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2. Posse

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POSSE
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PERGUNTA
Ao observar uma pessoa dirigindo um automóvel na rua, não se sabe, pela mera observação, se o condutor possui a qualidade de possuidor ou detentor. Isto acontece em razão da posse se distinguir da detenção em razão 
 A) da boa-fé do agente. 
 B) dos critérios estabelecidos em lei. 
 C) da posse indireta. 
 D) dos interditos possessórios. 
 E) do título de legitimação da posse.
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TEORIAS
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TEORIA SUBJETIVA
Friedrich Karl von Savigny
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POSSE
= 
CORPUS
(poder físico)
+
ANIMUS
(intenção de ter a coisa para si)
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PROBLEMAS...
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CORPUS
CONTATO
*
*
CONTATO
INICIALMENTE – simples contato físico.
POSTERIORMENTE – possibilidade de exercer esse contato.
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ANIMUS
LOCATÁRIO X LADRÃO
TERCEIRA CATEGORIA – POSSE DERIVADA
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TEORIA OBJETIVA
Rudolf von Ihering
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POSSE
=
CORPUS (maneira como o proprietário age em face da coisa, tendo em vista a sua função econômica).
CORPUS ≠ CONTATO FÍSICO = CONDUTA DE DONO
ANIMUS = EXPLORAR A COISA COM FINS ECONÔMICOS
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POSSE = exteriorização da propriedade, visibilidade do domínio, uso econômico da coisa.
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PRINCIPAL DIFERENÇA
SAVIGNY
CORPUS
+
AFFECTIO TENENDI
=
DETENÇÃO
+
ANIMUS
=
POSSE
IHERING
CORPUS
+
AFFECTIO TENENDI
=
POSSE
+
IMPEDIMENTO LEGAL
=
DETENÇÃO
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DIREITO BRASILEIRO
TEORIA OBJETIVA DE IHERING
Art. 1196 CC. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.
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TEORIAS SOCIOLÓGICAS
Silvio Perozzi
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POSSE
≠
CORPUS + ANIMUS
= 
“FATOR SOCIAL”
Enunciado 492. A posse constitui direito autônomo em relação à propriedade e deve expressar o aproveitamento dos bens para o alcance de interesses existenciais, econômicos e sociais merecedores de tutela.
Usucapião = Posse-trabalho
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POSSE = plena disposição de fato de uma coisa.
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CONCEITO DE POSSE
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“Em todas as escolas está sempre em foco a ideia de uma situação de fato,em que uma pessoa, independentemente de ser ou não ser proprietária, exerce sobre uma coisa poderes ostensivos, conservando-a e defendendo-a. É assim que procede o dono em relação ao que é seu; é assim que faz o que tem apenas a fruição juridicamente cedida por outrem (locatário); é assim que se porta o que zela pela coisa alheia (inventariante); é assim que age o que utiliza de coisa móvel ou imóvel para dela sacar proveito ou vantagem (usufrutuário)”. Caio Mário da Silva Pereira
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CONJUGAÇÃO DE TRÊS DISPOSITIVOS:
Art. 1196 CC. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.
Art. 1198 CC. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas.
Art. 1208 CC. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade.
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PROBLEMA...
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EXERCÍCIO X EXISTÊNCIA
Art. 1196 CC – exercício de poderes inerentes a propriedade.
Crítica – existência de poder – caracteriza-se tanto pelo exercício quanto pela possibilidade de exercício.
Posse independe do cultivo, exploração.
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POSSE X DETENÇÃO
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DETENTOR
=
RELAÇÃO DE DEPENDÊNCIA
+
VÍNCULO DE SUBORDINAÇÃO
DETENTOR = POSSE EM NOME DE OUTREM
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NATUREZA JURÍDICA DA POSSE
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Há duas correntes fundamentais quanto à natureza jurídica da posse.
1º TEORIA – a posse é um direito (Ihering).
2º TEORIA – posse é uma situação de fato, tutelada pelo ordenamento jurídico e constitutiva de direitos subjetivos. Marcel Planiol diz “a posse é como se fosse a vida, um fato, protegido pelo direito.”
