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Áreas Cerebrais e Funções Correlatas
Sempre que vejo uma pessoa andando na rua com algum sinal que parece sequela de lesão neurológica, fico tentando adivinhar qual seria a causa. Acredito que essa seja uma mania do Fisioterapeuta: tentar enxergar além do que os olhos veem, colocando sempre o “olho clínico” para funcionar.
A minha área de atuação é a Fisioterapia Neurológica, apesar de estar em constante contato com artroses, entorses, desvios posturais etc. Dessa forma, sempre que vejo algum indivíduo com algum sinal patognomônico óbvio (e alguns nem tão óbvios assim), tento ficar adivinhando do que se trata (sem ser indiscreta, é claro!).
A Neurologia cresce exponencialmente, mas ainda é uma área desafiadora, pois a cada dia descobrimos que o cérebro não pode ser rigidamente mapeado. Existem variações anatômicas e funcionais de indivíduo a indivíduo. Existem também as recuperações funcionais após uma lesão encefálica, que fazem com que nós percebamos que o cérebro é de fato uma máquina excepcional.
Algumas teorias já foram comprovadas em populações gerais, esquecendo-se os desvios padrões. Muitas áreas cerebrais já podem ser relacionadas a determinadas funções em indivíduos saudáveis. Assim, segue abaixo um resumo prático da estrutura e função do córtex cerebral.
O cérebro humano pode ser dividido em áreas de projeção e áreas de associação. As áreas de projeção são as chamadas áreas primárias e relacionam-se diretamente com a sensibilidade ou com a motricidade. As áreas de associação são aquelas que não se relacionam diretamente com a motricidade ou a sensibilidade – são as áreas secundárias.
As áreas de projeção podem ser divididas em áreas sensitivas primárias e área motora primária.
Áreas Sensitivas Primárias:
– A Área Somestésica ou área da sensibilidade somática geral está localizada no giro pós-central. É onde chegam as radiações talâmicas que trazem impulsos nervosos relacionados à temperatura, dor, pressão, tato e propriocepção consciente da metade contralateral do corpo. Existe correspondência entre as partes do corpo e as partes da área somestésica (somatotopia). Para representar essa somatotopia, existe o homúnculo sensitivo e nele chama a atenção a área de representação da mão, especialmente dos dedos, o qual é desproporcionalmente grande.
Isso confirma que a extensão da representação cortical de uma parte do corpo depende da importância funcional desta parte e não de seu tamanho. Lesões da área somestésica podem ocorrer, por exemplo, como consequência de AVCs que comprometem as artérias cerebral média ou cerebral anterior. Há então perda da sensibilidade discriminativa do lado oposto à lesão. Perde-se a capacidade de discriminar dois pontos, perceber movimentos de partes do corpo ou reconhecer diferentes intensidades de estímulos (perde a estereognosia).
– A Área Visual localiza-se nos lábios do sulco calcarino no lobo occipital, sendo responsável pela recepção visual do campo visual oposto. Sua ablação bilateral causa cegueira completa.
– A Área Auditiva está situada no giro temporal transverso anterior. Nela chegam fibras da radiação auditiva, que se originam no corpo geniculado medial. Lesões bilaterais causam surdez completa. Lesões unilaterais causam déficits pequenos, pois as vias não são totalmente cruzadas.
– A Área Vestibular localiza-se no lobo parietal em uma região próxima ao território da área somestésica correspondente à face. Portanto, está mais relacionada com a área de projeção da sensibilidade proprioceptiva do que com a auditiva, informando sobre a posição e o movimento da cabeça.
– A Área Olfatória está situada na parte anterior do úncus e do giro para-hipocampal. Sua lesão pode causar alucinações olfatórias.
– A Área Gustativa localiza-se na porção inferior do giro pós-central (lobo parietal), próxima à ínsula, em uma região adjacente à parte da área somestésica correspondente à língua. Lesões provocam diminuição da gustação na metade oposta da língua.
Área Motora Primária:
Ocupa a parte posterior do giro pré-central. Igualmente ao homúnculo sensitivo, a mão é representada desproporcionalmente, demonstrando que a extensão da representação cortical é proporcional à delicadeza dos movimentos realizados pelos grupos musculares envolvidos. As principais conexões aferentes da área motora são com o tálamo – através do qual recebe informações do cerebelo, com a área somestésica e com as áreas pré-motora e motora suplementar. Por sua vez, a área motora primária dá origem à maior parte das fibras dos tratos córtico-espinal e córtico-nuclear, principais responsáveis pela motricidade.
