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Aula0 Teoria geral da Constituição conceito, origens, conteúdo, estrutura e classificação

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Aula 00
Direito Constitucional p/ AFRFB - 2017/2018 (Com videoaulas)
Professores: Nádia Carolina, Ricardo Vale
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DIREITO CONSTITUCIONAL – AFRFB 
Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
 
!ULA !! 
TEORIA!GERAL!DA!CONSTITUIÇÃO! 
 
Conceito de Constituição ................................................................................................................ 5 
1)  Sentido sociológico: ................................................................................................................ 5 
2) Sentido político: ....................................................................................................................... 6 
3) Sentido jurídico: ....................................................................................................................... 7 
4)  Sentido cultural: ...................................................................................................................... 9 
O Direito Constitucional e os Demais Ramos do Direito ...................................................... 11 
Estrutura das Constituições .......................................................................................................... 12 
Elementos das Constituições ....................................................................................................... 13 
A Pirâmide de Kelsen – Hierarquia das Normas ..................................................................... 14 
Classificação das Constituições ................................................................................................... 19 
1) Classificação quanto à origem: ............................................................................................ 19 
2) Classificação quanto à forma: .............................................................................................. 20 
3) Classificação quanto ao modo de elaboração: .................................................................. 21 
4) Classificação quanto à estabilidade: ................................................................................... 22 
5) Classificação quanto ao conteúdo: ...................................................................................... 24 
6) Classificação quanto à extensão: ......................................................................................... 27 
7) Classificação quanto à correspondência com a realidade: ............................................. 27 
8) Classificação quanto à função desempenhada: ................................................................ 28 
9) Classificação quanto à finalidade: ...................................................................................... 29 
10) Classificação quanto ao conteúdo ideológico: ................................................................ 30 
11) Classificação quanto ao local da decretação: ................................................................... 31 
13) Outras Classificações: .......................................................................................................... 31 
Aplicabilidade das normas constitucionais .............................................................................. 34 
Poder Constituinte ......................................................................................................................... 41 
Aplicação das normas constitucionais no tempo ..................................................................... 46 
Interpretação da Constituição ...................................................................................................... 51 
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DIREITO CONSTITUCIONAL – AFRFB 
Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
 
1) Métodos de Interpretação Constitucional: ........................................................................ 53 
a) Método jurídico (hermenêutico clássico): ........................................................................ 53 
b) Método tópico‑problemático: ............................................................................................ 54 
c) Método hermenêutico‑concretizador: .............................................................................. 54 
d) Método integrativo ou científico‑espiritual: ................................................................... 54 
e) Método normativo‑estruturante: ....................................................................................... 55 
2) Princípios da Interpretação Constitucional: ..................................................................... 56 
a) O princípio da unidade da Constituição: ......................................................................... 56 
b) Princípio da máxima efetividade (da eficiência ou da interpretação efetiva) ............ 57 
3) Interpretação conforme a Constituição: ............................................................................. 59 
A Constitucionalização simbólica ............................................................................................... 61 
Princípios Fundamentais da República Federativa do Brasil ............................................... 63 
1) Regras e Princípios: ................................................................................................................ 63 
2) Princípios Fundamentais: ..................................................................................................... 63 
2.1 ‑ Fundamentos da República Federativa do Brasil: ...................................................... 65 
2.2‑ Forma de Estado / Forma de Governo / Regime Político: .......................................... 69 
2.3‑ Harmonia e Independência entre os Poderes: .............................................................. 73 
2.3‑ Objetivos Fundamentais da República Federativa do Brasil: .................................... 75 
2.4‑ Princípios das Relações Internacionais: ......................................................................... 77 
Questões Comentadas ................................................................................................................... 79 
Lista de Questões ......................................................................................................................... 116 
Gabarito ......................................................................................................................................... 133 
 
 
 
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DIREITO CONSTITUCIONAL – AFRFB 
Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
 
