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OS GÊNEROS DO DISCURSO NA PERSPECTIVA BAKHTINIANA Por Anderson Lima.

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04/04/2018 OS GÊNEROS DO DISCURSO NA PERSPECTIVA BAKHTINIANA
https://www.recantodasletras.com.br/artigos/1705374 1/8
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Textos > Artigos
OS GÊNEROS DO DISCURSO NA PERSPECTIVA
BAKHTINIANA
OS GÊNEROS DO DISCURSO NA PERSPECTIVA BAKHTINIANA 
 
Por Anderson Lima 
Licenciado Em Letras UFPA 
anddersonlima@bol.com.br 
 
 
A comunicação é indispensável para os seres humanos. Ela pode se dar por
meio de diversas manifestações linguísticas, como a escrita, a oralidade, os
sons, os gestos, as expressões fisionômicas etc. Segundo Bakhtin tais
manifestações são bastante diversificadas, pois estão relacionadas às
muitas esferas da atividade humana. 
Bakhtin (1997, p. 290) trata do uso da língua nas atividades humanas: 
 
Todas as esferas da atividade humana, por mais variadas que sejam, estão
sempre relacionadas com a utilização da língua. Não é de surpreender que
o caráter e os modos dessa utilização sejam tão variados como as próprias
esferas da atividade humana (...) A utilização da língua efetua-se em forma
de enunciados (orais e escritos), concretos e únicos, que emanam dos
integrantes duma ou doutra esfera da atividade humana. O enunciado
reflete as condições específicas e as finalidades de cada uma dessas
esferas (...) cada esfera de utilização da língua elabora seus tipos
relativamente estáveis de enunciados, sendo isso que denominamos
gêneros do discurso. 
 
 
Neste trecho podem-se perceber três conceitos principais: língua,
enunciado e gêneros do discurso. Essas entidades, para Bakhtin, estão
intimamente relacionadas, para o bom funcionamento da comunicação. As
vastas variedades das esferas da atividade humana dão origem a vários
gêneros do discurso, que segundo Bakhtin resultam em formas-padrão
“relativamente estáveis” de um enunciado, determinadas sócio-
historicamente. Bakhtin vai mais além, ao referir que só nos comunicamos,
falamos e escrevemos por meio de gêneros do discurso. Os gêneros estão
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04/04/2018 OS GÊNEROS DO DISCURSO NA PERSPECTIVA BAKHTINIANA
https://www.recantodasletras.com.br/artigos/1705374 2/8
no dia-a-dia dos sujeitos falantes, os quais possuem um infindável
repertório de gêneros, muitas vezes usados inconscientemente. Até nas
conversas mais informais, por exemplo, o discurso é moldado pelo gênero
em uso. Tais gêneros, segundo Bakhtin (1997, p. 282), nos são dados
“quase da mesma forma com que nos é dada a língua materna, a qual
dominamos livremente até começarmos o estudo da gramática”. 
Os gêneros do discurso sofrem constantes atualizações ou transformações.
A este respeito, Bakhtin (1997, p. 106) diz que “o gênero sempre é e não é
ao mesmo tempo, sempre é novo e velho ao mesmo tempo.” Esta
passagem, de certa forma, explica o “relativamente estável”, pois, bem
como a sociedade, os gêneros também se modificam para atender às
necessidades desta sociedade. Como, por exemplo, a carta, meio de
comunicação bastante usado em épocas anteriores. Hoje, de certa forma,
perdeu espaço para o e-mail, haja vista que a sociedade atual necessita de
agilidade e rapidez na transmissão das informações; necessidade esta que
a carta não é capaz de suprir. No entanto, a carta não deixou de existir. O
que houve foi uma modificação, uma atualização do gênero carta, para
melhor atender à sociedade. 
A este respeito Bakhtin (1997, p. 284) diz que 
 
Cada esfera conhece seus Gêneros, apropriados à sua especificidade, aos
quais correspondem determinados estilos. Uma dada função (científica,
técnica, ideológica, oficial, cotidiana) e dadas condições, específicas para
cada uma das esferas da comunicação verbal, geram um dado gênero, ou
seja, um dado tipo de enunciado, relativamente estável do ponto de vista
temático, composicional e estilístico. 
 
