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Aula 5 fundamentos básicos da cinesiologia, biomecânica e cinesioterapia

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Prof. Ana Carolina Frazão
Ana Carolina Neves Frazão de Freitas
, 
fisioterapeuta
,
 Especialista em Docência do Ensino Superior pela Unifacs
. 
Curso de formação em Ortopedia pela UFBA. Graduada pela FSBA
 – 
Faculdade Social da Bahia
 – em 
2012.
Sou uma das autoras do Livro 500 Questões Comentadas em Fisioterapia e autora e organizadora do Livro Preparatório para Residência em Fisioterapia.
Aula
 04 parte 1
:
 Fundamentos básicos da cinesiologia, biomecânica e cinesioterapia 
1. Teoria em tópicos + esquemas;
2. Questões comentadas ao longo do texto;
3. Lista das questões gabaritadas;
4. Referências bibliográficas.
 
Fundamentos básicos da cinesiologia, biomecânica e cinesioterapia
www.residenciassaude.com.br
Nesta aula exploraremos os principais conteúdos do sistema cardiovascular, destacando a importância deles para concursos e grifando os principais itens que são cobrados nos certames. 
INTRODUÇÃO
A cinesiologia e a biomecânica caracterizam-se como ciências interligadas que possuem o desempenho motor humano como objeto de estudo. A cinesiologia se constitui como uma ciência mais ampla, cuja etimologia da palavra significa estudo do movimento. A biomecânica, por sua vez, estuda a aplicação dos princípios mecânicos ao movimento humano. Podemos perceber, portanto, que as duas são fundamentais na formação do fisioterapeuta e na sua atuação profissional.
O conteúdo dessa área é bastante amplo e complexo, por isso, vamos sintetizar os conceitos básicos de forma objetiva, sempre lembrando que a cinesiologia e a biomecânica se apóiam em ciências afins, como anatomia, física, matemática, fisiologia e biologia para realizar a análise do movimento. Por isso, muitos profissionais necessitam aprofundar seus conhecimentos nessa disciplinas para uma melhor compreensão das cinesiologia e da biomecânica. 
Metodologia da análise do movimento
Existem quatro métodos que podem ser usados para realizar a análise do movimento humano:
Cinemetria: estuda a posição e orientação dos segmentos corporais. Consiste em um conjunto de métodos de mensuração de parâmetros como posição, orientação, velocidade e aceleração do corpo ou de seus segmentos. Podem ser usados sistemas de aquisição de imagens durante a execução de um movimento com cálculo das variáveis dependentes dos dados observados. Possibilita a descrição geométrica do movimento, mas não permite investigar suas causas;
. A figura ao lado demonstra um laboratório de análise da marcha.Dinamometria: está relacionada com o estudo das forças externas e distribuição das pressões. Caracteriza-se como um conjunto de métodos queusados para aferir a força e pressão internas ou externas. A força interna, são aquelas produzidas pelos tecidos como músculos, ligamentos, tendões e ossos e costumam ser difíceis de mensurar. As forças externas são todas as demais forças que estão interagindo no movimento. Na dinamometria também podem ser usadas as “plataformas de forças”, cujaEste função é captar as forças de reação do solo através de microssensores acoplados em sua base;
Antropometria: fornece parâmetros para o modelo corporal. Este método de análise capta dimensões humanas como altura e perimetria dos segmentos corporais. As principais mensurações nessta área são ângulos articulares, perimetria dos segmentos e o comprimento relativo dos segmentos. Os principais instrumentos empregados na coleta dos dados são: estadiômetro, adipômetro, fita métrica, goniômetro e paquímetro;
Eletromiografia: realiza o registro da atividade elétrica do músculo, através de um sistema de aquisição de sinais com eletrodos sensíveis responsáveis por decodificar o sinal analógico muscular em digital. Podem ser usados eletrodos de agulha ou de superfície, que são escolhidos quando o objetivo for uma análise cinesiológica. O sinal eletromiográfico é captado e analisado por um software instalado no computador e as informações geradas permitem identificar o momento em que o músculo inicia e finalizada sua ação, a amplitude do sinal elétrico e a frequência.
ANÁLISE BBIOMECÂNICA DO MMOVIMENTO
Pode ser realizada de duas formas: 
Análise qualitativa: consiste em uma avaliação não numérica que se baseia na observação. O conhecimento teórico amplo facilita a realização desse tipo de análise. Apresenta boa aplicabilidade em consultórios, clínicas, hospitais, treinamentos esportivos e seu custo é baixo;
Análise quantitativa: caracteriza-se pelo registro numérico do movimento através de recursos e equipamentos modernos. Consiste em uma análise mais criteriosa e de difícil aplicabilidade no dia -a -dia, pois envolve custos elevados e exige uma infraestrutura específica, como os laboratórios de biomecânica. A participação de uma equipe multiprofissional é necessária nesstes laboratórios. 
3.1 CAMPOS DE INVESTIGAÇÃO
Independentemente do tipo de análise que você for realizar, os campos de investigação da biomecânica devem estar devidamente elucidados. Para uma análise completa do movimento, é necessária a intercomunicação entre os seguintes campos:
Anatomia funcional: realiza a identificação das estruturas corporais envolvidas na ação;
Cinética: responsável por identificar as causas do movimento;
Cinemática: relacionada com a descrição das características do movimento.
Anatomia fFuncional
A principal consideração da anatomia funcional é o movimento gerado pelo músculo. Existem dois tipos de movimentos:
Movimento linear ou de translação: pode ser retilíneo (ocorre ao longo de uma reta) ou curvilíneo (acontece ao longo de uma linha curva);
Movimento angular ou de rotação.
Os dois movimentos devem ser observados durante as atividades motoras e podem ser descritos por suas características temporo-espaciais (cinemática) ou pelas forças responsáveis por gerar o movimento (cinética). 
3.1.1.1 Cinemática
Perspectiva de análise que leva em consideração as características do movimento, sem referência às fontes causadoras. Basicamente observamos na cinemática os seguintes aspectos: 
Rapidez com que um objeto se move;
Altura que este objeto atinge;
Distância que se desloca.
No movimento linear, realizamos a cinemática linear e no movimento angular realizamos a cinemática angular. Os parâmetros biomecânicos a serem consideradoas em ambas as situações são: vVelocidade, aceleração, posição, deslocamento e tempo8,17. 	