APRESENTA‚ÌO E CRONOGRAMA DE AULAS 
Ol‡, amigos do EstratŽgia Concursos, tudo bem? 
ƒ com enorme alegria que damos in’cio hoje ao nosso ÒCurso de Direito 
Constitucional p/ AFRFBÓ, focado na banca ESAF. Antes de qualquer coisa, 
pedimos licena para nos apresentar: 
- N‡dia Carolina: Sou professora de Direito Constitucional do 
EstratŽgia Concursos desde 2011. Trabalhei como Auditora-Fiscal da 
Receita Federal do Brasil de 2010 a 2015, tendo sido aprovada no 
concurso de 2009. Tenho uma larga experincia em concursos pœblicos, 
j‡ tendo sido aprovada para os seguintes cargos: CGU 2008 (6¼ lugar), 
TRE/GO 2008 (22¼ lugar) ATA-MF 2009 (2¼ lugar), Analista-Tribut‡rio 
RFB (16¼ lugar) e Auditor-Fiscal RFB (14¼ lugar). 
- Ricardo Vale: Sou professor e coordenador pedag—gico do EstratŽgia 
Concursos. Entre 2008-2014, trabalhei como Analista de ComŽrcioExterior (ACE/MDIC), concurso no qual fui aprovado em 3¼ lugar. 
Ministro aulas presenciais e online nas disciplinas de Direito 
Constitucional, ComŽrcio Internacional e Legisla‹o Aduaneira. AlŽm 
das aulas, tenho trs grandes paix›es na minha vida: a Prof» N‡dia, a 
minha pequena Sofia e o pequeno JP (Jo‹o Paulo)!!  
Como voc j‡ deve ter percebido, esse curso ser‡ elaborado a 4 m‹os. Eu 
(N‡dia) ficarei respons‡vel pelas aulas escritas, enquanto o Ricardo ficar‡ 
por conta das videoaulas. Tenham certeza: iremos nos esforar bastante para 
produzir o melhor e mais completo conteœdo para vocs. 
Vejamos como ser‡ o cronograma do nosso curso: 
Aulas T—picos abordados Data 
Aula 00 Teoria geral da Constitui‹o: conceito, origens, conteœdo, 
estrutura e classifica‹o. Supremacia da Constitui‹o. 
Tipos de Constitui‹o. Poder constituinte. Princ’pios 
constitucionais. Interpreta‹o da Constitui‹o. An‡lise do 
princ’pio hier‡rquico das normas. Princ’pios 
fundamentais. 
- 
Aula 01 Direitos e deveres individuais e coletivos (Parte 01). 10/08 
Aula 02 Dos direitos e deveres individuais e coletivos (Parte 02). 20/08 
Aula 03 Direitos sociais. Nacionalidade. 30/08 
Aula 04 Direitos Pol’ticos. Partidos Pol’ticos. 10/09 
Aula 05 Organiza‹o do Estado pol’tico-administrativo. 20/09 
Aula 06 Administra‹o Pœblica. 30/09 
Aula 07 Poder Executivo. 10/10 
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DIREITO CONSTITUCIONAL – AFRFB 
Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
 
Aula 08 Poder Judici‡rio. 20/10 
Aula 09 Poder Legislativo. 30/10 
Aula 10 Processo Legislativo. 10/11 
Aula 11 Fun›es Essenciais ˆ Justia. 20/11 
Aula 12 Emenda, reforma e revis‹o constitucional. 30/11 
Aula 13 A defesa do Estado e das institui›es democr‡ticas. 10/12 
Aula 14 Das finanas pœblicas. Do oramento. 20/12 
Aula 15 Da ordem econ™mica e financeira. 30/12 
Aula 16 Da ordem social. 10/01 
Aula 17 Sistema Tribut‡rio Nacional. 20/01 
Aula 18 Do Controle de Constitucionalidade 30/01 
Aula 
Extra 
Reciclagem AFRFB Ð Somente V’deo - 
Dito tudo isso, j‡ podemos partir para a nossa aula 00! Todos preparados? 
Um grande abrao, 
N‡dia e Ricardo 
Para tirar dœvidas e ter acesso a dicas e conteœdos gratuitos, acesse 
nossas redes sociais: 
Facebook do Prof. Ricardo Vale: 
https://www.facebook.com/profricardovale 
Facebook da Profa. N‡dia Carolina: 
https://www.facebook.com/nadia.c.santos.16?fref=ts 
Canal do YouTube do Ricardo Vale: 
https://www.youtube.com/channel/UC32LlMyS96biplI715yzS9Q 
Periscope do Prof. Ricardo Vale: @profricardovale 
 
  
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DIREITO CONSTITUCIONAL – AFRFB 
Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
 
