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Educação especial no Brasil: um panorama histórico 3 Aula 1 2 3 Aula 3 Educação Inclusiva 47 Apresentação Depois dessa longa viagem em que delineamos um panorama geral da his-tória da defi ciência no mundo, você deve estar curioso para saber como andava a Educação Especial, especifi camente, no Brasil, se perguntando: como surgiu? Quando surgiu? Quem foram os primeiros educandos a serem con- templados por serviços especializados? Como foi a caminhada desses indivíduos rumo às escolas regulares? Essas perguntas serão respondidas durante esta nova jornada, em que traçaremos um breve histórico da educação especial do Brasil colonial até a década de 1990. Objetivos Identifi car os tipos de atendimentos ofertados aos indivíduos com defi ciência no Brasil, do pe- ríodo Imperial até a década de 1990. Identifi car os marcos históricos que infl uencia- ram o processo de atendimento a pessoas com defi ciência no Brasil, do período Imperial até a década de 1990. Defi nir os paradigmas da Educação Especial, in- cluindo o Modelo da segregação e da Integração. a b Aula 3 Educação Inclusiva 49 As primeiras instituições: século XVII – XIX Caro aluno, a Educação no contexto do Brasil colonial era um privilégio de um limitado segmento da nobreza. Nesse cenário, essencialmente agrário e escravocrata, o defi ciente parecia mesclar-se com a grande maioria da população não escolarizada. Assim como na Europa, os excepcionais que falha- vam em se adequar às normas sociais tinham como destino os hospitais, cadeias ou asilos. Poucas instituições especiais parecem ter surgido no período colonial para atender às defi ciências mais “visíveis”. Merece destaque uma instituição religiosa destinada ao tratamento de defi cientes físicos, alocada em São Paulo, em 1600 (JANUZZI, 2004). O atendimento educacional às populações especiais passa a ser expressivo no fi nal do século XVIII e início do XIX. Inspirado nas iniciativas europeias, o imperador D. Pedro II funda dois importantes institutos para o atendimen- to de defi cientes sensoriais. O primeiro, como você pode ver na Figura 1(a), alcunhado Imperial Instituto para Meninos Cegos, hoje denominado Instituto Benjamin Constant (IBC), foi inaugurado em 1854, no Rio de Janeiro. Três anos depois, nessa mesma cidade, sob infl uência de Ernest Huet, é fundado o Insti- tuto dos Surdos-Mudos, Figura 1(b), hoje conhecido como Instituto Nacional dos Surdos (INES). Figura 1 – (a) Instituto Benjamin Constant (IBC) e (b) Instituto Nacional dos Surdos (INES) Fonte: (a) <http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Instituto_benjamin_constant_1.jpg>; (b) <http://inclusaodossurdos.blogspot.com.br/>. Acesso em: 10 dez. 2012. Em regime de internato, os alunos do Instituto de Cegos tinham uma formação primária e cursos do secundário. Adicionalmente, recebiam educação moral e religiosa, além de ensino de música, ofícios fabris e trabalhos manuais (JANUZZI, 2004). Os educandos cegos com “difi culdades para aprender” e com “problemas de comportamento” eram excluídos do programa. O Instituto de Surdos sofreu fortes infl uências de Charles Michel de L’Épée. Lembra-se dele? Falamos desse grande educador em nosso segundo encontro. 1Atividade 1 2 Aula 3 Educação Inclusiva50 Pois bem, além de fundar a primeira instituição educacional para surdos na Fran- ça, L’Épée criou um método conhecido por gestualismo, que foi disseminado em várias partes do mundo. Esse método, caracterizado pelo uso de sinais manuais, foi adotado pelo Instituto de Surdos no Brasil. Paralelamente à escolaridade, a referida instituição oferecia um ensino profi ssionalizante, como ofi cinas de sa- pateiro, encadernação, além de corte e costura (JANUZZI, 2004). Visite o site do IBC <http://www.ibc.gov.br/> e do INES <http://www.ines.gov.br/>. Descreva os tipos de atendimento ofertados a alunos com defi ciências sensoriais. Descreva de que forma os serviços ofertados hoje pelo IBC e INES diferenciam das propostas assinaladas no século XIX, quando essas instituições foram criadas. De acordo com Januzzi (1985; 2004), até o fi nal do Império, apenas duas instituições para o atendimento de defi cientes