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Sergio Nogueira Duarte Lingua Viva

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As aulas semanais de português do professor Sérgio Nogueira Duarte viraram livro. Os 
segredos da língua, que Sérgio ensina aos leitores de sua coluna no Jornal do Brasil, fo-
ram reunidos no livro Língua viva – uma análise simples e bem-humorada da linguagem 
do brasileiro. A leveza das aulas de Sérgio ganha no livro o reforço do traço irreverente de 
Jaguar, que ilustra a capa e cada uma das histórias. 
Sérgio Nogueira inicia cada coluna com O caso, uma história verdadeira e engraçada, que 
dá origem à explicação de uma determinada regra. Depois vêm A dica, A dúvida, Mea cul-
pa – que aponta erros cometidos nas edições do JB – e O desafio, cuja resposta aparece 
logo após, de cabeça para baixo. 
A humildade de reconhecer as falhas do próprio jornal deixa o professor à vontade para 
mostrar os erros dos outros: denuncia a prova de vestibular que usou duas vezes ascen-
são com ç, desconfia da eficácia da placa de trânsito que suprime a crase de “Obedeça à 
sinalização” e entrega as pérolas das transmissões esportivas, em que os locutores insis-
tem em “elos de ligação”, “correr atrás do prejuízo” e “reverter o resultado”. Sérgio No-
gueira esclarece ainda questões clássicas como o uso do verbo haver e a diferença entre 
palavras como mesmo e igual, eventual e possível. 
Sérgio Nogueira pretende contribuir para mostrar às pessoas o valor de falar e escrever 
bem. Acusado de informal pelos puristas e de ortodoxo pelos liberais, ele tem a prova de 
que está no caminho certo: a maioria absoluta das mais de cem cartas, fax e e-mails que 
recebe por semana contém mensagens de apoio misturadas às dúvidas e contribuições. 
 
Dicas de Português do Professor Sérgio Nogueira 
 
 
Por Fascículo > 1. Vocabulário 
 
A - FALSOS SINÔNIMOS 
B - CARGAS CONOTATIVAS 
C - SIMPLICIDADE 
D - NEOLOGISMOS e ESTRANGEIRISMOS 
E - PALAVRAS PARÔNIMAS 
F - PALAVRAS HOMÔNIMAS 
G - REDUNDÂNCIAS 
 
A - FALSOS SINÔNIMOS 
São palavras que parecem sinônimas, mas verdadeiramente não são. 
 
OS CASOS 
 
1. MESMO e IGUAL 
 
Deu no JB: "Este ano, o Senado tem R$ 12 milhões para assistência médica de servidores e 
parlamentares. A Câmara tem a MESMA verba para seus funcionários." 
Se a verba for realmente a MESMA, significa que Câmara e Senado vão dividir os R$ 12 mi-
lhões. Na verdade, cada casa teria sua verba de R$ 12 milhões. Portanto, não era a MESMA 
verba, e sim uma verba IGUAL (=de MESMO valor). 
Com muita freqüência, podemos observar este erro. MESMO e IGUAL não são sinônimos. 
MESMO é "um só"; IGUAL é "outro". Se você está com o MESMO problema do ano passado, 
significa que o seu problema do ano passado não foi resolvido. Se você está com um problema 
IGUAL ao do ano passado, significa que você está com outro problema com as mesmas carac-
terísticas do anterior. 
Caso a diferença não tenha ficado clara, sugiro um teste que você poderá fazê-lo ainda hoje 
quando voltar para sua casa. Primeiro, coma um pão IGUAL ao de ontem e, depois, se possí-
vel, o MESMO pão de ontem. Aquele que já estiver duro é o "mesmo". 
Observe um exemplo perfeito: "Fittipaldi explica que pilotos muito mais experientes do que ele 
viveram uma situação IGUAL na MESMA corrida e bateram." A situação foi IGUAL, pois fo-
ram várias batidas de muitos pilotos, mas tudo aconteceu em uma única corrida (=na MESMA 
corrida). 
Se ainda resta alguma dúvida, a minha última esperança fica depositada no casal de velhinhos 
que foi visitar uma exposição de animais. Ao ver o touro campeão, o velhinho perguntou ao 
proprietário o valor do animal. 
Ficou espantado com o valor altíssimo e quis saber por quê. O dono do animal lhe respondeu: 
"Num mês ele é capaz de cobrir 30 vacas". Aí, quem ficou espantada foi a velhinha, que ex-
clamou: "Tá vendo, meu velho!?" O velhinho, ofendido, então perguntou: "Mas...é sempre a 
MESMA vaca?" "É claro que não", respondeu o proprietário do touro. Então, o velhinho, sen-
tindo-se vingado, devolveu: "Tá vendo, minha velha!?" 
 
2. EVENTUAL, POSSÍVEL, PROVÁVEL e POTENCIAL 
 
Você sabia que EVENTUAL, POSSÍVEL, PROVÁVEL e POTENCIAL não são sinônimos? 
Talvez você já tenha lido ou ouvido frases como: "Lula é o EVENTUAL candidato do PT à 
presidência da república". Ou "Uma EVENTUAL derrota no próximo domingo deixará o Co-
rinthians em péssima situação". 
Com muita freqüência encontramos o adjetivo EVENTUAL fora do seu real significado. E-
VENTUAL significa "esporádico, ocasional, o que ocorre de vez em quando". 
Ora, o Lula não é um candidato eventual. Na verdade, ele é o PROVÁVEL candidato do PT. 
No segundo exemplo, o autor se referia a uma POSSÍVEL derrota do Corinthians. 
Observe outro exemplo: "O eleitor é convidado a expressar sua preocupação com o EVENTU-
AL retorno dos comunistas ao poder." Está errado também. Aqui o autor se referia a um "POS-
SÍVEL ou PROVÁVEL retorno dos comunistas ao poder". 
Interessante observarmos também a diferença entre POSSÍVEL e PROVÁVEL. 
POSSÍVEL é "o que pode acontecer" e PROVÁVEL é "o que deve acontecer". 
Analisando a tabela do campeonato brasileiro de 97, há duas ou três rodadas, poderíamos afir-
mar que a classificação do Grêmio entre os oito primeiros era POSSÍVEL, mas pouco PRO-
VÁVEL. E isso se comprovou. Desta vez, eles estão de fora. 
Vejamos um exemplo correto: "Os EVENTUAIS problemas econômicos internos não vão im-
pedir que aquele país se associe também ao Mercosul." 
(Problemas EVENTUAIS = problemas "esporádicos, que ocorrem de vez em quando"). 
Agora vejamos mais exemplos errados: 
"A crise se tornará maior com a EVENTUAL perda do título." (O certo é a "POSSÍVEL perda 
do título"). 
"O Chicago Bulls é o EVENTUAL campeão desta temporada." (O certo é o "PROVÁVEL 
campeão desta temporada"). 
Observe agora outro tipo de erro: "O grupo Ecotex é um EVENTUAL candidato à compra". 
Nesse caso, EVENTUAL está sendo usado no sentido de POTENCIAL (=o que pode vir a ser, 
tem poder de vir a ser). O grupo Ecotex é um candidato POTENCIAL (=pode vir a ser candi-
dato), e não um candidato EVENTUAL (=candidato esporádico, ocasional). 
Se a diferença não ficou clara, vamos fazer uma comparação. O departamento da empresa onde 
você trabalha apresenta problemas EVENTUAIS ou problemas POTENCIAIS. Os problemas 
EVENTUAIS são "aqueles que ocorrem de vez em quando", e os problemas POTENCIAIS são 
aqueles casos que ainda não são mas podem tornar-se problemas. 
Mas se você ainda não percebeu a diferença, vamos a sua última chance. Responda rápido: 
"Qual é a diferença entre um amante EVENTUAL e um amante POTENCIAL? Se você sabe a 
resposta, não precisa explicar. 
 
AS DÚVIDAS 
 
1. HINDU ou INDIANO? 
Quem nasce na Índia é indiano. Hindu é o seguidor do Hinduísmo. Não devemos confundir na-
cionalidade com religião. Confusão semelhante ocorre com JUDEU e ISRAELENSE. Quem 
nasce em Israel é israelense. Judeu é relativo ao povo. 
 
2. EM PRINCÍPIO ou A PRINCÍPIO? 
EM PRINCÍPIO significa "por princípio, em tese, teoricamente"; A PRINCÍPIO significa "no 
começo, inicialmente". 
Em "EM PRINCÍPIO éramos contra o projeto", significa que "EM TESE éramos contra o pro-
jeto". Se queríamos dizer que "INICIALMENTE éramos contra o projeto", a frase está errada. 
O certo é: "A PRINCÍPIO éramos contra o projeto". 
 
3. AO INVÉS DE ou EM VEZ DE? 
AO INVÉS DE significa "ao contrário de" e só devemos usar quando houver idéia "contrária, 
oposta": "Entrou à direita AO INVÉS DA esquerda"; "Subiu AO INVÉS DE descer". 
EM VEZ DE significa "em lugar de" e podemos usar sempre que houver idéia de "troca, subs-
tituição", mesmo quando a idéia for "oposta". 
A frase "O carioca foi ao shopping AO INVÉS DE ir à praia" está errada. 
O certo é: "O carioca foi ao shopping EM VEZ DE ir à praia". É importante observar que 
"shopping" e "praia" não se opõem. 
Se você comprar o carro "preto AO INVÉS DO branco", está certo. No entanto, se você com-
prar o carro "preto AO INVÉS DO vermelho", está errado.Nesse caso, o correto é comprar o 
carro "preto EM VEZ DO vermelho, porque a cor preta se opõe ao branco mas não se opõe ao 
vermelho. É interessante observar que não há restrições ao uso de EM VEZ DE. Essa forma 
pode ser utilizada mesmo quando houver a idéia de "oposição". Portanto, se você quer facilitar 
a sua vida, use sempre EM VEZ DE: Você jamais correrá o risco de errar. 
 
4. DE ENCONTRO A ou AO ENCONTRO DE? 
Nossos consultores de Qualidade, com muita freqüência, afirmam: 
"Qualidade é ir DE ENCONTRO ÀS expectativas do cliente". Essa qualidade eu não quero! O 
que nós temos aqui é um verdadeiro choque. Ir DE ENCONTRO A significa "ir CONTRA as 
expectativas do cliente". Nesse caso, o certo é: "Qualidade é ir AO ENCONTRO DAS expecta-
tivas do cliente", ou seja, "ir A FAVOR, estar de acordo, atender às expectativas do cliente". 
Responda rápido: um bêbado "caminhando", com uma garrafa de cachaça na mão, vai DE EN-
CONTRO AO poste ou vai AO ENCONTRO DO poste? 
Se você respondeu "tanto faz", acertou. Mas não esqueça a diferença: se o bêbado vai DE EN-
CONTRO AO poste, temos um choque; se ele vai AO ENCONTRO DO poste, temos um "a-
braço" e uma garrafa de cachaça salva – o que é muito importante. 
Resumindo: 
DE ENCONTRO A = ir contra; 
AO ENCONTRO DE = ir a favor. 
 
5. TODO ou TODO O? 
O uso do artigo definido modifica o sentido do pronome TODO: 
 "Ele faz TODO trabalho." (=QUALQUER trabalho); 
 "Ele fez TODO O trabalho." (=o trabalho INTEIRO). 
A frase "TODO O contribuinte poderá obter esta espécie de nada-consta" está errada. O certo é 
"TODO contribuinte poderá obter esta espécie de nada-consta". "TODO O contribuinte" seria 
"o contribuinte inteiro". Na verdade, só pode ser "TODO contribuinte", que significa "qualquer 
contribuinte". 
Observe a diferença: 
"Com o temporal de ontem à noite, TODA cidade ficou inundada." Isso significa "qualquer ci-
dade". O autor, na verdade, queria dizer: "Com o temporal de ontem à noite, TODA A cidade 
ficou inundada" (="TODA A cidade" significa "a cidade inteira). 
Para você entender melhor, observe outro exemplo: 
 "Ele é capaz de realizar TODA obra" (=qualquer obra); 
 "Ele é capaz de realizar TODA A obra" (=a obra inteira). 
Portanto, se você conhece alguém que tem o hábito de "beijar TODO colega de trabalho", é 
bom alertá-lo: pode ser perigoso "beijar TODO O colega de trabalho". 
 