Conceito de Constitui‹o 
Comeamos esse t—pico com a seguinte pergunta: o que se entende por 
Constitui‹o? 
Objeto de estudo do Direito Constitucional, a Constitui‹o Ž a lei 
fundamental e suprema de um Estado, criada pela vontade soberana do 
povo. ƒ ela que determina a organiza‹o pol’tico-jur’dica do Estado, 
dispondo sobre a sua forma, os —rg‹os que o integram e as competncias 
destes e, finalmente, a aquisi‹o e o exerc’cio do poder. Cabe tambŽm a ela 
estabelecer as limita›es ao poder do Estado e enumerar os direitos e 
garantias fundamentais.1 
A concep‹o de constitui‹o ideal foi preconizada por J. J. Canotilho. Trata-
se de constitui‹o de car‡ter liberal, que apresenta os seguintes elementos: 
a) Deve ser escrita; 
b) Deve conter um sistema de direitos fundamentais individuais 
(liberdades negativas); 
c) Deve conter a defini‹o e o reconhecimento do princ’pio da separa‹o 
dos poderes; 
d) Deve adotar um sistema democr‡tico formal. 
Note que todos esses elementos est‹o intrinsecamente relacionados ˆ 
limita‹o do poder coercitivo do Estado. Cabe destacar, por estar 
relacionado ao conceito de constitui‹o ideal, o que disp›e o art. 16, da 
Declara‹o Universal dos Direitos do Homem e do Cidad‹o (1789): ÒToda 
sociedade na qual n‹o est‡ assegurada a garantia dos direitos nem 
determinada a separa‹o de poderes, n‹o tem constitui‹o.Ó 
ƒ importante ressaltar que a doutrina n‹o Ž pac’fica quanto ˆ defini‹o do 
conceito de constitui‹o, podendo este ser analisado a partir de diversas 
concep›es. Isso porque o Direito n‹o pode ser estudado isoladamente de 
outras cincias sociais, como Sociologia e Pol’tica, por exemplo. 
1) Sentido sociol—gico: 
Iniciaremos o estudo dessas concep›es de Constitui‹o apresentando seu 
sentido sociol—gico, que surgiu no sŽculo XIX, definido por Ferdinand 
Lassalle. 
                                                        
1
  MORAES, Alexandre de. Constitui‹o do Brasil Interpretada e Legisla‹o 
Constitucional, 9» edi‹o. S‹o Paulo Editora Atlas: 2010, pp. 17. 
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DIREITO CONSTITUCIONAL – AFRFB 
Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
 
Na concep‹o sociol—gica, a Constitui‹o Ž um fato social, e n‹o uma norma 
jur’dica. A Constitui‹o real e efetiva de um Estado consiste na soma dos 
fatores reais de poder que vigoram na sociedade; ela Ž, assim, um reflexo 
das rela›es de poder que existem no ‰mbito do Estado. Com efeito, Ž o 
embate das foras econ™micas, sociais, pol’ticas e religiosas que forma a 
Constitui‹o real (efetiva) do Estado. 
Na Prœssia do tempo de Lassalle, os fatores reais de poder (foras econ™micas, 
pol’ticas e sociais) eram determinados pelo choque de interesses dos 
diversos atores do processo pol’tico: a monarquia, o ExŽrcito, a aristocracia, os 
grandes industriais, os banqueiros e tambŽm a pequena burguesia e a classe 
oper‡ria, ou seja, o povo. O equil’brio inst‡vel entre esses interesses tinha 
como resultado a Constitui‹o real. 
Por outro lado, existe tambŽm a Constitui‹o escrita (jur’dica), cuja tarefa Ž 
reunir em um texto formal, de maneira sistematizada, os fatores reais de 
poder que vigoram na sociedade. Nessa perspectiva, a Constitui‹o escrita Ž 
mera Òfolha de papelÓ, e somente ser‡ eficaz e duradoura caso reflita os 
fatores reais de poder da sociedade. ƒ em raz‹o disso que se houver um 
conflito entre a Constitui‹o real (efetiva) e a Constitui‹o escrita (jur’dica), 
prevalecer‡ a primeira. Se, ao contr‡rio, houver plena correspondncia 
entre a Constitui‹o escrita e os fatores reais de poder, estaremos diante de 
uma situa‹o ideal. 
Em resumo, para Lassale, coexistem em um Estado duas Constitui›es: uma 
real, efetiva, correspondente ˆ soma dos fatores reais de poder que regem 
este pa’s; e outra, escrita, que consistiria apenas numa Òfolha de papelÓ. Como 
Ž poss’vel perceber, a concep‹o sociol—gica busca definir o que a Constitui‹o 
Òrealmente ŽÓ, ou seja, Ž material (leva em conta a matŽria) e n‹o formal 
(n‹o leva em conta a forma pela qual ela foi criada). 
Foi a partir dessa l—gica que Lassale entendeu que todo e qualquer Estado 
sempre teve e sempre ter‡ uma Constitui‹o real e efetiva, 
independentemente da existncia de um texto escrito. A existncia das 
Constitui›es n‹o Ž algo dos Òtempos modernosÓ; o que o evoluir do 
constitucionalismo fez foi criar Constitui›es escritas, verdadeiras Òfolhas de 
papelÓ. 
2) Sentido pol’tico: 
Outra concep‹o de Constitui‹o que devemos conhecer Ž a preconizada por 
Carl Schmitt, a partir de sua obra ÒA Teoria da Constitui‹oÓ, de 1920. Na sua 
vis‹o, a Constitui‹o seria fruto da vontade do povo, titular do poder 
constituinte; por isso mesmo Ž que essa teoria Ž considerada decisionistaou 
voluntarista. 
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DIREITO CONSTITUCIONAL – AFRFB 
Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
 