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À luz do art. 1196 do CC, a natureza jurídica da posse é de situação de fato. Ademais, se a posse fosse em si um direito, ela seria um direito real, entretanto, a posse não está prevista no art. 1.225 do CC que traz taxativamente os direitos reais.
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CLASSIFICAÇÃO DA POSSE
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QUANTO AO MODO DE EXERCÍCIO:
Direta ou indireta
QUANTO À EXISTÊNCIA DE VÍCIO:
Justa ou injusta
QUANTO AO ELEMENTO PSICOLÓGICO:
De boa-fé ou de má-fé
QUANTO AO TEMPO:
Nova ou velha
QUANTO AOS EFEITOS:
Ad interdicta ou ad usucapionem
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QUANTO AO MODO DE EXERCÍCIO
POSSE DIRETA – o possuidor mantém contato direto com a coisa.
POSSE INDIRETA – possuidor, embora materialmente afastado da coisa, exerce poderes de propriedade.
Ex: proprietário x locador.
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“o proprietário ou titular de outro direito real pode usar e gozar a coisa objeto de seu direito, direta e pessoalmente, (...) nele se confundem as posses direta e indireta”.
ou
“por negócio jurídico, transfira a outrem o direito de usar a coisa: pode ele dá-la em usufruto, (...). Nestes casos, a posse se dissocia: o titular do direito real fica com a posse indireta, enquanto que o terceiro fica com a posse direta”. João Batista Monteiro
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POSSE DIRETA E INDIRETA
↓
COEXISTEM NO TEMPO E NO ESPAÇO
↓
SÃO POSSES JURÍDICAS
↓
NÃO AUTÔNOMAS
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PROTEÇÃO POSSESSÓRIA
POSSUIDOR DIRETO – pode invocar a proteção possessória contra o possuidor indireto e contra terceiro;
POSSUIDOR INDIRETO – pode invocar a proteção possessória contra o possuidor direto e contra terceiro.
Enunciado 76 do CJF/STJ “O possuidor direito tem direito de defender sua posse contra o indireto, e este contra aquele”.
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POSSE MÚLTIPLAS OU PARALELAS – desdobramento das posses em direta e indireta;
POSSE EXCLUSIVA – posse de um único possuidor;
COMPOSSE – duas ou mais pessoas exercem simultaneamente, poderes possessórios sobre a mesma coisa.
OUTRAS ESPÉCIES
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MEIOS DE DEFESA DA COMPOSSE: 
INTERDITOS POSSESSÓRIOS (manutenção ou esbulho) ou da legítima defesa.
FINALIDADE – impedir que outro compossuidor exerça uma posse exclusiva.
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A COMPOSSE DIVIDE-SE EM:
PRO DIVISO – os compossuidores estabelecem uma divisão de fato entre eles;
PRO INDIVISO – todos os compossuidores exercem os poderes sobre o todo.
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MEIOS DE DEFESA DA COMPOSSE PRO DIVISO:
EM RELAÇÃO AOS COMPOSSUIDORES – situação consolidada (mais de ano e dia), poderão recorrer aos interditos contra aquele que atentar contra tal exercício;
EM RELAÇÃO A TERCEIROS – qualquer dos compossuidores poderá utilizar os remédios possessórios que se fizerem necessários.
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QUANTO À EXISTÊNCIA DE VÍCIO
POSSE JUSTA – é a posse que não for violenta, clandestina ou precária;
POSSE INJUSTA – é a posse violenta, clandestina ou precária.
Art. 1200 do CC. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária.
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POSSE VIOLENTA – é a posse do que tomo o objeto de alguém, despojando-o a força, ou expulsa de um imóvel por meios violentos, o anterior possuidor.
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POSSE ≠ LUTA
PROVA = fim da resistência
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POSSE CLANDESTINA – é a posse do que furta um objeto ou ocupa imóvel de outro às escondidas.
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POSSE ≠ OCULTAÇÃO
PROVA = seja possível tomar conhecimento do ocorrido
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POSSE PRECÁRIA – é a posse quando o agente se nega a devolver a coisa.
