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Material direito internacional publico e privado
Internacional
 
O Estado em Direito Internacional
Leonardo Gomes de Aquin
Resumo: Para ser considerado Estado no âmbito do Direito Internacional Público se faz necessário a existência de cinco elementos constitutivos: povo (conjunto de indivíduos unidos por laços comuns); território (base física ou o âmbito espacial do Estado, onde ele se impõe para exercer, com exclusividade, a sua soberania); governo autônomo e independente (é a instância máxima de administração executiva, geralmente reconhecida como a liderança de um Estado ou uma nação); finalidade (traduz na idéia de o Estado deve sempre perseguir um fim) e; a capacidade para manter relações com os demais Estados.
Sumário: 1. Introdução. 2. Análise dos Elementos constitutivos do Estado. 3. Formação dos Estados. 4. Classificação dos Estados. 5. Reconhecimento de Estado. 6. Sucessão e Extinção dos Estados
Para instigar e fomentar a reflexão gostaria de iniciar este paper com a seguinte citação: “Para se ter alguma autoridade sobre os homens, é preciso distinguir-se deles. É por isso que os magistrados e os padres têm gorros quadrados.” (Voltaire)
1. INTRODUÇÃO
O Estado é um tipo de pessoa jurídica reconhecida pelo Direito Internacional. Todavia, uma vez que existem outros tipos de pessoas jurídicas reconhecidas como tais, a posse da personalidade jurídica não é em si, uma característica suficiente que marque a qualidade de Estado. Além disso, o exercício das capacidades jurídicas, mais do que uma prova decisiva, é uma conseqüência normal da personalidade jurídica: um Estado fantoche pode ser todos os aprestos característicos de uma personalidade distinta e, no entanto, não passar de um representante de uma potencia.
Diante disto, podemos afirmar que o conceito de Estado vem evoluindo desde a Antiguidade, a partir da Pólis grega e da Civitas romana. Até o limiar a denominação “Estado” era desconhecida sendo empregadas diversas expressões como, por exemplo, rich, imperium etc. O termo tem origem no latim status, reportando-se ao entendimento de “estar firme”, sendo empregado pela primeira vez com sentido jurídico e político , no século XVI, por Maquiavel, em sua obra O Princípio, quando indicou a organização de comunidades denominadas “cidades-estado”. [1]
O significado de Estado varia do ponto de vista de cada doutrina, de cada autor e de qual enfoque se pretende dar sobre ele, ou seja, sob o aspecto político, sociológico, constitucional, filosófico, no campo internacional, tornando, portanto, extremamente difícil estabelecer os reais contornos para o termo Estado.[2]
Norberto Bobbio afirmar que
“o conceito de Estado não é um conceito universal, mas serve apenas para indicar e descreve uma forma de ordenamento político surgida na Europa a partir do século XIII até os fins do século XVIII ou inícios do século XIX, na base dos pressupostos e motivos específicos da história européia e apos esse período se estendeu, libertando-se, de certa maneira,das suas condições originarias e concretas de nascimento, a todo mundo civilizado.”[3]
A Convenção Pan-Americana sobre Direitos e Deveres dos Estados (Montevidéu, 1933) considera que o Estado é pessoa internacional deve ter os seguintes requisitos: a) povoação permanente; b) território determinado; c) governo; d) capacidade de entrar em relações com os demais Estados. Celso Albuquerque de Mello[4] citando Verhoeven observa que há uma tendência do Estado do DIP ser o Estado das Nações Unidas. Diz ele que ser Estado é um efeito do ingresso de uma coletividade na ONU e não uma condição para ingressar na ONU.
Elementos Constitutivos (Essenciais) do Estado
 
O conceito de Estado em Direito Internacional não é o mesmo que lhe atribui a Teoria Geral do Estado, sendo mais restrito e com particularidades diversas. Em ambas as disciplinas, porém se tem a certeza de que, pois critérios da qualidade de Estado devem ser enunciados pelo Direito. Se assim não fosse, um Estado poderia pretender não saldar eventual dívida para com outro pelo simples dato arbitrário de ao reconhecer o outro como Estado.
De toda sorte, não tendo a pretensão de alargar por demais o assunto, pois vários entendimentos e conceitos podem ser suscitados para Estado[5], apresenta-se a idéia para nortear o presente estudo, como sendo uma organização política destinada a manter a ordem social, política e jurídica, zelando pelo equilíbrio, paz, harmonia, num sentido maior, pelo bem-estar social dos administrados, devendo ser levada em conta a existência dos elementos constitutivos.
Segundo Valério de Oliveira Mazzuoli, Estado é “um ente jurídico, dotado de
personalidade internacional, formado de uma reunião (comunidade) de indivíduos estabelecidos de maneira permanente num território determinado, sob a autoridade de um governo independente e com a finalidade precípua de zelar pelo bem comum daqueles que o habitam”. [6]
Para ser considerado Estado no âmbito do Direito Internacional Público se faz necessário a existência de cinco elementos constitutivos: povo (conjunto de indivíduos unidos por laços comuns); território (base física ou o âmbito espacial do Estado, onde ele se impõe para exercer, com exclusividade, a sua soberania); governo autônomo e independente (é a instância máxima de administração executiva, geralmente reconhecida como a liderança de um Estado ou uma nação); finalidade (traduz na idéia de o Estado deve sempre perseguir um fim) e; a capacidade para manter relações com os demais Estados. [7]
2. Análise dos Elementos constitutivos do Estado
2.1. Povo
Há que distinguir povo, que é o conjunto dos nacionais, natos e naturalizados, de população, que é o povo mais os estrangeiros e apátridas. O princípio das nacionalidades propõe que o Estado é o conjunto de indivíduos unidos por laços comuns (raça, idioma, etc.). Tal princípio levou a regimes totalitários e racistas.
Hoje se defende que o Estado é formado pela comunidade de indivíduos que habite permanentemente o território com ânimo definitivo. Diferença entre Nação e Estado. Nação é a comunidade moldada por uma origem, uma cultura, uma história e uma ideologia comuns, constituída por pessoas de mesma ascendência, ainda não organizada na forma de Estado. Já este é o órgão controlador criado pela Nação e que a personifica.
2.2. Território
O segundo elemento é o território fixo e determinado, que corresponde à fração do planeta em que o Estado se assenta com a população, delimitada por faixas de fronteiras formadoras dos limites, mas, ele não precisa ser completamente definido, sendo que a ONU tem admitido Estados com questões de fronteira, por exemplo, Israel. É o elemento material, base física ou âmbito espacial do Estado.  Sobre este território o Estado exercerá a soberania em duplo aspecto:
a) imperium: exercício de jurisdição sobre a grande massa daqueles que nele se encontram;
b) dominium: regência do território, por sua própria e exclusiva vontade. O direito que o Estado tem sobre seu território exclui que outros entes exerçam ali qualquer tipo de poder e lhe atribui amplíssimo direito de uso, gozo e disposição.
O território inclui:
a) o solo, dentro dos seus limites reconhecidos;
b) o subsolo e as regiões separadas do solo;
c) os rios, lagos e mares interiores;
d) os golfos, baías e portos;
e) a faixa de mar territorial e a plataforma submarina, para os Estados que têm litoral;
f) o espaço aéreo correspondente ao solo.
O território não precisa estar perfeitamente demarcado para ser elemento do Estado. Basta que haja um mínimo de estabilidade territorial e sua delimitação. Hugo Grotius defendia que a embaixada era uma extensão do território do seu Estado. Esta teoria, chamada de teoria da extraterritorialidade, que depois foi estendida também aos navios e aeronaves militares, foi sendo abandonada hodiernamente.
Tais locais gozam apenas de imunidade de jurisdição em relação ao Estado reditante, mas continuam sendo parte do seu território (os navios e aeronaves militares quando ali estejam).
Interessanteponto é em relação ao território em relação à questão do Mar territorial:
O mar territorial brasileiro compreende uma faixa de doze milhas marítima de largura, medidas a partir da linha de baixa-mar do litoral continental e insular, tal como indicada nas cartas náuticas de grande escala, reconhecidas oficialmente no Brasil. Nos locais em que a costa apresente recorte profundos e reentrâncias ou em que exista uma franja de ilhas ao longo da costa na sua proximidade imediata, será adotado o método das linhas de base retas, ligando pontos apropriados, para o traçado da linha de base, a partir da qual será medida a extensão do mar territorial. A soberania do Brasil estende-se ao mar territorial, ao espaço aéreo sobrejacente, bem como ao seu leito e subsolo. É reconhecido aos navios de todas as nacionalidades o direito de passagem inocente no mar territorial brasileiro. A passagem será considerada inocente desde que não seja prejudicial à paz, à boa ordem ou à segurança do Brasil, devendo ser contínua e rápida. A passagem inocente poderá compreender o parar e o fundear, mas apenas na medida em que tais procedimentos constituam incidentes comuns de navegação ou sejam impostos por motivos de força ou por dificuldade grave, ou tenham por fim prestar auxílio a pessoas a navios ou aeronaves em perigo ou em dificuldade grave. Os navios estrangeiros no mar territorial brasileiro estarão sujeitos aos regulamentos estabelecidos pelo Governo brasileiro.
A zona contígua brasileira compreende uma faixa que se estende das doze às vinte e quatro milhas marítimas, contadas a partir das linhas de base que servem para medir a largura do mar territorial. Na zona contígua, o Brasil poderá tomar as medidas de fiscalização necessárias para: I - evitar as infrações às leis e aos regulamentos aduaneiros, fiscais, de imigração ou sanitários, no seu territórios, ou no seu mar territorial; II - reprimir as infrações às leis e aos regulamentos, no seu território ou no seu mar territorial.
A zona econômica exclusiva brasileira compreende uma faixa que se estende das doze às duzentas milhas marítimas, contadas a partir das linhas de base que servem para medir a largura do mar territorial. Na zona econômica exclusiva, o Brasil tem direitos de soberania para fins de exploração e aproveitamento, conservação e gestão dos recursos naturais, vivos ou não-vivos, das águas sobrejacentes ao leito do mar, do leito do mar e seu subsolo, e no que se refere a outras atividades com vistas à exploração e ao aproveitamento da zona para fins econômicos. Na zona econômica exclusiva, o Brasil, no exercício de sua jurisdição, tem o direito exclusivo de regulamentar a investigação científica marinha, a proteção e preservação do meio marítimo, bem como a construção, operação e uso de todos os tipos de ilhas artificiais, instalações e estruturas. A investigação científica marinha na zona econômica exclusiva só poderá ser conduzida por outros Estados com o consentimento prévio do Governo brasileiro, nos termos da legislação em vigor que regula a matéria. A realização por outros Estados, na zona econômica exclusiva, de exercícios ou manobras militares, em particular as que impliquem o uso de armas ou explosivas, somente poderá ocorrer com o consentimento do Governo brasileiro. É reconhecidos a todos os Estados o gozo, na zona econômica exclusiva, das liberdades de navegação e sobrevôo, bem como de outros usos do mar internacionalmente lícitos, relacionados com as referidas liberdades, tais como os ligados à operação de navios e aeronaves.
A plataforma continental do Brasil compreende o leito e o subsolo das áreas submarinas que se estendem além do seu mar territorial, em toda a extensão do prolongamento natural de seu território terrestre, até o bordo exterior da margem continental, ou até uma distância de duzentas milhas marítimas das linhas de base, a partir das quais se mede a largura do mar territorial, nos casos em que o bordo exterior da margem continental não atinja essa distância. O limite exterior da plataforma continental será fixado de conformidade com os critérios estabelecidos no art. 76 da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, celebrada em Montego Bay, em 10 de dezembro de 1982. O Brasil exerce direitos de soberania sobre a plataforma continental, para efeitos de exploração dos recursos naturais. Os recursos naturais a que se refere o caput são os recursos minerais e outros não-vivos do leito do mar e subsolo, bem como os organismos vivos pertencentes a espécies sedentárias, isto é, àquelas que no período de captura estão imóveis no leito do mar ou no seu subsolo, ou que só podem mover-se em constante contato físico com esse leito ou subsolo. Na plataforma continental, o Brasil, no exercício de sua jurisdição, tem o direito exclusivo de regulamentar a investigação científica marinha, a proteção e preservação do meio marinho, bem como a construção, operação e o uso de todos os tipos de ilhas artificiais, instalações e estruturas. A investigação científica marinha, na plataforma continental, só poderá ser conduzida por outros Estados com o consentimento prévio do Governo brasileiro, nos termos da legislação em vigor que regula a matéria.
O Governo brasileiro tem o direito exclusivo de autorizar e regulamentar as perfurações na plataforma continental, quaisquer que sejam os seus fins. É reconhecido a todos os Estados o direito de colocar cabos e dutos na plataforma continental. O traçado da linha para a colocação de tais cabos e dutos na plataforma continental dependerá do consentimento do Governo brasileiro. O Governo brasileiro poderá estabelecer condições para a colocação dos cabos e dutos que penetrem seu território ou seu mar territorial. [8]
 