6. INÚMEROS ou NUMEROSOS? 
INÚMEROS não é sinônimo de MUITOS ou NUMEROSOS. INÚMEROS significa "incontá-
veis". Ao ouvir "Romário já fez INÚMEROS gols com a camisa do Flamengo", fico pensando: 
será que o Romário fez tantos gols que é impossível contá-los? Com certeza, não. Deve ser um 
exagero ou ignorância do repórter. Qualquer emissora de rádio tem seu banco de dados, capaz 
de nos dar essa informação com total precisão. O certo, portanto, é: "Romário já fez MUITOS 
gols com a camisa do Flamengo." 
Creio que a maioria das pessoas usa a palavra INÚMEROS sem saber o seu real significado: 
"Fernanda Montenegro já recebeu INÚMEROS prêmios por seu trabalho no teatro, no cinema 
e na televisão." Com certeza foram "NUMEROSOS prêmios", mas não inúmeros. 
Fico preocupado quando ouço uma adolescente dizer que "já teve INÚMEROS namorados". 
Meu Deus! Vá ser "galinha" assim no inferno! Será que foram tantos que já perdeu a conta? 
Duvido. 
 
7. CONFISCO ou DESAPROPRIAÇÃO? 
A frase "O governo estadual pretende começar no mês que vem o CONFISCO de imóveis para 
terminar a linha verde" está errada. Na verdade, haverá "DESAPROPRIAÇÃO de imóveis". 
No caso de uma DESAPROPRIAÇÃO existe alguma forma de indenização, o que não ocorre 
no CONFISCO. 
Observe um uso correto da palavra CONFISCO: "Raoul Wallengerg salvou judeus, mas seu 
Banco, na Suíça, guardou riquezas CONFISCADAS." 
 
8. ANAL ou RETAL? 
"Para se examinar a próstata, é necessário fazer o toque ANAL ou RETAL? 
ANAL é relativo ao ânus; RETAL é relativo ao reto (intestino). 
Alguns médicos afirmam que "toque anal" não está errado; a maioria, entretanto, diz que o 
termo correto é "toque RETAL", pois o "tal toque" é feito no reto. 
 
9. FRONTEIRA, DIVISA ou LIMITE? 
A frase "Os carros eram levados para Foz de Iguaçu, na DIVISA com o Paraguai" está errada. 
O certo é: “Os carros eram levados para Foz de Iguaçu, na FRONTEIRA com o Paraguai”. 
Entre países, nós temos FRONTEIRAS; as DIVISAS ficam entre os estados. 
Por exemplo: "Estamos na DIVISA de São Paulo com o Paraná." Entre o Brasil e o Paraguai, 
existe uma FRONTEIRA. 
Costumamos ouvir: "Estamos falando diretamente da DIVISA do Rio de Janeiro com São João 
de Meriti." É impossível! Não há DIVISA entre a cidade do Rio de Janeiro e São João de Meri-
ti. Entre municípios, há LIMITES. A cidade do Rio de Janeiro faz LIMITE com São João de 
Meriti e o estado do Rio de janeiro faz DIVISA com Minas Gerais. 
 
10. PENALIZADO ou PUNIDO? 
Deu no JB: "É longa a lista de atletas PENALIZADOS pelo Tribunal Esportivo da Federação 
de Futebol do Rio de Janeiro." 
Na verdade, "É longa a lista de atletas PUNIDOS..." 
PENALIZADO não é sinônimo de PUNIDO. Embora alguns professores defendam o verbo 
PENALIZAR no sentido de "punir", prefiro o sentido original: 
PENALIZADO fica quem tem "pena, dó, compaixão"; PENALIZAR é "causar pena ou des-
gosto". Observe o exemplo: "A deputada ficou PENALIZADA ao ver tanta miséria." No caso 
de: "A lei do Colarinho Branco PENALIZA com reclusão", prefiro "...PUNE com reclusão". 
 
B - CARGAS CONOTATIVAS 
 
OS CASOS 
 
1. A corrupção ENDÊMICA 
Na semana que antecedeu a visita do presidente americano ao Brasil, em outubro de 1997, cau-
sou polêmica o uso da palavra ENDÊMICA num documento enviado a empresários america-
nos pelo Departamento de Comércio dos Estados Unidos. 
A embaixada americana reconheceu que a frase era inexata, desculpou-se e retirou o adjetivo 
da tal frase: "A corrupção é ENDÊMICA na cultura brasileira". Segundo James Robin, porta-
voz do Departamento de Estado americano, a intenção era usar a palavra widespread 
(=difundido, comum), sem implicar ofensa alguma. 
Aqui está o problema. Não tinha a intenção, mas ofendeu. Existem palavras que possuem car-
gas negativas, ofensivas ou pejorativas. Observe como o verbo MORRER tem um peso maior 
que FALECER. Isso não significa que "quem faleça morra menos". É uma questão de carga, 
talvez de fundo psicológico ou social. Compare LÁBIO e BEIÇO. BEIÇO é pejorativo e pre-
conceituoso. É usado para ofender e discriminar. É interessante lembrar também o episódio do 
"paraíba" do Edmundo (desculpe a ambigüidade). 
Devemos ter cuidado com as palavras. Elas possuem "alma". 
E a nossa corrupção é ou não ENDÊMICA? 
O Brasil reagiu. O nosso presidente do Senado, Antônio Carlos Magalhães, aplaudido até pelos 
partidos de oposição, disse que os americanos não têm moral para falar em corrupção. Se eles 
têm corrupção, não podem falar da nossa. A nossa corrupção não pode ser ofendida assim, com 
uma palavra tão "baixa". 
É preciso defendê-la: "a corrupção é nossa e ninguém tasca". Ninguém pode ofender assim um 
"orgulho nacional". Eles estão pensando o quê? Que a nossa corrupção é "doente"? Que um di-
a, talvez, ela possa ser erradicada? Não é não! A nossa corrupção é muito "sadia". 
Lamentável. Reagimos e exigimos que retirassem o adjetivo, mas o substantivo ficou. Feliz o 
dia em que lutaremos contra o substantivo. 
Sem ele, não haverá adjetivos e talvez sobre alguma verba para investirmos na educação, na 
formação dos professores, na luta contra a miséria cultural. 
Em tempo: é interessante lembrar que as ENDEMIAS são doenças de caráter regional, com 
causa local, e duradouras. 
 
2. O verbo DETONAR 
O verbo DETONAR é, sem dúvida, o campeão. Se fôssemos escolher o maior vício da lingua-
gem jornalística de 1997, o DETONAR já estaria eleito. Eu não estou me referindo ao enorme 
número de bombas que, infelizmente, foram detonadas durante este ano. Na verdade, estou a-
ludindo ao mauuso do verbo DETONAR, nos mais variados sentidos. Hoje "detonam" qual-
quer coisa. Eu diria que é o modismo lingüístico do ano, tendo superado até o "famoso" A NÍ-
VEL DE. Durante 1997, tivemos a oportunidade de ler e ouvir "coisas" do tipo: 
 "Foi a avó que DETONOU nela a verdadeira paixão pela música." 
"A estratégia foi suficiente para DETONAR uma intensa propaganda boca a boca." 
"O Presidente DETONA o que pode ser um difícil processo de confirmação." 
 "É o mesmo fator que DETONOU a crise do México em 94." 
É interessante observar que o verbo DETONAR ganhou várias acepções: 
começar, iniciar, gerar, expandir, crescer, desenvolver... 
Isso tudo sem falar na mania de usar o DETONAR como sinônimo de DIZER ou AFIRMAR. 
Além da pobreza de estilo (toda metáfora exageradamente repetida perde a expressividade e a 
graça), devemos observar as ambigüidades. No exemplo "Foi a avó que DETONOU nela a 
verdadeira paixão pela música", o autor queria referir-se ao fato de ter sido "a avó quem DES-
PERTOU nela a verdadeira paixão pela música". Porém, um desavisado poderia imaginar que 
"a avó teria DESTRUÍDO a paixão pela música". Fenômeno semelhante ocorre em "É o mes-
mo fator que DETONOU a crise do México em 94". Aqui, o autor se referia "ao fator GERA-
DOR ou ao fator que INICIOU a crise do México em 94". Mais uma vez, o nosso leitor desavi-
sado poderia dar outra interpretação: para ele, é "o fator que ACABOU com a crise do México 
em 94". 
Sugiro, portanto, que o verbo DETONAR seja detonado, no verdadeiro sentido da palavra. E 
aqui, surge um novo problema: 
 "Terroristas EXPLODEM bomba em hotel lotado de turistas." 
É impossível que terroristas tenham "explodido" uma bomba. É a bomba que explode. O verbo 
EXPLODIR é intransitivo (=ninguém explode nada, é a coisa que explode). Na verdade, "os 
terroristas DETONARAM uma bomba". 
Esse é o uso correto do verbo DETONAR. 
Agora, uma sugestão: não devemos substituir "detonar crise" por "explodir crise". O problema 
é o mesmo. 
 Cuidado com as metáforas! 
Com o desejo de não repetir o verbo DIZER, é freqüente vê-lo substituído não só por DETO-
NAR e EXPLODIR como também por "disparou, fulano", "alfinetou, beltrano", "dinamitou, 
sicrano"... 
Essa "criatividade" excessiva pode nos levar a "coisas" ridículas, como: "Foram tantos suces-
sos que CATAPULTARAM o grupo para a fila do gargarejo da MPB." Se você não entendeu a 
"metáfora", a "tradução" é a seguinte: "o tal grupo estava, na parada de sucessos, em 10º lugar; 
entretanto os últimos sucessos foram tantos que o grupo foi para o 1º lugar". 
 Haja criatividade! 
 Assim não dá! 
 Se DETONAR já é difícil de aturar, imagine CATAPULTAR. 
 
C - SIMPLICIDADE 
 
OS CASOS 
 
1. A EMULAÇÃO 
Está escrito no nosso novo Código de Trânsito: 
Art. 173. Disputar corrida por espírito de EMULAÇÃO. 
Infração - gravíssima. 
Penalidade – multa (três vezes), suspensão do direito de dirigir e apreensão do veículo. 
Medida administrativa - recolhimento do documento de habilitação e remoção do veículo. 
Se você não conhece a palavra EMULAÇÃO, não se preocupe que eu vou explicar: EMULA-
ÇÃO é o "ato de emular". Pronto, agora que você já sabe o que é EMULAÇÃO, vamos ao que 
interessa. Você já deve ter entendido: se você nunca emulou, não é agora que você vai emular. 
Você leu com toda a "clareza": se disputar corrida por espírito de EMULAÇÃO, você vai ficar 
sem a carteira de motorista e sem o carro. Portanto, não emule. Está escrito: emular é uma in-
fração gravíssima. 
Se você imaginava que EMULAÇÃO é "dirigir como uma mula", quase que acertou. Há quem 
tenha buscado a origem da palavra: o prefixo e(x) de emigrar, emergir, emanar, exalar, expor-
tar, externar... significa "movimento para fora". Por esse raciocínio, poderíamos imaginar que 
emular fosse "colocar para fora o espírito de mula que existe dentro de você". 
Se você está pensando que eu estou brincando, tenho algo a lhe dizer: você tem toda a razão. 
Por outro lado, quem escreveu EMULAÇÃO não estava brincando. É lógico que a intenção do 
autor é a de que todos entendam o seu texto. Para isso, selecionou palavras bem "simples, aces-
síveis a qualquer leitor". 
Tudo isso me fez lembrar uma história que um velho amigo advogado me contou há muitos 
anos. Ele telefonou para um cliente e avisou: "Teremos que PROCRASTINAR a assinatura do 
contrato". O cliente lhe respondeu: "Tudo bem, o senhor é quem sabe." Então, o advogado lhe 
perguntou: "Então adiamos para quando?" O cliente contestou imediatamente: “Por favor, A-
DIAR não pode”. 
Para que ninguém imagine que eu seja contra o enriquecimento vocabular, quero deixar bem 
clara a minha idéia: o que eu defendo como simplicidade tem por base o conceito de adequação 
vocabular, ou seja, o vocabulário de um texto deve ser adequado a quem ele se destina. Não 
devemos confundir simplicidade com vulgaridade ou pobreza vocabular: 
simplicidade é "se você pode ADIAR, para que PROCRASTINAR?" 
Em tempo: segundo nossos dicionários, EMULAÇÃO é "sentimento que incita a imitar ou a 
exceder a outrem em merecimento; estímulo; rivalidade." E EMULAR é "ter emulação, com-
petir, emparelhar, rivalizar, disputar...". 
Portanto, que fique bem claro: o artigo 173 do novo Código de Trânsito proíbe o que popular-
mente chamamos de "pegas" ou "rachas". 
 