 
Sabe-se que os gêneros vão sofrendo modificações em consequência do
momento histórico em que estão inseridos. Cada situação social dá origem
a um gênero com suas características peculiares. Levando-se em
consideração a infinidade de situações comunicativas e que essas só são
possíveis graças à utilização da língua, pode-se perceber que infinitos
também serão os gêneros. Bakhtin relaciona a formação de novos gêneros
ao aparecimento de novas esferas da atividade humana, com finalidades
discursivas específicas. Esta imensa heterogeneidade fez com que Bakhtin
propusesse uma primeira grande “classificação”, dividindo os gêneros do
discurso em dois grupos: primários e secundários. Os primários
relacionam-se às situações comunicativas cotidianas, espontâneas,
informais e imediatas, como a carta, o bilhete, o diálogo cotidiano. Os
gêneros secundários, geralmente mediados pela escrita, aparecem em
situações comunicativas mais complexas e elaboradas, como o teatro, o
romance, as teses científicas, etc. Tanto os gêneros primários quanto os
secundários possuem a mesma essência, em outras palavras, ambos são
compostos por fenômenos da mesma natureza, os enunciados verbais. O
que os diferencia é o nível de complexidade em que se apresentam. 
Segundo Bakhtin (1997, p. 281): 
 
Não há razão para minimizar a extrema heterogeneidade dos gêneros do
discurso e a conseqüente dificuldade quando se trata de definir o caráter
04/04/2018 OS GÊNEROS DO DISCURSO NA PERSPECTIVA BAKHTINIANA
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genérico do enunciado. Importa, nesse ponto, levar em consideração a
diferença essencial existente entre o gênero de discurso primário (simples)
e o gêneros do discurso secundário (complexo). Os gêneros secundários do
discurso - o romance, o teatro, o discurso científico, o discurso ideológico,
etc. – aparecem em circunstâncias de uma comunicação cultural mais
complexa e relativamente mais evoluída, principalmente escrita: artística,
científica, sociopolítica. Durante o processo de sua formação, esses gêneros
secundários absorvem e transmutam os gêneros primários (simples) de
todas as espécies, que se constituíram em circunstâncias de uma
comunicação verbal espontânea. Os gêneros primários, ao se tornarem
componentes dos gêneros secundários, transformam-se dentro destes e
adquirem uma característica particular: perdem sua relação imediata com a
realidade existente e com a realidade dos enunciados alheios... 
 
 
Além dos aspectos sócio-históricos, devem-se levar em consideração outros
aspectos, como espaço e tempo, tratados por Machado (2008, p. 158,
159): 
 
O gênero não pode ser pensado fora da dimensão espácio-temporal. Logo,
todas as formas de representação que nele estão abrigadas são,
igualmente, orientadas pelo espaço tempo (...) O cronotopo trata das
essenciais de relações temporais e espaciais assimiladas artisticamente na
literatura. Enquanto o espaço é social, o tempo é sempre histórico. Isso
significa que tanto na experiência quanto na representação estética o
tempo é organizado por convenções. Os gêneros surgem dentro de
algumas tradições com as quais se relacionam de algum modo, permitindo
a reconstrução da imagem espacio-temporal da representação estética que
orienta o uso da linguagem: ‘o gênero vive do presente mas recorda o seu
passado, o seu começo’, afirma Bakhtin. A teoria do cronotopo nos faz
entender que o gênero tem uma existência cultural, eliminando, portanto, o
nascimento original e amorte definitiva. Os gêneros se constituem a partir
de situações cronotópicas particulares e também recorrentes por isso são
tão antigos quanto as organizações sociais. 
 