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ROUBO	FURTO	APROPRIAÇÃO
					INDÉBITA
↓ 		↓ 		↓
VIOLENTA	CLANDESTINA	PRECÁRIA
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VIOLÊNCIA E CLANDESTINIDADE = DETENÇÃO – CONVALESCIMENTO = POSSE INJUSTA
PRECARIEDADE – POSSE JUSTA – ABUSO DE CONFIANÇA = POSSE VICIADA INJUSTA
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PROTEÇÃO POSSESSÓRIA
POSSE JUSTA OU INJUSTA – pode invocar a proteção possessória contra terceiro. Basta que a posse seja JUSTA em relação ao ADVERSÁRIO.
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QUANTO AO ELEMENTO PSICOLÓGICO
POSSE DE BOA-FÉ – o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa;
POSSE DE MÁ-FÉ – o possuidor tem conhecimento do vício na sua posse.
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Art. 1201 do CC. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisiçãoda coisa.
Parágrafo único. O possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-fé, salvo prova em contrário, ou quando a lei expressamente não admite esta presunção.
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ERRO INESCUSÁVEL OU IGNORÂNCIA GROSSEIRA – caracterizam a má-fé.
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Ou seja,
CULPA, NEGLIGÊNCIA OU FALTA DE DILIGÊNCIA = EXCLUDENTES DE BOA-FÉ
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PROTEÇÃO POSSESSÓRIA
POSSE DE BOA OU MÁ-FÉ – pode invocar a proteção possessória contra terceiro.
Relevância da boa-fé = usucapião, frutos, benfeitorias, perda ou deterioração.
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Art. 1202 do CC. A posse de boa-fé só perde este caráter no caso e desde o momento em que as circunstâncias façam presumir que o possuidor não ignora que possui indevidamente.
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PROBLEMA...
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PROVA DA MÁ-FÉ!!!
Entendimento Jurisprudencial:
REGRA – citação ou conhecimento dos termos da contestação;
EXCEÇÃO – prova da má-fé anterior.
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POSSE DE BOA E MÁ-FÉ
≠
POSSE JUSTA E INJUSTA
POSSE JUSTA E DE MÁ-FÉ –inquilino, com a intenção de usucapir, arrumando subterfúgios para não pagar o aluguel.
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QUANTO AO TEMPO
POSSE NOVA – é a de menos de ano e dia;
POSSE VELHA – é a de ano e dia ou mais.
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RELEVÂNCIA
A lei processual condiciona o pleito liminar ao prazo de ano e dia, passado este prazo, embora ainda exista direito à possessória, não caberá pedido liminar, mas sim antecipação dos efeitos da tutela.
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QUANTO AOS EFEITOS
POSSE “AD INTERDICTA” – é a que pode ser defendida pelos interditos (pelas ações possessórias), quando molestada, mas não conduz à usucapião;
POSSE “AD USUCAPIONEM” – é a que se prolonga por determinado lapso de tempo estabelecido na lei, deferindo a seu titular a aquisição do domínio, aquela capaz de gerar o direito de propriedade.
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JUSTO TÍTULO
DOUTRINA CLÁSSICA – documento hábil a transmissão da propriedade.
Ex: formal de partilha registrado.
DOUTRINA MODERNA – elemento criador da relação jurídica.
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FLEXIBILIZADO A NOÇÃO DE JUSTO TÍTULO – perspectiva do princípio da função social, no sentido de que não se deve dar intelecção formal ao conceito de justo título, reclamando à análise do caso concreto. Enunciados 302 e 303 da IV jornada.
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302 – Art.1200 e 1214. Pode ser considerado justo título para a posse de boa-fé o ato jurídico capaz de transmitir a posse ad usucapionem, observado o disposto no art. 113 do Código Civil.
303 – Art. 1201. Considera-se justo título para presunção relativa da boa-fé do possuidor o justo motivo que lhe autoriza a aquisição derivada da posse, esteja ou não materializado em instrumento público ou particular. Compreensão na perspectiva da função social da posse.
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Washington de Barros Monteiro:
IUS POSSESSIONIS – posse autônoma (sem título) – posse fundada na própria posse;
IUS POSSIDENDIS – posse titulada (com título) – posse fundada na propriedade.
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PERGUNTA (REVISÃO)
Assinale a alternativa correta a respeito da disciplina da Posse no Código Civil.  