2.3. Governo Autônomo e independente
O conceito de governo autônomo e independente leva à ideia de Estado soberano. Soberania é o poder supremo que não reconhece outro acima de si (suprema protestas - superiorem non recognoscens).
Hoje já não se pode falar em soberania absoluta dos Estados, enquanto poder ilimitado e ilimitável, já que a soberania hoje encontra limites nas próprias regras de Direito Internacional Público. Na verdade a noção de soberania nunca significou autonomia absoluta", mas colocava "limites à legitimidade das interferências dos Estados entre eles
Nos dias hoje se entende soberania como:
a) o poder que o Estado tem de impor e resguardar, dentro das fronteiras do seu território e em último grau, as suas decisões (soberania interna);
b) a faculdade que o Estado detém de manter relações com Estados estrangeiros e de participar das relações internacionais, em pé de igualdade com os outros atores da sociedade internacional (soberania externa).
Os variáveis conceitos de Soberania
 
Tal governo autônomo e independente deve ter autocapacidade, ou seja, atuar com liberdade interna e internacionalmente. Os Estados que têm um governo autônomo, independente e com autocapacidade, têm soberania (ou capacidade internacional) plena.
2.4. Finalidade
A finalidade é o elemento social do Estado. Não é reconhecido por toda a doutrina. Traduz-se na ideia de que o Estado deve perseguir uma finalidade, que deve ser o bem comum dos indivíduos que o compõe.
A formação dos Estados, que ocorre quando seus elementos constitutivos se integram, interessa ao Direito Internacional Público por suas consequências no plano internacional. Tal integração leva à soberania.
Segundo Valério de Oliveria Mazzuolli não se pode mais entender que o
“Estado tem por única e exclusiva finalidade extrair se sua coletividade humana o máximo de proveito em prol de si mesmo, sem se preocupar com o bem-estar de sua população. Portanto, não são os indivíduos que existem parao Estado, mas este que se forma em relação àqueles, e por isso tem o dever de proteger-lhes e garantir-lhes os meios necessários para a sua plena realização pessoal”. [9]
2.5. Capacidade para manter relações com os demais Estados
A capacidade para manter relações com os demais Estados este conceito é representa a independênciado Estado. A independência foi realçada por muitos juristas como o critério decisivo da qualidade de Estado. Podendo a independência ser encarada por dois prismas:
- O Estado possui um grau de centralização dos seus órgãos que não se encontra Ana comunidade mundial.
- Numa determinada área, o Estado é a única autoridade executiva e legislativa.
Em outras palavras o estado deve ser independente das outras ordens jurídicas estatais, e qualquer interferência dessas ordens jurídicas ou de uma representação internacional deve basear-se num título de Direito Internacional.
3. Formação dos Estados
Segundo Valério de Oliveira Mazzuoli a formação dos Estados, faticamente, pode se dar por: [10]
a) Fundação direta: consistente no estabelecimento permanente de uma população em um dado território sem dono (res nullius), com a instituição de um governo organizado e permanente;
b) Emancipação: por meio do qual um Estado se liberta de ser dominante ou do jugo estrangeiro, seja de forma pacífica, seja em virtude de rebelião;
c) Separação ou desmembramento: ocorre quando um Estado se separa ou se desmembra, para dar lugar à formação de outros. Chama-se sucessão o desmembramento estranho à processo de descolonização, retirando daí sua diferença com a emancipação.
d) Fusão: por meio do qual um Estado-núcleo absorve dois ou mais Estados, reunindo-os em um só ente para a formação de um só Estado, ou ainda pela junção de territórios formando um Estado novo.
Por atos jurídicos, um Estado pode se formar por:
a) uma lei interna;
b) um tratado internacional (Irlanda, 1921);
c) decisão de um organismo internacional (Israel, 1947).
Surgido o novo Estado, surge o problema de seu reconhecimento.
O reconhecimento de um Estado é o “ato livre pelo qual um ou mais Estados reconhecem a sua existência, num território determinado, de uma sociedade humana politicamente organizada, independente de qualquer outro Estado existente e capaz de observar as prescrições do Direito Internacional”.
O reconhecimento do Estado tem dupla característica:
a) demonstra a existência do Estado como sujeito de Direito Internacional Público;
b) constata que o Estado possui as condições necessárias para participar das relações internacionais e que a sua existência não contrasta com os interesses dos Estados que o reconhecem.
A natureza jurídica do reconhecimento é explicada por duas correntes distintas:
a) teoria constitutiva, para a qual o reconhecimento é que atribui ao Estado a condição de sujeito de Direito Internacional Público;
b) teoria declaratória, para a qual o reconhecimento apenas declara que o novo Estado é sujeito de Direito Internacional Público.
A segunda corrente é a mais aceita, estando inclusive positivada no art. 13 da Carta da OEA. Há uma divergência teórica acerca da obrigatoriedade ou não do reconhecimento de um novo Estado.
Para alguns, o reconhecimento é acto voluntário e unilateral dos Estados, que decidem politicamente se querem ou não reconhecer o novo Estado. 
Para outros, entretanto, o reconhecimento de um Estado novo é um direito deste, desde que reúna todos os elementos de um Estado, e um dever dos demais atores da sociedade internacional. O não-reconhecimento só pode ter lugar quando o novo Estado tenha sido criado em desacordo com o Direito Internacional Público.O ato de reconhecimento pode ser classificado de forma, individual ou coletiva, conforme seja feito por um Estado ou por vários deles em conjunto em um único documento diplomático.
Atualmente se entende que o admissão de um Estado na ONU representa o reconhecimento deste Estado por todos os seus membros.
Também quando a ONU não-reconhece um Estado, manifestando-se no sentido de que um Estado é fruto de ato ilegal, há o chamado não-reconhecimento colectivo de direito (de jure) ou de fato (de facto): é de direito o reconhecimento resultante quer de uma declaração expressa, quer de um ato positivo que indique com clareza a intenção de conceder esse reconhecimento, que será definitivo e irrevogável. É de fato o reconhecimento decorrente de um fato que implique a intenção de conceder esse reconhecimento, que será provisório e revogável expresso ou tácito: é expresso o reconhecimento que consta de documento escrito.
É tácito o reconhecimento que se puder inferir, pela prática e pela atitude implícita dos demais membros estatais da sociedade internacional, a vontade de reconhecer como ente soberano o novo Estado, por serem tais práticas incompatíveis com a vontade de não-reconhecimento Incondicionado ou condicionado: é incondicionado e irrevogável o reconhecimento feito sem a imposição de condições. É condicionado o reconhecimento feito com a imposição de certas condições que, se desrespeitadas, o reconhecimento. O reconhecimento condicionado contraria a teoria declaratória do reconhecimento.
A forma mais comum de se dar o reconhecimento é por ato do órgão das relações exteriores do Estado, geralmente por nota diplomática ou decreto do Chefe de Estado.
4. Classificação dos Estados
Os Estados podem ser classificados de um ponto de vista puro, quanto à sua estrutura, em Estados Simples e Estados Compostos.
Os Estados simples não apresentam maiores problemas para o DI, vez que apresentam um poder único e centralizado. É o caso dos Estados unitários, por exemplo, a França. A personalidade internacional é uma única.
Os Estados compostos apresentam uma estrutura complexa, e a centralização do poder não é tão grande. É esta categoria que apresenta dificuldades para o nosso estudo, pois faz surgir a questão de sabermos se os Estados-membros de um Estado composto possuem ou não personalidade internacional.
a) Estados Compostos por Coordenação: “associação de Estados soberanos ou pela associação de unidades estatais que, em pé de igualdade, conservam apenas uma autonomia de ordem interna, enquanto o poder soberano é investido num órgão central.”
“- União Pessoal (reunião acidental e temporária; autoridade de um soberano comum); União Real (conservação da autonomia interna; delegação a um órgão único da representação externa); Confederação de Estados(associação de Estados; conservação da autonomia e personalidade internacional; cessão permanentemente de parte da liberdade de ação a um órgão central – Dieta).
- União Federal, Estado Federal ou Federação de Estados (união permanente; preservação da autonomia interna dos membros da federação; soberania externa exercida por um órgão central). V. arts. 1.º; 21; 60, § 4.º; 84, VII (CF/1988).”
b) Estados Compostos por Subordinação: Estados vassalos (autonomia interna; dependentes de outro Estado na condução dos negócios externos; pagamento de tributo); protetorados – Estados protegidos (cessão de parte dos direitos soberanos – soberania externa à subordinação voluntária), Estados clientes (defesa de alguns negócios ou interesses executada por outro Estado). Obs.: atualmente não há nenhum exemplo desses três tipos de Estado.
5. Reconhecimento de Estado
O reconhecimento é um ato unilateral através do qual um sujeito de direito internacional, sobretudo o Estado, constatando a existência de um fato novo (Estado, Governo, situação ou tratado), cujo evento de criação não teve sua participação, declara, ou admite implicitamente, que o considera como sendo um elemento com quem manterá relações no plano jurídico. Trata-se, portanto, de ato afirmativo que introduz o fato novo nas relações jurídicas entre os sujeitos de direito internacional.
As características do Reconhecimento: formulação de pedido da parte interessada; ato unilateral (exceção: proibição por parte do Conselho de Segurança da ONU), irrevogável e discricionário daquele que reconhece o novo Estado ou Governo; pode ser tardio ou prematuro.
A Natureza Jurídica: constitutiva, ou atributiva (o reconhecimento é requisito fundamental na constituição do fato novo), e declarativa (o fato novo independe de intenções ou apreciações de terceiros).
- Teoria constitutiva: ato individual, ato discricionário, ato condicionado a modalidades, ato político;- Teoria declarativa: ato coletivo, ato obrigatório, ato puro e simples, ato jurídico.
No entanto, de acordo com o art. 3.º da Convenção de Montevidéu sobre Direitos e Deveres do Estado (1933), “a existência política do Estado é independente de seu reconhecimento pelos outros Estados”.
São modalidades de reconhecimento:
 
