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JUSTIÇA RESTAURATIVA E OS CÍRCULOS RESTAURATIVOS - São espaços à abertura comunicação, ou seja, a interação dialógica para a solução de conflitos de maneira não violenta e dissociada da lógica retributiva. - Quem pode participar? Qualquer indivíduo que esteja envolvido no conflito, seja de maneira direita ou indireta, incluindo-se no processo de resolução a reparação dos danos, a estabilização das relações sociais por meio da restauração da segurança e o reestabelecimento da situação de dignidade (da vítima, do ofensor e da própria comunidade). - Há o emprego da comunicação não-violenta, traçando-se um percurso contrário a estigmatização. Este instrumento não se restringe à esfera institucionalizada do Poder Judiciário, mas pode ser utilizada em outros âmbitos, especialmente, comunitário na prevenção de conflitos ou até mesmo no âmbito educacional. - O processo se baseia na escuta, no trato dos sentimentos e no fomento de uma relação de empatia entre as partes. Logo, distancia-se das formas de comunicação alienante, por exemplo, aquelas que expressam julgamentos moralizantes (pois, a partir de valores pré-definidos o indivíduo avalia, classifica e julga o outro sujeito), reagem contraditoriamente pelo simples fato de não possuírem controle sobre a situação e estimulam as posturas de violência. - A abertura a partir de terceiros envolvidos indiretamente no conflito tem uma importância no processo de reintegração da vítima e do ofensor ao seio social. - Pressupostos a sua realização: (i) Dialogar com todas aqueles que podem tem alguma contribuição, inclusive, com representantes das comunidades das quais os indivíduos pertençam. (ii) Os círculos devem garantir um ambiente de tranquilidade, respeito e mutua compreensão, por isso, é essencial a garantia do espaço adequado à fala e também a garantia da privacidade. (iii) O facilitador deve demonstrar uma conduta compatível a algumas elementares: proceder uma escuta ativa; ser sensível às emoções e as circunstâncias do outro, embora mantenha sua imparcialidade; demonstrar-se hábil na expressão da fala, na orientação das narrativas para o esclarecimento e incentivo a empatia; demonstra-se confiável, tolerante e respeitoso, além de honesto e paciente. É possível participação de mais de um facilitador, embora dividam-se as atribuições de modo que um esteja focado na observação e registro dos trabalhos. - Etapas dos círculos restaurativos: (i) Pré-círculo: são encontros separados do facilitador com os sujeitos diretos do conflito (ofensor e vítima), bem como da comunidade. Este é o momento do esclarecimento acerca das práticas restaurativas, da garantia de sigilo e da apresentação de explicações, por exemplo, de que não se pretende descobrir quem é o real culpado e ofensor, além de fixar as questões que estarão sob o foco ao longo do procedimento. Quando estiver vinculada a eventuais processos judiciais, é possível a utilização dos relatos trazidos nas peças técnicas, porém com uma linguagem mais compreensível, com ênfase nos acontecimentos e com os devidos cuidados para que nenhuma parte se sinta afrontada. (ii) Circulo restaurativo: embora se inicie com o acolhimento e uma abordagem, por parte do facilitador, voltada para o estímulo das partes , dedica-se um espaço para que cada sujeito possa se expressar e ser ouvida, buscando sempre o melhor dimensionamento dos fatos e causas que deram origem ao conflito. O manual coordenado pela 3ª Vara do Juizado Regional da Infância e Juventude de Porto Alegre/RS pormenoriza as etapas internas a essa segunda fase, observe: Logo, o círculo desenvolve-se nos seguintes momentos: (1) As necessidades atuais dos sujeitos envolvidos no conflito, estimulando a recíproca compreensão. (2) Identificação das necessidades dos participantes no momento em que os fatos correram, visa-se a auto responsabilização. (3) Definição das necessidades que deverão ser atendidas, ou seja, um trabalho direcionado a própria definição do acordo. (iii) Pós-circulo restaurativo: é um novo encontro para a escuta e também a avaliação do circulo restaurativo, por exemplo, com a análise da satisfação quanto ao plano de ação.
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