Para Schmitt, a Constitui‹o Ž uma decis‹o pol’tica fundamental que visa 
estruturar e organizar os elementos essenciais do Estado. A validade da 
Constitui‹o, segundo ele, se baseia na decis‹o pol’tica que lhe d‡ existncia, 
e n‹o na justia de suas normas. Pouco importa, ainda, se a Constitui‹o 
corresponde ou n‹o aos fatores reais de poder que imperam na sociedade; o 
que interessa t‹o-somente Ž que a Constitui‹o Ž um produto da vontade do 
titular do Poder Constituinte. Da’ a teoria de Schmitt ser chamada de 
voluntarista ou decisionista. 
Schmitt distingue Constitui‹o de leis constitucionais. A primeira, segundo 
ele, disp›e apenas sobre matŽrias de grande relev‰ncia jur’dica (decis›es 
pol’ticas fundamentais), como Ž o caso da organiza‹o do Estado, por 
exemplo. As segundas, por sua vez, seriam normas que fazem parte 
formalmente do texto constitucional, mas que tratam de assuntos de menor 
import‰ncia. 
A concep‹o pol’tica de Constitui‹o guarda not—ria correla‹o com a 
classifica‹o das normas em materialmente constitucionais e 
formalmente constitucionais. As normas materialmente constitucionais 
correspondem ˆquilo que Carl Schmitt denominou ÒConstitui‹oÓ; por sua vez, 
normas formalmente constitucionais s‹o o que o autor chamou de Òleis 
constitucionaisÓ. 
3) Sentido jur’dico: 
Outra importante concep‹o de Constitui‹o foi a preconizada por Hans 
Kelsen, criador da Teoria Pura do Direito. 
Nessa concep‹o, a Constitui‹o Ž entendida como norma jur’dica pura, sem 
qualquer considera‹o de cunho sociol—gico, pol’tico ou filos—fico. Ela Ž a 
norma superior e fundamental do Estado, que organiza e estrutura o poder 
pol’tico, limita a atua‹o estatal e estabelece direitos e garantias individuais. 
Para Kelsen, a Constitui‹o n‹o retira o seu fundamento de validade dos 
fatores reais de poder, Ž dizer, sua validade n‹o se apoia na realidade 
social do Estado. Essa era, afinal, a posi‹o defendida por Lassale, em sua 
concep‹o sociol—gica de Constitui‹o que, como Ž poss’vel perceber, se 
opunha fortemente ˆ concep‹o kelseniana. 
Com o objetivo de explicar o fundamento de validade das normas, Kelsen 
concebeu o ordenamento jur’dico como um sistema em que h‡ um 
escalonamento hier‡rquico das normas. Sob essa —tica, as normas 
jur’dicas inferiores (normas fundadas) sempre retiram seu fundamento de 
validade das normas jur’dicas superiores (normas fundantes). Assim, um 
decreto retira seu fundamento de validade das leis ordin‡rias; por sua vez, a 
validade das leis ordin‡rias se apoia na Constitui‹o. 
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Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
 
Chega-se, ent‹o, a uma pergunta decisiva para que se possa completar a 
l—gica do sistema: de qual norma a Constitui‹o, enquanto Lei suprema do 
Estado, retira seu fundamento de validade? 
A resposta a essa pergunta, elaborada por Hans Kelsen, depende da 
compreens‹o da Constitui‹o a partir de dois sentidos: o l—gico-jur’dico e o 
jur’dico-positivo. 
No sentido l—gico-jur’dico, a Constitui‹o Ž a norma hipotŽtica 
fundamental (n‹o real, mas sim imaginada, pressuposta) que serve como 
fundamento l—gico transcendental da validade da Constitui‹o em sentido 
jur’dico-positivo. Esta norma n‹o possui um enunciado expl’cito, consistindo 
apenas numa ordem, dirigida a todos, de obedincia ˆ Constitui‹o positiva. ƒ 
como se a norma fundamental hipotŽtica dissesse o seguinte: ÒObedea-se a 
constitui‹o positiva!Ó. 
J‡ no sentido jur’dico-positivo, a Constitui‹o Ž a norma positiva 
suprema, que serve para regular a cria‹o de todas as outras. ƒ 
documento solene, cujo texto s— pode ser alterado mediante procedimento 
especial. No Brasil, esta Constitui‹o Ž, atualmente, a de 1988 (CF/88). 
No sistema proposto por Kelsen, o fundamento de validade das normas est‡ na 
hierarquia entre elas. Toda norma apoia sua validade na norma imediatamente 
superior; com a Constitui‹o positiva (escrita) n‹o Ž diferente: seu 
fundamento de validade est‡ na norma hipotŽtica fundamental, que Ž 
norma pressuposta, imaginada. 
 