6. Sucessão e Extinção dos Estados
A sucessão de Estados ocorre quando o Estado sofre transformações que atingem a sua personalidade no mundo jurídico internacional.  A Convenção de Viena sobre sucessão de Estados a respeito de tratados (1978) estabelece que a "sucessão de Estados significa a substituição de um Estado por outro no tocante à responsabilidade pelas relações internacionais do território".
Sucessão de Estados é uma teoria em relações internacionais quanto ao reconhecimento e aceitação de um novo Estado criado por outros Estados, baseado em uma relação histórica percebida que o novo Estado possui com o Estado anterior. A teoria tem suas raízes na diplomacia do século XIX.
Sucessão pode se referir a transferência de direitos, obrigações, e/ou propriedade de um Estado anteriormente bem estabelecido (o Estado predecessor) ao novo (o Estado sucessor). Transferência de direitos, obrigações, e propriedade podem incluir ativos estrangeiros (embaixadas, reservas monetárias, artefatos de museus), participação em tratados, organizações internacionais, e dívidas. Frequentemente um Estado escolhe aos poucos se quer ou não ser considerado o estado sucessor.
ORGANIZAÇÕES
Conceito (o que são)
 
Também conhecidas como Organizações Intergovernamentais, são instituições criadas por países (estados soberanos), regidas por meio de tratados, que buscam através da cooperação a melhoria das condições econômicas, políticas e sociais dos associados.
 
Principais objetivos
 
- Atuam em conjunto, de forma cooperativa, para buscar avanços econômicos, sociais e políticos para os países membros;
 
- Buscam soluções em comum para resolver conflitos de interesses entre os estados membros;
 
- Estabelecem políticas de cooperação técnica e científica;
 
- Estabelecem normas e parâmetros comuns;
 
- Traçam estratégias para resolução de problemas de urgência como, por exemplo, guerras e outros conflitos militares;
 
- Fiscalizam, através de órgãos específicos, o cumprimento das regras estabelecidas pelos acordos;
 
- Organizam reuniões para a troca de experiências, definições de novas políticas ou determinação de novos objetivos.
 
Principais Organizações Internacionais:
 
- ONU (Organização das Nações Unidas)
Fundada em 1945 é a maior organização internacional do mundo. Tem como objetivos principais a manutenção da paz mundial, respeito aos direitos humanos e o progresso social da humanidade.
 
- OEA (Organização dos Estados Americanos)
Fundada em 1948, conta com a participação de 35 nações do continente americano. Tem como objetivos principais a integração econômica, a segurança (combate ao terrorismo, tráfico de drogas e armas), combate a corrupção e o fortalecimento da democracia no continente.
 
- OMC (Organização Mundial do Comércio)
Fundada em 1994, conta com a participação de 149 países membros. Atua na fiscalização e regulamentação do comércio mundial, além de gerenciar acordos comerciais.
 
- OCDE (Organização para a Cooperação do Desenvolvimento Econômico)
Fundada em 1960, esta organização internacional é formada por 34 países. Tem como metas principais o desenvolvimento econômico e a manutenção da estabilidade financeira entre os países membros.
 
- OMS (Organização Mundial da Saúde)
Fundada em 1948, este organismo faz parte da ONU e tem como objetivo principal a gestão de políticas públicas voltadas para a saúde em nível mundial.
 
- OIT (Organização Internacional do Trabalho)
Organismo especializado da ONU, foi fundada em abril de 1919. Atua, em nível mundial, em assuntos relacionados ao trabalho e relações trabalhistas.
 
- FMI (Fundo Monetário Internacional)
Criado em 1945, tem como objetivos principais a manutenção da estabilidade financeira e monetária no mundo, o aumento do nível de emprego e a diminuição da pobreza. Conta com a participação de 188 nações.
 
- OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte)
Criada em 1949, conta com a participação de 28 países membros. Tem como objetivo principal a manutenção da segurança militar na Europa.
 