Figura 3:
 sistema de coordenadas cartesianasPara descrever a posição do objeto objeto, precisamos primeiramente identificar um ponto fixo de referência, para isto utilizaremos os sistemas de coordenadas cartesianas (figura 3). Veja abaixo:
Considere que o objeto saiu do ponto A e passou para os pontos B, C e D respectivamente. Localizamos cada ponto a partir de suas coordenadas X e Y
A = (2, 3)
B = (6, 7)
C = (10, 3)
D = (15, 5) 
Cada posição sempre terá uma coordenada no eixo das ordenadas (X) e outra no eixo das abscissas (Y). Podemos identificar o deslocamento deste objeto de um ponto ao outro: 
Percebam que o objeto fez as seguintes trajetórias (Figura 4):
 A’ – B’ B’ – C’ C’ – D’ 
Figura 4:
 sistema de coordenadas cartesianasCada trajetória possui um vetor de deslocamento, ou seja, apontam para uma determinada direção. Através destes vetores podemos desmembrá-los nos seus componentes X e Y:
X
Y
 A’ – B’
Quando você descobre os valores de X e Y, fica fácil descobrir a trajetória A’-B’ através do teorema de Pitágoras:
X
Y
θ
(A’-B’)2 = X2 + Y2
Para saber qual é o grau de inclinação deste ângulo, será necessário relembrar a lei dos senos e cosenos:
Senθ = componente Y
 A’-B’
Cosθ = componente X
 A’-B’
Vamos sugerir uma outra situação onde você conheça o valor da trajetória A’-B’ e o ângulo de inclinação, mas não
saiba não conheça os componentes X e Y. 
Para achar Y:
Sen
θ
 = 
componente Y
A’-B’
Sen53° = 
componente Y
 15 
Componente Y = 15 . sen53°
Componente Y = 15 . 0,7986
Componente Y = 11,97 m
Para achar X:
Cos
θ
 =
 componente X
 A’-B’
Cos53° = 
componente X
 15 
Componente X = 15 . cos53°
Componente X = 15 . 
0,6018
Componente X = 9,027 m
X
Y
Θ =53°
A’-B’ = 15 m
Cinética
Esta área da biomecânica preocupa-se em compreender as forças atuantes nos sistemas de movimento lineares e angulares. Toda a base conceitual da cinética surgiu a partir dos estudos do físico e filósofo Isaac Newton (século XVIII). As leis por ele definidas regem todos os princípios das forças.
Leis de Newton 
1° Lei - Inércia 
“Todo corpo tende a manter seu estado de repouso se já estiver em repouso ou tende a permanecer em movimento se já estiver em movimento.”
2° Lei – Aceleração 
“A magnitude da força aplicada a um objeto depende da massa e da aceleração do corpo.” 
F = m . a
3° Lei – Ação e reação
A
B“Toda força aplicada em um objeto gera uma força contrária reativa de mesma magnitude e sentido contrário.” 
Vale destacar que apenas o movimento angular produz torque, mas a força sempre será o agente causal em qualquer tipo de movimento7. 
Força X Torque
Força é qualquer agente capaz de alterar o movimento no sistema. Baseado na 2° lei de Newton, onde afirma que F=m.a, podemos verificar que qualquer força sempre estará sob o efeito da aceleração da gravidade. Para cada qualquer volume de massa, haverá sempre uma aceleração da gravidade de 9,8m/s28.
Portanto;
9,8 kg.m/s
2 
 = 1 newton (N)F = m . a
F = 1(kg). 9,8(m/s2)
F = 9,8 kg.m/s2
A unidade de medida corresponde a Newtons (N). As forças podem ser divididas em dois grandes grupos:
Forças internas – São aquelas que agem dentro do sistema de movimento em análise. 
Forças externas – São forças que agem sobre o objeto com resultado de sua interação com o ambiente.
Torque é o efeito da rotação criado por uma força e possui magnitude e direção. Quanto maior o torque, maior será a rotação.
T = F. dOnde:
T – torque
F = força
d = braço de alavanca (distância que vai do eixo até o local de aplicação da força)
Movimento estático X Movimento dinâmico
Movimento estático é quando todas as forças atuantes no sistema se anulam e consequentemente não geram aceleração. CondutoContudo, este esse sistema pode entrar em movimento, caso uma destas dessas forças se modifique.Quando uma força já atuante no sistema se altera ou uma nova força entra neste nesse sistema, haverá o desequilíbrio e consequentemente a aceleração, iniciando o movimento dinâmico.Para analisar o estado de movimento de um objeto, levamos sempre em consideração o seu centro de gravidade17,22. 
Centro de Gravidadegravidade
Também conhecido com centro de massa (CM), pode ser definido como o ponto onde toda a massa corporal está igualmente distribuída. Se o CM estiver deslocado, as forças estarão desequilibradas e o objeto entrará em movimento. Mas, caso o centro de massa esteja centralizado no objeto, não haverá movimento nem aceleração5,18.
Sistemas de Alavancasalavancas
Utilizamos as alavancas no nosso cotidiano e geralmente não percebemos o quanto ela está presente. Trata-se de um sistema mecânico simples composto por uma força geradora (músculo), um ponto de apoio (articulação) e uma resistência. Se todas as alavancas possuem um componente rotacional, fica fácil compreender porque uma das funções da alavanca é converter força em torque.
Um exemplo muito comum de alavanca é a gangorra. Na figura abaixo, a alavanca está em equilíbrio, apesar da presença de um homem de 80Kgf (784N) de um lado e uma criança de 35 kgf (343N) do outro. A diferença está no braço de alavanca de cada5,8,9.
O termo vantagem mecânica (VM) será amplamente utilizado nos sistemas de alavancas. No exemplo anterior, a criança possui uma vantagem mecânica em relação ao homem, porque possui um maior braço de alavanca8,9.
Para sabermos qual é a vantagem mecânica de uma determinada alavanca, basta calcular a razão entre o Braço braço de alavanca da força motriz (BFM) e o braço de alavanca da força resistiva (BFR).