A) Considera-se possuidor todo aquele que tem de direito o exercício, pleno ou não, de algum dos direitos inerentes à propriedade. 
B) A posse direta anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto.  
C) Considera-se possuidor indireto aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas.
D) Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, pode cada uma exercer sobre ela atos possessórios, contanto que não excluam os dos outros compossuidores. 
E) É justa a posse, se o possuidor ignora o vício ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa. 
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RESPOSTA (REVISÃO)
Assinale a alternativa correta a respeito da disciplina da Posse no Código Civil.  
A) Considera-se possuidor todo aquele que tem de direito o exercício, pleno ou não, de algum dos direitos inerentes à propriedade. 
B) A posse direta anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto.  
C) Considera-se possuidor indireto aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas.
D) Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, pode cada uma exercer sobre ela atos possessórios, contanto que não excluam os dos outros compossuidores. 
E) É justa a posse, se o possuidor ignora o vício ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa. 
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EFEITOS DA POSSE
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PERCEPÇÃO DOS FRUTOS;
RESPONSABILIDADE PELA PERDA OU DETERIORAÇÃO;
INDENIZAÇÃO PELAS BENFEITORIAS E O DIREITO DE RETENÇÃO;
USUCAPIÃO; E
PROTEÇÃO POSSESSÓRIA (autodefesa e interditos).
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PERCEPÇÃO DOS FRUTOS
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PERCEPÇÃO DOS FRUTOS
FRUTOS X PRODUTOS
FRUTOS = são as utilidades que uma coisa produz periodicamente.
PRODUTOS = são as utilidades que se retiram da coisa, diminuindo-lhes a quantidade.
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OS FRUTOS DIVIDEM-SE EM:
QUANTO A CLASSIFICAÇÃO:
NATURAIS – se desenvolvem pela força da própria natureza. Ex: frutas
INDUSTRIAIS – são os que aparecem pela mão do homem. Ex: produção de uma fábrica.
CIVIS – são as rendas produzidas pela coisa. Ex: aluguel.
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QUANTO AO ESTADO:
PENDENTES – unidos a coisa principal;
PERCEBIDOS – separados;
ESTANTES – armazenados;
PERCIPIENDOS – deviam ter sido colhidos, mas não foram;
CONSUMIDOS – colhidos e não existem mais.
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RESTITUIÇÃO
REGRA – os frutos pertencem ao proprietário.
EXCEÇÃO – possuidor de boa-fé – a boa-fé deve persistir até o momento da colheita.
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REGRAS DE RESTITUIÇÃO DOS FRUTOS:
POSSUIDOR DE BOA-FÉ:
PERCEBIDOS – pertencem ao possuidor de boa-fé;
PENDENTES OU COLHIDOS ANTECIPADAMENTE (sem intenção fraudulenta) – devem ser restituídos deduzidas as despesas de produção e custeio.
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POSSUIDOR DE MA-FÉ:
RESPONDE PELOS FRUTOS – PERCEBIDOS, PENDENTES E PERCIPIENDOS, deduzidas as DESPESAS DE PRODUÇÃO E CUSTEIO (repúdio ao enriquecimento sem causa). 
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REGRAS DE RESTITUIÇÃO DOS PRODUTOS:
1ª CORRENTE – interpretação literal do artigo 1.232 – o produto esgota a coisa principal, portanto o proprietário tem o direito de ser indenizado. Não importa se era possuidor de boa-fé ou não.
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2ª CORRENTE – aplicação analógica dos artigos 1.214 e 1.216 – o possuidor de boa-fé tem direito aos produtos extraídos até o dia em que toma conhecimento do vício da sua posse.
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RESPONSABILIDADE PELA PERDA OU DETERIORAÇÃO
POSSUIDOR DE BOA-FÉ
↓
RESPONSABILIDADE
↓
DOLO OU CULPA
OBRIGAÇÃO DE RESTITUIR COISA CERTA
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Art. 1217 do CC. O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da coisa, a que não der causa.
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POSSUIDOR DE MÁ-FÉ
↓
RESPONSABILIDADE
↓
PRESUNÇÃO DE CULPA
↓
INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA
TEORIA DO RISCO INTEGRAL – caso fortuito ou força maior.
