regra: Acusação deve comprovar materialidade e autoria (imputação apresentada na peça inicial); ao passo que a defesa deverá provar eventuais causas excludentes de ilicitude ou culpabilidade.
• Autoria e materialidade são fatos constitutivos da pretensão do autor (MP). Se ele não prová-los, sua pretensão punitiva será improcedente.
• Ao acusado caberá provar fatos impeditivos (ex.: excludente de ilicitude), extintivos (ex.: causa extintiva da punibilidade) ou modificativos (contraprova do fato constitutivo, como, p.ex., um álibi) da pretensão do autor, o que levará à improcedência do pleito.
• O ônus do réu é imperfeito, porque, ainda que ele não prove o que alega, isto não levará necessariamente sua à condenação, já que lhe aproveita o benefício da dúvida (in dubio pro reo) – artigo 386. VI, CPP, que decorre do estado de inocência.
Ônus da prova. Álibi:
• Álibi: Alegação feita pelo réu de que não estava em determinado local e, em decorrência disto, não é ao autor do delito.
• O álibi é uma causa modificativa da pretensão da acusação.
• O réu tem o ônus de provar seu álibi. Observar, contudo, que a ausência desta prova não desobriga a acusação de demonstrar cabalmente a autoriado delito.
Princípios relativos ao ônus da prova:
1º.) Princípio da Indeclinabilidade da Jurisdição: O Juiz é obrigado a proferir uma decisão de mérito. Ele não pode deixar de fazê-lo em razão da complexidade dos fatos;
2º.) Princípio da Imparcialidade: O Juiz não pode acusar ou defender; não pode assumir um dos lados. Em decorrência disso, ele não tem, como regra, a iniciativa de produção da prova;
3º.) Princípio da persuasão racional na apreciação da prova: O Juiz deve decidir de acordo com as provas produzidas.
Ônus subjetivo e ônus objetivo:
• Ônus subjetivo: ônus das partes. Elas têm de provar, caso contrário sofrerão as consequências disto (condenação ou absolvição). se elas provam, melhor pra elas, agora no caso do obj nao porque o juiz tem que julgar conforme as provas, este é o onus dele
• Ônus objetivo: ônus do Juiz, de julgar conforme o quadro probatório amealhado.
• Juntada a prova nos autos, não mais importa quem a produziu. Ambas as partes podem dela utilizar-se e o Juiz a apreciará independentemente de quem a produziu (Princípio da Comunhão das Provas).
Poderes instrutórios do Juiz:
• O artigo 156 do CPP determina no seu caput a regra de que o ônus da prova é das partes.
• O mesmo artigo dispõe que é facultado ao Juiz, de ofício:
•  I - Ordenar a produção antecipada de prova considerada urgente, mesmo antes de iniciada a ação penal;
•  II - Determinar, no curso da instrução ou antes da sentença, diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante.
Poderes instrutórios do Juiz:
• Obs.: Os poderes do Juiz são excepcionais e residuais. Ele não substitui as partes.
• O Juiz tem como limite a imparcialidade.
•  Ao determinar a produção de uma prova (e fazê-lo de forma motivada), ele não pode estar predisposto a determinado resultado no processo, mas sempre a sanar dúvidas (Marcos Zilli).
• Se a prova vier aos autos por iniciativa judicial (excepcionalmente), deve o Magistrado abrir o contraditório.
Poderes instrutórios do Juiz:
• Obs. em relação ao inciso I: ação do Juiz visará a antecipação de uma prova considerada urgente (medida cautelar).
• Esta prova pode ser, em tese, favorável a qualquer das partes. Ela não poderá ser produzida no futuro devido ao risco de perecimento, razão pela qual o Juiz ordenará sua produção imediata.
• Exemplos: interceptação telefônica, busca e apreensão, depoimento de testemunha em estágio terminal, perícias em coisa deteriorável, etc.
• Nossa posição: Juiz só pode determinar se houver pedido do MP, investigado ou representação da autoridade policial.
•  Determinação de ofício fere a imparcialidade/inércia, já que nesta fase o Juiz não é o destinatário da prova (mas sim o MP).
Momentos da produção da prova:
•  Acusação: prova é requerida no momento do oferecimento da denúncia ou queixa;
•  Defesa: prova é requerida na resposta à acusação.
•  Apesar desta regra geral, é plenamente possível, em respeito à verdade real e à ampla defesa, a propositura da prova a qualquer momento.
•  O juiz examinará a pertinência do pedido, deferindo ou indeferindo a produção da prova.
•  As provas orais são produzidas em audiência.
A pericial na fase policial ou em juízo.
A documental a qualquer tempo, salvo prazos fixados pela Lei.
•  Pode haver, também, produção antecipada, se houve risco de perecimento da prova.
Indícios:
• CPP, art. 239: "Considera-se indício a circunstância conhecida e provada, que, tendo relação com o fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias".
• O indício é, assim, objeto da chamada “prova indireta”, ou seja, aquela que não comprova o fato em si, mas sim outro fato que pode induzir aquele.
• O Juiz, analisando o indício, desenvolve um raciocínio (por vezes embasado na sua própria experiência e/ou em presunções) que o leva ao convencimento pessoal sobre a existência ou inexistência dos fatos.