2. A COISA 
Após a derrota para o Botafogo, um dirigente do Fluminense afirmou: 
"Agora a COISA ficou preta". Como tricolor por parte de filho, lamento que o tal dirigente só 
tenha percebido "agora". O mais intrigante, porém, é o uso da palavra COISA. Que COISA 
maravilhosa! COISA é uma palavra sensacional: substitui qualquer COISA e não diz COISA 
alguma. É a palavra de sentido mais amplo que conheço. Faltou sinônimo, lá vai a COISA. É 
como o "trem" para os mineiros. Aqui, nós pegamos as COISAS e esperamos o trem; lá, eles 
pegam os "trem" e esperam a COISA. COISA é uma palavra tão versátil que já virou até verbo: 
"Eles estão COISANDO". 
Lá sabe Deus o que eles estão fazendo! COISA é um substantivo, mas é capaz de ser usado no 
grau superlativo absoluto sintético, como se fosse adjetivo: "Não fiz COISÍSSIMA nenhuma". 
Por tudo isso, é inadequado o uso da palavra COISA em textos mais cuidados e formais. 
Essa análise me fez lembrar a história de um fiscal da carteira hipotecária de um grande Banco 
no interior do Paraná. Certo fazendeiro fez um empréstimo no Banco, hipotecou a fazenda e, 
um mês depois, morreu. O Banco, preocupado, mandou o nosso fiscal à tal fazenda. Lá che-
gando, ficou feliz ai ver que tudo corria bem. A viúva trabalhava duro, o dinheiro investido já 
trazia lucros para a fazenda e o pagamento da hipoteca estava garantido. Ao retornar à sua ci-
dade, o fiscal não teve dúvida e escreveu no relatório que enviou ao seu chefe: "O fazendeiro 
morreu, mas o Banco pode ficar tranqüilo porque a viúva mantém a COISA em pleno funcio-
namento". Lá sabe Deus que COISA é essa!? 
 
D – NEOLOGISMOS e ESTRANGEIRISMOS 
 
O CASO 
 
Em outubro de 1997, tivemos em Brasília o Seminário AGRONEGÓCIO de Exportação. O I-
tamaraty, patrocinador do evento, exigiu o uso de AGRONEGÓCIO em vez de AGROBUSI-
NESS, que era o termo preferido pelos empresários do setor. 
Ponto para o Itamaraty. 
Sem querer ser purista, devemos defender a Língua Portuguesa. O uso desenfreado dos chama-
dos "estrangeirismos", aportuguesados ou não, muitas vezes me parece modismo. Não vejo ne-
cessidade alguma de usarmos o infeliz do startar ou mesmo estartar. Por que não INICIAR, 
COMEÇAR ou PRINCIPIAR? Num seminário recente, ouvi do palestrante, após o coffee bre-
ak: "Vamos reestartar."Se não bastasse estartar, agora querem reestartar. É demais! 
Outra desgraça é o paper. Além de mal traduzido, ainda está sendo usado num sentido muito 
amplo. Tudo virou paper. Quando me pedem um paper, não sei se é um relatório, um fax, uma 
carta ou uma proposta. Só falta o paper higiênico. 
Também sugiro a substituiçãode uma péssima performance por um melhor DESEMPENHO 
sexual. 
É lógico que existem alguns estrangeirismos inevitáveis. SOFTWARE e MARKETING, por 
exemplo, são palavras consagradas entre nós. Já tentamos traduzi-las e depois aportuguesá-las. 
Luta em vão. São palavras que todos nós usamos e até podemos, hoje, escrevê-las sem aspas 
(aqui, no JB, nós costumamos usar os estrangeirismos em itálico, porém os mais consagrados 
já dispensam o grifo). 
Algumas palavras suscitam polêmica, como é o caso de DELETAR e ACESSAR. 
São palavras facilmente aportuguesadas e que, no meu modo de ver, são restritas à área de in-
formática. Imagine uma manchete no JB: "Policial deleta marginal". Seria ridículo! Você diz 
que o Presidente teve acesso à tribuna de honra, mas jamais diria que ele "acessou" a tribuna de 
honra (o verbo ACESSAR não tem esse sentido genérico de "ter acesso"). 
Há estrangeirismos cujas traduções são questionáveis ou "não pegam". 
KNOW HOW e IMPEACHMENT são exemplos disso. KNOW HOW seria "conhecimento ou 
tecnologia", mas eu tenho a certeza de que "quem vende KNOW HOW cobra 
mais caro". No caso do IMPEACHMENT ocorre algo curioso. Na Constituição Brasileira, a 
palavra é IMPEDIMENTO. Quando se começou a falar sobre o IMPEACHMENT do Collor, 
nós bem que tentamos usar o IMPEDIMENTO. Mas não deu. Na época, eu tive a sensação de 
que IMPEDIMENTO era pouco, o que se queria era IMPEACHMENT. Parece brincadeira, 
mas não é. Há palavras estrangeiras cujas traduções não têm o "mesmo peso". O mesmo IM-
PEDIMENTO que substitui maravilhosamente bem o velho off side no futebol é "fraco" para 
substituir o IMPEACHMENT. Alguns alunos detestam quando eu afirmo que há palavras que 
"não pegam". Ora, pior é vivermos num país onde existem leis que "não pegam". 
Outro problema difícil é o aportuguesamento. Há casos consagrados como FUTEBOL, ABA-
JUR, ESPAGUETE, GRIFE e outros mais. Entretanto, há os problemáticos: XAMPU ou 
SHAMPOO? A forma XAMPU já é bastante usada quando nos referimos aos xampus em ge-
ral. Porém, nos rótulos dos shampoos, continua a forma estrangeira. Talvez os fabricantes te-
mam que os brasileiros pensem que se trate de algum xampu vagabundo. Outro exemplo é s-
tress. Eu prefiro ESTRESSE, por ser facilmente aportuguesado e, principalmente, para ser coe-
rente com a forma derivada: ESTRESSADO. 
Por outro lado, creio que o aportuguesamento de SHOW é do tipo que "não pega", porque fi-
cou preso à Xuxa, a rainha dos baixinhos e a mãe do XOU. 
LEIAUTE é outro aportuguesamento que dificilmente será usado. A forma inglesa é mais po-
derosa. 
FEEDBACK é um exemplo curioso. O aportuguesamento FIDEBEQUE ficou horroroso e tra-
duzi-la por retroalimentação é perigosíssimo na linguagem falada: alimentação por onde? RE-
ALIMENTAÇÃO ou RETORNO são boas soluções. 
Como você pôde observar, é muito difícil criar uma regra. Cada caso merece uma análise indi-
vidual. Entretanto, uma regra podemos seguir: 
para qualquer novo estrangeirismo, primeiro devemos buscar uma palavra correspondente em 
português. E antes de usarmos a forma estrangeira, ainda devemos tentar o aportuguesamento. 
 
E - PALAVRAS PARÔNIMAS 
São palavras parecidas na forma, mas com significados diferentes. 
 
AS DÚVIDAS 
 
1. TRÁFICO ou TRÁFEGO? 
Deu no JB: "Controlador de TRÁFICO aéreo adquire repentinamente poderes paranormais." 
Perdoe-nos, o tal controlador paranormal é de TRÁFEGO aéreo. 
É bom lembrar que TRÁFICO é um comércio ilegal: de drogas, de escravos, de crianças, de 
mulheres, de influência... 
Em relação a trânsito, a movimento, devemos usar TRÁFEGO. Grandes "engarrafamentos" 
ocorrem em cidades, como São Paulo, onde o TRÁFEGO é intenso. 
Aqui vai um teste para os cariocas que conhecem bem a Rua São Clemente no bairro de Bota-
fogo. Responda rápido: "São Clemente é uma rua de muito TRÁFEGO ou de muito TRÁFI-
CO?" Se você respondeu "depende", parabéns. 
 
2. DISCRIMINAR ou DESCRIMINAR? 
DISCRIMINAR é "segregar, separar, listar". Uma pessoa pode ser discriminada devido à sua 
cor, à sua condição social ou cultural, à sua religião... Uma nota fiscal DISCRIMINADA é a-
quela em que os itens estão "listados, separados". 
DESCRIMINAR é "inocentar, tirar a culpa de um crime, deixar de ser crime". Muitos advoga-
dos preferem usar o neologismo DESCRIMINALIZAR. 
A frase "O debate pode acabar com o preconceito contra a droga e levar à DISCRIMINAÇÃO 
do seu uso" está errada. Nesse caso, o correto é "...levar à DESCRIMINAÇÃO (ou DESCRI-
MINALIZAÇÃO) do seu uso". O autor não se referia à possibilidade de o usuário da droga vir 
a ser DISCRIMINADO, e sim ao fato de o uso da droga ser DESCRIMINADO 
(=DESCRIMINALIZADO), ou seja, "deixar de ser crime". 
 
3. DESAPERCEBIDO ou DESPERCEBIDO? 
Ouvimos freqüentemente: "Muitos detalhes passaram DESAPERCEBIDOS". Está errado! O 
correto é: "Muitos detalhes passaram DESPERCEBIDOS". 
DESAPERCEBIDO não significa, como muitos imaginam, "aquilo que não foi percebido, no-
tado, observado". DESAPERCEBIDO significa "desprovido, quem não se apercebeu de algu-
ma coisa, quem não está ciente, quem não tomou consciência". 
É uma questão de lógica. Observe: "quem não é leal é desleal, quem não está preparado está 
despreparado, quem não está prevenido está desprevenido"; portanto, "aquilo que não se perce-
beu passou DESPERCEBIDO". 
Em "O auditor estava DESAPERCEBIDO", sugiro que não se utilize a palavra DESAPERCE-
BIDO mesmo no sentido correto (=desprovido, que não tomou ciência). O leitor dificilmente 
vai entender, é capaz de imaginar que "ninguém percebeu a presença do auditor, que ele não 
foi notado". Não esqueça, portanto, a diferença: 
DESPERCEBIDOS (=não percebidos) é derivado do verbo PERCEBER (=notar, observar); 
DESAPERCEBIDOS (=não apercebidos) é derivado do verbo APERCEBER-SE (=tomar ciên-
cia, prover-se) 
O mais importante é você não esquecer que, para aquilo que não se percebeu, o correto é DES-
PERCEBIDO. 
 
4. DESTRATAR ou DISTRATAR? 
DESTRATAR significa "tratar mal"; 
DISTRATAR significa "romper um trato". 
Quando um contrato é rompido, o documento que se assina chama-se DISTRATO. 
Portanto, a frase "Ela foi DISTRATADA pelo marido na frente dos vizinhos" está errada. O 
certo é: "Ela foi DESTRATADA pelo marido na frente dos vizinhos". 
 
5. ACIDENTE ou INCIDENTE? 
ACIDENTE é "um desastre, um acontecimento com conseqüências graves"; 
"INCIDENTE" é "um acontecimento com conseqüências menores, um episódio". 
Observe a diferença: 
"Cinco pessoas morreram no ACIDENTE. A Via Dutra ficou interrompida durante quatro ho-
ras." 
"Perdoe-nos pelo INCIDENTE de ontem. Esse tipo de discussão não mais se repetirá." 
 
F - PALAVRAS HOMÔNIMAS 
As palavras homônimas homófonas (=iguais na pronúncia, com diferença na grafia e sentidos 
diferentes) merecem atenção. 
 
AS DÚVIDAS 
 
1. SERRAR ou CERRAR? 
SERRAR é "cortar"; CERRAR é "fechar". 
A frase "Ele SERROU os olhos e adormeceu" é um absurdo. Na verdade, "Ele CERROU os 
olhos e adormeceu". 
Este caso me faz lembrar o dia em que certo comerciante ordenou a seus empregados: "Hoje, 
eu quero todas as portas da loja SERRADAS às 18:00h". 
Foi prontamente atendido. No fim da tarde, todas as portas estavam pela metade. 
 
2. CASSAR ou CAÇAR? 
CASSAR significa "anular", portanto ninguém pode ser CASSADO. 
A frase "O prefeito pode ser CASSADO a qualquer momento" é inadequada. 
Deveríamos dizer: "O MANDATO do prefeito pode ser CASSADO a qualquer momento". Na 
verdade, o poder de mando do prefeito é CASSADO (=anulado, perde seu valor, fica sem o 
poder). Recentemente, li que uma certa companhia de ônibus de Niterói foi CASSADA. Im-
possível! CASSADA foi a licença ou o alvará da tal companhia de ônibus. 
Portanto, deputados, vereadores, prefeitos não podem ser CASSADOS, embora alguns mere-
çam ser CAÇADOS. 
 