intelectuais aparecem nos registros históricos do Brasil. A primeira, especializada no atendimento a essa popula- ção, estava alocada na Bahia. A segunda, de ensino regular, atendia também defi cientes físicos e visuais no Rio de Janeiro. Vale ressaltar, ainda, que essas instituições, mantidas pelo estado, parecem ter surgido para atender defi ciências intelectuais mais graves. Os senhores da aristocracia rural, principais responsáveis pelo comando po- lítico do Brasil na época, demandavam uma mão de obra, compulsoriamente, escrava (JANUZZI, 1985). Em uma economia essencialmente agrária, portanto, parecia inexistir vontade política para a escolarização da sociedade. De fato, apesar de a Constituição Federal de 1824 proferir uma educação primária e gratuita para todos, registros de 1870 denunciam que apenas 2% da população tinha acesso ao Ensino Fundamental (JANUZZI, 2004). Eram isentos da escola, em algumas regiões do país, os alunos “normais” que viviam há mais de 2 ou 3 quilômetros de distância das instituições de ensino, os portadores de doenças contagiosas e os desprovidos de recursos. Sabe-se, também, que as crianças que apresentassem atestados médicos de incapacidade “mental” ou física não precisavam ir à escola (Januzzi, 2004). Nesse contexto, é plausível supor que as pessoas com defi ciência fundiam-se com a grande maioria iletrada, no fi nal do século XIX. Aula 3 Educação Inclusiva 51 O Paradigma da segregação Os médicos, principais responsáveis pela identifi cação e “tratamento” desses indivíduos, começaram a perceber a importância da pedagogia no início do século XX. Essa perspectiva é revelada pela criação de instituições escolares ligadas a hospitais psiquiátricos. Como exemplo, temos a oferta de serviços pedagógicos para crianças com defi ciência intelectual, no Hospício da Praia Vermelha, no Rio de Janeiro, em 1905 e, no Hospício de Juqueri, em São Paulo, por volta de 1920. Esses serviços eram coordenados por médicos, tendo como auxiliares, os pedagogos. Eram, também, os médicos que supervisionavam, através do Serviço Médi- co-Escolar, o funcionamento de escolas, na década de 1920. Esses inspetores eram responsáveis por vistoriar as escolas regulares e separar os alunos normais dos que apresentavam “anormalidades”. De acordo com documentos correntes, os “anormais” incluíam, além dos defi cientes, os tímidos, os insofridos ou in- disciplinados, os preguiçosos ou desatentos e retardados por diferentes causas (OLIVEIRA, 1917 apud JANUZZI, 1985, p. 38). A legislação vigente na época proferia que esses educandos, por não apren- derem e impedirem a aprendizagem dos colegas “normais”, fossem encaminha- dos a classes especiais. Registros históricos, no entanto, falham em descrever se essas classes foram, de fato, criadas nesse período (JANUZZI, 2004). Su- põe-se que o destino de muitos tenha sido os hospitais psiquiátricos e outras instituições segregadoras. Para o interesse dos cofres públicos era pertinente prover escolas para o defi - ciente, uma vez que, em manicômios ou prisões, custariam mais caro ao Estado. Como educar, então, esses alunos? É nesse contexto que o trabalho de Helena Antipoff (1892-1974), Figura 2, uma educadora russa, residente no Brasil, ganha destaque. Figura 2 – Helena Antipoff Fonte: <http://ripehp.fi les.wordpress.com/2012/09/helena-antipoff.jpg?w=584>. Acesso em: 10 dez. 2012. Aula 3 Educação Inclusiva52 Antipoff, inspirada nos métodos educativos delineados pela Psicologia, propôs a divisão “homogênea” de classes no sistema regular de ensino, assim como a criação de classes especiais. Ou seja, considerandoos estudos de Binet, Antipoff sugeriu que os alunos fossem agrupados de acordo com seus níveis intelectuais, medidos a partir dos testes de inteligência. Criou, então, em Belo Horizonte, na década de 1930, um “sistema” de classes homogêneas, composta por grupos com QI elevado, médio e inferior. No entanto, [...] os procedimentos que havia sugerido para a organização das classes homogêneas e o tratamento das crianças com difi culdades de aprendizagem estavam se voltando contra as próprias crianças que se pretendia ajudar. As classifi cações por nível intelectual, realizadas no início