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ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL XVIII
EXAME DE ORDEM UNIFICADO PROVA PRÁTICO-PROFISSIONAL
Aplicada em 17/01/2016 ÁREA: DIREITO PENAL
Prova Prático-Profissional – XVIII
PEÇA PROFISSIONAL – C005063
ENUNCIADO 
Durante o carnaval do ano de 2015, no mês de fevereiro, a família de Joana resolveu viajar para comemorar o feriado, enquanto Joana, de 19 anos, decidiu ficar em sua residência, na cidade de Natal, sozinha, para colocar os estudos da faculdade em dia. Tendo conhecimento dessa situação, Caio, vizinho de Joana, nascido em 25 de março de 1994, foi até o local, entrou sorrateiramente no quarto de Joana e, mediante grave ameaça, obrigou-a a praticar com ele conjunção carnal e outros atos libidinosos diversos, deixando o local após os fatos e exigindo que a vítima não contasse sobre o ocorrido para qualquer pessoa. Apesar de temerosa e envergonhada, Joana contou o ocorrido para sua mãe. A seguir, as duas compareceram à Delegacia e a vítima ofertou representação. Caio, então, foi denunciado pela prática como incurso nas sanções penais do Art. 213 do Código Penal, por duas vezes, na forma do Art. 71 do Estatuto Repressivo. Durante a instrução, foi ouvida a vítima, testemunhas de acusação e o réu confessou os fatos. Foi, ainda, juntado laudo de exame de conjunção carnal confirmando a prática de ato sexual violento recente com Joana e a Folha de Antecedentes Criminais (FAC) do acusado, que indicava a existência de duas condenações, embora nenhuma delas com trânsito em julgado. Em alegações finais, o Ministério Público requereu a condenação de Caio nos termos da denúncia, enquanto a defesa buscou apenas a aplicação da pena no mínimo legal. No dia 25 de junho de 2015 foi proferida sentença pelo juízo competente, qual seja a 1ª Vara Criminal da Comarca de Natal, condenando Caio à pena privativa de liberdade de 10 anos e 06 meses de reclusão, a ser cumprida em regime inicial fechado. Na sentença consta que a pena base de cada um dos crimes deve ser aumentada em seis meses pelo fato de Caio possuir maus antecedentes, já que ostenta em sua FAC duas condenações pela prática de crimes, e mais 06 meses pelo fato de o acusado ter desrespeitado a liberdade sexual da mulher, um dos valores mais significativos da sociedade, restando a sanção penal da primeira fase em 07 anos de reclusão, para cada um dos delitos. Na segunda fase, não foram reconhecidas atenuantes ou agravantes. Afirmou o magistrado que atualmente é o réu maior de 21 anos, logo não estaria presente a atenuante do Art. 65, inciso I, do CP. Ao analisar o concurso de crimes, o magistrado considerou a pena de um dos delitos, já que eram iguais, e aumentou de 1/2 (metade), na forma do Art. 71 do CP, justificando o acréscimo no fato de ambos os crimes praticados serem extremamente graves. Por fim, o regime inicial para o cumprimento da pena foi o fechado, justificando que, independente da pena aplicada, este seria o regime obrigatório, nos termos do Art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90. Apesar da condenação, como Caio respondeu ao processo em liberdade, o juiz concedeu a ele o direito de aguardar o trânsito em julgado da mesma forma. Caio e sua família o (a) procuram para, na condição de advogado (a), adotar as medidas cabíveis, destacando que estão insatisfeitos com o patrono anterior. Constituído nos autos, a intimação da sentença ocorreu em 07 de julho de 2015, terçafeira, sendo quarta-feira dia útil em todo o país. Com base nas informações acima expostas e naquelas que podem ser inferidas do caso concreto, redija a peça cabível, excluída a possibilidade de Habeas Corpus, no último dia do prazo para interposição, sustentando todas as teses jurídicas pertinentes. (Valor: 5.00 pontos)
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1º VARA CRIMINAL DA COMARCA DE NATAL - RN
(10 LINHAS)
PROCESSO Nº: ...
CAIO, já qualificado nos autos da ação penal nº: ..., que lhe move a JUSTIÇA PÚBLICA, por seu advogado que esta lhe subscreve, inconformado com a respeitável sentença que o condenou pelo crime de estupro na modalidade continuada, vem, na honrosa presença de Vossa Excelência interpor RECURSO DE APELAÇÃO com fulcro no art. 593, I do Código de Processo Penal.
Requer seja o recebido e provido o presente recurso e remetido com as inclusas razões ao Egrégio Tribunal do Estado.
Nesses Termos, 
Pede deferimento. 
Natal-RN, 13 de julho de 2015.
Advogado - OAB
RAZÕES DO RECURSO DE APELAÇÃO
Apelante: CAIO 
Apelado: JUSTIÇA PÚBLICA 
Processo crime nº: ...
Egrégio Tribunal do Estado, 
Colenda Câmara, 
Douta Procuradoria do Estado.
Em que pese o indiscutível saber jurídico do meritíssimo juízo a quo, impõe-se a reforma da respeitável sentença que condenou o apelante pelo crime de estupro na modalidade continuada, pelas razões de fatos e de direitos a seguir expostas:
DOS FATOS
Durante o carnaval do ano de 2015, no mês de fevereiro, a família de Joana resolveu viajar para comemorar o feriado, enquanto Joana, de 19 anos, decidiu ficar em sua residência, na cidade de Natal, sozinha, para colocar os estudos da faculdade em dia. Tendo conhecimento dessa situação, Caio, vizinho de Joana, nascido em 25 de março de 1994, foi até o local, entrou sorrateiramente no quarto de Joana e, mediante grave ameaça, obrigou-a a praticar com ele conjunção carnal e outros atos libidinosos diversos, deixando o local após os fatos e exigindo que a vítima não contasse sobre o ocorrido para qualquer pessoa.