VM = B
FM
/ B
FR
VM = 1,5 / 0,9
VM = 1,67No Exemplo exemplo da gangorra, considere o braço de alavanca da criança o BFM e o braço dealavanca do adulto o BFR:
BFM – 1,5 m 
BFR – 0,9 m
Se; 
VM > 1 Alavanca com vantagem mecânica
VM = 1 Alavanca Neutraneutra
VM < 1 Alavanca sem vantagem mecânica
Os elementos básicos de uma alavanca são (figura 5): 
Força motriz (FM)
Força resistiva (FR)
Ponto de apoio ou eixo (PA)
Braço da força motriz (BFM)
Braço da força resistiva (BFR)
F
M
PA
F
R
B
FR
B
FM
As alavancas estão classificadas em três categorias:
Alavanca de 1° Classe ou Interfixa
Figura 5:
 elementos básico das alavancasAlavanca de 2° Classe ou Interressistente
Alavanca de 3° Classe ou interpotente
Alavanca de 1° Classe ou interfixa;
Nesta alavanca, o ponto de apoio (PA) está no meio, ou seja, o eixo de rotação está entre as forças em oposição. Nestse golpe de jiu-jitsu chamado chave de braço, o aplicador do golpe cria uma alavanca interfixa que imobiliza o adversário.Se você quer saber o quanto de força o atleta utilizou, basta saber os valores de força resistiva e dos braços de alavanca motriz e resistiva.
FM . BFM = FR . BFR
FM . B
FM
 = FR . B
FR
FM = FR . 
B
FR
 B
FM
FM = 686N . 40cm
 32cm
FM = 857,5NAnalise comigo através do seguinte exemplo: 
FR
PA
FM
Onde:
PA – cotolevo
FM – desconhecida
FR – peso do corpo 686N (70kgf)
BFM – comprimento do antebraço (32 cm) 
BFR – comprimento do braço (40 cm)
Neste caso, a vantagem mecânica (VM) reside sobre o aplicador do golpe:
VM = BFM/ BFR
VM = 857,5N / 686N
VM = 1,25
Alavanca de 2° Classe ou interresistente:
FM
B
FM
FR
B
FR
PA 
Conhecida como alavanca interresistente, o seu ponto de apoio está em uma das extremidades, ou seja, o seu eixo de rotação está em uma das extremidades de um osso (figura 6).
Figura 6:
 alavanca de 2º classe ou interresistenteO BFM sempre estará maior do que o BFR. Este Esse tipo de alavanca é rara no sistema musculoesquelético. 
Veja o exemplo:
PA
B
FR
B
FM
FR
FMAo ficarmos na ponta do pé, o ponto de apoio corresponde a cabeça dos metatarsos. Em Numa pessoa que pesa 89kg, qual a força necessária ficar nas pontas dos pés (figura 7)?
FM = desconhecido
FR = peso do corpo 879N (89kgf)
BFM = 12 cm
BFR = 4 cm
FM . B
FM
 = FR . B
FR
FM = 
FR . 
B
FR
B
FM
FM = 879N . 4 cm/ 12 cm
FM = 293N
Figura 7:
 modelo de alavanca de 2º classe
As alavancas de 2° classe sempre terão uma vantagem mecânica (VM) maior do que 1:
VM = BFM/ BFR
VM = 12 / 4
VM = 3
Alavanca de 3° Classe;
Também conhecida como alavanca interpotente, o seu ponto de apoio também estará em uma das extremidades de um osso, porém a FM estará entre o PA e a FR (figura 8).
F
R
B
FM
F
M
B
FR
PA
Figura 8:
 alavanca de 3º classeO BFR sempre será maior do que o BFM e corresponde ao tipo de alavanca mais comum no sistema musculoesquelético. Vamos supor que você irá levantar um halter de 98N (10kg) no exercício de rosca direta. Qual a força motriz mínima para levantar este peso (figura 9)? 
Onde:
FM = desconhecido
PA
B
FM
B
FR
FM
FRFR = peso do halter 98N (10kgf)
BFM = 5 cm
BFR = 30 cm
FM . B
FM
 = FR . B
FR
FM = 
FR . 
B
FR
B
FM
FM = 98N . 30 cm/ 5 cm
FM = 588N
Figura 9:
 
modelo de alavanca de 3º classe
As alavancas de 3° classe sempre terão uma vantagem mecânica (VM) menor do que 1:
VM = BFM/ BFR
VM = 5 / 30
VM = 0,167
Cinesiologia do eEsqueleto axial
Princípios da biomecânica da cColuna
A coluna vertebral representa o eixo central do homem, trata-se
de uma estrutura complexa com 33 vértebras interligadas que possuem funções antagônicas, porém cruciais para a sobrevivência humana. A coluna deve apresentar as seguintes características:
Rigidez x Elasticidadeelasticidade;
Flexibilidade X estabilidade;
Absorver carga X dissipar carga.
Figura 10:
 esqueleto apendicularA coluna vertebral com um eixo central, cuja analogia pode ser associada com o mastro de um navio. Verifique que as cinturas escapular e pélvica formam juntamente com a coluna uma base de sustentação para os membros (esqueleto apendicular) (figura 10). Distúrbios nas cinturas refletem diretamente na coluna, sendo o oposto também verdadeiro. PortantoSendo assim, as disfunções da coluna estão diretamente relacionadas com a interação com as duas cinturas e as forças que estão submetidas. Comumente, recebemos em nossos consultórios pacientes com deformidades posturais e/ou sequelas degenerativas crônicas. O tratamento destas disfunções depende da identificação correta dos mecanismos lesivos. O primeiro passo para o planejamento terapêutico adequado é conhecer as características anatomo-fisiológicas da coluna10,23.
A primeira curvatura a se forma do indivíduo é a cifose torácica na fase uterina. Após o nascimento, o recém-nascido começa a explorar o ambiente levantando a cabeça entre o 2° e 3° mês de vida, formado a lordose cervical. Quando a criança começa a ficar em pé, a lordose lombar é formada. Nesta etapa, a musculatura do tronco será progressivamente fortalecida para suportar a sobrecarga compressiva que o corpo sofrerá ao longo da vida. As curvaturas formadas possuem a função de manter a postura ereta, permitir os movimentos axiais e a deambulação, além de auxiliar na dissipação de forças compressivas21. Esstas curvaturas são dinâmicas e garantem a estabilidade nas diferentes posturas. Uma regra matemática afirma que a resistência de uma estrutura é diretamente proporcional ao número de curvatura que possui mais um: 
R=N2 +1
Ou seja, 
Se a coluna possui 4 curvas 
R=N2+1
R=42+1
R=17
Nossa coluna é 17 vezes mais resistente quando possui as quatro curvaturas. Mas, quando ocorre alterações na configuração destas curvas, consequentemente ocorre modificações na resistência da coluna. Existem diversos fatores físicos e patológicos que podem promover alterá-la como: Hereditariedadehereditariedade, afecções reumatológicas, sobrecargas externas excessivas, gravidez, sexo, dentre outras.