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Art. 1218 do CC. O possuidor de má-fé responde pela perda, ou deterioração da coisa, ainda que acidentais, salvo se provar que de igual modo se teriam dado, estando ela na posse do reivindicante.
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INDENIZAÇÃO DAS BENFEITORIAS E O DIREITO DE RETENÇÃO
BENFEITORIAS NECESSÁRIAS – conservam o bem ou evitam que ele se deteriore. Ex: cura das efermidades dos animais, solidez a uma residência, etc...;
BENFEITORIAS ÚTEIS – aumentam ou facilitam o uso do bem. Ex: adubação, máquinas, etc...;
BENFEITORIAS VOLUPTUÁRIAS – mero deleite ou recreio. Ex: jardins, fontes, etc...
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PISCINA EM CASA – VOLUPTUÁRIA
PISCINA EM COLÉGIO – ÚTIL
PISCINA EM CLUBE DE NATAÇÃO – NECESSÁRIA
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POSSUIDOR DE BOA-FÉ – deve-se perquirir a boa-fé no momento da realização:
NECESSÁRIAS E ÚTEIS – INDENIZAÇÃO – direito de retenção.
VOLUPTUÁRIAS – direito de levantá-las (se não acarretar estrago e se o reivindicante não preferir ficar com elas).
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Art. 1219 do CC. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se nãolhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis.
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POSSUIDOR DE MÁ-FÉ:
NECESSÁRIAS – INDENIZAÇÃO – via ordinária.
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Art. 1220 do CC. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias; não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar as voluptuárias.
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PROTEÇÃO POSSESSÓRIA
LEGÍTIMA DEFESA E DESFORÇO IMEDIATO = autodefesa ou defesa direta.
AÇÕES POSSESSÓRIAS:
Manutenção da Posse = preservação;
Reintegração da Posse = devolução;
Interdito Proibitório = proteção.
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LEGÍTIMA DEFESA E DESFORÇO IMEDIATO
Art. 1210 do CC. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado.
§ 1º O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse. (...)
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“POR SUA PRÓPRIA FORÇA” = sem apelar para polícia ou para justiça;
“LOGO” = ainda no calor dos acontecimentos (primeira possibilidade);
“ OS ATOS DE DEFESA, OU DE DESFORÇO, NÃO PODEM IR ALÉM DO INDISPENSÁVEL À MANUTENÇÃO” = limita-se ao indispensável a retomada da posse.
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MANUTENÇÃO DA POSSE
MANUTENÇÃO – o possuidor tem o direito de ser mantido em caso de turbação.
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TURBAÇÃO – o possuidor sofre ato que EMBARAÇA O LIVRE EXERCÍCIO DA POSSE. Ex: alguém penetra nas suas terras para extração de lenha.
DIRETA – imediatamente sobre o bem. Ex: corte de árvores.
INDIRETA – praticada externamente, mas que repercute no bem. Ex: manobras que dificultam a locação.
POSITIVA – prática de atos materiais. Ex: passagem pelas terras.
NEGATIVA – impede o livre exercício. Ex: obstrução do acesso.
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PRAZO:
ATOS ISOLADOS – prazo de ano e dia a contar do respectivo ato. Ex: ingresso nas terras em diversos momentos.
ATOS COMPLEMENTARES – prazo de ano e dia a contar do ato inicial. Ex: construção de uma casa.
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REINTEGRAÇÃO DA POSSE
REINTEGRAÇÃO – o possuidor tem o direito de ser reintegrado em caso de esbulho.
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ESBULHO – o possuidor se vê PRIVADO DA POSSE mediante violência, clandestinidade ou abuso de confiança – acarreta a perda da posse.
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PRAZO:
TEMPO DETERMINADO – prazo de ano e dia a contar da data em que deveria ser restituído.
TEMPO INDETERMINADO – necessária a constituição em mora, mediante notificação prévia.
CLANDESTINO – prazo de ano e dia a contar da data em que o esbulhado estava em condições de tomar conhecimento.
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INTERDITO PROIBITÓRIO
INTERDITO PROIBITÓRIO – visa impedir que se concretize uma ameaça à posse.
PENA PECUNIÁRIA – desestimular o transgressor ≠ enriquecimento sem causa.