G - REDUNDÂNCIAS 
 
O CASO 
 
Com muita freqüência, ouvimos na televisão: "O filme é baseado em FATOS REAIS." Eu a-
creditopiamente pois, se não fossem REAIS, não seriam FATOS. Para quem não sabe, todo 
FATO é REAL. Não existe "fato irreal". 
Uma história pode ser real ou não; mas FATO é o "o que aconteceu". 
Portanto, FATO REAL, FATO CONCRETO, FATO VERÍDICO e FATO ACONTECIDO são 
redundâncias. É um tipo de pleonasmo. Não são tão grosseiros como os tradicionais SUBIR 
PARA CIMA, DESCER PARA BAIXO, SAIR PARA FORA e ENTRAR PARA DENTRO. 
Outro pleonasmo que ouvimos muito é: "Zagallo vai pôr o Juninho para ser o ELO de LIGA-
ÇÃO entre a defesa e o ataque." Ora, todo ELO é de LIGAÇÃO. 
Bastaria dizer: "Zagallo vai pôr o Juninho para ser o ELO entre a defesa e o ataque." Ou "Za-
gallo vai pôr o Juninho para fazer a LIGAÇÃO entre a defesa e o ataque." 
Um leitor de Língua Viva enviou um documento da área médica em que se lia: "Pode haver 
HEMORRAGIA de SANGUE." Não entendi o temor. Será que pode haver HEMORRAGIA de 
urina ou de esperma.!? 
Pior é o professor de matemática que pede ao aluno que divida a figura em DUAS METADES 
IGUAIS. É a "redundância da redundância"! Metades são sempre duas e, se não fossem iguais, 
não seriam metades. Criança é que tem o hábito de pedir: "A metade maior é minha". Na ver-
dade, ela quer o pedaço maior. 
Em 1996, fui convidado para um seminário em São Paulo. Eram duas empresas organizadoras: 
uma de eventos e outra da área de Qualidade. 
Para ser o palestrante, após muita discussão, recebi a seguinte proposta: "Tiramos toda a despe-
sa e dividimos o lucro em TRÊS METADES." 
Imediatamente eu respondi: "Em TRÊS METADES eu não aceito." O representante da empre-
sa de Qualidade, amigo meu, ficou surpreso com a minha recusa: "Se você aceitar, vai ganhar 
mais dinheiro." Mas eu fiquei firme na minha posição: "Em TRÊS METADES eu não aceito, 
pois a minha religião não permite." 
É interessante lembrar que a ênfase, para alguns, justifica tantas redundâncias que ouvimos por 
aí: CONSENSO GERAL, PLANEJAMENTO ANTECIPADO, EVIDÊNCIA CONCRETA, 
PROTAGONISTA PRINCIPAL, EMPRÉSTIMO TEMPORÁRIO, SURPRESAS INESPE-
RADAS e outros mais. 
 
Por Fascículo > 2. Concordância Verbal 
 
1. A MAIORIA DE / A MAIOR PARTE / GRANDE PARTE DE / BOA PARTE 
2. COLETIVOS 
3. FRAÇÃO 
4. INFINITIVO 
5. METADE 
6. MIL / MILHÃO / NUMERAIS 
7. NÃO SÓ...MAS TAMBÉM / NÃO SÓ...COMO TAMBÉM 
8. NEM ... NEM 
9. OU 
10. PERCENTAGEM 
11. SE - PARTÍCULA APASSIVADORA 
12. SE - PARTÍCULA INDETERMINADORA DO SUJEITO 
13. NOMES PRÓPRIOS no PLURAL 
14. TUDO / NADA / NINGUÉM 
15. UM DOS QUE 
16. VOSSA SENHORIA / SUA SENHORIA 
17. Verbo CUSTAR 
18. Verbos DAR / BATER / SOAR (aplicado a horas) 
19. Verbos HAVER e EXISTIR 
20. Verbo FAZER 
21. Verbo SER 
 
Regra básica: O verbo deve concordar com o sujeito em pessoa e número. 
 
A) SUJEITO COMPOSTO - rigidamente o verbo deve concordar no PLURAL 
 "As casas de veraneio e os pescadores COMPÕEM o cenário da região." 
"SERIAM NECESSÁRIOS ainda mais de 100 médicos e muitos auxiliares de enfermagem." 
"Aos poucos a escatologia e a quantidade de mortos VÃO se multiplicando." 
 
OBSERVAÇÃO 1: 
Quando o sujeito composto estiver posposto (=depois do verbo), é aceitável a concordância a-
trativa (= no singular, concordando com o núcleo do sujeito que estiver mais próximo): 
 "PASSARÁ o céu e a terra, mas minhas palavras ficarão." 
 "CHEGA hoje ao Rio o presidente e sua comitiva." 
 
A nossa preferência, no JB, é a concordância do verbo no PLURAL: 
 "ACABAM o acúmulo de aposentadorias e a aposentadoria especial." 
 "VIAJARAM para Brasília o gerente e o diretor." 
 
OBSERVAÇÃO 2: 
Quando o sujeito é composto por duas ou mais orações (=infinitivos), o verbo deve concordar 
no SINGULAR: 
 "Andar e correr FAZ bem." 
 "Trabalhar durante o dia e estudar à noite ainda não MATOU ninguém." 
 
OBSERVAÇÃO 3: 
Quando o sujeito composto tiver núcleos de pessoas diferentes, a 1ª. pessoa é predominante 
(Eu e tu = nós; eu e você = nós; ela e eu = nós ): 
 "Eu, tu e ele RESOLVEMOS o caso." 
 "O diretor e eu FOMOS à reunião." 
A 2ª. pessoa predomina sobre a 3ª.pessoa (Tu e ele = vós): 
 "Tu e ele DEVEIS comparecer à reunião." 
Na linguagem corrente, é freqüente o uso do verbo na 3ª pessoa": 
 "Em que língua tu e ele FALAVAM?" 
Para evitarmos discussão, preferimos substituir TU por VOCÊ (Você e ele = vocês): 
 "Você e ele DEVEM comparecer à reunião." 
 
B) SUJEITO SIMPLES - o verbo deve concordar com o núcleo do sujeito: 
"O preço dos aluguéis, que deram um salto de 208%, já ESTÁ praticamente no mesmo nível." 
 "A remuneração das cadernetas BAIXOU..." 
 "As empresas de São Paulo EXPÕEM e VENDEM diretamente seus produtos." 
 "O índice de óbitos ESTÁ acima dos padrões normais." 
"O cumprimento das metas dos programas de reestruturação também TEM SIDO ANALISA-
DO." 
 "Os preços dos pratos SÃO bem ACESSÍVEIS." 
 "Apesar de o preço das entradas TER SIDO BARATO..." 
 "Fios expostos PÕEM em risco a segurança dos alunos." 
 "BASTAM não mais do que alguns quilômetros para decifrá-lo." 
"Esta lei já existe na Suécia e no Canadá onde DIMINUÍRAM os acidentes nas estradas." 
 
Casos especiais: 
 
1. A MAIORIA DE / A MAIOR PARTE / GRANDE PARTE DE / BOA PARTE 
 (Sujeito simples - núcleo = PARTITIVOS) 
 
"A maioria dos candidatos já DESISTIU ou DESISTIRAM?" 
 
O verbo pode ficar no SINGULAR (concordando com o núcleo do sujeito = MAIORIA) ou no 
PLURAL (concordando com o nome plural posposto ao partitivo = CANDIDATOS): 
 "A MAIORIA dos candidatos já DESISTIU." 
 OU "A maioria dos CANDIDATOS já DESISTIRAM." 
 
A nossa preferência, no JB, é o verbo no SINGULAR: 
 "A MAIORIA dos entrevistados REPROVA a administração municipal." 
 "A MAIORIA dos feridos FOI PISOTEADA." 
"A MAIORIA das comunidades isoladas do Norte PODE se aproveitar da biomassa de espé-
cies..." 
"Boa PARTE dos problemas TEM sua origem nos 'freemen' (homens livres) chegados dos Es-
tados Unidos." 
 "Grande PARTE das infecções PODE SER EVITADA ou CURADA." 
 "A MAIORIA das fraudes É COMETIDA durante longo tempo por empregados." 
 "A maior PARTE dos recursos VIRÁ da Brahma e da Embratel." 
 "PARTE das instalações FOI DEMOLIDA." 
 
2. COLETIVOS 
 
Um bando de ... 
Um grupo de ... 
Uma manada de ... 
 
Embora alguns gramáticos aceitem o verbo no plural quando acompanha um adjunto plural, 
nós devemos usar o verbo no SINGULAR: 
 "Um CASAL de turistas alemães não RESISTIU e CAIU no samba." 
 "Um GRUPO de artistas ainda iniciantes ALUGOU uma sala." 
 "Um GRUPO de crianças também É CONVIDADO." 
 "Um GRUPO de pessoas SAIU mais cedo" 
 "Um BANDO de marginais FUGIU ontem à noite." 
 "Uma MANADA de bois FOI VENDIDA para pagar a dívida." 
 
OBSERVAÇÃO 1: 
 "Um GRUPO de mais de trinta mulheres TRABALHAM como voluntárias." 
Nesse caso, devido ao predicativo plural (=voluntárias), preferimos o verbo no plural. 
 
OBSERVAÇÃO 2: 
A concordância do verbo com o núcleo do sujeito é indiscutível. 
Se você tem dificuldade para identificar o núcleo do sujeito, aqui vai uma dica: "é o substanti-
vo ou o pronome que antecede a preposição de": 
"Boa parte dos candidatos já DESISTIU." (o sujeito simples é "boa parte dos candidatos"; o 
núcleo é parte) 
"Um bando de marginais FUGIU." (o sujeito simples é "um bando de marginais"; o núcleo é 
bando) 
"Metade dos alunos FOI APROVADA." (sujeito ="metade dos alunos"; núcleo = metade) 
"Alguém dentre nós FARÁ o trabalho." (sujeito ="alguém dentre nós"; núcleo = alguém) 
"Muitos de nós LERAM o livro." (sujeito ="muitos de nós"; núcleo = muitos) 
"O presidente destas empresas VIAJOU para Brasília." (sujeito ="o presidente destas empre-
sas"; núcleo = presidente) 
"Os diretores desta empresa VIAJARAM para Brasília." (sujeito ="os diretores desta empresa"; 
núcleo = diretores) 
 
3. FRAÇÃO 
 
O verbo deve concordar com o numerador: 
 "UM terço COMPARECEU." 
 "DOIS terços COMPARECERAM." 
 "UM QUARTO das empresas pesquisadas PERDEU mais de US$ 1 milhão." 
 "UM TERÇO da população não TEM acessoa consultas médicas." 
 "TRÊS QUARTOS das fraudes FORAM COMETIDOS pelos empregados." 
 "DOIS TERÇOS da frota CIRCULARAM." 
 
4. INFINITIVO 
 ...para RESOLVER ou RESOLVEREM 
 ...de SAIR ou SAÍREM 
 ...a FAZER ou FAZEREM 
 
É um caso muito controvertido que merece várias observações: 
 
A) "Os técnicos estão aqui PARA RESOLVER ou RESOLVEREM o problema?" 
É facultativo. A nossa preferência é pelo SINGULAR: 
 "Os técnicos estão aqui PARA RESOLVER o problema." 
 "Duas novas ruas estão sendo abertas para FACILITAR o acesso." 
"O projeto contempla o direito de pessoas com doenças incuráveis interromperem um trata-
mento doloroso para MORRER dignamente." 
"O curso tem reunido economistas do IBGE para CRIAR uma pesquisa mais abrangente." 
"Usineiros e representantes estarão em Brasília para PRESSIONAR o governo federal." 
 "O técnico orientou seus jogadores para PRESSIONAR o Palmeiras." 
"Os pais trintões voltam ao Teatro do Leblon para LEVAR seus filhos e CANTAR juntos a tri-
lha de Chico Buarque." 
 
B) "Eles foram proibidos DE SAIR ou DE SAÍREM?" 
 "Eles foram obrigados A FAZER ou A FAZEREM o teste?" 
 