O aumento da curvatura repercute de forma distinta da redução da curvatura:
Aumento da curvatura= HIPOMOBILIDADE
Redução da curvatura = HIPERMOBILIDADE
Podemos verificar os diferentes desvios que podem ocorrer na coluna:
Hipercifose
Hiperlordose
Retificações 
Escolioses
Figura 11:
 zonas de transição entre 
os segmentos
 da coluna vertebralAs zonas de transição entre os segmentos são os pontos de maior mobilidade e vulnerabilidade, sendo sujeitas à maior força de cisalhamento. Conforme figura ao lado, é possível verificar que esstas zonas correspondem a mudança da curvatura, cujas vértebras de transição possuem características anatômicas do segmento superior e do inferior (figura 11)r. Devido a esta característica específica, a mobilidade nesste segmento é mais elevada em relação aos demais processos articulares e consequentemente são os pontos mais vulneráveis às lesões compressivas. 
Análise Cinesiológica cinesiológica da coluna vertebral
Esta análise pode ser realizada em três dimensões
Análise articular (por vértebra)
Corresponde a àanálise dos micromovimentos de uma vértebra em relação à outra. Essta análise verifica a menor unidade funcional da coluna e deve ser priorizada nas investigações dos distúrbios clínicos.
Análise segmentar (por regiões)
Analisa separadamente por região as interações das forças dos macromovimento.
Análise global (por inteiro)
Busca a compreensão dos macromovimentos que envolve mais de uma região.
Análise articular
Para Compreender compreender o funcionamento global, é necessário estudar os aspectos biomecânicos da UNIDADE FUNCIONAL da coluna. Esta unidade se refere a duas vértebras adjacentes e os tecidos moles circunvizinhos. Podemos afirmar que se trata de uma alavanca interfixa, conforme demonstrado na figura ao lado.
 Na Unidade unidade fFuncional podemos encontrar dois tipos de articulações:
ANFIARTROSE
Disco-corpo: inters-somática 
DIARTROSE
Zigoapofisária ou interfacetária 
Fatores geométricos, anatômicos e orientação das facetas articulares influenciam no movimento. Cada região da coluna vertebral possui características anatômicas distintas que modificam o comportamento da porção posterior da unidade funcional.
Função do Disco disco Intervertebral intervertebral 
Trata-se de uma estrutura fibrocartilaginosa localizada entre os corpos vertebrais capaz de suportar forças compressivas, de torção e de curvamento, suas principais funções são: 
Absorção de choque e distribuição de carga;
Acrescenta estabilidade às vértebras,;
Restringe o excesso de movimento;
Hidrata os corpos vertebrais.
O disco é formado por duas partes: 
Anel fibroso
Núcleo pulposo 
Através da figura ao lado, é possível verificar que o núcleo pulposo é uma estrutura gelatinosa formada por água, fibras cartilaginosas, fibroblastos e condrócitos, elastina e proteoglicanos. O anel fibroso possui diversas camadas de fibras de colágenos que conferem resistência tênsil ao disco. O sentido de orientação das fibras de colágeno muda a cada camada, aumentando a estabilidade e a resistência dessta estrutura. A composição do disco varia com idade e sobrecarga sofrida, ;em jovens, o disco possui cerca de 85% de água, enquanto nos idoso é cerca de 70%. Estes valores dependem da sobrecarga imposta ao longo da vida9,23. 
Um disco saudável possui uma pressão intrínseca de 0,7 kg/cm2 para cargas verticais, sendo que o núcleo suporta 75% e o anel cerca de 25% desta carga. Esta Taldistribuição aumenta a vida útil do disco por reduzir a tensão sobre as fibras do anel que geralmente não regeram após uma ruptura parcial ou completa. A água presente no núcleo amortece os impactos e é progressivamente drenada para os corpos vertebrais ao longo do dia, devido a este fato, a altura dos disco é menor no final do dia.
 A densidade e o volume do disco se modificam em cada região da coluna vertebral, este fato se deve a à sobrecarga que estará submetido. A região lombar possui o disco mais robusto e denso com o anel mais resistente, em contrapartida a cervical possui discos mais delgados6.
Ambas as regiões dissipam as cargas impostas ao disco, distribuindo igualmente as forças que lhes são impostas, porém em discos degenerados, cujos movimentos translacionais e rotacionais ocorrem de forma errada, as forças tendem a se direcionar para os pontos de menor resistência como zonas de rupturas do anel fibroso. Quando o disco atinge um grau de degeneração severa, o segmento reduz a mobilidade e potencialmente perderá sua movimentação6–8.
Análise segmentar 
Os segmentos do esqueleto axial devem ser analisados separadamente. Com exceção da região sacral onde os ossos são fundidos, os movimentos realizados são: 
Flexão/extensão;
Flexão lateral;
Rotação.
Coluna cervical
As vértebras cervicais são as menores e mais móveis da coluna. O alto grau de mobilidade é crucial para o grau de liberdade da cabeça, devido a istoisso, a cervical alta possui vértebras atípicas que realizam movimentos diferentes das demais. A Lordose lordose cervical fisiológica é de 30 a 35º e pode ser dividida em duas partes:
Superior (C0-C2)
Maior mobilidade triplanar de todas as regiões do esqueleto axial;
50% da rotação: C1-C2.
Inferior (C3-C7)
80% de flexão-extensão;
20 graus de movimento em cada articulação intervertebral (> C5-C6).
A região cervical permite quantidades relativamente grandes de movimentos em todos os três planos. O movimento de maior amplitude ée a rotação axial permitido pelo complexo atlantoaxial. Este grau de mobilidade é necessário para a orientação
espacial da cabeça com o intuito de localizar-se de acordo com a audição, visão olfato e paladar. 
Coluna Torácicatorácica
Corresponde ao segmento mais rígido da coluna com uma cifose fisiológica de 40º, trata-se de base estável para controle muscular da cabeça e realizaFlexão flexão anterior: 30 a 40º com extensão e rotação limitada. A inclinação lateral é de 20° e também e está dividida em três partes:
Torácica alta (T1-T3)
Sofre influência da cervical;
A hipercifose desta dessa porção é chamada de cifose de bison, causada pela redução da mobilidade e aumento do tecido adiposo local.