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4) Sentido cultural: 
Apesar de pouco cobrado em prova, Ž importante que saibamos o que significa 
a Constitui‹o no sentido cultural, preconizado por Meirelles Teixeira. Para 
esse sentido, o Direito s— pode ser entendido como objeto cultural, ou seja, 
uma parte da cultura. Isso porque o Direito n‹o Ž: 
a) Real: uma vez que os seres reais pertencem ˆ natureza, como uma 
pedra ou um rio, por exemplo; 
b) Ideal: uma vez que n‹o se trata de uma rela‹o (igualdade, 
diferena, metade, etc.), nem de uma quantidade ou figura matem‡tica 
(nœmeros, formas geomŽtricas, etc.) ou de uma essncia, pois os seres 
ideais s‹o imut‡veis e existem fora do tempo e do espao, enquanto o 
conteœdo das normas jur’dicas varia atravŽs dos tempos, dos lugares, 
dos povos e da hist—ria; 
c) Puro valor: uma vez que, por meio de suas normas, apenas tenta 
concretizar ou realizar um valor, n‹o se confundindo com ele. 
Por isso, considerando que os seres s‹o classificados em quatro categorias Ð 
reais, ideais, valores e objetos culturais Ð o Direito pertence a esta œltima. Isso 
porque, assim como a cultura, o Direito Ž produto da atividade humana. 
SENTIDOS DA 
CONSTITUIÇÃO
SOCIOLÓGICO (LASSALLE): SOMA DOS 
FATORES REAIS DE PODER
POLÍTICO (SCHMITT): DECISÃO 
POLÍTICA FUNDAMENTAL
JURÍDICO (KELSEN):
 ‑ LÓGICO JURÍDICO: NORMA 
HIPOTÉTICA FUNDAMENTAL
‑ JURÍDICO‑POSITIVO: NORMA 
POSITIVA SUPREMA
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A partir dessa an‡lise, chega-se ao conceito de constitui‹o total, que Ž 
condicionada pela cultura do povo e tambŽm atua como condicionante dessa 
mesma cultura. Essa constitui‹o abrange todos os aspectos da vida da 
sociedade e do Estado, sendo uma combina‹o de todas as concep›es 
anteriores Ð sociol—gica, pol’tica e jur’dica. 
 
(PC/DF Ð 2015) Hans Kelsen concebe dois planos 
distintos do direito: o jur’dico-positivo, que s‹o as normas 
positivadas; e o l—gico-jur’dico, situado no plano l—gico, 
como norma fundamental hipotŽtica pressuposta, criando-
se uma verticalidade hier‡rquica de normas. 
Coment‡rios: 
No sentido l—gico-jur’dico, a Constitui‹o Ž a norma 
hipotŽtica fundamental. J‡ no sentido jur’dico-positivo, a 
Constitui‹o Ž a norma positiva suprema. Quest‹o correta. 
(PC/DF Ð 2015) De acordo com o sentido pol’tico de Carl 
Schmitt, a constitui‹o Ž o somat—rio dos fatores reais do 
poder dentro de uma sociedade. Isso significa que a 
constitui‹o somente se legitima quando representa o 
efetivo poder social. 
Coment‡rios: 
No sentido sociol—gico, preconizado por Ferdinand Lassale, 
a Constitui‹o Ž a soma dos fatores reais de poder. 
Quest‹o errada. 
(PC / DF Ð 2015) De acordo com o sentido sociol—gico de 
Ferdinand Lassale, a constitui‹o n‹o se confunde com as 
leis constitucionais. A constitui‹o, como decis‹o pol’tica 
fundamental, ir‡ cuidar apenas de determinadas matŽrias 
estruturantesdo Estado, como —rg‹os do Estado, e dos 
direitos e das garantias fundamentais, entre outros. 
Coment‡rios: 
Carl Schmitt Ž quem fez a distin‹o entre Constitui‹o e 
Òleis constitucionaisÓ. Quest‹o errada. 
 