Não se flexiona o infinitivo com preposição que funcione como complemento de substantivo, 
adjetivo ou do próprio verbo principal. 
No JB, não discutimos se é facultativo ou não. Preferimos o SINGULAR: 
 "Eles foram proibidos DE SAIR." 
 "Eles foram obrigados A FAZER o teste." 
 "Um em cada cinco enfermeiros está ajudando seus pacientes a MORRER..." 
"Os paulistanos foram obrigados a PASSAR quatro horas no saguão do aeroporto." 
 "O decreto obriga os trens a TRAFEGAR de portas fechadas." 
"A falta de informação leva outros meninos a FAZER a mesma coisa todos os dias." 
 "Um psiquiatra faz sucesso convencendo pacientes a AGIR como crianças." 
 "A lei proíbe os brasileiros de FUMAR na ponte-aérea." 
"Ele proibiu seus músicos de PARTICIPAR de qualquer tipo de trabalho com discos." 
 
OBSERVAÇÃO 1: 
Na voz passiva e com os verbos de ligação, devemos usar o infinitivo no PLURAL: 
"O TSE liberou duas das quatro parcelas do Fundo Partidário para SEREM DIVIDIDAS por 
26 partidos." 
"O porta-voz francês informou que as medidas concretas a SEREM TOMADAS contra o terror 
são iguais às da Inglaterra." 
"As reservas técnicas dos museus reúnem peças quase nunca expostas, mas que dão muito tra-
balho para SEREM CONSERVADAS." 
 "Elas tiveram que suar muito para SE TORNAREM as campeãs." 
 "Elas têm que malhar bastante para FICAREM magrinhas." 
 "As células-mãe são preparadas para SE TORNAREM resistentes." 
 
OBSERVAÇÃO 2: 
O verbo no plural enfatiza o agente em vez do fato. Em caso de ambigüidade, sugerimos o plu-
ral para evitar dúvidas: 
"Fernando Henrique Cardoso libera os seus ministros para SUBIREM em palanque." 
 
OBSERVAÇÃO 3: 
Quando o sujeito está claramente expresso, a concordância é obrigatória: 
 "Houve uma ordem para os alunos FAZEREM todos os testes." 
 "O gerente mandou seus subordinados RESOLVEREM o problema." 
 "O aumento dos zíperes não fez o preço das roupas DISPARAR." 
 "Só tem espaço para PASSAREM no máximo duas pessoas ao mesmo tempo." 
 "Qual é a melhor maneira de se CONSEGUIREM bons resultados." 
 
5. METADE 
 
 "METADE dos candidatos DESISTIU ou DESISTIRAM ?" 
 
É a mesma regra dos PARTITIVOS (= uso facultativo). Preferimos o verbo 
no SINGULAR, para concordar com o núcleo do sujeito: 
 "METADE dos candidatos DESISTIU." (ou DESISTIRAM) 
 "METADE dos fumantes do mundo VAI MORRER por causa do tabaco." 
 "Quase METADE dos executivos não TEM conhecimento..." 
 "METADE das ruas não TEM coleta de lixo." 
 "METADE do time não TEM visto." 
 
Observação: 
Com a forma MAIS DA METADE (=seguido de um substantivo no plural), o mais usual é o 
verbo no plural: 
 "MAIS DA METADE dos médicos britânicos SÃO a favor..." 
 "MAIS DA METADE de todos entrevistados ESTÃO no mercado." 
"MAIS DA METADE dos eleitores da capital catarinense ainda ESTÃO sem o documento." 
 "MAIS DA METADE dos dependentes se CONTAMINARAM." 
"MAIS DA METADE dos cheques consultados pelos comerciantes em julho, através do tele-
cheque, SÃO PRÉ-DATADOS." 
 
6. MIL / MILHÃO / NUMERAIS 
 
MIL 
 
O numeral que antecede a MIL deve concordar com o substantivo a que se refere: 
 "Ela é capaz de fazer VINTE E UMA MIL embaixadinhas." 
"Ela é capaz de fazer quarenta e UMA mil, SETECENTAS e oitenta e DUAS embaixadinhas." 
 "DUAS mil pessoas compareceram à reunião." 
 "Recebeu DOIS mil dólares." 
 
OBSERVAÇÃO 1: 
Não use "um mil" ou "uma mil", mas apenas: 
 "Recebeu MIL REAIS." 
 "MIL PESSOAS compareceram à reunião." 
 
MILHÃO / BILHÃO / TRILHÃO 
 
O numeral que antecede a MILHÃO fica sempre no masculino. 
 "Seria capaz de fazer UM MILHÃO e MEIO de embaixadinhas." 
 "Mais de DOIS MILHÕES de pessoas assistiram ao espetáculo." 
 
OBSERVAÇÃO 2: 
Sujeito simples - núcleo = MILHÃO ou BILHÃO ou TRILHÃO 
Um milhão de ... 
Meio milhão de ... 
 
 "Um MILHÃO de pessoas VIVE ou VIVEM na China?" 
 
É um caso facultativo. 
 "Um BILHÃO de dólares FOI GASTO nesta obra." (ou FORAM GASTOS) 
 "Um MILHÃO de pessoas VIVE na China." (ou VIVEM) 
A nossa preferência é pelo PLURAL: 
 "Um milhão de doses de vacina FORAM RETIRADAS do mercado." 
 "Meio milhão de pessoas ESTÃO DESABRIGADAS." 
 "Mais de um milhão de dólares ESTÃO SENDO USADOS no projeto." 
Se o verbo estiver antes, porém, o verbo concordará com MILHÃO ou MILHÕES: 
 "FOI CONSTRUÍDO um milhão de casas populares só neste bairro." 
 "FORAM PREJUDICADOS 5 milhões de pessoas." 
 "EXISTE mais de 1,5 milhão de desempregados." 
 
OBSERVAÇÃO 3: 
Cerca de... 
Perto de... 
Por volta de ... 
Em torno de ... 
Mais de ... 
Menos de ... 
O verbo deve concordar com o substantivo (= núcleo do sujeito): 
 "Cerca de três mil pessoas ENTRARAM em confronto com a polícia." 
 "Perto de cinqüenta mil torcedores ASSISTIRAM ao jogo." 
 "Mais de duzentos inscritos FALTARAM à prova." 
 
7. NÃO SÓ...MAS TAMBÉM / NÃO SÓ...COMO TAMBÉM 
 
O verbo vai normalmente para o PLURAL, concordando com o sujeito composto: 
 "Não só o aluno mas também o professor ERRARAM a questão." 
 "Não só o público como também os organizadores FICARAM insatisfeitos." 
 
8. NEM ... NEM 
 
Quando o sujeito é SIMPLES, o verbo fica no SINGULAR: 
 "Nem um nem outro diretor COMPARECEU à reunião." 
 "Ainda não CHEGOU nem uma nem outra candidata." 
 
Quando o sujeito é COMPOSTO, a concordância é facultativa (singular ou 
plural): 
 "Nem o gerente nem o diretor COMPARECEU ou COMPARECERAM à reunião." 
 "Nem eu nem você PODE ou PODEMOS viajar neste mês." 
 
OBSERVAÇÃO: 
Se houver idéia de alternativa (=o fato expresso pelo verbo só pode ser atribuído a um dos su-
jeitos), devemos usar o verbo no SINGULAR: 
"Nem o Pedro nem o José SERÁ ELEITO o presidente do grêmio estudantil." 
(=só um pode ser eleito) 
 
9. OU 
 
a) Se houver idéia de "exclusão", o verbo concorda com o núcleo mais próximo: 
"Ou você ou eu TEREI de resolver o problema." (=apenas um resolverá o 
problema) 
"Ou eu ou o diretor TERÁ de viajar para São Paulo." (=apenas um 
viajará) 
 "O Brasil ou Chile SERÁ a sede do próximo campeonato." 
 
b) Se não houver idéia de "exclusão" (=e/ou), a concordância é facultativa: 
"O gerente ou o diretor PODE ou PODEM assinar o contrato." (=um ou os dois podem assinar) 
 "Dinheiro ou cheque RESOLVE ou RESOLVEM o meu problema." 
 
c) Se houver idéia "aditiva" (=e), o verbo deve concordar no plural: 
"O pintor ou o escultor MERECEM igualmente o prêmio." (=o pintor e o escultor merecem i-
gualmente o prêmio) 
 "Futebol ou carnaval FAZEM a alegria do brasileiro." 
 
d) Se houver idéia de "dúvida" (=retificação de número), o verbo deve concordar com o 
mais próximo: 
 "Ladrão ou ladrões INVADIRAM o palacete do Morumbi." 
 "O assassino ou assassinos já DEVEM estar no exterior." 
 
10. PERCENTAGEM 
 
Sem especificador, o verbo deve concordar com a percentagem: 
 "1% VOTOU." (até 1,9% = verbono singular); 
 "2% VOTARAM." (acima de 2% = verbo no plural). 
 
OBSERVAÇÃO 1: 
COM ESPECIFICADOR singular, o verbo pode concordar com o especificador no singular: 
 "2% da população VOTOU." 
 "5% do ICMS VAI para os municípios." 
 "Noventa por cento da produção musical hoje É FEITA em CD." 
 "Dez por cento da população brasileira É SUBNUTRIDA." 
 "Trinta por cento da fazenda SERÁ OCUPADA." 
 "Vinte por cento da água ESTÁ CONTAMINADA." 
 "Oitenta por cento dessa quantia ERA ENTREGUE a clínicas conveniadas." 
"Quase 90% do faturamento da Coleman do Brasil É PROVENIENTE de produtos fabricados 
aqui." 
 "80% da área em torno do parque ESTÁ DESMATADA." 
"Segundo a Secretaria dos Transportes, às cinco horas da manhã apenas dois por cento da frota 
CIRCULOU." 
 
OBSERVAÇÃO 2: 
COM ESPECIFICADOR plural, o verbo deve concordar com o número: 
 "Em torno de 1% dos viciados MORRE a cada ano." 
"40% dos eleitores entrevistados RESPONDERAM que não ESTAVAM INTERESSADOS." 
 "Quase 90% dos empresários ACHAM que o risco de fraude é maior..." 
 
OBSERVAÇÃO 3: 
Quando o percentual é antecedido por um DETERMINANTE, a concordância é feita com esse 
determinante: 
 "Esses trinta por cento da fazenda SERÃO OCUPADOS." 
 "Os restantes quinze por cento da produção VÃO SER ARMAZENADOS. 
 
11. SE - PARTÍCULA APASSIVADORA 
 
 "ALUGA-SE ou ALUGAM-SE apartamentos ?" 
 
Quando a partícula SE é apassivadora, significa que a frase está na voz passiva (=sujeito "so-
fre" a ação verbal). Apartamentos é o sujeito e está no plural. Portanto, o certo é: "ALUGAM-
SE apartamentos". 
É um caso de voz passiva sintética ou pronominal. Corresponde a "Apartamentos SÃO ALU-
GADOS". 
Quando vejo escrito numa placa "CONCERTA-SE bicicletas", primeiro fico imaginando uma 
"sinfonia" de bicicletas e, depois, a necessidade de CONSERTAR a plaquinha. O certo é: 
"CONSERTAM-SE bicicletas"(="Bicicletas SÃO CONSERTADAS"). 
Para que a partícula SE seja apassivadora, é preciso que haja um "objeto direto" para se trans-
formar em sujeito passivo. O verbo deve concordar com o sujeito passivo: 
 "VENDE-SE este automóvel." ( = Este automóvel é vendido); 
 "VENDEM-SE automóveis." ( = Automóveis são vendidos). 
Vejamos mais exemplos: 
"A idéia de SE CONVOCAREM mulheres e seminaristas para um serviço obrigatório alterna-
tivo ..." (="A idéia de mulheres e seminaristas serem convocados...") 
 "...para que SE USEM os veículos com moderação durante o inverno." (=...para que os veícu-
los sejam usados com moderação durante o inverno). 
 "Cada vez mais SE FAZEM diagnósticos do vírus." 
 "Quando SE EXCLUEM as importações de automóveis ..." 
 "Não faz busca por proximidade onde SE OBTÊM respostas." 
 "Já SE VÊEM alguns traços do futuro." 
"Os sons da África vão revelando histórias que não se VÊEM." (=que não são vistas) 
 "Não estamos contra que SE TAXEM as propriedades improdutivas." 
 "MULTIPLICAM-SE os casos de armas em mãos erradas." 
 "Não SE PERCEBERAM ainda todos os erros." 
 "Não SE PODEM PROIBIR as pessoas de fazer o que gostam." 
 "PODEM-SE FAZER passeios de charrete..." 
 "DEVEM-SE EVITAR as formas repolhudas." 
"Estes são os livros que SE PODEM ler." (=...os livros que PODEM ser lidos) 
"Estas são as metas que SE DEVEM atingir." (=...as metas que DEVEM ser atingidas) 
 
12. SE - PARTÍCULA INDETERMINADORA DO SUJEITO 
 
Se não houver "objeto direto" para virar "sujeito passivo", a partícula SE é indeterminanadora 
do sujeito. O sujeito é indeterminado e o verbo concorda no SINGULAR: 
 "PRECISA-SE de operários." (de operários = objeto indireto) 
 "Não SE NECESSITA mais de todos esses dados." (=objeto indireto) 
 "É necessário que SE RECORRA a soluções de impacto." (=obj.ind.) 
 "Não SE ACREDITA mais em marcas nacionais." (obj.ind.) 
 "DEVE-SE aspirar a melhores resultados." (=obj.ind.) 
"MORRE-SE de frio e de fome nesta terra." (de frio e de fome = adjuntos adverbiais de causa; 
nesta terra = adjunto adverbial de lugar) 
 "Não SE VIVE mais como naqueles tempos." (VIVER = verbo intransitivo) 
 "HÁ de SE viver com mais dignidade desta terra." (sem objeto direto) 
 
13. NOMES PRÓPRIOS no PLURAL 
 
Se o nome próprio vier antecedido de artigo plural, o verbo deve concordar no plural: 
"Os ESTADOS UNIDOS CONVIDARAM, mas a seleção brasileira corre o risco de não parti-
cipar da Copa Ouro, na Califórnia." 
 "Os ALPES SUÍÇOS CAUSARAM um grande deslumbramento." 
 "Os ANDES FICAM na América do Sul." 
 "Os ESTADOS UNIDOS não ACEITARAM as condições impostas..." 
 "As MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS CONSAGRARAM Machado de Assis." 
 