Imunidades dos Estados e das Organizações Internacionais
Imunidades do Estado:
O Estado tem imunidade de JURISDIÇÃO e imunidade de EXECUÇÃO.
A imunidade de jurisdição é um principio de direito internacional que exclui, em certas ocasiões, a possibilidade de um Estado ser submetido à jurisdição interna de um outro Estado a menos que expresse o seu consentimento para tanto.
Por força da soberania e em função do principio da igualdade soberana, o direito internacional desenvolveu essa regra de imunidade de jurisdição, com fundamento no costume internacional. É um antiga regra costumeira.
“Par in parem non habet judicium” => Entre pares não há jurisdição.
Por muito tempo essa imunidade de jurisdição foi tida como uma regra absoluta. 
No entanto, hoje admite-se exceções.
A imunidade de jurisdição experimentou essa evolução. Passou-se de uma concepção absolutista para uma concepção relativista.
Essa relatividade varia de acordo com a natureza do ato praticado pelo Estado que deu ensejo à propositura da ação.
Se o ato praticado é um ato “jure imperi” (um ato de império), a imunidade será mantida. São atos de soberania.
Ex: todo país pode regular a sua fronteira. Por isso, quando o Estado impede a entrada de um estrangeiro, está praticando um ato de soberania, de natureza pública. É um ato de império, do qual se faz jus à imunidade de jurisdição. Aplica-se aqui a concepção absoluta.
Se o Estado pratica um ato de gestão (jure gestionis), de caráter  privado, o Estado não faz jus a imunidade de jurisdição, pois aplica-se a concepção relativista. Nesses atos o Estado pratica atos como se fosse um mero particular, não atuando na sua condição soberana.
Ex: reclamações trabalhistas movidas por ex-funcionários dos consulados.
Natureza jurídica da imunidade de jurisdição:
É um direito do Estado estrangeiro, e não uma regra de natureza processual.
RO 64\SP – STJ
Os estados estrangeiros não dispõe de imunidade de jurisdição perante o poder judiciário brasileiro nas causas de natureza trabalhista (ato privado, de gestão).
RE 222368
O Estado também goza de imunidade não só no processo de conhecimento, mas também no processo de execução. Só que a imunidade de execução, segundo o STF, é entendida como ABSOLUTA. A relativização somente se aplica à imunidade de jurisdição.
Ação Cível Originaria nº 575
Se o Estado é condenado em uma reclamação trabalhista, não pode ser compelido a executar aqui no Brasil. O empregado deverá se utilizar das cartas rogatórias se o Estado não cumprir voluntariamente a decisão. Não é possível executar nos tribunais brasileiros.
Imunidade das Organizações Internacionais:
As OIs também são sujeitos do direito internacional.
EX: ONU, OMS, Mercosul, Banco Mundial etc.
Elas também gozam da imunidade de jurisdição.
No entanto, o fundamento da imunidade de jurisdição do Estado é o costume internacional. As OIs gozam de imunidade de jurisdição ABSOLUTA (em regra), com fundamento nos TRATADOS INTERNACIONAIS. Essa imunidade de jurisdição rege-se pelo que se encontra efetivamente avençado nos referidos tratados ou acordo sede (entre OI e o país em que ela se instala).
O TST editou, em 2012, a OJ 416, que busca esclarecer a diferença entre a imunidade de jurisdição do Estado (relativa) e a das OIs (absoluta).
O final da OJ, na verdade, não é uma exceção. Como a imunidade é um direito da OI, se ela renuncia, abre mão desse direito, não havendo relativização.
1.     INTRODUÇÃO
A Constituição Federal  em seu art.12 determina os requisitos para que uma pessoa seja reputada nacional. Para que um indivíduo ser tido como brasileironato ele deve estar enquadrado em uma das situações expressamente previstas no art.12, inciso I, da Carta Magna. Os requisitos para que um indivíduo seja reputado brasileiro naturalizado estão fixadas no art. 12, inciso II, da CF/88, bem como na lei ordinária, conforme previsão constitucional.
Será, portanto, considerado estrangeiro todos os outros indivíduos que estiverem, temporariamente ou permanentemente, em território nacional, e que não estejam classificados como nacional nato ou naturalizado.
Cabe lembrar que aos portugueses não se aplicam as normas aplicadas aos estrangeiros, pois há um tratado internacional de reciprocidade entre Portugal e Brasil acerca da condição jurídica dos seus nacionais quando estiver no outro Estado.
O estrangeiro pode ser excluído do território nacional por algumas formas previstas no Estatuto do Estrangeiro (Lei 6.815 de 19 de agosto de 1980). São elas: deportação, expulsão e extradição.
2.     DEPORTAÇÃO
A primeira forma de exclusão do estrangeiro do território nacional que vamos estudar é a deportação. Cabe, primeiramente, lembrar que todas estas formas de exclusão do estrangeiro pressupõem a sua entrada no território nacional, pois não podem ser  confundidas com o impedimento à sua entrada no País. No caso de impedimento à entrada, o estrangeiro não ultrapassa a fronteira, o porto ou o aeroporto, pois não possuir, por exemplo, um passaporte visado por um cônsul brasileiro no exterior.
O impedimento, previsto no art. 26, da Lei 6.815 de 1980, só é possível porque a concessão de visto nada mais é do que expectativa de direito, não configura direito adquirido.
A deportação, assim, pressupõe a entrada  do estrangeiro, ou seja, ele  ultrapassou a fronteira, o porto ou o aeroporto brasileiro. A entrada de estrangeiro de modo irregular (clandestinamente), no território nacional, bem como a entrada regular, cuja a estada tornou-se irregular, ensejam a sua deportação.
Para entrar no país o estrangeiro necessita de um VISTO  que nada mais é do que uma permissão individual, concedida pela autoridade competente, para que ele permaneça, no País, por determinado  tempo.
Há diversos tipos de visto, como,  por exemplo:
Visto de Trânsito – concedido para o estrangeiro que esta de passagem pelo país, quando o seu destino é outro, mas em face das condições geográficas ele é obrigado a transitar pelo território nacional. É improrrogável;
Visto de Turista – é concedido àquele que vem ao Brasil em caráter recreativo. É vedado o exercício de qualquer atividade remunerada.
Visto Temporário – é concedido quando o estrangeiro não é turista, nem pretende se fixar definitivamente no  País, no entanto, pretende  residir no Brasil por um longo período com um objetivo pre-estabelecido.
Quando é concedido algum tipo de visto ao estrangeiro e ele, irregularmente, descumpre os limites que lhe foram fixados para permanecer no País será cabível a deportação. Será deportado, por exemplo, o estrangeiro com visto de turista que exerce, no País, qualquer tipo de atividade remunerada, pois sua entrada apesar de regular, sua estadia tornou-se irregular com o exercício da referida atividade.
O ato de deportação é um ato administrativo discricionário de competência da Policia Federal. Quando um estrangeiro enquadra-se numa das hipóteses previstas em lei para a deportação, os agentes federais estão aptos a deportá-lo sem necessidade de qualquer ordem judicial. O ato de deportação pode ser objeto, como todo ato discricionário, de controle jurisdicional quanto ao aspecto da sua legalidade.
         O estrangeiro deportado não fica impedido de regressar ao território nacional, pois não se trata de um ato com finalidade punitiva, mas apenas de regularização da sua situação no país.
3. EXPULSÃO
As hipóteses de expulsão do estrangeiro estão expressamente previstas no art. 65, do Estatuto do Estrangeiro. Os casos que ensejam a expulsão do estrangeiro são casos graves do que os de deportação. Ela á aplicada quando a presença do estrangeiro no território nacional for considerada nociva ao convívio social.
Art. 65. É passível de expulsão o estrangeiro que, de qualquer forma, atentar contra a segurança nacional, a ordem política ou social, a tranqüilidade ou moralidade pública e a economia popular, ou cujo procedimento o torne nocivo à conveniência e aos interesses nacionais
Parágrafo único. É passível, também, de expulsão o estrangeiro que:
a) praticar fraude a fim de obter a sua entrada ou permanência no Brasil;
b) havendo entrado no território nacional com infração à lei, dele não se retirar no prazo que lhe for determinado para fazê-lo, não sendo aconselhável a deportação;
c) entregar-se à vadiagem ou à mendicância; ou
d) desrespeitar proibição especialmente prevista em lei para estrangeiro.
O ato de expulsão não pode ser praticado por agentes federais, ele é um ato privativo do Presidente da República. Para ser decretada a expulsão de alguém deve haver um processo administrativo em que lhe seja assegurada a ampla defesa. Afinal, ao contrário da deportação, a expulsão  é um ato administrativo com caráter punitivo que traz seqüelas ao expulso, como a proibição de retornar ao território nacional. Como ninguém pode ser privado de seus bens e direitos sem o devido processo legal (art.5º, inciso LIV, da C.F.), faz-se necessário a instauração de prévio processo administrativo que, no caso, tem curso no âmbito do Ministério da Justiça.
         Apesar da expulsão caber em situações mais graves que a deportação, os institutos se assemelham muito no que se refere a amplitude da discricionariedade que a lei lhes assegura. Nesse sentido são as lições do renomado mestre de Direito Internacional, Francisco Resek, in verbis:
“... embora não se possa deportar ou expulsar um estrangeiro que não tenha incorrido  nos motivos legais de uma ou outra medida, é sempre possível deixar de promover a deportação, ou a expulsão, mesmo em presença de tais motivos. A lei não obriga o governo a deportar ou expulsar.”
O judiciário, assim como na deportação, não participa da formação do ato de expulsão, podendo, contudo, exercer o controle externo do ato no que tange ao aspecto da legalidade.
A expulsão é concluída por meio da expedição de decreto pelo Presidente da República. Da decisão de expulsão caberá pedido de reconsideração no prazo de dez dias.
O Estatuto do Estrangeiro enuncia os casos em que é vetada a expulsão de estrangeiro. São elas:
Art. 75. Não se procederá à expulsão:
I - se implicar extradição inadmitida pela lei brasileira; ou
II - quando o estrangeiro tiver:
a) Cônjuge brasileiro do qual não esteja divorciado ou separado, de fato ou de direito, e desde que o casamento tenha sido celebrado há mais de 5 (cinco) anos; ou
b) filho brasileiro que, comprovadamente, esteja sob sua guarda e dele dependa economicamente.