Apesar de temerosa e envergonhada, Joana contou o ocorrido para sua mãe. A seguir, as duas compareceram à Delegacia e a vítima ofertou representação. Caio, então, foi denunciado pela prática como incurso nas sanções penais do Art. 213 do Código Penal, por duas vezes, na forma do Art. 71 do Estatuto Repressivo. Durante a instrução, foi ouvida a vítima, testemunhas de acusação e o réu confessou os fatos. Foi, ainda, juntado laudo de exame de conjunção carnal confirmando a prática de ato sexual violento recente com Joana e a Folha de Antecedentes Criminais (FAC) do acusado, que indicava a existência de duas condenações, embora nenhuma delas com trânsito em julgado.
Em alegações finais, o Ministério Público requereu a condenação de Caio nos termos da denúncia, enquanto a defesa buscou apenas a aplicação da pena no mínimo legal. No dia 25 de junho de 2015 foi proferida sentença pelo juízo competente, qual seja a 1ª Vara Criminal da Comarca de Natal, condenando Caio à pena privativa de liberdade de 10 anos e 06 meses de reclusão, a ser cumprida em regime inicial fechado. Na sentença consta que a pena base de cada um dos crimes deve ser aumentada em seis meses pelo fato de Caio possuir maus antecedentes, já que ostenta em sua FAC duas condenações pela prática de crimes, e mais 06 meses pelo fato de o acusado ter desrespeitado a liberdade sexual da mulher, um dos valores mais significativos da sociedade, restando a sanção penal da primeira fase em 07 anos de reclusão, para cada um dos delitos.
Na segunda fase, não foram reconhecidas atenuantes ou agravantes. Afirmou o magistrado que atualmente é o réu maior de 21 anos, logo não estaria presente a atenuante do Art. 65, inciso I, do CP. Ao analisar o concurso de crimes, o magistrado considerou a pena de um dos delitos, já que eram iguais, e aumentou de 1/2 (metade), na forma do Art. 71 do CP, justificando o acréscimo no fato de ambos os crimes praticados serem extremamente graves. Por fim, o regime inicial para o cumprimento da pena foi o fechado, justificando que, independente da pena aplicada, este seria o regime obrigatório, nos termos do Art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90. Apesar da condenação, como Caio respondeu ao processo em liberdade, o juiz concedeu a ele o direito de aguardar o trânsito em julgado da mesma forma.
DOS DIREITOS
O apelante foi condenado pelo crime de estupro previsto no art. 213 do CP na modalidade continuada de acordo com o art. 71 do CP, tendo a pena final sendo fixada em 10 anos e 6 meses de reclusão.
Com a modificação trazida pela lei 12.015/2009 o delito de estuprodo art. 213 e o delito de atentado violento ao pudor art. 214 (revogado) foram unidos transformando-os em um tipo misto alternativo e se tornando um crime único, devendo portanto, ser afastada a continuidade do delito que foi imposta e reconhecendo a unicidade da conduta.
A pena foi aumentada em seis meses em cada crime por ter o réu maus antecedentes, ocorre que houve condenações de outros processos pela qual o réu responde, mas nenhuma dela transitou em julgado, devendo desse modo, ser afastado o aumento de pena pelos maus antecedentes nos termos da súmula 444 do STJ, que veda ações em andamento para aumentar a pena por ferir o principio da presunção da inocência.
A pena também foi aumentada em seis meses justificando o magistrado que o acusado desrespeitou a liberdade sexual da mulher, o que não é uma motivação para justificar um aumento de pena, devendo ser portanto afastada tal aplicação.
Na segunda fase da dosimetria não foi levada em consideração nenhuma agravante e nem atenuante. O acusado ao tempo dos fatos era menor de 21 anos e sobre ele incide a atenuante da menoridade prevista no art. 65, I do CP. 
Além do mais, durante a instrução criminal na fase de interrogatório o réu confessou todos os atos por ele praticado incidindo desta forma a atenuante da confissão nos termos do art. 65, II, "e" do CP.
Levando em conta todo o alegado e afastando o concurso de crimes aplicado, deve ser fixada a pena no minimo legal observando somente o critério quantitativo e não a gravidade do delito. 
Ocorrendo a devida diminuição a devida diminuição de pena, que seja reconhecido o direito do réu de iniciar o cumprimento de pena no regime semi aberto, por mais que o crime esteja no rol dos crimes hediondos do art. 1 da lei 8.072/90 e em seu art. 2º preveja o regime inicial fechado, os tribunais superiores declarou a inconstitucionalidade de tal dispositivo devendo se aplicar o art. 33, §2º do CP.
DOS PEDIDOS
Diante de todo o exposto requer que seja o presente recurso recebido e provido reconhecendo a existência de crime único pelo advento da lei 12.015/2009, afastando a presença do referido aumento de pena pelos maus antecedentes por não estar configurado e reconhecer a presença das atenuantes da confissão e da menoridade. Que seja a pena fixada no mínimo legal pois não houve motivo adequado para a que esta fosse elevada, diminuindo portanto, a pena aplicada e fixando o regime inicial de cumprimento de pena o semi aberto levando em conta a inconstitucionalidade da medida aplicada como medida de justiça. 
Nesses termos, 
Pede deferimento.
Natal/RN, 13 de Julho de 2015
Advogado - OAB

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