Valoração da prova. Sistemas:
• Sistema da Livre Apreciação da Prova: O juiz tem ampla liberdade para decidir, segundo critérios de valoração íntima, ou seja, independentemente do que consta dos autos. Aqui, não há necessidade de fundamentação de seu convencimento.
• Este sistema, no Brasil, é aplicado para as decisões do Tribunal do Júri (art. 5º, XXXVIII, CF).
Valoração da prova. Sistemas:
• Sistema da Prova Legal: Cada prova tem seu peso e seu valor, ficando o Juiz extremamente vinculado às provas apresentadas, “cabendo-lhe, apenas, computar o que foi apresentado” (Grecco).
• É um sistema aritmético. As provas têm determinado valores e o Juiz vai somando.
• Critério é puramente objetivo.
• Não é adotado no Brasil.
•  No CPP: prova pericial, quando o crime deixa vestígio, é preferencial. Polêmica: é uma hipótese isolada de adoção do sistema?
Valoração da prova. Sistemas:
• Sistema da Persuasão Racional: Juiz está atrelado ao material probatório constante dos autos (“o que não está nos autos, não está no mundo”), mas possui liberdade de apreciação das provas para formar seu convencimento. Deve buscar a verdade real.
• Juiz tem o dever de fundamentar sua decisão (art. 93, IX, CF), expondo as razões de seu convencimento, baseado nas provas colhidas – a análise da fundamentação permitirá à parte discordante apresentar o recurso cabível.
• As provas não têm valor predeterminado. Elas são apreciadas de acordo com o contexto, dentro de um universo de provas. O Juiz valorará conforme sua convicção.
• Art. 155, CPP: “ O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas ” .
• Embora artigo de lei use o termo “ livre apreciação da prova ” , ele exige o respeito ao contraditório e a fundamentação das decisões. É o sistema da persuasão racional.
• Exceção: Tribunal do Júri = Sistema da livre apreciação da prova.
• Exceção: perícia quando o crime deixa vestígios: prova tarifária?
•  Questão polêmica e não pacífica.
Prova pericial:
Art. 158 a 184, CPP.
Prova técnica = produzida por profissional especializado (perito), com conhecimentos específicos em determinado assunto.
Perito elabora um laudo.
▫ Partes podem fazer quesitos
▫ Juiz não fica adstrito ao laudo.
▫ Prazo para o laudo: 10 dias, que podem ser prorrogados.
Regra no processo penal: Perito oficial (servidor público).
▫ Na sua ausência: 2 particulares nomeados e compromissados.
▫ Partes podem indicar assistentes técnicos para acompanhar
Art. 158: Quando o crime deixar vestígio, deve ser realizado o exame de corpo de delito. ▫ Corpo de delito = conjunto de vestígios deixado pelo crime. ▫ Mas se vestígios desaparecerem: prova testemunhal pode suprirlhe a falta (art. 167, CPP). ▫ Entendemos que qualquer prova lícita pode suprir.
Exame pode ser direto ou indireto.
Também pode ser primário (imediato, em qualquer dia/horário, cf. art. 161, CPP) ou complementar (ex.: falha no primário; surgimento de novos vestígios; hipótese do art. 168, § 2º, CPP).
CPP prevê as regras gerais para qualquer perícia e também especifica algumas de suas modalidades (exames mais usuais).
Exame necroscópico, exumação e de lesões corporais:
Necroscópico: art. 162/166, CPP.
▫ Exame no cadáver, para apurar a causa da morte.
▫ Quem realiza: médico legista (IML). ▫ Descreve lesões internas e externas.
▫ Pode ser importante para comprovar qualificadora do art. 121, § 2º, inc. III, CP.
Exumação: exame necroscópico tardio (após enterro).
Exame de lesões = art. 168 do CPP
▫ Perito constata características e dimensões das lesões.
▫ Importante para definir sua natureza (leve, grave ou gravíssima).
caracteristicas =
perfurante = perfura ex: agulha, prego, picador de geloo, espeto
cortante (ou incisas) = corta ex: faca, gilete, canivete
contundente = lesiona ex: taco, pedra, soco ingles
mistas = pérfulo-cortante: peixeira, punhal, espada
pérfulo-contundente = disparo de arma de fogo
corto-contundente = machado, gacao, foiceExame de local dos fatos:
Preservação do local pela autoridade policial até a chegada da perícia (art. 6º, I, e art. 169, CPP). ▫ Objetivo = que não se altere o estado das coisas. Fatores externos podem prejudicar a perícia.
Os peritos descreverão todos os fatos observados, instruindo com fotografias, desenhos ou esquemas elucidativos (art. 169, parte final, CPP).
Prova muito importante para constatar: materialidade do crime; autoria; circunstân .cias; qualificadoras; etc
Exames laboratoriais:
Art. 170, CPP: exames de coisas em laboratórios: perícia, como regra, feita por químico.
Ex.: droga = toxicológico. ▫ Se substância é droga, qual sua espécie, quantidade, etc. ▫ “Laudo de constatação” (provisório: acompanha o auto de prisão em flagrante – art. 50, § 1º, Lei de drogas), e “Laudo definitivo” (art. 50, § 2º).
Guarda de material para contraprova.

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