§ 1º. não constituem impedimento à expulsão a adoção ou o reconhecimento de filho brasileiro supervenientes ao fato que o motivar.
§ 2º. Verificados o abandono do filho, o divórcio ou a separação, de fato ou de direito, a expulsão poderá efetivar-se a qualquer tempo.
O expulso fica proibido de retornar ao País. Seu retorno só será permitido se editado um novo decreto revogando o anterior que o expulsou.
4. EXTRADIÇÃO
A deportação e a expulsão são atos administrativos editados no âmbito do Poder Executivo, já a extradição é um pedido de um Estado a outro de entrega de um indivíduo, que em seu território deva responder a processo penal, a ser apreciado no âmbito do Poder Judiciário.
A extradição só ocorre quando há prática de crime no exterior, assim se o indivíduo sofrer qualquer condenação civil não poderá ser solicitada sua extradição.
O pedido de extradição só poderá ser deferido pelo governo brasileiro se houver tratado entre os dois Estados ou havendo promessa de reciprocidade de tratamento pelo Estado solicitante, de modo que fique assegurada a igualdade de tratamento quando houver pedido de extradição feito pelo Brasil.
O Estatuto do Estrangeiro regulamenta a extradiçãopassiva (quando requerida ao Brasil por outro Estado). A extradição ativa (quando o Brasil solicita a outros Estados) tem seu procedimento regulamentado pelo Decreto-Lei nº 394 de 28 de abril de 1938.
A Constituição Federal enuncia algumas restrições aos pedidos de extradição feitos ao governo brasileiro. É  proibida a extradição de brasileiro nato, não existindo qualquer exceção para esta regra. Tal vedação se aplica ao naturalizado, mas quanto a ele há algumas exceções, quais sejam: o naturalizado pode ser extraditado por crime  comum praticado antes da naturalização, bem como em caso de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins. Quanto aos estrangeiros, a regra é a  permissão de extradição, sendo esta vedada apenas quando forem acusados de crime político ou de opinião.
FASES DO PROCESSO DE EXTRADIÇÃO PASSIVA
         O pedido de extradição passiva segue três fases: a primeira administrativa (é a recepção do pedido no âmbito do Executivo); a segunda é a judiciária (no âmbito do STF, de caráter contencioso); e a terceira é a efetivação da medida realizada no âmbito do Executivo.
         Quando o pedido de extradição se fundamentar apenas na promessa de reciprocidade de tratamento, o governo brasileiro, na primeira fase do procedimento, poderá indeferi-lo sem necessidade de submeter o pedido ao STF, é o que se denomina por recusa sumária. A recusa sumária não pode ocorrer quando o pedido de extradição se fundamenta em um tratado, sob pena de responsabilidade internacional.
         Não havendo a recusa sumária, o governo encaminha o pedido de extradição ao STF.  Na corte, o processo será autuado e encaminhado ao ministro relator que ordenará  a prisão do extraditando.  Nessa fase o extraditando pode oferecer a sua defesa só pode versas sobre aspectos formais e a legalidade do ato.
         Negado o pedido de extradição pelo STF, o governo comunicará ao Estado requerente a decisão. Deferido o pedido, o governo deverá efetivá-la.
         A extradição, ao contrário da expulsão, não impede o retorno do indivíduo ao Brasil.
         Atualmente, após a criação do Tribunal Penal Internacional, se fala em ato de entrega que não se confunde com a extradição prevista do Estatuto do Estrangeiro. Ambos atos são incidem sobre indivíduos que praticaram crimes, entretanto, a extradição é a solicitação de entrega feita por um Estado a outro, enquanto que o ato de entrega é solicitado pelo TPI ( um organismo internacional a um Estado). São institutos diferentes que seguem procedimentos diversos.
         Com esse breve apontamento quer se evidenciar as diferenças básicas entres estes institutos, evitando-se, assim, a confusão entre eles.
Deportação, Expulsão e Extradição no Direito Internacional Privado
I. Análise Histórica
1. Antiguidade
Para compreender os institutos da deportação, expulsão e extradição, é necessário observar como estes dispositivos do atual direito internacional privado desenvolveram- -se dentro do contexto histórico.
Através dos tempos, o estrangeiro sempre foi visto como inimigo pelas sociedades antigas, pois acreditava-se que sua simples presença implicava em vulnerabilidade dos segredos. O Estado como conhecemos hoje ainda estava nos seus anos de formação, portanto a segurança do interesse público não era claramente demarcada. O sentimento de responsabilidade pela Nação era o que predominava. A família era a unidade que constituía estas Nações, e o elo que unia todas esta famílias eram um ancestral em comum. Através deste elo eram formados os rituais, símbolos e elementos que identificavam o indivíduo dentro da sociedade. A língua também é um elemento comum de conexão, limitando a Nação a uma espécie de terreno (deserto, geleiras, florestas ou praias), determinando seu comportamento perante outras sociedades. Os povos mais sedentários e menos agressivos continham uma estrutura mais elaborada, desenvolvendo agricultura e pecuária, utilizando fontes de água de doce para seu crescimento. Os povos nômades, obviamente mais agressivos, viviam de saques, escravização e conquistas. Povos que não fizessem parte dos nômades nem dos sedentários eram vistos com desconfiança, sendo muitas vezes também atacados sem hesitação. Por conta deste comportamento, apareceram duas situações bem definidas com relação ao tratamento dos estrangeiros. A primeira delas restringia os seus direitos pelo fato do indivíduo ser um estrangeiro. A outra, mais radical, impunha um regime de servilismo ou escravatura por conta das dificuldades encontradas para o estrangeiro adaptar-se aquela sociedade, como a língua local e a religião. Essa opção era utilizada também porque, estrangeiros vulneráveis e em menor número eram facilmente conquistados por povos que se julgavam superiores.
A Grécia foi uma verdadeira pioneira na concessão de direitos aos estrangeiros. Isto deve-se ao fato de os gregos não terem conseguido organizar uma nação própria, o que os fazia receber os estrangeiros com menos desconfiança que outros povos. Para os lacedemônios, os autóctones eram os heliotes. Durante a invasão dórica (doríeis em grego antigo significa lanceiro, o homem que porta a lança), os heliotes ficaram excluídos da cidadania. Somente os dóricos administravam o interesse da nação. Os heliotes possuíam seu direito (contratavam, casavam-se, tinham filhos, etc..). Nas guerras ou caravanas comerciais, eles misturavam-se, mas passado o momento e a necessidade, voltavam-se a diferençar-se. Para os outros gregos, no caso dos atenienses, o doulos (servo) era o endividado que não pode pagar suas dívidas.
No período da Realeza e República romanas, os estrangeiros eram tratados como estranhos (conforme supra observado, os estrangeiros vulneráveis eram dominados), sem nenhum acesso ao sistema de leis e sem “status” de cidadãos. Os romanos consideravam seus servos como coisas, e não pessoas dignas de direitos como na atualidade. Somente nos principados (neste caso, os estrangeiros eram obviamente maioria), os astutos romanos concediam direitos aos seus súditos, para mante-los sob controle. Por exemplo, Caracalla concedeu nacionalidade romana a todos os estrangeiros no ano 212 da era cristã, inclusive para rebeldes que se arrependessem. Este direito era conhecido como ius gentium, que apesar de conceder direitos, não dava ao estrangeiro o privilégio de fazer parte do núcleo da sociedade romana. Observa-se que nesta época, o outrora poderoso Império Romano encontrava-se em processo de decadência, devido à vastidão de seu território e as dificuldades que os principados tinham para comunicar-se devidamente com a capital, Roma. Além da constante ameaça de invasão dos Hunos, Godos e Francos. Esta foi uma medida tomada pelo imperador para tentar evitar a dissolução do império. Mas mesmo com a decadência do império, o estrangeiro ainda era visto como inimigo.
Com relação aos servos, este de um modo curioso possuíam direito no Império Romano, por serem considerados a manifestação viva da vontade do senhor. Ele poderia fazer qualquer coisa (comprar, vender, tomar emprestado, emprestar, etc..). Sob a luz do direito na época, quem estava fazendo tudo isso era o seu senhor. O servo podia inclusive pagar pela sua liberdade, ou tornar-se forro por ordem de seu senhor. Era o libertus. O libertus não era cidadão romano nem estrangeiro. Não se sujeitando a qualquer direito (vivendo deste modo em um “limbo jurídico”, por assim dizer), nem ius civile nem gentium. Porém, o libertus era detido no caso de cometer delito ou quase delito. Aquele que abusasse, fizesse algazarra ficava conhecido como libertinus (que é conhecido como libertino na sociedade moderna).
2. Era Medieval
Na época medieval, após uma série de rupturas, transformações e adaptações da sociedade, o estrangeiro despertou mais interesse, pois era necessário definir claramente quem era estrangeiro e quem não era. A primeira fase da Idade Média é a fase do assentamento das hordas, nas quais, durante este período, todos eram considerados estrangeiros e os romanosque sobraram, os únicos inimigos existentes. As nações que antes possuíam vínculo com Roma, nesta hora deixaram de te-lo. Portanto não havia uma nítida definição do conceito de estrangeiro. As hordas eram separadas por clãs ou raças. A caótica organização destas massas para enfrentar o gigante romano era terrível, e geralmente culminava em mais guerras, conforme será apresentado adiante.
O período de enfraquecimento dos reinos europeus se confunde com o Feudalismo, momento no qual a idéia de nacional de um lugar começou a concretizar-se. O nascido em um determinado lugar era o natural desta terra. O nobre que fosse Senhor daquela terra (Rei, Duque, Marquês, Barão, Conde ou Bispo da Igreja) era por direito, o dono do corpo e da alma daquela pessoa e de todos os seus pertences, incluindo mulher e filhos.