do ano escolar, transformavam-se, nas mãos da tecnocracia educacional, em verdadeiras “profecias autocumpridas”, selando o destino de muitas crianças com base em prognósticos baseados em resultados de testes de QI (CAMPOS, 2003, p. 220). A carência de investimento no ensino e a escassez de serviços especializados para o atendimento de alunos excluídos das classes regulares era notório nesse período. O censo escolar de 1950 revelou, por exemplo, que dos 100 mil cegos e 50 mil surdos no país, apenas 0,3% e 1,5%, respectivamente, recebiam “edu- cação ofi cial sistemática” (JANUZZI, 2004). É nesse panorama de descaso do poder público que se intensifi cam, a partir de 1930, a implantação de instituições fi lantrópicas de apoio e escolas especiais privadas para alunos defi cientes. Merece destaque a Sociedade Pestalozzi, entidade fundada por Helena Anti- poff, em 1932, para fornecer orientações médico-pedagógicas a pais e professores de alunos com excepcionalidades, incluindo os com defi ciências, problemas de conduta, surdos, dentre outros. Destaca-se, também, o Conselho Brasileiro para o Bem-estar do Cego e a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), fundados em 1954. Alfred Binet Especialista no estudo da inteligência e dos proces- sos cognitivos. Construiu uma escala métrica da inte- ligência, visando avaliar as capacidades cognitivas das crianças. A APAE é, ainda hoje, considerada uma das maiores organizações de apoio às pessoas com defi ciência. São mais de 2000 APAES espalhadas por todo o território brasileiro, atendendo mais de 250 mil pessoas. Para conhecer mais, visite o site <http://www.apaebrasil.org.br/>. 2Atividade 1 2 3 Educação regular • Escolas regulares Educação especial • Escolas especiais • Instituições especiais Aula 3 Educação Inclusiva 53 Vimos que os movimentos fi lantrópicos destinados a atender pes- soas com defi ciência surgiram por volta de 1930. Será que eles ainda existem? Para obter essa informação, siga os passos que seguem. Faça um levantamento em sua cidade sobre as instituições fi lantrópicas que atendem pessoas com defi ciência. Descreva essas instituições, salientando as características da população atendida e os tipos de serviços ofertados. Qual a relação que essas instituições mantêm com as escolas regulares? A questão da defi ciência ganhava notoriedade na medida em que as escolas começam a receber um contingente maior e mais heterogêneo de educandos, a partir da década de 1950. Para você ter uma ideia, 2.413.592 alunos estavam matriculados no ensino fundamental em 1935. Vinte anos depois, em 1955, esse número chegara a 4.545.630 (RIBEIRO, 2000 apud JANUZZI, 2004). Com a heterogeneidade dos estudantes que adentravam as instituições de ensino, aumentava-se, também, o fracasso escolar de muitos, incluindo os defi cientes. Aliado a esse fenômeno, surgiram, em todo o mundo, os movimentos sociais pelos direitos humanos, desencadeados no pós-guerra e intensifi cados na década de 1960. Esses movimentos alertavam a sociedade sobre os efeitos prejudiciais da segregação e marginalização das minorias (Mendes, 2006). Nesses grupos minoritários, estavam os defi cientes que, até a década de 1960, eram precaria- mente educados em sistemas segregados de ensino. Para ser mais preciso, em escolas especiais e instituições fi lantrópicas que funcionavam, em paralelo, às escolas regulares. Essa forma de agrupamento é o que se designa de “modelo de duas caixas”, caracterizando o paradigma da segregação na Educação Especial, como observado na Figura 3: Figura 3 – Paradigma da Segregação em Educação Especial Alunos Em cada mil habitantes, apenas 54 iam à escola, em 1932 (RIBEI- RO, 2000 apud JANUZZI, 2004). Classe comum Classe comum com serviço complementar Classe especial em tempo parcial Classe especial em tempo integral Escola especial Ambientes hospitalares Instituições residenciais Mais rápido Mais lento Aula 3 Educação Inclusiva54 A migração de educandos com defi ciência de escolas especiais para escolas regulares não era viabilizado, considerando o próprio modelo paralelo de ensino. O paradigma da Integração No fi nal dos anos 60 e no decorrer das duas décadas de 1970/80, surge, impulsionado