AMEAÇA CONCRETIZADA – o interdito será transformado em manutenção ou reintegração.
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E SE O AUTOR DA AMEAÇA, TURBAÇÃO OU ESBULHO FOR O PODER PÚBLICO???
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PEDIDO ALTERNATIVO DE INDENIZAÇÃO – ausência – carência de ação.
JURISPRUDÊNCIA – obra pública não pode ser demolida.
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CONVERSÃO EM INDENIZAÇÃO:
PERECIMENTO OU DETERIORAÇÃO DA COISA = INDENIZAÇÃO – juiz de ofício.
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FUNGIBILIDADE DOS INTERDITOS:
Art. 554 do NCPC. A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela cujos pressupostos estejam provados.
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CUMULAÇÃO DE PEDIDOS:
Art. 555 do NCPC.  É lícito ao autor cumular ao pedido possessório o de:
I - condenação em perdas (danos emergentes + lucros cessantes) e danos (lesão ao direito de personalidade ≠ meros aborrecimentos);
II - indenização dos frutos (incluído pelo NCPC).
Parágrafo único.  Pode o autor requerer, ainda, imposição de medida necessária e adequada para:
I - evitar nova turbação ou esbulho (astrientes);
II - cumprir-se a tutela provisória ou final.
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CARÁTER DÚPLICE DAS AÇÕES POSSESSÓRIAS:
Art. 556 do NCPC. É lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o ofendido em sua posse, demandar a proteção possessória e a indenização pelos prejuízos resultantes da turbação ou do esbulho cometido pelo autor.
RECONVENÇÃO – INUTILIDADE – pretensões convergentes.
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JUÍZO POSSESSÓRIO X JUÍZO PETITÓRIO:
Art. 557 do NCPC. Na pendência de ação possessória é vedado, tanto ao autor quanto ao réu, propor ação de reconhecimento do domínio, exceto se a pretensão for deduzida em face de terceira pessoa.
Parágrafo único. Não obsta à manutenção ou à reintegração de posse a alegação de propriedade ou de outro direito sobre a coisa.
JUÍZO POSSESSÓRIO – turbação ou esbulho – posse
JUÍZO PETITÓRIO – direitos reais – domínio
Súmula 487 do STF. Posse - Disputa com Base no Domínio. Será deferida a posse a quem, evidentemente, tiver o domínio, se com base neste for ela disputada.
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AÇÃO DE FORÇA NOVA X AÇÃO DE FORÇA VELHA:
Art. 558 do NCPC. Regem o procedimento de manutenção e de reintegração de posse as normas da Seção II deste Capítulo quando a ação for proposta dentro de ano e dia da turbação ou do esbulho afirmado na petição inicial.
Parágrafo único.  Passado o prazo referido no caput, será comum o procedimento, não perdendo, contudo, o caráter possessório.
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AÇÃO DE FORÇA NOVA (menos de ano e dia da turbação ou esbulho) – RITO ESPECIAL.
AÇÃO DE FORÇA VELHA (mais de ano e dia da turbação ou esbulho) – RITO ORDINÁRIO
PROPRIETÁRIO – AÇÃO POSSESSÓRIO DE FORÇA VELHA – utilidade? REIVINDICATÓRIA
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PRESTAÇÃO DE CAUÇÃO:
Art. 559 do NCPC. Se o réu provar, em qualquer tempo, que o autor provisoriamente mantido ou reintegrado na posse carece de idoneidade financeira para, no caso de sucumbência, responder por perdas e danos, o juiz designar-lhe-á o prazo de 5 (cinco) dias para requerer caução, real ou fidejussória, sob pena de ser depositada a coisa litigiosa, ressalvada a impossibilidade da parte economicamente hipossuficiente.
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REQUERIMENTO DE CAUÇÃO = FACULDADE DO RÉU – após o deferimento da liminar.
PROVA – ausência de idoneidade financeira do autor para arcar com as perdas e danos.
MOMENTO – a qualquer tempo.
FORMAS – real (imóveis, dinheiro) ou FIDEJUSSÓRIA (fiança).
IMPOSSIBILIDADE – CONSEQUÊNCIA – depósito da coisa litigiosa.