Neste trecho percebe-se a relação dos gêneros com o espaço e o tempo,
característica que Bakhtin denomina cronotopos. O gênero não surge do
nada, ele está ligado a uma origem cultural, delimitada por aspectos sociais
que estão relacionados ao espaço e, toda cultura possui sua própria história
relacionada ao tempo. Daí, o gênero, que nasce dentro de tal cultura,
sofrer modificações de acordo com o espaço e tempo. 
Até este ponto, tratou-se dos gêneros, sua conceituação e classificação. Foi
possível perceber a íntima ligação do gênero com o enunciado. No entanto,
antes de se tratar do conceito de enunciado (fundamental para entender o
conceito de gênero), é necessário uma breve explanação a respeito de
outros conceitos: o conceito de oração e palavra (unidades da língua). 
Tanto a palavra quanto a oração pura e simples não constituem ato
comunicativo, não suscitam uma atitude de resposta por parte do outro,
como unidades da língua possuem uma conclusibilidade abstrata e, por
isso, podem não ser precisas. A oração em si não tem autoria e só a partir
04/04/2018 OS GÊNEROS DO DISCURSO NA PERSPECTIVA BAKHTINIANA
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do momento em que se torna um enunciado, em uma situação discursiva,
é que passa a representar a intenção do falante. A palavra do mesmo modo
pode ser um verdadeiro enunciado. Por exemplo, quando olhamos para um
desenho mostrado por alguém e dizemos - lindo!, estamos carregando a
palavra de sentido e provocando nesse alguém alguma atitude, tornando-a
um enunciado concreto (Bakhtin, 1997). 
Ainda com relação à palavra, o autor afirma que escolhemos as palavras de
acordo com as especificidades do gênero discursivo utilizado no momento.
Haja vista que o gênero é uma forma típica do enunciado, no gênero a
palavra incorpora esta tipicidade. Bakhtin considera que a palavra não é
dotada apenas de expressão típica, mas também de expressão individual,
já que a comunicação se dá por meio de enunciações individuais. E as
palavras são incorporadas ao discurso a partir dos enunciados de outras
pessoas. “Essas palavras dos outros trazem consigo a sua expressão, o seu
tom valorativo que assimilamos, reelaboramos, e reacentuamos” (p. 295). 
Com relação ao enunciado, este pode ser falado ou escrito, pressupõe um
ato de comunicação social, é a unidade real do discurso. Neste caso existe
uma interação entre os sujeitos falantes. 
Bakhtin (1997, p. 293) conceitua o enunciado como: 
 
... unidade real da comunicação verbal: o enunciado. A fala só existe, na
realidade, na forma concreta dos enunciados de um indivíduo: do sujeito
de um discurso-fala. O discurso se molda sempre à forma do enunciado
que pertence a um sujeito falante e não pode existir fora dessa forma.
Quaisquer que sejam o volume, o conteúdo, a composição, os enunciados
sempre possuem, como unidades da comunicação verbal, características
estruturais que lhes são comuns e acima de tudo, fronteiras claramente
delimitadas. (...) As fronteiras do enunciado compreendido como uma
unidade da comunicação verbal, são determinadas pela alternância de
sujeitos falantes ou de interlocutores. 
 
 
Bakhtin afirma que enunciado não é uma unidade convencional e sim uma
unidade real, a qual é estritamente delimitada pela alternância de sujeitos
falantes. É no diálogo real que esta alternância dos sujeitos falantes é mais
facilmente percebida. Os enunciados dos interlocutores (parceiros do
diálogo) ou as chamadas réplicas alternam-se no diálogo, o qual, segundo
Bakhtin, por sua clareza e simplicidade, é a forma clássica da comunicação
verbal. 
No ato conversacional, há alternância dos sujeitos falantes, que emitem
enunciados. Neste processo o receptor não é um ser passivo, ao contrário,
ao ouvir e compreender o enunciado, este toma para si atitudes
responsivas, ou seja, ele pode concordar ou não, pode opinar, direcionar,
interromper, discutir, enfim exercer papel ativo no ato comunicacional. Não
é intenção do locutor uma reação passiva por parte do receptor, mas sim
um feedback, uma vez que o locutor age no sentido de induzir uma
resposta, atua sobre o outro no sentido de convencê-lo, influenciá-lo.
Bakhtin afirma que esta atitude é a principal característica do enunciado.
Salienta, também, que o enunciado é único, não pode ser repetido, apenas
citado, haja vista que advém de discursos proferidos no exato momento da
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interação social. 
Segundo Rodrigues (2005, p. 157) “são exemplos de enunciados os
romances, as cartas, as crônicas, as notícias, as saudações, as conversas
de salão etc.” O enunciado, como afirma Bakhtin no trecho acima, “é uma
unidade real, estritamente delimitada pela alternância dos sujeitos
falantes”. Isto se dá numa relação dialógica. 
O conceito de dialogismo fez-se presente, no Circulo de Bakhtin, para
ressaltar a permanente interação e colisão entre estruturas significantes
inseridas em um determinado campo histórico e social. As estruturas
significantes são os “sistemas de signos”, sejam eles literários, políticos,
religiosos etc. Sempre se originam das pulsões e tensões sociais. 
A este respeito, Faraco (2003, p. 58) afirma: “Há, portanto, uma grande
identificação do pensamento do Círculo de Bakhtin com a idéia de diálogo.
E isso a tal ponto que já se tornou habitual e generalizado designar esse
pensamento pelo termo dialogismo”. 
É necessário, no entanto, como afirma Faraco, ter cuidado com o uso do
termo diálogo, pois este possui várias significações sociais. Faraco (2003,
p. 59) mostra as várias acepções do termo diálogo e o foco, deste termo,
para o Círculo de Bakhtin. 
 