Torácica média (T4-T8)
Região mais rígida do tórax;
Os processos espinhos estão mais inclinados e limitam a extensão.
Torácica baixa (T9-T12)
Porção mais móvel;
Sofre influência direta do diafragma.
O tórax permite uma quantidade significativa de flexão lateral devido ao posicionamento dos processos articulares. Conjuntamente, estabiliza as costelas para formar a caixa torácica. A porção toracolombar ou torácica baixa permite quantidades crescentes de flexão e extensão à custa da rotação axial. 
Coluna lombar 
	Os corpos vertebrais são amplos maciços e apropriados para suportar todo o peso do corpo. Nesta Nessa região, reside o centro de gravidade do indivíduo na posição bípede. A massa total das 5 vértebras é de aproximadamente duas vezes a massa das sete vértebras cervicais. Esta Essa região também pode ser analisada de forma segmentada:
Lombar alta (L1-L4):
Lâminas e pedículos curtos e espessos;
Processos transversos finos que se projetam lateralmente;
Processos espinhosos largos e retangulares;
Facetas orientados verticalmente que favorecem movimento no plano sagital;
Flexão = 50º / rotação= 5º.
L5-S1
Ângulo sacral (40º) - força de cisalhamento anterior;
64% peso corpóreo superposto;
75% dos adultos o Centro centro de Gravidade gravidade coloca-se anteriormente à coluna vertebral (S2).
Cinesiologia membros inferiores
Inicialmente iremos abordar as características anatomo-funcionais do quadril, joelho e complexo tornozelo-pé. Após esta essa apresentação, serão discutidos os aspectos cinéticos e cinemáticos das principais ações motoras dos MMII. Infelizmente, não será possível abordar todos os movimentos, por isto, separamos as principais ações que comumente são avaliadas na prática clínica:
Marcha;
Ortostase;
Corrida / trote;
Salto / aterrissagem;
Agachamento;
Subida /descida escada .
Anatomia Funcional funcional do MMII
	A primeira dica que deixo para vocês é: 
”Analisem as articulações de forma integrada, a apresentação de forma segmentada por articulação é um artifício meramente didático. Para entender a função do MMII, temos que compreender como elas interagem” 
A interação entre os dois membros com o cíngulo pélvico. As forças ascendentes devem ser neutralizadas nesste cíngulo. Caso isto isso não ocorra, todas as forças serão retransmitidas à coluna lombar que biomecanicamente não está projetada equilibrar as forças ascendentes e descendentes. 
Ritmo Lombolombo-pélvico no movimento de flexão[2: As figuras inclusas foram retiradas do livro:Neumann, D. Cinesiologia do aparelho musculoesquelético Cap: Quadril.Rio de Janeiro:Ed. Guanabara Koogan, 2006. pPag. 406. ]
Figura 12: 
ritmo lombo-pélvico no movimento de flexão	Na figura 12-AA, o movimento ocorre normalmente com deslocamento angular de 40° de flexão lombar e 70° de flexão do quadril. Na figura 12-B, existe uma limitação do quadril que gera uma compensação lombar e dorsal baixa. Na figura 12-C, existe uma hipomobilidade lombar, gerando uma compensação na articulação do quadril. 
Ritmo Lombolombo-pélvico no movimento de extensão
Figura 13: 
ritmo lombo-pélvico 
no movimento de extensãoNa extensão, o movimento está dividido em três fases. No primeiro momento, o maior movimento é decorrente do quadril. Na fase média, depende em maior proporção da região lombar e, na etapa final, a atividade elétrica cessa, pois, o centro de gravidade está alinhado (figura 13).
Ritmo lombo-pélvico em sedestração 
	A rotação da pelve sobre o quadril interfere na curvatura lombar:
Anteversão pélvica = hiperlordose
Figura 1
4
: 
ritmo lombo-pélvico 
no 
em sedestraçãoRetroversão pélvica = retificação lombar
Anteversão/retroversão:
	Movimento da articulação coxo-femoral. 
Nutação/contranutação
Figura 
15
: 
movimentos de nut
ação e contranutação da articulação sacroilíaca	Movimento da articulação sacroilíaca.
Considerações cinesiológicas sobre o qQuadril
O desempenho funcional do quadril depende diretamente dos ângulos e acidentes anatômicos da pelve e do fêmur. Os principais ângulos do fêmur são:
Ângulo de inclinação; 
Ângulo de torção.
Os acidentes anatômicos que merecem destaque na análise biomecânica são:
Cabeça femoral; 
Colo do fêmur;
Trocânter maior e menor;
Ângulo de inclinação:
	Este ângulo mede cerca de 140° na infância e, devido à sobrecarga progressiva durante a marcha, este ângulo retrocede para 125°, porém, alterações patológicas podem modificar estes tais valores.
 Â = 125° Coxa normal
 Â < 125° Coxa vara 
 Â > 125° Coxa valga
	
	As anormalidades neste ângulo desalinham a cabeça do fêmur e aumentam o atrito intrarticular, potencializando o surgimento de osteoartrose e luxação (figura 16).
140°
Centro de gravidade projetado medialmente
125°
Centro de gravidade alinhado
105°
Centro de gravidade projetado lateralmente
Figura 16:
 
relação 
entre o
 ângulo de inclinação com
 
o alinhamento d
o
 centro de gravidade
Análise cinemática do quadril: 
	Movimento
	ADM
	Flexão
	120°
	Extensão
	20°
	Abdução 
	40°
	Adução 
	25°
	Rotação interna
	35°
	Rotação externa
	45°
	Naanálise osteocinemática,aos valores de referência são importantes em numa avaliação clínica para que sejam identificados ADM atípicas. 
Os movimentos artrocinemáticos estão baseados na relação côncavo-convexo, onde a superfície convexa (cabeça do fêmur) pode realizar a rotação, rolamento e deslizamento em mutidireções.
Considerações cinesiológicas sobre o joelho
	Corresponde a àarticulação intermediária do MMII e seus movimentos raramente ocorrem independentes das outras articulações. Embora pareça que o joelho só tenha um grau de liberdade, os movimentos ocorrem simultaneamente nos três planos. Embora não seja o foco deste curso revisar estruturas anatômicas, citações da osteologia e miologia oportunamente serão apresentadas.Estruturas intrarticulares como ligamentos, meniscos e retináculos também são relevantes na compreensão da biomecânica do joelho10.