No Feudalismo é que surgiu a escravidão. O servo pertencia a uma determinada terra. O escravo era um bem (conforme previamente definido), uma mercadoria, algo que poderia ser apropriado por meio do uso da força. Era uma res nullius (literalmente uma coisa sem dono, coisa de ninguém). A palavra escravo deriva de scravum (corrupção no acusativo de sclavum). Em português e espanhol são chamados escravos, em italiano schiavo, em francês esclave, em alemão sklave e slave em inglês. O termo tem origem na Idade Média, no momento que os germânicos se expadiram para o leste europeu, dominando os slaven (eslavos) no século X, vendendo-os em diversos portos gregos. Os gregos foram os responsáveis pela disseminação da palavra sklaven (corrupção da palavra slaven) e o comércio escravocrata, que ganhou grande amplitude com o início das grandes navegações e a expansão de diversos impérios colonialistas, para os quais, a mão de obra escrava era peça fundamental no seu desenvolvimento. Com a formação do Estado Moderno houve a reforma, e os conflitos religiosos estabeleceram-se no princípio da soberania com imensa aversão à estrangeiros (principalmente após o Tratado de Westphalia de 1648), distanciando ainda mais a humanidade das relações entre indivíduos. A soberania dos Estados Nacionais intensificou o processo xenófobo e trouxe importância ao territorialismo, iniciando uma guerra contra o estrangeiro. Com a independência dos EUA e a Revolução Francesa no século XVIII. Conflitos de nacionalidades no século XIX repercutiram nas duas caóticas Guerras Mundiais do Século XX e no Imperialismo Econômico Capitalista globalizado do século XXI. Espera-se que a globalização talvez aproxime a humanidade, eliminando os preconceitos contra raças, crenças e gêneros. O escritor Mark Twain dizia que a história não se repete, mas ela rima. Esperamos para um futuro próspero da humanidade, que o ilustre escritor esteja errado.
3. No Brasil
Pode-se dizer que o Brasil é fruto da maior combinação de raças do planeta. O estrangeiro formou a nação que conhecemos hoje. A própria origem dos nossos irmãos portugueses tem uma grande variedade de povos e raças, devido à diversas ocupações sofridas durante os muitos séculos (romanos, árabes, visigodos e suevos por exemplo). O negro vindo de todas as regiões da África, após séculos de escravidão (este sim, pode ser considerado um holocausto), transmitiu características impressionantes que fazem jus ao fato de ser ele o povo mais antigo da face da Terra. Com a saúde e força de um “leão” e a tenacidade para enfrentar todos os desafios que a vida dura lhe impunha, incluindo o preconceito e tratamento desumano, mesclou dentro do espírito brasileiro principalmente, a arte de viver alegre, aproveitando cada momento. Os indígenas foram os primeiros a ocupar o território brasileiro, contribuindo igualmente com sua força e sabedoria milenar, sendo infelizmente discriminados e exterminados em prol do progresso civilizatório e ocupação de outros povos estrangeiros. A mão de obra indígena foi parte responsável no processo de construção do povo brasileiro. Italianos viram no Brasil a oportunidade de um novo começo, para viver e trabalhar na terra. Foram peça fundamental, junto com outros imigrantes, para o desenvolvimento da agricultura nos séculos XIX e XX. Contribuíram e muito para o espírito empreendedor no país (herança histórica dos genoveses e venezianos). Os japoneses formam em São Paulo, a maior colônia japonesa fora do Japão hoje, graças aos imigrantes que viram no Brasil a possibilidade de uma nova vida, fugindo das adversidades que seus países de origem estavam atravessando. Alemães, com sua disciplina, inteligência, dedicação e igualmente espírito empreendedor, estabeleceram-se na maioria, nas terras ao sul de nosso país, devido a temperatura mais amena. Franceses, espanhóis, ingleses, holandeses, russos, chineses, coreanos e finlandeses são parte dos estrangeiros que formaram e continuam formando o nosso povo como conhecemos hoje. O estrangeiro no Brasil sempre foi submetido a um tratamento inferior, pois nunca foi bem visto pelas autoridades.
Com a proclamação da República em 1888, o estrangeiro viu-se obrigado a adquirir a nacionalidade brasileira pela força, com a naturalização tácita. Na época, a naturalização tácita foi alvo de duras críticas no âmbito internacional. Muitos Estados no século XIX mantinham a tradição nacionalista de modo fervoroso, e tinham um olhar muito crítico para o sistema brasileiro que estava concedendo dupla cidadania aos estrangeiros aqui estabelecidos.
Durante a Segunda Guerra Mundial, o governo Vargas (1930-1945), criou leis que dificultaram a vida do estrangeiro em nosso território. Foram criados 31 campos de concentração para os estrangeiros cujas nacionalidades pertenciam ao Eixo (Alemanha, Itália e Japão), realizando em muitos casos, trabalhos pesados, com direito inclusive a receberem numeração em suas roupas. Seus bens foram confiscados pelo Estado na época. Os principais campos organizados pelo Ministério da Justiça eram:
1 - Tomé Açu (Pará, a 200 km de Belém) – recebeu prisioneiros alemães e japoneses;
2 - Chá de Estevão (Pernambuco) – abrigou empregados alemães da renomada Companhia Paulista de Tecidos, que é hoje mais conhecida como Casas Pernambucanas;
3 - Ilha das Flores (Rio de Janeiro) – neste local, os prisioneiros de guerra misturaram-se com presos comuns, o que considerado um crime segundo leis internacionais;
4 - Pouso Alegre (Minas Gerais) - Este campo reunia 62 marinheiros, prisioneiros militares, provenientes do navio alemão Anneleise Essberger;
5 - Guaratinguetá e Pindamonhangaba (São Paulo) - Fazendas de propriedade do governo foram adaptadas para receber prisioneiros alemães;
6 - Oscar Schneider (Santa Catarina) – Este hospital foi transformado em colônia penal.
O ar liberal trazido pela vitória dos pracinhas nos campos de batalha da Europa criou a Constituição de 1946, porém a sua eficácia foi minada com o início da Guerra Fria. A ditadura militar iniciada nos anos 60, voltou a complicar a situação do estrangeiro em nosso país, devido ao medo da influência revolucionária em nosso cotidiano. Com a Constituição de 1988, a democracia procurou respeitar e manter a dignidade do ser humano, apesar de a maior parte legislação prover do tempo da ditadura.
II. O Estatuto do Estrangeiro
A criação do estatuto do estrangeiro origina-se no Decreto-Lei 941, de 13/10/1969, que pretendeu consolidar as leis aplicáveis a estrangeiros. Incluem-se leis para a regularização da documentação (visto e passaporte), naturalização e punição (deportação e expulsão, que são os objetos de estudo desta iniciação científica). Breve nota; a extradição contém princípios que não se vinculam a direitos ou deveres do estrangeiro, e foi de modo errado, consolidada dentro do estatuto.
A intenção do Estatuto sempre foi consolidar um arquipélago legal sobre o estrangeiro, disciplinando o visto, a entrada, permanência, as punições por irregularidades (repatriamento, deportação, expulsão e extradição) e medidas administrativas, quanto a seu comportamento dentro do Brasil. Claro que não estando com o visto regular e sendo apanhado na entrada, o estrangeiro será repatriadoimediatamente. Os outros institutos serão analisados a seguir. Na época do golpe de 64, com o Ato Institucional nº 2, de 27/10/1965, e com a Lei 5.010, de 30/05/1966, foi restabelecida a Justiça Federal (asfixiada por Vargas em 1937) e, com a Carta de 24/01/1967, organizou-se novamente a Polícia Federal (Art. 8º, inciso VIII), ambas para cuidar dos interesses da União. Cabe à Polícia Federal cuidar das relações internacionais, no sentido de vigiar e cuidar da relação com estrangeiros.
A promulgação da Constituição Federal de 1988 possibilitou a ampliação das relações estrangeiras, uma vez que a ditadura não existia mais. Diversos tratados foram assinados após 1988, como um sinal que o Brasil voltava a ser um país livre para aqueles desejassem aqui visitar ou trabalhar. A liberdade reinava novamente em solo brasileiro. Não havia mais medo de deportações ou expulsões sumárias, a democracia imperava novamente em território nacional.
Um grande trunfo do Estatuto do Estrangeiro, foi atingido em 22 de abril de 2000, Portugal e Brasil firmaram o Tratado de Amizade, Cooperação e Consulta que foi aprovado pelo Congresso Nacional pelo Decreto Legislativo nº 165, de 30/05/2001, e promulgado pelo Decreto nº 3927, de 19/09/2001, revogando o estatuto da igualdade entre as duas nações, firmada em 07/09/1971. O tratado estabeleceu cooperação técnica e científica e atribui aos portugueses os mesmos direitos dos brasileiros, com exceção dos constitucionalmente privativos de brasileiros natos (CF, art. 12, § 3º). Deve-se ressaltar que essa atribuição não é automática, quer dizer, os respectivos nacionais deverão solicitar aos Governos dos Estados de residência o seu exercício.
III. Os Institutos
1. Deportação
Com relação à deportação, sempre que o estrangeiro estiver com entrada irregular ou entrar no território nacional sem a observância das formalidades legais previstas na lei 6.815/1980, conhecida como Estatuto do Estrangeiro, estará consequentemente exposto à deportação por autoridades brasileiras competentes.
É compreendido que a entrada irregular é aquela do alienígena quando seu visto esta com prazo expirado ou adentra em território brasileiro sem a devida autorização do Governo.
Os casos de deportação estão inseridos no art. 98 e 99 do Título VI do Estatuto.
A retirada do solo pátrio manu militari (por força militar), somente é verificada quando o estrangeiro não o faz de modo voluntário. Estando este critério a cargo do Departamento de Polícia Federal, e tendo em vista a conveniência dos interesses nacionais, a deportação poderá dar-se independente da fixação de qualquer prazo.
Nos demais casos de deportação, a partir do momento da notificação do estrangeiro, ele terá oito dias para retirar-se do território nacional no prazo improrrogável de oito dias, a partir do momento que forem infringidas as disposições dos arts. 18,21, § 2º, 24, 26, § 1º, 37, § 2º, 64, 98 a 101, § 1º ou 2º, do art. 104 ou 105, e 125 do Estatuto, conforme consta no inciso I do art. 98 do Estatuto.
Através de prazo improrrogável de três dias, será deportado o estrangeiro em conduta que não configure dolo, pois havendo a intenção de ingresso irregular, a retirada será de imediato, conforme inciso II do art. 98 supra citado.