OBSERVAÇÃO 1: 
Se não houver artigo no plural, o verbo fica no SINGULAR: 
 "Memórias Póstumas de Brás Cubas CONSAGROU Machado de Assis." 
 "Santos FICA em São Paulo." 
 "O Amazonas DESÁGUA no Oceano Atlântico." 
 
OBSERVAÇÃO 2: 
Com nomes de obras artísticas, mesmo antecedidas de determinante no plural, preferimos o 
verbo no SINGULAR: 
 "OS LUSÍADAS IMORTALIZOU Camões." 
 "OS SERTÕES NARRA a luta de Canudos." 
 
OBSERVAÇÃO 3: 
Com o verbo SER e o predicativo a seguir no singular, preferimos o verbo no SINGULAR: 
 "Os Lusíadas É A OBRA MAIOR da literatura portuguesa." 
 "Os Três Mosqueteiros É UM LIVRO GENIAL." 
 "Os Estados Unidos É O MAIOR EXPORTADOR do mundo." 
 "Os Estados Unidos já FOI o primeiro mercado consumidor." 
 
14. TUDO / NADA / NINGUÉM 
 
Antes ou depois de vários substantivos. Verbo no SINGULAR: 
 "TUDO, jornais, revistas, televisão, só TRAZIA más notícias." 
 "Livros, canetas, cadernos, TUDO ESTAVA sobre a mesa." 
 "NINGUÉM, pais, irmãos, primos, VEIO ajudá-lo." 
 "Bacalhau, vinho, azeite, NADA ESTEVE em sua mesa no último Natal." 
 
15. UM DOS QUE 
 
 "Ele é um dos que VIAJOU ou VIAJARAM ?" 
 
Embora alguns gramáticos considerem a concordância facultativa, nós devemos usar o verbo 
no PLURAL, para concordar com a palavra que antecede o pronome relativo QUE: 
 "Ele é um DOS que VIAJARAM." 
O raciocínio é o seguinte: "dentre aqueles que viajaram, ele é um". 
Um outro motivo que nos leva a preferir o verbo no PLURAL é a concordância nominal. To-
dos diriam que "ele é um dos artistas mais BRILHANTES" (="que mais BRILHAM). Nin-
guém usaria o adjetivo BRILHANTE no singular. 
Portanto, depois de UM DOS...QUE, faça a concordância com o verbo no PLURAL: 
 "Ela foi uma DAS MULHERES que SOCORRERAM as vítimas da enchente." 
"É aniversário de um DOS MAIORES HOSPITAIS do país que TRATAM o câncer infantil." 
 "Uma DAS LINHAS que TRAZEM energia de Itaipu foi desligada ontem." 
 "Um DOS que a CONVOCARAM foi o senador Rafael Michelini." 
 "Ela é uma DAS EMPRESAS CREDORAS que COMPÕEM o comitê de negociação." 
 "Eu fui um DOS que ACHAVAM que o Plano não daria certo." 
"Um DOS FATOS que mais CHOCARAM os pesquisadores foi a excessiva quantidade de 
prescrições." 
"Ele foi um DOS INTELECTUAIS que mais SE DESTACARAM na luta contra o regime dita-
torial." 
 
OBSERVAÇÃO 1: 
É interessante lembrar que, caso haja idéia de "exclusividade", o verbo ficará no SINGULAR: 
"Senhora é um dos romances de José de Alencar que CAIU no último vestibular." (Nesse caso, 
devemos entender que Senhora é o único romance de José de Alencar que CAIU na prova do 
vestibular) 
 
OBSERVAÇÃO 2: 
Quando o sujeito for o pronome relativo QUE, o verbo deve concordar com o antecedente: 
 "Fui eu que RESOLVI o problema." 
 "Fomos nós que RESOLVEMOS o problema." 
 "Eu fui o primeiro que RESOLVEU o problema." (ou "que RESOLVI ...") 
 "Nós fomos os últimos que SAÍRAM da sala." (ou "que SAÍMOS ...") 
 
OBSERVAÇÃO 3: 
Quando o sujeito for o pronome relativo QUEM, a concordância se faz normalmente na 3ª pes-
soa do singular: 
 "Fui eu QUEM RESOLVEU o caso." 
 "Na verdade, são vocês QUEM DECIDIRÁ a data." 
Observe que, se invertermos a ordem, não haverá dúvida alguma: 
 "QUEM RESOLVEU o caso fui eu." 
 "QUEM DECIDIRÁ a data são vocês." 
Entretanto, embora pouco usual, não é considerado erro o fato de o verbo concordarcom o 
pronome que antecede o QUEM: 
 "Fomos nós quem RESOLVEMOS o caso." 
 "Não sou eu quem DESCREVO." 
 
OBSERVAÇÃO 4: 
Quando não houver o pronome QUE, o verbo deve obrigatoriamente concordar com o núcleo 
do sujeito (=pronome que está antes da preposição DE): 
 "UM dos casais já TINHA mais de vinte anos de vida em comum." 
 "NENHUM de nós dois PÔDE comparecer ao encontro." 
 "ALGUÉM da equipe RESOLVEU o problema." 
 "QUAL de vocês CHEGOU em primeiro?" 
 "QUEM dentre nós ESTÁ DISPOSTO a sair?" 
"MUITOS de nós LERAM o livro." (Nesse caso poderíamos usar "Muitos de nós LEMOS o li-
vro", se quiséssemos subentender a idéia de "eu também" = ênfase no todo). 
 
16. VOSSA SENHORIA / SUA SENHORIA 
 
 "Vossa Excelência DEVE ou DEVEIS viajar ?" 
 
Os pronomes de tratamento (= VOSSA EXCELÊNCIA, VOSSA SENHORIA, VOSSA 
SANTIDADE, VOSSA MAJESTADE, VOSSA ALTEZA...) são de 3a. pessoa (=VOCÊ). 
 "Vossa Excelência DEVE viajar." 
 "Vossa Senhoria PODE trazer seus convidados." 
 "Sua Excelência DEVERÁ comparecer à reunião." 
 
OBSERVAÇÃO 1: 
São formas rigorosamente femininas. Quando se tratar de homem, é aceitável a concordância 
no masculino: 
 "Vossa Senhoria estava muito CANSADA ou CANSADO." 
 "Sua Excelência parece PREOCUPADA ou PREOCUPADO." 
Se houver aposto, a concordância é obrigatória: 
 "Sua Excelência, o presidente, parece PREOCUPADO." 
 
OBSERVAÇÃO 2: 
VOSSA EXCELÊNCIA deve ser usado quando nos dirigimos à pessoa. 
SUA EXCELÊNCIA deve ser usado quando falamos a respeito da pessoa. 
 
17. Verbo CUSTAR 
 
É unipessoal. Só deve ser usado na 3a. pessoa do singular. 
"Francamente, CUSTEI a me acostumar e até achei o conjunto um pouco feio." 
Embora usual, essa forma não segue rigorosamente a gramática. O correto seria "custou-me", 
mas isso é inadequado à fala de qualquer brasileiro. 
Podemos substituir por outras formas: 
 "Francamente, FOI DIFÍCIL eu me acostumar ..." 
 
OBSERVAÇÃO: 
Sempre que o sujeito for "oracional", o verbo deve concordar no singular: 
 "CUSTOU-me perceber a verdade." 
 "CUSTA a nós aceitar essas condições." 
 "FALTA chegarem dez convidados." 
 "No Vestibular, BASTA conseguir três mil pontos." 
 "É NECESSÁRIO convocar onze craques para poder sonhar com a Copa." 
 
18. Verbos DAR / BATER / SOAR (aplicado a horas) 
 
Quando houver sujeito (=relógio, sino...), o verbo deve concordar: 
 "O relógio DEU dez horas." 
 "O sino BATEU doze horas." 
 
Se não houver o sujeito, o verbo concorda com as horas: 
 "DERAM dez horas." 
 "BATERAM doze horas." 
 "BATEU meia-noite." 
 
19. Verbos HAVER e EXISTIR 
 
O verbo HAVER, no sentido de "existir", "ocorrer" ou "tempo decorrido", é IMPESSOAL 
(=sem sujeito); por isso só deve ser usado no SINGULAR. 
Observe os exemplos: 
 "Nesta competição não HÁ titulares ou reservas." (=existem) 
 "Já HOUVE vários acidentes nesta curva." (=ocorreram, aconteceram) 
 "HAVIA meses que não nos víamos." (=tempo decorrido) 
 "Mas se não HOUVESSE projetos de lei para a Imprensa." 
 "Desfez o mito da época em que não HAVIA condições técnicas." 
No presente do indicativo, ninguém erra. Ninguém diria: "Hão muitas pessoas na reunião". A 
dúvida só existe quando o verbo está no pretérito ou no futuro: "No próximo concurso HAVE-
RÁ ou HAVERÃO muitos candidatos". 
O certo é "HAVERÁ muitos candidatos". A regra não muda. É a mesma regra: esteja o verbo 
no presente, pretérito ou futuro. 
O erro mais grosseiro é o "famoso" houveram. É o caso da manchete de jornal: "Houveram vá-
rios crimes na Baixada". Com certeza o primeiro crime foi contra a língua portuguesa. 
 
OBSERVAÇÃO 1: 
Esta regra se aplica também às locuções verbais: 
 "DEVE HAVER muitas pessoas na reunião." (=devem existir) 
 "PODERIA TER HAVIDO alguns incidentes." (=poderiam ter ocorrido) 
 "O país tem centenas de microclimas em que PODE HAVER várias espécies." 
 "PODE HAVER várias especulações." 
 "DEVIA HAVER cinco anos que ele foi demitido." 
Nas locuções verbais, o verbo principal é sempre o último; os demais são verbos auxiliares. Se 
o verbo principal for impessoal (=sujeito inexistente), o verbo auxiliar fica no SINGULAR. 
 
OBSERVAÇÃO 2: 
O verbo EXISTIR é pessoal (=com sujeito) e deve concordar com o seu sujeito: 
 "EXISTEM no Brasil dois tipos de caipiras." (=sujeito plural) 
 "Na Polícia Federal não EXISTEM fotos dos traficantes." 
 "Nesta competição não EXISTEM titulares ou reservas." 
 "Praticamente não EXISTEM mais homens capazes de derrotá-lo." 
 "Ainda PODEM EXISTIR dúvidas para serem resolvidas." 
 
Os verbos OCORRER e ACONTECER também são pessoais: 
 "Nesta rua, já ACONTECERAM muitos acidentes." (=sujeito plural) 
 "Neste julgamento, PODEM OCORRER algumas injustiças." 
O verbo HAVER fica no singular porque não tem sujeito (=sujeito inexistente), mas os seus si-
nônimos têm sujeito e devem concordar. 
 