A articulação femorotibial é a principal e suporta o peso corporal. Podemos perceber que os platôs tibiais são ligeiramente diferentes. , em queOnde o platô medial é ligeiramente côncavo e o platô lateral é ligeiramente convexo. Isto ocorre para que haja uma melhor congruência articular com os côndilos femorais, cujo lateral é mais pronunciado do que o medial. A assimetria entre os côndilos afeta a cinemática no plano sagital5,17. Quando o joelho está fletido, a tíbia roda internamente, aumentando a tensão ligamentar e melhorando a estabilidade do joelho. Na extensão, acontece o oposto, onde o quadríceps traciona a tíbia gerando uma rotação lateral.
Durante o tracionamento do quadríceps, a patela funciona como uma polia que potencializa a ação muscular. A Àmedida que o ângulo muda, o ponto de contato da patela com o fêmur também muda.
Ângulo Q
Este ângulo é definido como o ângulo entre o músculo quadríceps e o tendão patelar, e representa a direção e o sentido do vetor força resultante do músculo quadríceps. Nos homens, esste ângulo é de 13° e, nas mulheres ,de 18°. Na prática clínica, os desvios desstes valores de referência sugerem distúrbios cinéticos funcionais, como a condromalácia patelar, ;subluxação patelar, ;anteversão
femoral, ;joelho varo ou valgo ou rotação tibial anormal. Essta medida é importante para investigar os desvios laterais do joelho8.
Desvios em valgo e varo do joelho
	Quando o joelho está alinhado, as forças de reação na ortostase é sãoigualmente distribuídas nos platôs tibiais, na marcha, o compartimento medial tende a ser sobrecarregado, sendo assim. Portanto, as alterações no ângulo Q alteram a distribuição desstas sobrecargas. Os desvios mais comuns são o valgismo e o varismo. Entende-se por valgismo do joelho a lateralização do terço distal desta articulação, o oposto ocorre no varismo, quando o terço distal se medializa, veja a figura abaixo para entender melhor.
Função do complexo articular do joelho
O joelho apresenta basicamente dois graus de movimento: Flexãoflexão/extensão e rotação medial/rotação lateral, p. Porém, este último só ocorre com o joelho fletido. A flexão/ extensão ocorre no plano sagital e no eixo latero-lateral. Para ocorrer a flexão, o joelho realiza primordialmente micromovimento articular do tipo rolamento e deslizamento, podendo alcançar uma amplitude de 130° a 140°. Esta amplitude será influenciada pela posição do quadril, pois, quando o quadril estiver estendido,esta essa amplitude pode reduzir para 120°. Para compreender melhor os graus de liberdade do joelho, observem a tabela abaixo:
	Movimento
	Amplitude
	Músculos
	
	Ativa
	Passiva
	
	Flexão
	Com quadril fletido - 140°
Com quadril extendido – 120°
	160°
	Sartório, Grácil, Semimenbranáceo, SemitendINinoso, Bíceps Femoral, Gastrocnêmio, Poplíteo.
	Extensão
	5 a 10° a partir da posição anatômica
	
	Quadríceps femoral
	Rotação medial 
	30°
	30° - 35°
	Sartório, Grácil, Semimenbranáceo, SemitendINinoso
	Rotação lateral
	40°
	40° - 50°
	Bíceps femoral
Considerações cinesiológicas sobre o complexo tornozelo-pé
	O complexo tornozelo-pé tem a função primordial de absorver o choque e transmitir as forças para os segmentos acima. O funcionamento deste desse segmento depende da complexa interrelação entre os ossos e os tecidos moles, devido a isto, anatomistas, fisiologistas e clínicos estudam este esse segmento durante séculos. Estse segmento possui características ambíguas como maleabilidade e rigidez durante a marcha ou na posição estática. PortantoPor conseguinte, o estudo deste desse segmento requer uma revisão nos seus aspectos anatômicos e fisiológicos para facilitar a compreensão.
Anatomo-fisiologia do tornozelo-pé:
O pé humano é formado por cerca de 27 ossos interligados e funcionalmente dependentes que transmitem forças entre si para gerar deslocamento no espaço. Estes Esses ossos estão divididos em três zonas no pé, separados por grandes articulações, conforme figura abaixo:
Zonas anatômicas do pé (figura 17):
Retropé: Formado formado pelo tornozelo e calcâneo.
Figura 17:
 zonas anatômicas do péMediopé: formado pelos ossos navicular, cuboide e cuneiformes.
Antepé: formado pelos metatarsos e falanges.
A articulação que separa o retropé do mediopé é conhecida como articulação de Choupart e a articulação que separa o mediopé do retropé é chamado de articulação de Lisfranc. Esta divisão é meramente didática, já que a função do pé é uniforme e totalmente interligada. Mas, eEsta divisão é essencial para entender como ocorre a distribuição das cargas no pé durante a marcha e também para localizar as articulações e os tipos de movimentos que realizam. Baseado nistonisso, os movimentos do pé são amplos e ocorrem de acordo com o seu eixo.:
Figura 18
: 
movimentos que ocorrem em cada eixoExistem três eixos no pé e para cada eixo ocorrem dois movimentos, conforme apresentado na figura acima. Quando ocorre um movimento combinado nos três eixos, verificamos a realização da pronação ou da supinação do pé, conforme de acordo com o esquema ao lado (figura 18):
PRONAÇÃO: Eversão + Abdução + Flexão dorsal
SUPININAÇÃO: Inversão + Adução + Flexão plantar
O tornozelo-pé realiza movimentos tridimensionais para se adaptar ao terreno, por isto, uma revisão dos planos e eixos é necessário necessáriapara o entendimento completo desste segmento. Também não podemos esquecer a influência recíproca da posição das articulações do pé, do joelho, e do quadril. Cada alteração da posição de uma dessas articulações envolve automaticamente uma mudança na posição das outras duas. Existe uma correlação DIRETA entre o eixo do tornozelo e o eixo do quadril.
O pé possui três eixos que lhe permite assumir qualquer posição. Estes Esses eixos estão localizados na zona do posterior do pé e envolvem o tornozelo, devido a isto, nos movimentos de rotação em numa superfície irregular, todas as articulações estão envolvidas. 
Figura 19:
 arcos do complexo tornozelo-péO complexo tornozelo-pé pode ser comparado com uma tenda apoiada em três arcos. Este conceito ajuda a entender que o pé funciona como uma estrutura dinâmica que se adapta na presença de sobrecarga deformando esstes arcos. Esta representação aponta o calcanhar e as cabeças do 1° e do 5° metatarsos como as bases de sustentação destes arcos que são basicamente três:
Arco longitudinal medial;
Arco longitudinal lateral;
Arco transversal.