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O Direito Constitucional e os Demais Ramos do Direito 
Como vimos, a Constitui‹o Ž fundamento de validade de todas as demais 
normas do ordenamento jur’dico. Por esse motivo, o Direito Constitucional Ž 
um tronco de onde partem todas as ramifica›es que constituem os 
demais campos do Direito. Desse modo, Ž o Direito Constitucional que 
confere unidade ao Direito como um todo, seja ele pœblico ou privado. Veja 
como a nossa disciplina se relaciona com os demais ramos do Direito: 
a) Direito Constitucional e Direito Administrativo - o Direito 
Constitucional determina os princ’pios gerais e os fundamentos da 
Administra‹o Pœblica, bem como estabelece normas para os servidores 
pœblicos. 
b) Direito Constitucional e Direito Penal - Ž o Direito Constitucional que 
fixa os fundamentos e determina os limites da pretens‹o punitiva do Estado, 
bem como garante o direito de defesa do acusado. Os limites ˆ atua‹o do 
Estado se encontram nos direitos e garantias fundamentais estabelecidos pela 
Constitui‹o, estando insertos impl’cita ou explicitamente no art. 5¼ da Carta 
Magna, que estudaremos adiante neste curso. 
c) Direito Constitucional e Direito Processual - o Direito Constitucional 
est‡ intimamente ligado ao Direito Processual, uma vez que: 
- Garante o acesso ˆ Justia (art. 5¼, XXXV, CF); 
- Estabelece o devido processo legal (art. 5¼, LIV, CF), bem como o 
contradit—rio e a ampla defesa (art. 5¼, LV); 
- Determina a inadmissibilidade, no processo, de provas obtidas por 
meios il’citos (art. 5¼, LVI, CF); 
- Prev remŽdios constitucionais como o mandado de segurana 
individual e coletivo (art. 5¼, LXIX e LXX, CF), o habeas data (art. 5¼, 
LXXII, CF) e a a‹o popular (art. 5¼, LXXIIII, CF); 
- Garante a assistncia jur’dica integral e gratuita aos que comprovarem 
insuficincia de recursos (art. 5¼, LXXIV, CF), bem como a razo‡vel 
dura‹o do processo, no ‰mbito judicial e administrativo, e os meios que 
garantam a celeridade de sua tramita‹o (art. 5¼, LXXVIII, CF); 
- Regula a a‹o direta de inconstitucionalidade, a a‹o declarat—ria de 
constitucionalidade, a argui‹o de descumprimento de preceito 
fundamental e a a‹o direta de inconstitucionalidade por omiss‹o. 
d) Direito Constitucional e Direito do Trabalho - Ž a Constitui‹o que 
prev os principais direitos sociais do empregado (arts. 7¼ a 10, CF), o que 
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torna o Direito Constitucional intrinsecamente relacionado ao Direito do 
Trabalho. 
e) Direito Constitucional e Direito Civil - a partir da Constitui‹o de 1988, 
houve o fen™meno da constitucionaliza‹o do Direito Civil, que passou a 
ter suas normas sujeitas aos princ’pios e regras constitucionais. Valores 
constitucionais como a dignidade da pessoa humana, a solidariedade social e a 
igualdade substancial, previstos na Constitui‹o, conferiram ao Direito Civil um 
car‡ter mais humanista, em oposi‹o ˆ base patrimonial que se verificava 
outrora. Uma das consequncias desse fen™meno Ž a aplicabilidade dos 
direitos fundamentais ˆs rela›es privadas e n‹o apenas ˆs rela›es com 
o Poder Pœblico. Assim, pode o particular opor um direito ou garantia 
fundamental a outro particular, o que reduz a autonomia privada. 
f) Direito Constitucional e Direito Tribut‡rio - o Direito Constitucional 
delineia o sistema tribut‡rio nacional, estabelece o conceito de tributo2, 
discrimina a competncia tribut‡ria e fixa limites ao poder de tributar. 
Estrutura das Constitui›es 
As Constitui›es, de forma geral, dividem-se em trs partes: pre‰mbulo, 
parte dogm‡tica e disposi›es transit—rias. 
O pre‰mbulo Ž a parte que antecede o texto constitucional propriamente dito. 
O pre‰mbulo serve para definir as inten›es do legislador constituinte, 
proclamando os princ’pios da nova constitui‹o e rompendo com a ordem 
jur’dica anterior. Sua fun‹o Ž servir de elemento de integra‹o dos artigos 
que lhe seguem, bem como orientar a sua interpreta‹o. Serve para 
sintetizar a ideologia do poder constituinte origin‡rio, expondo os valores por 
ele adotados e os objetivos por ele perseguidos. 
Segundo o Supremo Tribunal Federal, ele n‹o Ž norma constitucional. 
Portanto, n‹o serve de par‰metro para a declara‹o de inconstitucionalidade e 
n‹o estabelece limites para o Poder Constituinte Derivado, seja ele Reformador 
ou Decorrente. Por isso, o STF entende que suas disposi›es n‹o s‹o de 
reprodu‹o obrigat—ria pelas Constitui›es Estaduais. Segundo o STF, o 
Pre‰mbulo n‹o disp›e de fora normativa, n‹o tendo car‡ter 
                                                        
2 Segundo Geraldo Ataliba, o conceito de tributo tem origem na Constitui‹o, n‹o podendo ser 
alargado, reduzido ou modificado pelo legislador constitucional. Isso por ser ele um conceito-
chave para demarca‹o das competncias legislativas e balizador do regime tribut‡rio, 
conjunto de princ’pios e regras constitucionais de prote‹o do contribuinte contra o chamado 
poder tribut‡rio, exercido, nas respectivas faixas delimitadas de competncias, por Uni‹o, 
Estados e Munic’pios (Hip—tese de Incidncia Tribut‡ria, S‹o Paulo: Malheiros). 
 