OBSERVAÇÃO 3: 
O verbo HAVER pode ser usado no plural, desde que não tenha o sentido "existir", "ocorrer" 
ou "tempo decorrido". 
Observe os exemplos: 
 "Os professores HOUVERAM por bem adiar as provas." (=decidiram) 
"Os alunos se HOUVERAM bem na defesa de tese." (=apresentaram, "se deram", "se saíram") 
 
20. Verbo FAZER 
 
O verbo FAZER, referindo-se a "tempo decorrido", é IMPESSOAL (=sem sujeito); por isso só 
deve ser usado no SINGULAR. 
 "FAZ dez anos que não nos vemos." 
 "FAZ sete ou oito minutos que ele não toca na bola." 
É interessante lembrar que esta regra se aplica também às locuções verbais. Quando o verbo 
principal for o FAZER (="tempo decorrido"), o auxiliar deve ficar no SINGULAR: 
 "Já DEVE FAZER duas horas que ela saiu." 
 "VAI FAZER cinco anos que não nos vemos." 
 
21. Verbo SER 
 
a) Quando não tem sujeito (=referindo-se a tempo ou espaço), deve concordar com a palavra 
seguinte: 
 "É uma hora da tarde." 
 "SÃO duas horas da tarde." 
 "SÃO treze horas." 
 "DEVE SER meio-dia e meia." 
 "PODERIAM SER doze horas e trinta minutos." 
 "ERAM dez para as três." 
 "SÃO treze quilômetros até o centro da cidade." 
 
OBSERVAÇÃO: 
Quanto aos dias do mês, para evitar a velha polêmica "hoje é ou são treze de maio", sugerimos: 
 "Hoje É dia treze de maio. 
 "Amanhã SERÁ dia vinte," 
 
b) Se o sujeito estiver no singular e o predicativo no plural (ou vice-versa) , a concordância 
se faz de preferência no PLURAL: 
 "Tudo SÃO hipóteses." 
 "O problema ERAM as chuvas." 
 "Muitos foram presos. A maioria SÃO menores." 
 "O resultado da pesquisa FORAM números assustadores." 
"Esses dados SÃO parte de um relatório elaborado pela comissão especial do Senado." 
 "As cadernetas de poupança ERAM a melhor garantia para o futuro." 
 "Estas providências FORAM a salvação da empresa." 
 
c) Se o sujeito for nome de pessoa ou pronome pessoal, o verbo deve concordar com o SU-
JEITO: 
 "Beto ERA as esperanças do time." 
 "Fernando Pessoa É muitos poetas ao mesmo tempo." 
 "Eu SOU o responsável." 
 "Ele é forte, mas não É dois." 
 
d) Se o predicativo for nome de pessoa ou pronome pessoal, o verbo concorda com o PRE-
DICATIVO: 
 "As esperanças do time ERA o Beto." 
 "O responsável SOU eu." 
 "Os escolhidos FOMOS nós." 
 
e) Se houver dois pronomes pessoais, o verbo SER concorda com o primeiro: 
 "Eu não SOU você." 
 "Ele não É eu." 
 "Nós não SOMOS vocês." 
 
f) Nas frases interrogativas, o verbo SER concorda com o predicativo: 
 "Quem SÃO os convocados?" 
 "Quem FORAM os responsáveis?" 
 "Que SÃO seis meses?" 
 
g) Quando o sujeito for o pronome relativo que, o verbo fica no SINGULAR: 
 "Eu moro neste edifício, que em breve SERÁ só escombros." 
 "Esta empresa, que hoje É só demissões, já foi líder de mercado." 
 
h) Se o predicativo for o pronome demonstrativo o, o verbo SER fica no SINGULAR: 
 "Inimigos É o que não lhe falta." 
 "Eleições diretas É o que o povo queria." 
 
h) Antes de muito, pouco, bastante, demais...(=indicação de preço, quantidade, medida, por-
ção ou equivalente), o verbo SER fica no SINGULAR:"Mil dólares É MUITO por este trabalho." 
 "Dez quilômetros É DEMAIS para mim." 
 "Duas lutas SERÁ POUCO para ele ganhar experiência." 
 
Por Fascículo > 3. Concordância Nominal e Plural 
 
Regra básica: Os artigos, os adjetivos, os pronomes e os numerais devem concordar com o 
substantivo em gênero e número. 
 "Mas não é só nos chamados mercados EMERGENTES." 
 "Muitos contêm bactérias CAUSADORAS de desidratação por diarréia." 
 "As empresas sentiram o quanto são IMPORTANTES estes encontros." 
 "Recebeu R$12.419 bilhões LÍQUIDOS." 
 "Vicentinho pediu EMPRESTADOS um paletó e uma gravata." 
"Alguns índios já declaram guerra à espécie de jacaré mais AGRESSIVA que vive no Brasil." 
 "Os fiscais apreenderam trinta quilos de peixe ESTRAGADO." 
"Ele disse ter achado ESTRANHA a demora dos policiais em comunicar a operação aos supe-
riores." 
"As bolsas brasileiras acompanharam a tendência americana e fecharam praticamente ESTÁ-
VEIS." 
 "Pediu EMPRESTADA a quantia de dez mil dólares." 
 "Ele tachou de ABSURDAS as declarações do deputado." 
 "O juiz considerou ILEGAIS os dois gols." 
 "Uma pequena parte do lixo é REAPROVEITADA." 
 "Devido a este acidente, ele ficou com parte do corpo PARALISADA." 
 "As praias estavam lotadas. A maioria, PAULISTANA." 
 ou "Na maioria, PAULISTANOS." 
 
OBSERVAÇÃO 1: 
 "São cem metros LIVRES." e "São duzentos metros RASOS." 
Porém: "São cem metros PEITO ou BORBOLETA." 
 "Vamos conferir os recordes dos cem metros nado BORBOLETA FEMININO." 
 "Cleber Machado narra os cem metros PEITO FEMININO." 
Sugestão: Se usarmos a palavra NADO expressa na frase, jamais haverá dúvida. Todos os adje-
tivos ficarão no MASCULINO SINGULAR: 
 "200 metros nado LIVRE MASCULINO" 
 "200 metros nado BORBOLETA FEMININO" 
 "200 metros nado PEITO MASCULINO" 
 "200 metros nado COSTAS FEMININO". 
 
OBSERVAÇÃO 2: 
O certo é "Seleção MASCULINA de vôlei", e não "Seleção de vôlei masculino"; 
"Circuito mundial FEMININO de vôlei de praia, e não "Circuito mundial de vôlei de praia fe-
minino". 
 
OBSERVAÇÃO 3: 
Caso o adjetivo se refira a vários substantivos de gêneros diferentes, a concordância deve ser 
feita no MASCULINO PLURAL: 
 "Pêlos, dentes e barbatanas foram ANALISADOS ..." 
 "Compraram motores e peças ESTRANGEIROS." 
 "Todo dia, o paulistano enfrenta trânsito e ruas CAÓTICOS." 
 
Se os substantivos forem do mesmo gênero, o adjetivo mantém o gênero e concorda no PLU-
RAL: 
"Os garis da Comlurb passaram o dia retirando a lama e as pedras que ficaram ATRAVESSA-
DAS na pista." 
 "A língua e a literatura INGLESAS foram as escolhidas." 
 "Estavam NERVOSOS o gerente e o diretor." 
 
OBSERVAÇÃO 4: 
Quando o adjetivo vier antes de vários substantivos, ele deve concordar com o substantivo 
mais próximo: 
 "Escolheu MÁ hora e lugar." 
 "Escrevia LONGAS histórias e relatórios." 
 
OBSERVAÇÃO 5: 
Quando o substantivo é qualificado por mais de um adjetivo, tratando-se de seres diferentes, o 
substantivo fica no PLURAL (ou no singular, se repetir o artigo): 
 "Completou OS CURSOS básico e intermediário." 
 "Completou o CURSO básico e o intermediário." 
 "Precisam aprender AS LÍNGUAS inglesa, espanhola e alemã." 
 "Precisam aprender a LÍNGUA inglesa, a espanhola e a alemã." 
"Esta é a última semana para inscrição no concurso de Metrô, para AS ÁREAS administrativa 
e operacional." 
 
 Casos especiais: 
 
1. O AGRAVANTE ou A AGRAVANTE? 
AGRAVANTE é palavra feminina. 
 "Havia UMA AGRAVANTE: o motorista estava alcoolizado." 
 
OBSERVAÇÃO: 
ATENUANTE também é palavra feminina: 
 "O advogado alegou a existência de ALGUMAS ATENUANTES." 
 
2. ALERTA ou ALERTAS? 
É invariável. 
 "Nós ficamos ALERTA para isso." 
 "Os guardas estavam ALERTA." 
ALERTA geralmente é um advérbio. Como adjetivo, alguns autores aceitam a forma plural: 
"Nós ficamos ALERTAS e os guardas estavam ALERTAS". 
 
OBSERVAÇÃO 1: 
Os advérbios são invariáveis: 
 "A bola rola MACIO na Supercopa." 
"Milhares de brasileiros vivem ILEGAL nos Estados Unidos." (Melhor: "ilegalmente") 
 
OBSERVAÇÃO 2: 
TODO (=totalmente) é o único advérbio que se flexiona: 
 "A Ilha do Governador está TODA reformada." 
 "A porta está TODA fechada." 
 
3. ANEXO ou EM ANEXO? 
É um adjetivo. Deve concordar. 
EM ANEXO é invariável. 
 "O formulário segue ANEXO (ou EM ANEXO)." 
 "ANEXOS (=ou EM ANEXO) seguem os formulários." 
 "A nota e o troco vão ANEXOS." 
 "Encontramos o registro ANEXO à certidão." 
 
4. Plural das palavras terminadas em "ÃO" 
a) A maioria muda a terminação "ão" em "ÕES": 
anfitriões, balões, botões, espiões, feijões, gaviões, limões, mamões, melões, zangões... 
 
OBSERVAÇÃO 1: 
Neste grupo incluem-se todos os aumentativos: 
casarões, chapelões, dramalhões, facões, narigões, paredões, pobretões, vozeirões... 
 
b) Um pequeno número de palavras muda "ão" em "ÃES": 
afegães, alemães, cães, capelães, capitães, catalães, escrivães, pães, sacristães, tabeliães... 
 
c) Um pequeno número de palavras acrescenta um "s" (=ÃOS): 
cidadãos, cortesãos, cristãos, grãos, irmãos, mãos, pagãos, vãos... 
 
OBSERVAÇÃO 2: 
Neste grupo incluem-se todas as palavras paroxítonas: 
acórdãos, bênçãos, órfãos, órgãos, sótãos... 
 
d) Muitas palavras admitem duas ou até três formas de plural: 
alazães ou alazões; 
aldeãos, aldeães ou aldeões; 
anãos ou anões; 
anciãos, anciães ou anciões; 
artesãos (=artífice) ou artesões (=adorno arquitetônico); 
castelãos ou castelões; 
charlatães ou charlatões; 
cirurgiães ou cirurgiões; 
corrimãos ou corrimões; 
ermitãos, ermitães ou ermitões; 
faisães ou faisões; 
guardiães ou guardiões; 
hortelãos ou hortelões; 
refrãos ou refrães; 
sacristãos ou sacristães; 
sultãos, sultães ou sultões; 
verãos ou verões; 
vilãos, vilães ou vilões; 
vulcãos, vulcães ou vulcões. 
 
5. BASTANTE ou BASTANTES? 
Como advérbio de intensidade (=muito) é invariável: 
 "Eles trabalharam BASTANTE para chegar até aqui." 
"Eles ficaram BASTANTE cansados." (Neste caso, é preferível usar "MUITO cansados") 
 
OBSERVAÇÃO 1: 
Como pronome indefinido (=antes de um substantivo), deverá concordar com o substantivo: 
"Está com BASTANTES problemas para resolver." (É melhor: "MUITOS problemas) 
"O dia fica aberto, com BASTANTE sol em todas as regiões." (Simplesmente "com sol" seria 
melhor) 
 Devemos evitar o uso de BASTANTE como pronome indefinido. 
 
OBSERVAÇÃO 2: 
Como adjetivo (após um substantivo = suficiente), deve concordar com o substantivo: 
"Ele já tem provas BASTANTES para incriminar o réu." (É melhor: "provas SUFICIENTES") 
"As provas já são BASTANTES para incriminar o réu." (É melhor: "As provas já são O BAS-
TANTE para incriminar o réu." / É preferível: "As provas já são SUFICIENTES para incrimi-
nar o réu.") 
 