O assoalho deste desse arco é constituído pela fáscia plantar que sustenta a curvatura do arco. Em situações patológicas que a musculatura da fáscia não sustente mais este arco, podemos verificar as seguintes situações:
Flacidez da fáscia plantar: desabamento do arco. 
Hipertonia da fáscia plantar: aumento da cavidade plantar
Em ambas as situações, problemas biomecânicos irão surgir gerando distúrbios posturais. 
Cinesiologia dos membros superiores
O membro superior é formado pela cintura escapular, cotovelo e o complexo punho-mão. Cada segmento possui características biomecânicas distintas que conjuntamente favorecem os movimentos tridimensionais do membro superior. Inicialmente, será abordado o complexo do ombro que é composta compostoda escápula, clavícula, úmero, e as articulações que ligam estes ossos, formando uma entidade funcional7–9. Quatro articulações interdependentes são formadas neste seguimento:
Escapulotorácica;.
Esternoclavicular;.
Acromioclavicular;.
Glenohumeral.
COMPLEXO DO OMBRO
Articulação Escapulotorácicaescapulotorácica:
Esta pseudoarticulação é composta pela escápula e pelo tórax. Trata-se de uma articulação flutuante fixada através de músculos e fáscias que ao mesmo tempo que garantem mobilidade, aumentam a instabilidade. Esta Essa articulação depende do acromioclavicular e da esternoclavicular. Qualquer movimento da escápula no tórax resulta em movimento nas demais articulações. Baseado nisto, é possível inferir que o conjunto funcional destas dessas articulações são parte de uma cadeia fechada do membro superior10.A escápula está apoiada 2 centímetros da linha média, entre a segunda à sétima costelas com 30 ° a 40 ° para a frente do plano frontal e é inclinado anteriormente cerca de 10 ° a 20 ° a partir da vertical, com uma grande quantidade de variabilidade individual. Os movimentos da escapulotorácica são:
Elevação / Depressão;.
Protração / retração;.
Báscula medial/báscula lateral;
Abdução / adução;.
Circundação.
A estabilidade da escápula no tórax se deve a àintegridade da acromioclavicular eexternoclavicular. Os músculos garantem a estabilidade dinâmica e os principais são o subescapular e serrátil anterior que ficam situados entre os dois ossos. 
Articulação Esternoclavicularesternoclavicular:
Ocorre entre a extremidade esternal da clavícula, o manúbrio, e a primeira cartilagem costal, sendo classificada do tipo sinovial com presença de um menisco intrarticular para amenizar as forças de atrito. Esta Essa articulação realiza:
Elevação / Depressão;.
Protração / retração;.
Rotação Anterior anterior / Rotação Posteriorposterior.
Os movimentos de elevação e depressão ocorrem em torno de um eixo ântero-posterioranteroposterior, já a protração e a retração ocorrem em torno de um eixo vertical que também parece
estar no ligamento costoclavicular com 15° para ambos movimentos. A rotação ocorre em numa única direção e a clavícula gira de posterior para neutro, trazendo à superfície inferior da clavícula para frente. A faixa de rotação clavicular é citada para ser em torno de 30 ° a até 55 °.
Articulação aAcromioclavicular:
Articulação entre o acrômio e a extremidade lateral da clavícula, também do tipo sinovial e realiza os movimentos de:
Rotação Medial medial / Rotação Laterallateral.
Deslizamento Anterior anterior / Deslizamento Posteriorposterior.
A rotação medial e lateral da escápula ocorre em torno de um eixo vertical através da articulação acromioclavicular. A rotação medial e lateral influencia o posicionamento da fossa glenóideglenoide, expondo a cabeça do cabeça do úmero quando medializa. 
Articulação gGlenoumeral:
Maior articulação do complexo escapular, as superfícies articulares são cobertas por cartilagem hialina articular e a cavidade glenóideglenoide é aprofundada pela presença de um aro fibrocartilaginoso, chamado de labrum glenoidal. Trata-se de uma articulação sinovial do tipo soquete.Esta Essa articulação realiza os seguintes movimentos:
Flexão / extensão;.
Abdução / adução;.
Rotação Medial / Lateral.
Trata-se de uma articulação com três graus de movimentos e significativa amplitude de movimento, considera-se 180 ° de flexão e de 50 ° de extensão, rotação medial e lateral, em torno de 50 ° e abdução de 180° e adução de 60°. Os movimentos artrocinemáticos do ombro são comuns e necessários para a realização da osteocinemática. Os movimentos são deslizamento e rotação que ocorrem em qualquer movimentação glenoumeral1,4,5,34.
Estabilização dinâmica:
O mMúsculo deltoide, juntamente com o supra-espinhal estabilizam o ombro na abdução. O deltóidedeltoide anterior também é considerado o principal motor na flexão. Ambos abdução e flexão são atividades de elevação com muitas semelhanças biomecânica. O manguito rotador também estabiliza o ombro nos movimentos osteocinemáticos e na estática, impedido que esta essa articulação sofra luxação. 
O manguito é composto pelo supraespinal, infraespinal, redondo menor e subescapular. Estes músculos envolvem a cabeça umeral. Além de seu papel estabilizador, os músculos contribuem para a abdução, proporcionando a rotação lateral necessária para evitar que o tubérculo maior colida com o acrômio. 
Ritmo escapuloumeral:
A combinação da glenoumeral e da escapulotorácica eécomumente conhecida como ritmo escapuloumeral. A gama completa de flexão e abdução do ombro é de 180 ° dos quais 120 ° de movimento ocorre na glenoumeral e 60 ° ocorre na escapulotorácica. Assim, a relação geral é de 2/1, ou seja, para cada 2° da glenoumeral existe 1° da escapulotorácica. As demais articulações também são envolvidas, uma vez que a cintura escapular é parte de uma cadeia fechada. O movimento da escapula no ritmo escapuloumeral depende da ação muscular de basicamente três músculos que são: trapézio superior, trapézio inferior e serrátil anterior6,10. Estes músculos giram a escápula em torno do seu eixo.