A palavra diálogo designa, comumente, uma determinada forma
composicional em narrativas escritas, representando a conversa dos
personagens. Pode designar também a seqüência de fala dos personagens
no texto dramático, assim como o desenrolar da conversação na interação
face-a-face. 
Os membros do Círculo de Bakhtin não são teóricos do diálogo nesses
sentidos (...) Desse modo, não constitui objeto de suas preocupações
observar a maneira como se dá a troca de turnos entre participantes de
uma conversa (...) Nem desenvolver um estudo de práticas conversacionais
de um grupo humano qualquer... 
Portanto, o evento do diálogo face-a-face (aquilo que eles chamam, em
vários momentos, de diálogo em sentido estrito do termo) estará no foco
de atenção do Círculo, mas não como forma composicional e sim como ‘um
documento sociológico altamente interessante’(...), isto é, como um espaço
em que mais diretamente se pode observar a dinâmica do processo de
interação das vozes sociais. 
 
 
Segundo Faraco, o chamado Círculo de Bakhtin preocupa-se com o diálogo
em uma perspectiva mais ampla do que a mera interação face-a-face. O
que interessa para o círculo é o complexo de forças que atuam no diálogo e
condicionam a forma e as significações do que é dito ali. 
A este respeito Faraco (2003, p. 60) diz que 
 
... o evento do diálogo face-a-face só interessa como um dos muitos
eventos em que se manifestam as relações dialógicas que são mais
amplas, mais variadas e mais complexas do que a relação existente entre
as réplicas de uma conversa face-a-face. O objeto efetivo do dialogismo é
constituído, portanto, pelas relações dialógicas nesse sentido lato (‘mais
ampla, mais variadas e mais complexas). 
04/04/2018 OS GÊNEROS DO DISCURSO NA PERSPECTIVA BAKHTINIANA
https://www.recantodasletras.com.br/artigos/1705374 6/8
Sob essa perspectiva, o diálogo face-a-face vai também interessar ao
Círculo como um dos espaços em que se dá, por exemplo, o
entrecruzamento das múltiplas verdades sociais, ou seja, como um dosmuitos espaços em que ocorre diálogo no sentido amplo do termo, isto é, a
confrontação das mais diferentes refrações sociais expressas em
enunciados de qualquer tipo e tamanho postos em relação. 
O Círculo, portanto, olha para o diálogo face-a-face do mesmo modo que
olha para uma obra literária, um tratado filosófico, um texto religioso –
como eventos da grande interação sociocultural de qualquer grupo
humano; como espaços de vida da consciência socioideológica; como
eventos atravessados pelas mesmas grandes forças dialógicas. 
 
Tratou-se até este ponto de língua, enunciado e gêneros, na perspectiva
bakhtiniana. Rojo (2005) mostra duas tendências, para análise dos
gêneros, denominadas por ela de “teoria dos gêneros do discurso ou
discursivos,” pautadas em aspectos sócio-históricos, e “teoria de gêneros
de texto,” centrada na descrição da materialidade textual. Segundo, a
autora, as duas vertentes estão ligadas a diferentes releituras da herança
bakhtiniana. 
Rojo (2005, p. 186) apresenta a distinção entre as duas vertentes nesta
passagem: 
 
...gêneros de texto tendiam a recorrer a um plano descritivo intermediário
– equivalente à estrutura ou forma composicional – que trabalha com
noções herdadas da lingüística textual (tipos, protótipos, seqüências típicas
etc.) e que integrariam a composição dos textos do gênero. A outra
vertente, a dos gêneros discursivos, tendiam a selecionar os aspectos da
materialidade lingüística determinados pelos parâmetros da situação de
enunciação – sem a pretensão de esgotar a descrição dos aspectos
lingüísticos ou textuais, mas apenas ressaltando as ‘marcas lingüísticas que
decorriam de/ produziam significações e temas relevantes no discurso. 
 