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AQUISIÇÃO E PERDA DA POSSE
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AQUISIÇÃO DA POSSE
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MODOS DE AQUISIÇÃO DA POSSE
Art. 493 do CC de 1916. Adquire-se a posse: I - pela apreensão da coisa, ou pelo exercício do direito;
II - pelo fato de se dispor da coisa, ou do direito;
III - por qualquer dos modos de aquisição em geral.
INUTILIDADE DA ENUMERAÇÃO FEITA NOS INCISOS I E II
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Art. 1204 do CC. Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade.
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QUALQUER DOS MODOS DE AQUISIÇÃO EM GERAL:
APREENSÃO
CONSTITUTO POSSESSÓRIO
QUALQUER ATO OU NEGÓCIO JURÍDICO (gratuito ou oneroso – intervivos ou causa mortis)
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CLASSIFICAÇÃO
ORIGINÁRIO – quando não há consentimento do possuidor precedente – a posse está imune aos vícios anteriores.
DERIVADO – quando há anuência do anterior possuidor – o adquirente a recebe com todos os vícios anteriores. Ex: tradição precedida de negócio jurídico.
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APREENSÃO DA COISA
APREENSÃO – apropriação da coisa mediante ato unilateral do adquirente.
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COISA “SEM DONO”
RES DERELICTA
COISA ABANDONADA
RES NULLIUS
COISA
 DE NINGUÉM
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COISA “COM DONO”
RETIRADA DE OUTREM SEM A SUA PERMISSÃO – se o possuidor anterior não reagir os vícios desaparecem e ele terá obtido a posse.
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BENS MÓVEIS = o possuidor desloca a coisa para a sua esfera de influência;
BENS IMÓVEIS = o possuidor ocupa a coisa (uso da coisa).
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TRADIÇÃO
TRADIÇÃO – ato material de entrega da coisa, pressupõe um acordo de vontades, um negócio jurídico de alienação. Pode ser:
REAL;
SIMBÓLICA;E
FICTA.
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REAL
Envolve a entrega efetiva e material da coisa.
Requisitos:
ENTREGA
INTENÇÃO
JUSTA CAUSA
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SIMBÓLICA
ATO QUE TRADUZ A ALIENAÇÃO
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FICTA
CLÁUSULA CONSTITUTI – não se presume, deve constar expressamente.
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CLÁUSULA CONSTITUTI
Operação jurídica que altera a titularidade na posse:
CONSTITUTO POSSESSORIO –aquele que possuía em nome próprio, passa a possuir em nome alheio. Ex: proprietário torna-se locatário;
TRADITIO BREVI MANU – aquele que possuía em nome alheio passa a possuir em nome próprio. Ex: locatário torna-se proprietário.
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SUCESSÃO INTER VIVOS E CAUSA MORTIS
UNIVERSAL – transfere aos herdeiros a totalidade ou fração ideal do patrimônio do de cujus;
SINGULAR – compra e venda, doação ou legado (o testador deixa ao beneficiário um bem certo e determinado).
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Art. 1207 do CC. O sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor; e ao sucessor singular é facultado unir sua posse à do antecessor, para os efeitos legais.
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“O que distingue a sucessão da união é o modo de transmissão da posse; sendo a título universal, há sucessão; sendo a título singular, há união. Não importa que a sucessão seja inter vivos ou mortis causa”. Orlando Gomes
UNIVERSAL = SUCESSÃO
SINGULAR = UNIÃO
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QUEM PODE ADQUIRIR A POSSE
CAPAZ ou INCAPAZ (representante convencional ou procurador)
POSSE – só pode ser adquirida por quem seja dotado de vontade.
VONTADE QUALIFICADA X INTENÇÃO DE TORNAR-SE PROPRIETÁRIO
LOUCO?
Ex: OCUPAÇÃO – brinquedos e peixes
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PERDA DA POSSE
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MODOS DE PERDA DA POSSE
Art. 520 do CC de 1916. Perde-se a posse das coisas:
I - pelo abandono;
II - pela tradição;
III - pela perda, ou destruição delas, ou por serem postas fora do comércio. (Redação dada pelo Decreto do Poder Legislativo nº 3.725, de 15.1.1919)
IV - pela posse de outrem, ainda contra a vontade do possuidor, se este não foi manutenido, ou reintegrado em tempo competente;
V - pelo constituto possessório.