COMPLEXO DO COTOVELO
Trata-se de uma articulação entre a tróclea e capítulo do úmero e o entalhe troclear da ulna e a cabeça do rádio. As superfícies articulares são cobertas com cartilagem hialina. Articulação entre a ulna e úmero na articulação umeroulnar ocorre principalmente como um movimento de deslizamento da fossa troclear da ulna na tróclea. Em extensão, deslizando continua contínua até que o olécrano entra entrena fossa olecraniana. Em flexão, o cume troclear percorre até que o processo coronóide coronoide atingegir a fossa coronóide coronoide na flexão completa5,34. 
O eixo de flexão e de extensão é relativamente fixa fixoe passa através do centro da tróclea e do capítulo que atravessa o eixo longitudinal do úmero. Quando a extremidade superior está na posição anatômica, o eixo longo do úmero e o eixo longo do antebraço formam um ângulo agudo quando eles se encontram no cotovelo6. 
Amplitude de Movimentomovimento:
Vários fatores que determinam a quantidade de movimento que está disponível ao nível do cotovelo. Esses fatores incluem:
O tipo de movimento (ativa ou passiva);.
A posição do antebraço (pronação ou supinação);.
A posição do ombro.
A flexão ativa é menor do que a amplitude passiva, pois, a massa muscular impede a flexão total. A posição do braço também afeta a amplitude de flexão. Quando o antebraço está em qualquer pronação ou supinação e meio caminho entre a pronação, a ROM é menor do que quando o antebraço é supinada.
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34. 	Kapandji AI. Fisiologia articular. Membro Superior. Barueri: Manole, 2000.
QUESTÕES DE PROVA RESIDÊNCIAS ANTERIORES
1.(UFPA, 2015/Residência Multiprofissional e em Área Profissional da Saúde/Fisioterapia) Sobre o sistema cardiovascular é correto afirmar: 
A) As veias são os vasos com os maiores níveis de pressão sanguínea. 
B) A pressão da artéria aorta apresenta valores semelhantes à do ventrículo esquerdo. 
C) O débito cardíaco do ventrículo esquerdo é semelhante ao do ventrículo direito. 
D) A sístole atrial é responsável pela ejeção de todo o sangue aos ventrículos. 
E) Pré-carga e pós-carga são conceitos relativos ao enchimento e ejeção de sangue pelo coração.
2. (UFPA, 2015/Residência Multiprofissional e em Área Profissional da Saúde/Fisioterapia) Pré-carga é o(a) 
A) Quantidade de sangue que chega a uma câmara cardíaca. 
B) Volume diastólico inicial dos átrios. 
C) Força de contração exercida no primeiro milisegundo da sístole ventricular. 
D) Dilatação anormal e patológica ao final da diástole. 
E) Inotropismo paroxístico. 
3. (UFU, 2014/Residência Multiprofissional em Saúde/Fisioterapia) Os vasos endocárdicos originados da artéria descendente anterior esquerda tem a função de suprir 
A) A porção anterior e parede superior e lateral do ventrículo esquerdo. 
B) Toda a face interior do septo interventricular e dois terços da porção superior. 
C) O músculo papilar lateral. 
D) A massa muscular atrial esquerda.
4. (UFU 2015/Residência Multiprofissional em Saúde/Fisioterapia) Quais são as funções das válvulas semilunares?
A) Impedir o refluxo do sangue dos ventrículos para os átrios durante a sístole.
B) Impedir o refluxo do sangue das artérias aorta e pulmonar para os ventrículos durante a diástole.
C) Impedir o abaulamento dos ventrículos para os átrios.
D) Aumentar a pressão atrial para realizar a ejeção sanguínea.
5. (Autarquia Hospitalar Municipal, 2015/Residência Multiprofissional em Saúde e em Área Profissional da Saúde/Fisioterapia) São efeitos da atividade física, no sistema cardiovascular, em pessoas bem treinadas, exceto:
A) Aumento da pressão arterial.
B) Desenvolvimento do músculo cardíaco.
C) Aumento dos vasos capilares.
D) Melhora da capacidade respiratória.
6. (SECRETARIA DE SAÚDE DE PERNAMBUCO, 2010/RESIDÊNCIA EM FISIOTERAPIA) Relacionado à fisiologia cardíaca, analise as afirmativas abaixo.
I. A perfusão miocárdica somente acontece na diástole.
II. A estenose mitral pode levar ao aumento da pressão no átrio esquerdo.
III. A pós-carga é a força imposta ao músculo cardíaco para vencer a resistência ao fluxo de saída.
Está(ão) incorreta(s)
A) I. 
B) II. 
C) III. 
D) Todas. 
E) Nenhuma.
7. (SESAB, 2014/Residência multiprofissional em saúde coletiva com área de concentração em doenças cardiovasculares) Um indivíduo jovem, sedentário e que apresenta os seguintes parâmetros: Frequência cardíaca de repouso – 70 bpm, Débito Sistólico de 60 ml, Pressão Sistólica de 120 mmHg e diastólica de 80 mmHg, deve ter valores médios de Débito Cardíaco e Pressão Arterial Média de, respectivamente,
A) 5,6 L/min e 97 mmHg.
B) 4,8 L/min e 93 mmHg.
C) 5,2 L/min e 97 mmHg.
D) 4,2 L/min e 93 mmHg.
E) 4,6 L/min e 96 mmHg.
8. (FESF-SUS/Fiocruz, 2015/Residência multiprofissional regionalizada em saúde da família) Segundo a lei Frank-Starling, para regulação do débito sistólico para o coração, o efeito de maior resposta das fibras do miocárdio com o maior enchimento das câmaras cardíacas é conhecido por:
A) pré-carga.
B) pós-carga.
C) contratilidade.
D) resistência central.
E) resistência periférica.
9. (UFU, 2013/Residência multiprofissional – Fisioterapia) O seio coronário é a principal veia do coração e o maior coletor do retorno venoso. Ele situa-se posteriormente no sulco coronário e desemboca no (a)
A) veia cava inferior.
B) átrio direito.
C) átrio esquerdo.
D) veia cava superior.
GABARITO:
1 - C
2 - A
3 - B
4 - B
5 - A
6 - D
7 - D
8 - A
9 - B
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Kisner C, Colby, LA. Exercícios terapêuticos: fundamentos e técnicas. 4a ed. Barueri: Manole; 2005. 
Dutton M. Guia de sobrevivência do fisioterapeuta: manejando condições comuns. 1a ed. Porto Alegre: Artmed; 2012.
Dutton M. Fisioterapia ortopédica: exame, avaliação e intervenção. 2a ed. Rio de Janeiro: Artmed; 2010.

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