pelos movimentos sociais de direitos humanos, o paradigma da integração. Esse modelo, representado por uma pirâmide invertida ou por uma cascata (DENO, 1970 apud MAZZOTTA, 1982), revela o continuum de serviços educacionais ofertados em ambientes mais e menos segregados, conforme evi- dencia a Figura 4, mostrada a seguir: Figura 4 – Paradigma da Integração Conforme observado no esquema da Figura 4, no topo da pirâmide teríamos a classe regular, almejada por todos. Na camada anterior, a classe regular com serviços complementares; em seguida, as classes especiais, em tempo parcial ou integral, alocadas dentro da escola regular. Por fi m, saímos da escola regular e encontramos as escolas especiais, seguidas dos contextos hospitalares e insti- tuições residenciais. A permanência em espaços menos segregados, ilustrados pelos retângulos maiores, localizados no topo da cascata, deve ser a meta de todos os educandos. Os espaços inferiores, situados fora da escola regular, como as escolas especiais Aula 3 Educação Inclusiva 55 e as instituições residenciais, devem ser menores e servir o menor número de alunos possível. As setas posicionadas à direita e à esquerda do modelo indicam, respectiva- mente, que os educandos devem “subir” a pirâmide o mais rapidamente possível e descer de forma lenta. Em outras palavras, o sistema de ensino deve criar me- canismo para manter os alunos em ambientes menos segregados, difi cultando a migração dos estudantes para espaços mais restritivos. As modalidades de atendimento educacional na perspectiva da integração passaram a ser secionadas, conforme observado na Figura 4. O educando podia ser atendido em classe comum, classe especial ou qualquer outra modalidade de ensino, que não incluía, necessariamente, a classe regular. No Brasil, o paradigma da integração é, inicialmente, refl etido nas Leis de Diretrizes e Bases da década de 1960 e, posteriormente, na Constituição Federal de 1988. No art. 88 da LDB 1961 (4.024/19 61), por exemplo, consta que “a edu- cação de excepcionais, deve, no que for possível, enquadrar-se no sistema geral de educação, a fi m de integrá-los na comunidade”. A Constituição Federal de 1988 consagrou a educação como um direito de todos e garantiu o atendimento educacional especializado aos “portadores de defi ciência”. Conforme expresso no artigo 208, esses educandos deveriam es- tudar “preferencialmente” na rede regular de ensino. Vale destacar o termo “preferencialmente” empregado no documento que, claramente, não signifi ca exclusivamente ou obrigatoriamente. Gostou do modelo? Será que deu certo? As difi culdades em avaliar e conceder a progressão do aluno de um nível mais limitativo para outro menos restritivo foi um dos principais obstáculos desse novo paradigma. As políticas de integração, embora realçassem que os educandos de- veriam, “preferencialmente”, estar alocados em classes regulares, fi ndaram por aplicar, quaseque permanentemente, a exclusão. Nesse cenário, mais crianças passaram a ser excluídas do que integradas (MENDES, 2006). Esse resultado faz sentido quando analisamos “as entrelinhas” do modelo proposto. Para que a integração ocorra, é preciso que o aluno desenvolva habi- lidades específi cas, para poder coabitar com seus pares em cada segmento da cascata. Em última instância, o educando deve adaptar-se à escola, que perma- nece inalterada. Essa perspectiva é refl etida na Política Nacional de Educação Especial, pu- blicada em 1994, na qual é salientado que devem ter acesso às classes comuns do ensino regular os educandos que “[...] possuem condições de acompanhar e desenvolver as atividades curriculares programadas do ensino comum, no mesmo ritmo que os alunos ditos normais” (BRASIL, 1994, p. 19). Portadores de defi ciência Esse era o termo usado na época para referir-se aos educandos com defi ciências sensoriais (auditiva e visual), defi ciências múltiplas, condutas típicas (transtornos de comportamento; autismo) e altas habilidades. 