As áreas de associação, por sua vez, podem ser divididas em áreas de associação secundárias e áreas de associação terciárias.
Áreas de Associação Secundárias:
– Áreas de Associação Secundárias Sensitivas. São três: área somestésica secundária (situada no lobo parietal, logo atrás da área somestésica primária); área visual secundária (localizada no lobo occipital e se estendendo ao lobo temporal); e a área auditiva secundária (situada no lobo temporal). As áreas secundárias recebem aferências principalmente das áreas primárias correspondentes e repassam as informações recebidas às outras áreas do córtex.
Para que se possa entender melhor o significado funcional das áreas secundárias, cabe descrever os processos mentais envolvidos na identificação de um objeto. Na etapa de sensação, toma-se consciência das características sensoriais do objeto. Na etapa de interpretação (gnosia), tais características sensoriais são comparadas com o conceito do objeto existente na memória do indivíduo, o que permite sua identificação. A etapa de sensação faz-se na área primária; já a etapa de interpretação envolve processos psíquicos mais complexos que dependem da integridade das áreas de associação secundárias. Em casos de lesões das áreas de associação secundárias, ocorrem os casos clínicos denominados agnosias, nos quais há perda da capacidade de reconhecer objetos, apesar das vias sensitivas e das áreas de projeção cortical estarem normais. Distinguem-se agnosias visuais, auditivas e somestésicas, estas últimas geralmente táteis.
– Áreas de Associação Secundárias Motoras. São adjacentes à área motora primária, relacionando-se com ela. Lesões dessas áreas frequentemente causam apraxias, onde há incapacidade de executar determinados atos voluntários, sem que exista qualquer déficit motor (áreas relacionadas com o planejamento do ato voluntário).
A área motora suplementar situa-se na face medial do giro frontal superior. Suas principais conexões são com o corpo estriado via tálamo e com a área motora primária. Relaciona-se com a concepção ou planejamento de sequências complexas de movimentos e é ativada juntamente com a área motora primária quando esses movimentos são executados, mas é ativada sozinha quando a pessoa é solicitada a repetir mentalmente a sequência dos movimentos.
A área pré-motora localiza-se no lobo frontal na face lateral do hemisfério. Nas lesões dessa região, os músculos têm sua força diminuída (musculatura axial e proximal dos membros). Projeta-se também para a área motora primária e recebe aferências do cerebelo (via tálamo) e de várias áreas de associação do córtex. Através da via córtico-retículo-espinal, que nela se origina, a área pré-motora coloca o corpo em uma postura básica preparatória para a realização de movimentos mais delicados, a cargo da musculatura mais distal dos membros.
A área de Broca está situada no giro frontal inferior e é responsável pela programação da atividade motora relacionada com a expressão da linguagem. Lesões da área de Broca resultam em déficits de linguagem (afasias). A área de Broca está situada em frente à parte da área motora que controla os músculos relacionados com a vocalização.
Áreas de Associação Terciárias:
Recebem e integram as informações sensoriais já elaboradas por todas as áreas secundárias e são responsáveis também pela elaboração das diversas estratégias comportamentais.
– A Área Pré-Frontal compreendea parte anterior não-motora do lobo frontal. Ela recebe fibras de todas as demais áreas de associação do córtex, ligando-se ainda ao sistema límbico. Esta região está envolvida pelo menos nas seguintes funções: escolha das opções e estratégias comportamentais mais adequadas à situação física e social do indivíduo, assim como a capacidade de alterá-los quando tais situações se modificam; manutenção da atenção; e controle do comportamento emocional.
– A Área Temporo-Parietal compreende todo o lobo parietal inferior, situando-se entre as áreas secundárias auditivas, visual e somestésica, funcionando como centro que integra informações recebidas dessas três áreas. É importante para a percepção espacial e esquema corporal. Lesões nessa área originam a Síndrome da Heminegligência (e a Síndrome de Pusher), muito mais comum em lesões de hemisfério direito (mais relacionado com processos visuo-espaciais).
– As Áreas Límbicas compreendem o giro do cíngulo, o giro para-hipocampal e o hipocampo. Essas áreas estão relacionadas principalmente com a memória e o comportamento emocional.
Abaixo segue uma tabela que resume as áreas cerebrais, distinguindo suas relações anatômicas e funcionais.
Fontes:
– MACHADO A. Neuroanatomia Funcional. Editora Atheneu, 2a ed. 2006
– GILLEN G, BURKHARDT A. Stroke Rehabilitation – A Function-Based Approach. Editora Mosby, 1998.

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