Não é mencionado no Estatuto, mas a deportação de fato (repatriamento) poderá ocorrer quando o estrangeiro é surpreendido na fronteira do Brasil (o país tem fronteira terrestre com dez países sul-americanos; Guianas Francesas, Suriname, Guiana, Venezuela, Colômbia, Peru, Bolívia, Paraguai, Argentina e Uruguai) e é obrigado a retornar imediatamente às suas origens. Ao promover a deportação, o departamento de Polícia Federal lavrará o termo, encaminhando cópia ao Departamento Federal de Justiça, conforme disposto no art. 99 do Estatuto.
Segundo análise do Prof. Cahali, O Estatuto do Estrangeiro conserva a deportação como instituto autônomo e de características próprias para a retirada do estrangeiro do Brasil, ao lado da expulsão e extradição.
Em doutrina, a deportação é equivalente, sob diversos aspectos, ao refulement do direito francês, inclusive em sua proximidade com o instituto da expulsão.
O Prof. Francisco Rezek lembra que a deportação não deve ser confundida com o impedimento à entrada de estrangeiro, que ocorre quando lhe falta justo título para ingressar no Brasil, (um passaporte visado, lá fora, por nosso cônsul, ou dependendo do país patrial, um simples passaporte válido). No caso de impedimento, o estrangeiro não ultrapassa a barreira policial da fronteira, porto ou aeroporto (observação está já realizada acima, na deportação de fato ou repatriamento), é mandado de volta, sempre que possível a expensas da empresa que para aqui o transportou sem certificar-se da prestabilidade de sua documentação.
Continuando a acompanhar o raciocínio do Prof. Rezek, a deportação é uma forma de exclusão, do território nacional, daquele estrangeiro que aqui se encontre após uma entrada irregular – geralmente clandestina -, ou cuja estada tenha tornado-se irregular – quase sempre por excesso de prazo, ou por exercício de trabalho remunerado, no caso do turista. Cuida-se de exclusão por iniciativa das autoridades locais, sem envolvimento da cúpula do governo: no Brasil, policiais federais têm competência para promover a deportação de estrangeiros, quando entendam que não é o caso de regularizar sua documentação. A medida não é exatamente punitiva, pois não decorre de um crime nem deixa sequelas, trata-se de uma irregularidade documental que, desde que seja colocada em ordem, será autorizada a permanecia do estrangeiro e o seu retorno.
2. Expulsão
Neste instituto se cuida da exclusão do estrangeiro por iniciativa das autoridades do país, e sem destino pré-determinado. Suas consequências são mais graves que a deportação, porque, a princípio, o estrangeiro esta impossibilitado de retornar ao país do qual foi expulso. No Brasil, o estrangeiro que sofra condenação criminal de ordem variada, “ou cujo procedimento o torne nocivo à conveniência e aos interesses nacionais”. A expulsão pressupõe um inquérito que tem curso no âmbito do Ministério da Justiça, e ao longo do qual se assegura ao estrangeiro o direito de defesa. Ao ministro incumbe decidir, afinal, sobre a expulsão, e torna-la concreta e real por meio de portaria. Só a edição de uma portaria futura, revogando a primeira, permite o retorno do expulso ao Brasil.
A expulsão é um instituto jurídico que passou por extenso processo evolutivo, variando em função do comportamento entre o governo e estrangeiros e vice-versa. A expulsão já foi caso apenas de competência policial, sem conotação de direito internacional privado. O instituto foi primeiramente conhecido como banimento. Esta definição será melhor explicada nos capítulo dedicado à parte histórica.
Os artigos que regem o instituto da expulsão são os arts. 100 a 109, Titulo VII do Estatuto do Estrangeiro.
Cita o Prof. Cahali que, Clóvis Beviláqua sustenta que o estrangeiro residente no Brasil não deveria ser expulso, cometendo crime, que fosse aqui punido. Apenas o não residente deveria estar sujeito às sanções internacionais. Desta maneira, a inserção do § 33 no art. 72 da Constituição de 1891, quando da reforma de 1926, tornando admissível a expulsão do estrangeiro já radicado no país, representaria “uma sobrevivência do ódio ao estrangeiro das velhas civilizações guerreiras, fechadas e agressivas”.
Nos dias atuais, porém, o direito de expulsão do estrangeiro nocivo, como direito de se libertar dos indivíduos estranhos à nacionalidade, perturbadores da ordem social e prejudiciais às instituições internas, é reconhecido ao Estado em termos incontroversos na prática e pela doutrina; variam apenas as concepções que procuram fundamenta-lo: a) teoria da hospitalidade; b) ato de soberania, e c) doutrina da conservação.
A teoria da hospitalidade não desfruta de maior expressão – terá sido sustentada por André Weiss, com o argumento de que o estrangeiro dentro do Estado goza da hospitalidade e se encontra sujeitoa todos os direitos e deveres daí decorrentes. Ora, se um estrangeiro se torna nocivo ao Estado, ele violou os deveres que tinha, tornando-se sujeito à expulsão do território nacional.
Conforme observado por Albuquerque Mello, “esta concepção não pode ser aceita, uma vez que a hospitalidade não constitui um instituto jurídico; a hospitalidade gera apenas deveres morais”.
Em verdade, esta teoria explica apenas o instituto do ponto de vista que “a tolerância de permanência deve ter um limite, para cessar quando o estrangeiro se transforma em ameaça ao país que o acolheu, ou aos interesses gerais de sua coletividade”.
A essa ideia de conservação liga-se a ideia da própria segurança e conveniência do Estado, quanto à presença do estrangeiro em seu território.
Mas tais colocações não diferem substancialmente daqueles que pretendem que a expulsão do estrangeiro é direito, que tem o Estado, como efeito de sua soberania: da mesma sorte que pode impedir ou submeter a condição a entrada do estrangeiro, decretar regras sobre sua localização, recusar-lhe o gozo e exercício de determinados direitos, não só políticos e públicos, mas ainda tipicamente privados, assim também lhe assiste o direito de excluí-lo da convivência nacional, obrigando-o a se retirar do seu território. A soberania do Estado manifesta-se, assim, nesse poder sobre os indivíduos que se encontram no território do Estado, inclusive com o poder de expulsar os estrangeiros que violem sua ordem pública.
3. Extradição
Este instituto de direito internacional sofreu processo natural de desenvolvimento no direito brasileiro. A análise histórica nos dá idéia de sua principal função, que não é deixar um crime impune, mas aplicar a justiça de modo eficaz. O núcleo do problema da extradição esta, na soberania dos dois países envolvidos na operação, com as devidas diferenças legais que impõe um obstáculo na sua execução.
O objetivo da extradição é o Estado requerido entregar determinado indivíduo ao Estado requerente, que no território deste, tenha praticado um crime pelo qual deva ser punido. Para que haja a extradição devem existir fundamentos filosóficos e jurídicos. Por exemplo; se o Afeganistão tivesse entendido que seu comportamento romperia com a segurança dos Estados, teria extraditado o cidadão saudita Osama Bin Laden. O terrorismo é crime na maioria dos Estados e como tal deve ser punido, nos termos da lei. Negando, como foi feito, corroborou com a eliminação da segurança interna dos Estados. O criminoso A condenado à pena de trabalhos forçados no Estado Z não pode ser extraditado do Brasil, onde não existe tal pena. O criminoso A com a pena condenatória ainda não transitada em julgado, não poderá ter a extradição solicitada pelo Estado Z atendida, porque haveria ainda a possibilidade de inexistir tal punição. Do mesmo modo, o crime prescrito não poderia justificar qualquer extradição, tanto a prescrição brasileira quanto a estrangeira. Por tais motivos, como acima exemplificados, é que o Direito Internacional Privado procura estabelecer critérios coerentes que justifiquem seu fundamento.
Para propiciar a punição do criminoso, o Estado estrangeiro cujas leis foram violadas dificilmente conseguiria retira-lo do território de asilo. Justifica-se a medida, pois o Estado tem soberania no âmbito de seu território, onde ele faz suas leis e exige o seu devido respeito e cumprimento. O criminoso que evadiu-se para o território de outro Estado, que por qualquer motivo que seja não o devolva, ficará sem punição. Esse fato irá obstruir o direito de punir do Estado o qual a lei foi violentada, como também constituirá em incentivo a outros criminosos, que confiantes de sua impunidade, não deixarão de delinqüir. A respeito do que foi previamente dito, todos os Estados tem sua cultura, que exterioriza-se em costumes, tradições e leis. O crime é inerente à condição humana, como o aliemento, o sexo e a agregação. A propagação do crime é cultural. Nações gregárias e mais presas às suas tradições são menos violentas. Nações nômades são sem dúvida mais agressivas e não fixam tradições. O Brasil, como nação gregária, tem tradições que estão visíveis em nossa Constituição e Leis Penais, tradicionalmente humanas. Por este motivo, a extradição é colocada sob competência do maior e mais importante Tribunal do País, o STF, e por ser dotado de melhor sensibilidade e maior cultura jurídica, propicia ao extraditando julgamento equânime. Deve-se levar em consideração que a extradição em si já é uma punição, pois considera-se a punição do Estado que não teve suas leis violadas pelo extraditando. Daí a importância do exame acurado do Superior Tribunal Federal.
Juridicamente, existem condições indispensáveis para a autorização da extradição que, no direito brasileiro, são as seguintes;
Crime comum; só se extradita por crime comum. Não há extradição por crime político ou ideológico, e não há extradição por crime militar, a não ser que o crime-meio seja preponderante e absorvente do crime-fim (como é o caso de crimes de guerra que resultaram em genocídio de uma população). Esta postura se justifica, porque somente os crimes que podem ser praticados por qualquer pessoa admitem a extradição. As causas que os constituem devem estar conectadas à compreensão e sensibilidade do homem comum. Não é todo crime comum que admite a extradição, mas aquele revestido de séria gravidade e que ressalta a periculosidade do agente. Os crimes especiais não comportam a extradição, com exceção do crime meio, porque a natureza do crime militar é a luta e a do crime político a discórdia.