3Atividade Leituras complementares Aula 3 Educação Inclusiva56 Um novo paradigma de educação, em que os alunos com defi ciência não apenas adentrem, mas permaneçam no sistema escolar tornou-se imperativo na década de 1990. Esse novo modelo deveria enfocar em transformações da escola, em detrimento das modifi cações de seus educandos. De forma específi - ca, na construção de um ambiente educacional que atendesse às demandas de uma população heterogênea. Desse modo, a escola se adaptaria ao aluno e não o aluno à escola. Estavam, então, criados os fundamentos para o modelo da Educação Inclu- siva, que será descrito em nosso próximo encontro. Elabore um quadro comparativo, ressaltando as principais caracte- rísticas de cada modelo visto nesta aula. Paradigma Segregação Integração Período Características principais Críticas Para saber mais sobre o assunto que estudamos nesta aula, conheça as pu- blicações da Secretaria de Educação Especial do Ministério da Educação. Você encontrará documentários, artigos e fascículos que narram um pouco da história de Educação Especial no país. Para isso, acesse o portal: <http://portal.mec.gov. br/index.php?option=com_content&view=article&id=17009&Itemid=860>. Além disso, você pode consultar o artigo de Enicéia Gonçalves Mendes, que fornece, em uma perspectiva crítica, um panorama histórico da educação especial no Brasil. MENDES, Enicéia Gonçalves. A radicalização do debate sobre inclusão escolar no Brasil. Rev. Bras. Educ., v. 11, n. 33, p. 387-405, dez. 2006. Acesso: http:// www.scielo.br/pdf/rbedu/v11n33/a02v1133.pdf Resumo 1 2 Aula 3 Educação Inclusiva 57 Nesta aula, você conheceu um pouco da história da Educação Especial no Brasil, da época colonial à década de 1990. Você aprendeu que o tratamento das pessoas defi cientes tornou-se expressivo no fi nal do século XIX. Seguindo tendência europeia, os primeiros serviços foram criados para os defi cientes sensoriais, como os cegos e surdos. Posteriormente, foram contemplados os deficientes físicos e os intelectuais que, durante muito tempo, foram mantidos em manicômios e asilos. De uma forma geral, a educação da pessoa com defi ciência no Brasil ganhou notoriedade na medida em que as escolas regulares se expandiram na segunda metade do século XX. Nesse momento, você pôde observar que se multiplicaram as instituições de caráter fi lantrópico e escolas especiais que bem caracterizaram um sistema segregador e paralelo de educação, que imperou até a década de 1970. Os movimentos sociais pelos direitos humanos desencadeados após a II Grande Guerra formaram o alicerce para o paradigma da integração, que visava o acesso da pessoa com defi ciência na escola regular. Esse modelo perpetuou até a década de 1990, quando o paradigma da Inclusão é instaurado no Brasil e no mundo. Autoavaliação No decorrer dessa aula, você teve a oportunidade de visitar os modelos de educação destinadas às pessoas com defi ciência do período colonial à década de 1990. Considerando o que você aprendeu e responda às questões a seguir. É correto afi rmar que os pedagogos desempenhavam um papel secundário no tratamento das pessoas com defi ciência no início do século XX? Justifi que sua resposta. Discuta a afi rmativa apresentada a seguir: A questão da defi ciência ganhava notoriedade na medida em que as escolas começam a receber um contingente maior e mais heterogêneo de educandos, a partir da década de 1950. 3 4 Anotações Aula 3 Educação Inclusiva58 Por que o paradigma da segregação é conhecido como “modelo das duas caixas”? Por que o modelo da integração mais excluiu do que incluiu alunos no sistema regular de ensino? Referências CAMPOS, Regina Helena de Freitas. Helena Antipoff: razão e sensibilidade na psicologia e na educação. Estudos Avançados, São Paulo, v. 17, n. 49, p 209- 231, dec. 2003. JANNUZZI, Gilberta. A luta pela educação do defi ciente mental no Brasil. São Paulo: Cortez: Autores Associados, 1985. ______. A educação do defi ciente no Brasil: dos primórdios ao início do século XXI. Campinas: Autores Associados, 2004. MAZZOTTA, M.J.S. Fundamentos de educação especial. São Paulo: Ed.Pionei- ras, 1982. MENDES, Enicéia Gonçalves. A radicalização do debate sobre inclusão escolar no Brasil. Rev. Bras. Educ., v. 11, n. 33, p. 387-405, dez. 2006. Anotações Aula 3 Educação Inclusiva 59 Anotações Aula 3 Educação Inclusiva60
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