Parágrafo único. Perde-se a posse dos direitos, em se tornando impossível exercê-los, ou não se exercendo por tempo que baste para prescreverem.
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Art. 1.223 do CC. Perde-se a posse quando cessa, embora contra a vontade do possuidor, o poder sobre o bem, ao qual se refere o art. 1.196.
Art. 1.224 do CC. Só se considera perdida a posse para quem não presenciou o esbulho, quando, tendo notícia dele, se abstém de retornar a coisa, ou, tentando recuperá-la, é violentamente repelido.
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PELO ABANDONO
ABANDONO – renúncia à posse, manifestando, voluntariamente, a intenção de largar o que lhe pertence.
PERDA DEFINITIVA – POSSE DE OUTREM
REQUISITO – não uso + ânimo de renunciar o direito.
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PELA TRADIÇÃO
TRADIÇÃO – quando envolve a intenção definitiva de transferi-la a outrem.
REAL;
SIMBÓLICA; ou
FICTA.
≠ ADMINISTRAÇÃO
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PELA PERDA PROPRIAMENTE DITA
	PERDA		≠	ABANDONO
↓ 				↓
SEM INTENÇÃO	INTENÇÃO
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“... enquanto à procura do objeto perdido não chego a perder a posse, mas, quando desisto da busca, dando por inúteis meus esforços, então perco a posse”. Washington de Barros Monteiro
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PELA DESTRUIÇÃO DA COISA
MORTE DE UM ANIMAL
PERDA TOTAL DO VEÍCULO
CAMPO INVADIDO PELO MAR
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PELA COLOCAÇÃO DA COISA FORA DO COMÉRCIO
INALIENÁVEL
Ex: bens públicos.
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PELA POSSE DE OUTREM
A COISA SAI DA ESFERA DE VIGILÂNCIA DO POSSUIDOR SEM A SUA ANUÊNCIA (furto, roubo, extravio) – POSSE INJUSTA – cessada a violência ou a clandestinidade.
A COISA SAI DA ESFERA DE VIGILÂNCIA DO POSSUIDOR COM A SUA ANUÊNCIA (estelionato, apropriação indébita) – POSSE JUSTA – recusa – POSSE INJUSTA – precária.
ENTENDIMENTO DOUTRINÁRIO E JURISPRUDENCIAL – o proprietário não pode reivindicar a coisa que esteja em poder de terceiro de boa-fé.
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REGRA – Art. 1228 do CC. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.
EXCEÇÃO – oferecida ao público em leilão ou estabelecimento comercial – proeminência a boa-fé em detrimento do real proprietário. Ex: celular em lojinha de informática.
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Art. 1268 do CC. Feita por quem não seja proprietário, a tradição não aliena a propriedade, exceto se a coisa, oferecida ao público, em leilão ou estabelecimento comercial, for transferida em circunstâncias tais que, ao adquirente de boa-fé, como a qualquer pessoa, o alienante se afigurar dono.
§ 1º Se o adquirente estiver de boa-fé e o alienante adquirir depois a propriedade, considera-se realizada a transferência desde o momento em que ocorreu a tradição.
§ 2º Não transfere a propriedade a tradição, quando tiver por título um negócio jurídico nulo.
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PERGUNTA
Sobre a posse e seus efeitos, assinale a afirmativa INCORRETA. 
A) O possuidor de má-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos.
B) O possuidor de boa-fé não responde por deterioração da coisa que não der causa.  
C) O possuidor de má-fé será ressarcido somente pelas benfeitorias necessárias.
D) O possuidor de boa-fé será indenizado pelas benfeitorias necessárias e úteis.
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PERGUNTA
Sobre a posse e seus efeitos, assinale a afirmativa INCORRETA. 
A) O possuidor de má-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos.
B) O possuidor de boa-fé não responde por deterioração da coisa que não der causa.  
C) O possuidor de má-fé será ressarcido somente pelas benfeitorias necessárias.
D) O possuidor de boa-fé será indenizado pelas benfeitorias necessárias e úteis.

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