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Impossibilidade de Um Negro Ser Racista

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Impossibilidade de Um Negro Ser Racista 
Constantemente em rodas de conversas ouço alguém, leia-se branco, dizendo: “Os nego 
tão ficando racista” (...) “que nego racista”. O “racismo ao contrário” é bastante 
evocado em discussões sobre o tema; seja para transferir/redimir a culpa ou mascarar as 
mazelas causadas, exclusivamente, aos negros, pelo racismo. Os brancos estão passando 
por um surto de coitadismo. Frente a algumas iniciativas negras, nota-se um 
apequenamento e intensa tentativa de provar que negros estão tão racistas quanto 
brancos. 
 
Vejamos o que Carlos Moore, em O Racismo Através da História, nos fala, 
 
“... o racismo beneficia e privilegia os interesses exclusivos da raça dominante, 
prejudicando somente os interesses da raça subalternizada. O racista usufrui de 
privilégios e do poder total enquanto o alvo do racismo experimenta exatamente a 
experiência contrária.” Ele continua; “O racista se beneficia do racismo em todos os 
sentidos: econômica, política, militar, social e psicologicamente. Não somente ele se 
sente superior, mas vive uma vida efetivamente superior à vida daqueles que ele 
oprime.” 
 
Carlos Moore 
Ora, um negro pode até cometer algum tipo de preconceito contra uma pessoa branca, 
mas ele nunca cometerá racismo. Para isso ser possível a estrutura dominante mundial, 
ou no mínimo nacional, precisaria ser drasticamente mudada; os negros passariam de 
oprimidos a opressores. Aí sim, um negro poderia ser chamado de racista e usufruir “... 
privilégios econômicos e sociais que são negados à população-alvo.” Deter “... um 
poder hegemônico, de fato, na sociedade...” Que lhe permitiria “... reproduzir e 
perenizar as estruturas de dominação sócio-raciais em favor da sua prole e dos seus 
descendentes genéticos...” C. M. – Racismo Através da História. 
 
 
Para haver um "racismo negro" a estrutura de poder teria que mudar. 
. 
No documentário Café com Leite – Água e Azeite? O Antropólogo João Batista Félix 
resume bem a questão; “Discutir racismo no Brasil é discutir relação negro e branco. E 
discutir relação negro é branco é: o branco é racista e o negro não é racista. Eu, por 
exemplo, todo debate que eu vou não engulo mais essa discussão; - ‘Ah, mas tem negro 
que não gosta de branco’. Tem. Mas ele não é racista porque racismo é uma ação de 
poder; quem tem poder é o branco.” 
Com a falácia de que o negro está racista iguala-se o racista branco com o “racista” 
negro – notem o perigo que isso representa; podendo um negro ser racista qualquer 
ação que vise à melhora de condições da raça (termo sócio-político-cultural) negra 
pode ser acusada de racista; cotas, por exemplo. Portanto, cuidado. Não sejam vocês 
reprodutores de um discurso de caráter, no mínimo, duvidoso.

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