Este trabalho não irá seguir uma abordagem textual, para o gênero rótulo,
pois não se fará uma abordagem dos rótulos, visando à identificação da
estrutura das partes que o compõem. Será feita, no 2° capítulo deste
trabalho, uma abordagem discursiva do gênero rótulo, gênero pertencente
à esfera publicitária. A escolha deste gênero do discurso deveu-se à
inquietação de vislumbrar nele vários aspectos interessantes que vão muito
além de apenas indicar e identificar o produto inserido na embalagem. O
objetivo aqui é analisar o gênero rótulo como um gênero do discurso, por
meio de sua função social e de sua história. 
O rótulo pode representar um dos canais mais importantes para a
comunicação entre o fabricante do produto e o consumidor e atualmente
tem se revelado uma das principais estratégias de marketing para os
produtos em geral, pois por meio dele o fabricante pode informar, persuadir
e vender seu produto. 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
04/04/2018 OS GÊNEROS DO DISCURSO NA PERSPECTIVA BAKHTINIANA
https://www.recantodasletras.com.br/artigos/1705374 7/8
Comentários
 
BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. Os gêneros do discurso. 2ª ed. São
Paulo: Martins Fontes, 1997. 
 
 
FARACO, C. A. Linguagem e diálogo: as idéias lingüísticas do círculo de
Bakhtin. Curitiba: Criar Edições, 2003. 
 
 
GONÇALVES, Cristina Munhão. Ética e persuasão na publicidade dos rótulos
de embalagens. In: Cenários da Comunicação. 3º volume, São Paulo:
Uninove, 2004. 
 
 
MACHADO, Irene. Gêneros discursivos. In: Bakhtin Conceitos Chave, 4ª ed.
São Paulo: Contexto, 2008. 
 
 
RODRIGUES, R. H. Os gêneros do discurso na perspectiva dialógica da
linguagem: a abordagem de Bakhtin. In: MEURER, J. L.; BONIONI Adair,
MOTTA-Roth Désirée, (Orgs). Gêneros: teorias, métodos, debates. São
Paulo: Parábola Editorial, 2005. 
 
 
ROJO. Gêneros do discurso e Gêneros textuais: questões teóricas e
aplicadas. In: MEURER, J. L.; BONIONI Adair, MOTTA-Roth Désirée, (Orgs).
Gêneros: teorias, métodos, debates. São Paulo: Parábola Editorial, 2005. 
anpali
Enviado por anpali em 17/07/2009 
Código do texto: T1705374
 
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Você pode copiar, distribuir, exibir,
executar, desde que seja dado crédito ao autor original (Anderson Lima/
anddersonlima@bol.com.br). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar
obras derivadas.
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04/01/2018 22:47 - Ilana [não autenticado]
Parabéns pelo texto, muito esclarecedor!!!!
15/09/2017 03:35 - João Victor [não autenticado]
Arrasou, menino. Eu não conseguia identificar os gêneros, exemplarmente. Agora ficou
tudo muito mais claro. Muito obrigado mesmo.
22/04/2017 20:17 - Valquíria [não autenticado]
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Sobre o autor
anpali
Belém - Pará - Brasil, 35 anos
3 textos (59806 leituras) 
(estatísticas atualizadas diariamente - última atualização em 04/04/18 01:35)
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Parabéns pelo excelente texto. Uma contribuição maravilhosa para meus estudos!
Grata!!!
16/10/2016 21:01 - Danielle Cruz [não autenticado]
Ótimo texto! Salvou minha vida para prova que terei amanhã! Abraços.
09/05/2013 15:29 - adriana [não autenticado]
Excelente texto, parabéns.
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