6. O CAIXA ELETRÔNICO ou A CAIXA ELETRÔNICA? 
O certo é: O CAIXA ELETRÔNICO. 
O objeto é substantivo feminino: A CAIXA: 
 "A CAIXA registradora estava quebrada." 
O funcionário pode ser masculino ou feminino, conforme o sexo da pessoa: 
O CAIXA ou A CAIXA. 
Em expressões como "passe NO CAIXA" ou "vou AO CAIXA", usamos o artigo masculino, 
pois nos referimos ao funcionário genericamente, não importando o seu sexo. Em razão disso, 
devemos usar O CAIXA ELETRÔNICO. 
 
7. CHAPÉUS ou CHAPÉIS? 
O certo é: CHAPÉUS. 
As palavras terminadas em "éu" fazem plural em "éus" (=com a desinência "s"): réu / réus; tro-
féu / troféus; fogaréu / fogaréus... 
 
OBSERVAÇÃO: 
As palavras terminadas em "el" fazem plural em "éis": papel / papéis; 
pastel / pastéis; anel / anéis... 
 
8. O COMA ou A COMA? 
COMA é uma palavra masculina: 
 "Ela entrou em COMA ALCOÓLICO." 
 
9. Plural das palavras COMPOSTAS 
a) Quando o substantivo composto é constituído de palavras que se escrevem ligadamente, sem 
hífen, somente o último elemento vai para o plural: 
aguardentes, pontapés, vaivéns... 
 
b) Quando a palavra composta, com HÍFEN, é constituída de substantivos, os dois vão para o 
plural: 
abelhas-mestras,amigos-ursos, capitães-tenentes, capitães-aviadores, cartas-bilhetes, cirurgi-
ões-dentistas, couves-flores, decretos-leis, micos-leões, pesos-galos, porcos-espinhos, sacis-
pererês, tamanduás-bandeiras, tenentes-coronéis... 
 
c) Quando a palavra composta, com HÍFEN, é constituída de substantivos e segundo faz papel 
de adjetivo, só o primeiro vai para o plural: 
bombas-relógio, canetas-tinteiro, carros-bomba, decretos-lei, elementos-chave, homens-
macaco, homens-rã, licenças-prêmio, livros-caixa, mangas-rosa, navios-escola, operários-
padrão, papéis-moeda, peixes-boi, pombos-correio, salários-família, tatus-bola... 
 
OBSERVAÇÃO 1: 
A diferença é a seguinte: 
Em TENENTE-CORONEL, o segundo substantivo NÃO faz papel de adjetivo (= tenente-
coronel NÃO é um tipo de tenente). O plural é: 
TENENTES-CORONÉIS; 
Em OPERÁRIO-PADRÃO, o segundo substantivo faz o papel de adjetivo (= operário-padrão é 
um tipo de operário). O plural é: OPERÁRIOS-PADRÃO. 
Observe que algumas palavras aceitam as duas formas de plural: 
DECRETOS-LEIS ou DECRETOS-LEI. 
Observe também que muitas palavras NÃO seguem esta regra: 
CIDADES-SATÉLITES, MICOS-LEÕES, TAMANDUÁS-BANDEIRAS... 
 
d) Se a palavra composta, com HÍFEN, é constituída de um substantivo e um adjetivo (ou adje-
tivo + substantivo), os dois elementos vão para o plural: 
altas-rodas, altos-fornos, amores-perfeitos, batatas-doces, boas-novas, bóias-frias, bons-dias, 
cabeças-chatas, cachorros-quentes, dedos-duros, ervas-doces, guardas-civis, lugares-comuns, 
mamões-machos, mãos-bobas, marias-moles, matérias-primas, meias-luas, meios-fios, obras-
primas, ovelhas-negras, peles-vermelhas, puros-sangues... 
 
OBSERVAÇÃO 2: 
Observe a diferença: 
Em LIVRO-CAIXA, LIVRO e CAIXA são dois substantivos. O segundo substantivo 
(=CAIXA) faz o papel de adjetivo (livro-caixa é um tipo de livro) = só o primeiro vai para o 
plural: LIVROS-CAIXA. 
Em CAIXA-PRETA, CAIXA é substantivo e PRETA é adjetivo. Os dois elementos devem ir 
para o plural: CAIXAS-PRETAS. 
 
e) Se a palavra composta, com HÍFEN, é constituída de um numeral e um substantivo, os dois 
elementos vão para o plural: 
primeiros-ministros, segundos-sargentos, terças-feiras, quartas-feiras, quintas-feiras, sextas-
feiras... 
 
f) Se a palavra composta, com HÍFEN, é constituída de um verbo e um substantivo, somente o 
substantivo vai para o plural: 
Arranha-céus, bate-papos, guarda-chuvas, lança-perfumes, lava-pés, mata-borrões, pára-brisas, 
pára-choques, pára-lamas, porta-bandeiras, porta-vozes, quebra-cabeças, quebra-molas, salva-
vidas, vira-latas... 
 
OBSERVAÇÃO 3: 
Observe a diferença: 
Em GUARDA-CIVIL, GUARDA é substantivo e CIVIL é adjetivo. Os dois vão para o plural: 
GUARDAS-CIVIS, guardas-noturnos, guardas-florestais... 
Em GUARDA-CHUVA, GUARDA é verbo e CHUVA é substantivo. Só o substantivo vai pa-
ra o plural: GUARDA-CHUVAS, guarda-louças, guarda-roupas, guarda-costas... 
 
g) Se a palavra composta, com HÍFEN, é constituída de dois ou mais adjetivos, somente o úl-
timo adjetivo vai para o plural: 
Consultórios MÉDICO-CIRÚRGICOS 
Candidatos SOCIAL-DEMOCRATAS 
Atividades TÉCNICO-CIENTÍFICAS 
Problemas POLÍTICO-ECONÔMICOS 
Cabelos CASTANHO-ESCUROS 
Olhos VERDE-CLAROS 
 
OBSERVAÇÃO 4: 
Os adjetivos compostos referentes a cores são INVARIÁVEIS quando o segundo elemento é 
um substantivo: verde-garrafa, verde-mar, verde-musgo, verde-oliva, azul-céu, azul-piscina, 
amarelo-ouro, rosa-choque, vermelho-sangue... 
Observe a diferença: 
1. Olhos VERDE-CLAROS = cor + adjetivo (claro ou escuro); 
2. Calças VERDE-GARRAFA = cor + substantivo. 
Também são invariáveis: AZUL-CELESTE e AZUL-MARINHO. 
 
h) Se houver uma preposição entre os dois substantivos, só o primeiro elemento vai para o plu-
ral: 
amigos-da-onça, bicos-de-papagaio, dores-de-cotovelo, estrelas-do-mar, generais-de-divisão, 
grãos-de-bico, joões-de-barro, mulas-sem-cabeça, pais-de-santo, pães-de-ló, pés-de-cabra, pés-
de-moleque, pores-do-sol... 
 
OBSERVAÇÃO 5: 
Os FORA-DA-LEI, os FORA-DE-SÉRIE...são INVARIÁVEIS. 
 
i) Se o primeiro elemento for advérbio, preposição ou prefixo, somente o segundo elemento vai 
para o plural: 
abaixo-assinados, alto-falantes, ante-salas, anti-semitas, auto-retratos, bel-prazeres, contra-
ataques, grão-duques, recém-nascidos, sem-vergonhas, super-homens, todo-poderosos, vice-
campeões... 
 
OBSERVAÇÃO 6: 
Os SEM-TERRA, os SEM-TETO...são INVARIÁVEIS. 
 
OBSERVAÇÃO 7: 
Se a palavra composta é constituída por advérbio + pronome + verbo, somente o último ele-
mento varia: bem-me-queres, bem-te-vis, não-me-toques... 
 
j) Se a palavra composta é constituída pela repetição das palavras (onomatopéias = reprodução 
dos sons), o segundo elemento vai para o plural: 
bangue-bangues, pingue-pongues, reco-recos, tique-taques... 
 
k) Casos especiais: 
Os arco-íris, as ave-marias, os banhos-maria, os joões-ninguém, os louva-a-deus, os lugar-
tenentes, os mapas-múndi, os padre-nossos, as salve-rainhas, os surdos-mudos... 
 
l) São INVARIÁVEIS: 
· compostos de verbo + palavra invariável: 
os bota-fora, os cola-tudo, os topa-tudo... 
· compostos de verbos de sentido oposto: 
os entre-e-sai, os leva-e-traz, os perde-ganha, os sobe-e-desce, os vai-volta... 
· expressões substantivadas: 
os bumba-meu-boi, os chove-não-molha, os disse-me-disse... 
 
10. CONFORME ou CONFORMES? 
Como conjunção conformativa (=segundo, como) é invariável: 
 "Fez tudo CONFORME os procedimentos estabelecidos." 
 "CONFORME as leis vigentes, esta é a única solução." 
Como adjetivo, deve concordar com o substantivo a que se refere: 
 "Durante a auditoria, só encontraram produtos CONFORMES." 
 "Ficaram CONFORMES (=CONFORMADOS) com a atual situação." 
 
11. DEGRAUS ou DEGRAIS? 
O certo é: DEGRAUS. 
As palavras terminadas em "au" fazem plural com o acréscimo de "s": 
degrau / degraus; grau / graus... 
 
OBSERVAÇÃO: 
As palavras terminadas em "al" fazem plural em "ais": animal / animais, 
canal / canais; igual / iguais... 
 
12. Plural dos DIMINUTIVOS (=em ZINHO ou ZITO) 
Nos diminutivos formados com os sufixos -ZINHO e -ZITO, a regra é a 
seguinte: 
1º) Ponha a palavra primitiva no plural: 
 PAPEL > PAPÉIS 
 BALÃO > BALÕES 
 FLOR > FLORES 
2º) Acrescente o sufixo do diminutivo (=zinho, zinha, zito), passando a desinência do plural 
(="s") para depois do sufixo: 
 PAPÉI (s) + ZINHO + S = PAPEIZINHOS 
 BALÕE (s)+ ZINHO + S = BALÕEZINHOS 
 FLORE (s)+ ZINHA + S = FLOREZINHAS 
 
OBSERVAÇÃO 1: 
Os acentos gráficos (=agudo e circunflexo) não são necessários no diminutivo porque a sílaba 
tônica é a penúltima (="zi"): papeiZInhos. 
O til permanece pois não é acento (=é sinal de nasalização): 
balõezinhos. 
Observa mais alguns exemplos: 
ANEIZINHOS, ANIMAIZINHOS, AZUIZINHOS, BAREZINHOS, CÃEZITOS, CASAIZI-
NHOS, CORAÇÕEZINHOS, FAROIZINHOS, IGUAIZINHOS, MULHEREZINHAS, PÃE-
ZINHOS... 
 
OBSERVAÇÃO 2: 
Quando o diminutivo é formado com o sufixo -INHO, basta acrescentar a desinência do plural 
(="s"): 
CRUZ + INHA = CRUZINHAS; 
LUZ + INHA = LUZINHAS; 
LÁPIS + INHO = LAPISINHOS; 
PAÍS + INHO = PAISINHOS. 
 
OBSERVAÇÃO 3: 
Quando a palavra primitiva forma plural apenas com a desinência "s", basta colocá-la depois 
do sufixo diminutivo: 
CHAPÉU (s) + ZINHO = CHAPEUZINHOS; 
DEGRAU (s) + ZINHO = DEGRAUZINHOS; 
PAI (s) + ZINHO = PAIZINHOS; 
MÃO (s) + ZINHA = MÃOZINHAS. 
Observe a diferença: 
ALEMÃ (s) + ZINHA = ALEMÃZINHAS; 
ALEMÃO > ALEMÃE (s) + ZINHO = ALEMÃEZINHOS. 
 
13. UM DÓ ou UMA DÓ? 
Os dicionários e as gramáticas afirmam que DÓ é palavra masculina: 
 "Senti UM grande DÓ de você." 
 "Fiquei com MUITO DÓ das crianças." 
 
14. É PROIBIDO ou É PROIBIDA? 
Só concorda com o substantivo se estiver determinado: 
 "É PROIBIDA a entrada de estranhos." 
 "É PROIBIDO entrada de estranhos." 
 "A bebida alcoólica não é PERMITIDA." 
 "Bebida alcoólica não é PERMITIDO." 
 "Demissão em massa não é BOM