Tipicidade e dosimetria; só há extradição quando o tipo e a pena forem equivalentes. Daí é importante a análise da tipicidade do crime, no processo da extradição, e o exame da pena aplicada, porque penas que não existem no Brasil não geram a extradição. Justifica-se, dessa forma, a restrição à equivalência do tipo e pena, porque para autorizar a extradição é necessário que o tipo previsto e a pena imputada ou imputável sejam equivalentes nas leis de ambos os Estados (requerente e requerido). Inexistindo equivalência, não haverá a extradição. Então, para comentar a justificativa acima, deve-se compreender que a extradição é uma pena dupla. Uma vez que o Estado requerente pune o criminoso que violentou suas leis e o Estado requerido, quando o entrega, pune-o pela violência que não lhe fez. Para o Estado requerido, a extradição é a consideração da potencial periculosidade do agente que poderia praticar no seu território o grave crime cometido no exterior. Por este motivo, deve haver a necessária equivalência do tipo que absorva os contornos da tipicidade contidos no núcleo do tipo e da pena, já que inexistindo a equivalência dosimétrica, o Estado requerido não poderia avaliar a potencial criminalidade do extraditando. Não se requer a identidade, por ser impossível leis idênticas entre Estados, o que afastaria por completo a possibilidade da extradição.
Preventiva ou sentença definitiva; Só será possível extraditar, se o Estado requerente tiver decretado prisão preventiva do extraditando ou o tiver condenado com sentença transitada em julgado. Tal colocação é justificada, eis que o pedido do Estado requerente deverá trazer prova da efetiva reprimenda aplicada ou preventiva decretada, porque, caso contrário, não saberia o Estado qual o núcleo, qual a tipicidade e qual é a pena estando sendo imputadas ao extraditando. Ficaria a extradição ao livre arbítrio do Estado requerente que, dessa maneira, poderia fazer com o extraditando o que quisesse. Além de poder alterar, a seu critério, a imputação da pena, podendo atribuir um crime mais grave do que foi cometido. O Estado requerido por sua vez, o puniria por aquilo que não esta previsto em suas leis. Os Estados sabem que o sistema do due process of law é a maior garantia do cidadão, em qualquer circunstância e a extradição deve obedecer aos estritos padrões do rito. Caso contrário, a segurança jurídica seria eliminada. Por este motivo, o Brasil deve fazer um exameprofundo do corpo de delito para adequar corretamente ao tipo. Caso o corpo do processo não contenha elementos condizentes do corpo de delito, fica comprometida a justiça da extradição, e não contendo o corpo do delito, a extradição torna-se impossível.
Crimes prescritos; É natural que a extradição só poderá ser solicitada pela prática de crimes não prescritos. Deve haver a equivalência anteriormente analisada, e da mesma forma deve-se ter o cuidado para analisar a prescrição. A prescrição apaga as conseqüências do delito e naturalmente, sua punibilidade. Não havendo punibilidade, não haverá, necessariamente, a extradição tanto ativa, quanto passiva. É de se notar que a prescrição se refere tanto do Estado requerente, como do requerido. É compreensível tal condição. Porque os Estados adotam política prisional diversa conforme suas tradições e costumes que depois são inseridos em seu ordenamento jurídico interno. Basta, portanto que tenha havido prescrição em qualquer um dos Estados para que o processo se extinga.
A extradição ativa pedida pelo Brasil ao Estado estrangeiro se faz pelas normas do Decreto Lei 394, 28/04/1938 (período ditatorial Getulista). O pedido é feito pelo juízo de origem ao Ministério da Justiça que faz o exame de sua regularidade documental e passa para o Ministério das Relações Exteriores, onde se vinculará aos tratados internacionais ou a procedimentos internos de reciprocidade, se for o caso. Feita a remessa, será cumprida no Estado de destino, segundo suas leis internas. Para facilitar o exame dos tratados internacionais, segue relação abaixo, dos países que tem Tratado de Extradição assinados com o Brasil:
- Argentina (ratificado pelo Decr. 62.979, de 11/07/1968);
- Austrália (ratificado pelo Decr. 2.010, de 25/09/1996);
- Bélgica (ratificado pelo Decr. 41.909, de 29/07/1957);
- Bolívia (ratificado pelo Decr. 9.920, de 08/07/1942);
- Chile (ratificado pelo Decr. 1.888, de 17/08/1937);
- Colômbia (ratificado pelo Decr. 6.330, de 25/09/1940);
- Coréia do Sul (ratificado pelo Decr. 4.152, de 07/03/2002);
- Equador (ratificado pelo Decr. 2.950, de 08/08/1938);
- Espanha (ratificado pelo Decr. 99.340, de 22/06/1990);
- Estados Unidos da América (ratificado pelo Decr. 55.750, de 11/02/1965);
- França (ratificado pelo Decr. 5.258, de 27/10/2004);
- Itália (ratificado pelo Decr. 863, de 09/07/1993);
- Lituânia (ratificado pelo Decr. 4.528 de 16/08/1939);
- México (ratificado pelo Decr. 2.535 de 22/03/1938);
- Mercosul (ratificado pelo Decr. 4.975, de 30/01/2004);
- Panamá (ratificado pelo Decr. 8.045 de 11/07/2013);
- Paraguai (ratificado pelo Decr. 16.925 de 27/05/1925);
- Peru (ratificado pelo Decr. 5.853 de 19/07/2006);
- Portugal (ratificado pelo Decr. 1.325 de 02/12/1994);
- Reino Unido da Inglaterra e Irlanda do Norte (ratificado pelo Decr. 2347, de 10/10/1997);
- República Dominicana (ratificado pelo Decr. 6.738 de, de 12/01/2009);
- Romênia (ratificado pelo Decr. 6512, de 21/07/2008);
- Russia (ratificado pelo Decr. 6.056, de 06/03/2007);
- Suíça (ratificado pelo Decr. 23.997, de 13/03/1934);
- Ucrânia (ratificado pelo Decr. 5.938, de 19/10/2006);
- Uruguai (ratificado pelo Decr. Legislativo nº 14 de 25/05/1949);
- Venezuela (ratificado pelo Decr. 5.362, de 12/03/1940).
O procedimento para extradição passiva do Exterior para o Brasil se bifurca em uma primeira fase diplomática, em que o Estado requerente pede ao Brasil a Extradição do criminoso, baseando-se no Tratado de Extradição (quando houver), ou prometendo a reciprocidade (quando não houver). Passada a fase diplomática, inicia-se a fase judicial, perante o STF. Terminada a fase judicial no STF, entra a terceira fase administrativa que é a efetivação da extradição por determinação governamental. Mesmo legítimo o pedido de extradição, sua efetivação levará em consideração interesses políticos nacionais. Na falta de relevância política do Brasil, ela se efetuará naturalmente.
O fundamento de lei material para a extradição passiva pedida ao Brasil está nos artigos 76 a 79 do atual Estatuto do Estrangeiro, com normas evidentemente mais aprimoradas que disciplinam a extradição, desde os tempos do Império. Também fundamentará o pedido de extradição, a disposição contida nos tratados que o Brasil tenha firmado com outras nações. Na falta de tratado, deverá o Estado Requerente promover a reciprocidade, mas neste momento, o fundamento de lei material será a lei brasileira.
O fundamento processual esta contido no RISTF (Regimento Interno do Superior Tribunal Federal) nos artigos 207 a 214, de acordo com os procedimentos desenvolvidos. Extradição é a entrega de estrangeiro homiziado no território do Estado requerido a determinado Estado requerente que deseja puni-lo pela prática de crime de natureza grave, cometido no seu território. Há, assim, na extradição três participantes que integram o processo: O Estado, requerente, o Brasil e o extraditando. Para justificar a extradição, o crime deverá ser de natureza, como previamente dito, porque crimes simples ou contravenções não comportam pedido de extradição. Por outro lado, na extradição não há reflexo, se o extraditando tiver filhos brasileiros ou for casado (a) com brasileiro (a). Portanto, não tem importância o fato de a prole brasileira depender do extraditando para sobreviver. É diferente do que acontece na expulsão. Entretanto, não haverá extradição, se o extraditando for brasileiro naturalizado e tiver cometido o crime depois da naturalização, porque neste caso o agente já seria brasileiro e não há extradição de brasileiros. No entanto, se o crime tiver sido cometido antes da naturalização, a extradição poderá ser concedida. Como foi o caso do criminoso nazista Franz Stangl, que trabalhava em uma fábrica da Volkswagen em São Bernardo do Campo, com o seu nome original. Ele foi comandante de campos de concentração na Alemanha, Polônia e Áustria durante a Segunda Guerra Mundial. Segue abaixo a ementa do histórico julgamento do STF em 1967:
1) Extradição. A) O deferimento ou recusa da extradição e direito inerente à soberania. B) A efetivação, pelo governo, da entrega do extraditando, autorizada pelo supremo tribunal federal, depende do direito internacional convencional. 2) Reciprocidade. A) É fonte reconhecida do direito extradicional. Extr. 232 (1961), Extr. 288 (1962), Extr. 251 (1963). B) A constituição de 1967, art. 83, VIII, não exige 'referendum' do congresso para aceitação da oferta do estado requerente. C) A lei brasileira autoriza o governo a oferecer reciprocidade. 3) Comutação de pena a) A extradição está condicionada à vedação constitucional de certas penas, como a prisão perpétua, embora haja controvérsia a respeito, especialmente quanto as vedações da lei penal ordinária, Extr. 165 (1953), Extr. 230 (1961), Extr. 241 (1962), Extr. 234 (1965). b) O compromisso de comutação da pena deve constar do pedido, mas pode ser prestado pelo estado requerente antes da entrega do extraditando, Extr. 241 (1962). Voto do Min. Luiz Gallotti na Extr. 218 (1950). 4) Instrução. A documentação suplementar foi oferecida em tempo oportuno, pelos estados requerentes, sem prejuízo da defesa exercitada com eficiência e brilhantismo. 5) Territorialidade. A) Jurisdição da Áustria (crimes de Martheim) e da Polônia (crimes de Sobibór e Treblinka). B) Falta de jurisdição da Alemanha (Sobibor e Treblinka), porque a ocupação militar não transformou essas localidades em território alemão, nem ali permanecem suas tropas, nem o extraditando continua no serviço. 6) Nacionalidade ativa. A) Jurisdição da Áustria (Sobibór e Treblinka) por ser Stangl austriaco. B) jurisdição da Alemanha (Sobibór e Treblinka), não porque Stangl tivesse ao tempo a nacionalidade alemã, mas porque estava a serviço do governo germânico. 7) Narrativa. Foi minuciosa, e até excessiva, a descrição dos fatos delituosos, dependendo a apuração da culpabilidade, ou o grau desta, de juízo da ação penal. 8) Genocídio. A ulterior tipificação do genocídio, em convenção internacional e na lei brasileira,

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