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vinculante3. Apesar disso, a doutrina n‹o o considera juridicamente 
irrelevante, uma vez que deve ser uma das linhas mestras interpretativas do 
texto constitucional. 4 
A parte dogm‡tica da Constitui‹o Ž o texto constitucional propriamente dito, 
que prev os direitos e deveres criados pelo poder constituinte. Trata-se do 
corpo permanente da Carta Magna, que, na CF/88, vai do art. 1¼ ao 250. 
Destaca-se que falamos em Òcorpo permanenteÓ porque, a princ’pio, essas 
normas n‹o tm car‡ter transit—rio, embora possam ser modificadas pelo 
poder constituinte derivado, mediante emenda constitucional. 
Por fim, a parte transit—ria da Constitui‹o visa integrar a ordem jur’dica 
antiga ˆ nova, quando do advento de uma nova Constitui‹o, garantindo a 
segurana jur’dica e evitando o colapso entre um ordenamento jur’dico e 
outro. Suas normas s‹o formalmente constitucionais, embora, no texto da 
CF/88, apresente numera‹o pr—pria (vejam ADCT Ð Ato das Disposi›es 
Constitucionais Transit—rias). Assim como a parte dogm‡tica, a parte 
transit—ria pode ser modificada por reforma constitucional. AlŽm disso, 
tambŽm pode servir como paradigma para o controle de 
constitucionalidade das leis. 
 
(DPE-MS Ð 2014) O pre‰mbulo da Constitui‹o n‹o 
constitui norma central, n‹o tendo fora normativa e, 
consequentemente, n‹o servindo como paradigma para a 
declara‹o de inconstitucionalidade. 
Coment‡rios: 
O pre‰mbulo n‹o tem fora normativa e, em raz‹o disso, 
n‹o serve de paradigma para o controle de 
constitucionalidade. Quest‹o correta. 
Elementos das Constitui›es 
Embora as Constitui›es formem um todo sistematizado, suas normas est‹o 
agrupadas em t’tulos, cap’tulos e se›es, com conteœdo, origem e finalidade 
diferentes. Diz-se, por isso, que a Constitui‹o tem car‡ter polifacŽtico, ou 
seja,que possui Òmuitas facesÓ. 
A fim de melhor compreender cada uma dessas faces, a doutrina agrupa as 
normas constitucionais conforme suas finalidades, no que se denominam 
                                                        
3
 ADI 2.076-AC, Rel. Min. Carlos Velloso, DJU de 23.08.2002. 
4 MORAES, Alexandre de. Constitui‹o do Brasil Interpretada e Legisla‹o 
Constitucional, 9» edi‹o. S‹o Paulo Editora Atlas: 2010, pp. 53-55 
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elementos da constitui‹o. Segundo JosŽ Afonso da Silva, esses elementos 
formam cinco categorias: 
a) Elementos org‰nicos: compreendem as normas que regulam a 
estrutura do Estado e do Poder. Exemplos: T’tulo III (Da Organiza‹o 
do Estado) e IV (Da Organiza‹o dos Poderes e do Sistema de 
Governo). 
b) Elementos limitativos: compreendem as normas que comp›em os 
direitos e garantias fundamentais, limitando a atua‹o do poder 
estatal. Os direitos sociais, que s‹o aqueles que exigem presta›es 
positivas do Estado em favor dos indiv’duos, n‹o se enquadram como 
elementos limitativos. Exemplo: T’tulo II (Dos Direitos e Garantias 
Fundamentais), exceto Cap’tulo II (Dos Direitos Sociais). 
c) Elementos socioideol—gicos: s‹o as normas que traduzem o 
compromisso das Constitui›es modernas com o bem estar social. Tais 
normas refletem a existncia do Estado social, intervencionista, 
prestacionista. Exemplos: Cap’tulo II do T’tulo II (Dos Direitos Sociais), 
T’tulos VII (Da Ordem Econ™mica e Financeira) e VIII (Da Ordem 
Social). 
d) Elementos de estabiliza‹o constitucional: compreendem as 
normas destinadas a prover solu‹o de conflitos constitucionais, bem 
como a defesa da Constitui‹o, do Estado e das institui›es 
democr‡ticas. S‹o instrumentos de defesa do Estado, com vistas a 
promover a paz social. Exemplos: art. 102, I, ÒaÓ (a‹o de 
inconstitucionalidade) e arts. 34 a 36 (interven‹o). 
e) Elementos formais de aplicabilidade: compreendem as normas 
que estabelecem regras de aplica‹o da constitui‹o. Exemplos: 
pre‰mbulo, disposi›es constitucionais transit—rias e art. 5¼, ¤ 1¼, que 
estabelece que as normas definidoras dos direitos e garantias 
fundamentais tm aplica‹o imediata. 
A Pir‰mide de Kelsen Ð Hierarquia das Normas 
Para compreender bem o Direito Constitucional, Ž fundamental que estudemos 
a hierarquia das normas, atravŽs do que a doutrina denomina Òpir‰mide de 
KelsenÓ. Essa pir‰mide foi concebida pelo jurista austr’aco para fundamentar 
a sua teoria, baseada na ideia de que as normas jur’dicas inferiores (normas 
fundadas) retiram seu fundamento de validade das normas jur’dicas 
superiores (normas fundantes). 
Iremos, a seguir, nos utilizar da Òpir‰mide de KelsenÓ para explicar o 
escalonamento normativo no ordenamento jur’dico brasileiro. 
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A pir‰mide de Kelsen tem a Constitui‹o como seu vŽrtice (topo), por ser 
esta fundamento de validade de todas as demais normas do sistema. Assim, 
nenhuma norma do ordenamento jur’dico pode se opor ˆ Constitui‹o: ela Ž 
superior a todas as demais normas jur’dicas, as quais s‹o, por isso mesmo, 
denominadas infraconstitucionais. 
Na Constitui‹o, h‡ normas constitucionais origin‡rias e normas 
constitucionais derivadas. As normas constitucionais origin‡rias s‹o produto 
do Poder Constituinte Origin‡rio (o poder que elabora uma nova Constitui‹o); 
elas integram o texto constitucional desde que ele foi promulgado, em 1988. 
J‡ as normas constitucionais derivadas s‹o aquelas que resultam da 
manifesta‹o do Poder Constituinte Derivado (o poder que altera a 
Constitui‹o); s‹o as chamadas emendas constitucionais, que tambŽm se 
situam no topo da pir‰mide de Kelsen. 
ƒ relevante destacar, nesse ponto, alguns entendimentos doutrin‡rios e 
jurisprudenciais bastante cobrados em prova acerca da hierarquia das 
normas constitucionais (origin‡rias e derivadas): 
a) N‹o existe hierarquia entre normas constitucionais 
origin‡rias. Assim, n‹o importa qual Ž o conteœdo da norma. Todas as 
normas constitucionais origin‡rias tm o mesmo status hier‡rquico. 
Nessa —tica, as normas definidoras de direitos e garantias fundamentais 
tm a mesma hierarquia do ADCT (Atos das Disposi›es Constitucionais 
Transit—rias) ou mesmo do art. 242, ¤ 2¼, que disp›e que o ColŽgio 
Pedro II, localizado na cidade do Rio de Janeiro, ser‡ mantido na —rbita 
federal. 
b) N‹o existe hierarquia entre normas constitucionais 
origin‡rias e normas constitucionais derivadas. Todas elas se 
situam no mesmo patamar. 
c) Embora n‹o exista hierarquia entre normas constitucionais 
origin‡rias e derivadas, h‡ uma importante diferena entre elas: as 
normas constitucionais origin‡rias n‹o podem ser declaradas 
inconstitucionais. Em outras palavras, as normas constitucionais 
origin‡rias n‹o podem ser objeto de controle de constitucionalidade. J‡ 
as emendas constitucionais (normas constitucionais derivadas) poder‹o, 
sim, ser objeto de controle de constitucionalidade. 
d) O alem‹o Otto Bachof desenvolveu relevante obra doutrin‡ria 
denominada ÒNormas constitucionais inconstitucionaisÓ, na qual 
defende a possibilidade de que existam normas constitucionais 
origin‡rias eivadas de inconstitucionalidade. Para o jurista, o texto 
constitucional possui dois tipos de normas: as cl‡usulas pŽtreas 
(normas cujo conteœdo n‹o pode ser abolido pelo Poder Constituinte 
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Derivado) e as normas constitucionais origin‡rias. As cl‡usulas 
pŽtreas, na vis‹o de Bachof, seriam superiores ˆs demais 
normas constitucionais origin‡rias e, portanto, serviriam de 
par‰metro para o controle de constitucionalidade destas. Assim, o 
jurista alem‹o considerava leg’timo o controle de constitucionalidade de 
normas constitucionais origin‡rias. No entanto, bastante cuidado: no 
Brasil, a tese de Bachof n‹o Ž admitida. As cl‡usulas pŽtreas se 
encontram no mesmo patamar hier‡rquico das demais normas 
constitucionais origin‡rias. 
Com a promulga‹o da Emenda Constitucional n¼ 45/2004, abriu-se uma nova 
e importante possibilidade no ordenamento jur’dico brasileiro. Os tratados e 
conven›es internacionais de direitos humanos aprovados em cada Casa 
do Congresso Nacional (C‰mara dos Deputados e Senado Federal), em dois 
turnos, por trs quintos dos votos dos respectivos membros, passaram a ser 
equivalentes ˆs emendas constitucionais. Situam-se, portanto, no topo da 
pir‰mide de Kelsen, tendo ÒstatusÓ de emenda constitucional. 
Diz-se que os tratados de direitos humanos, ao serem aprovados por esse rito 
especial, ingressam no chamado Òbloco de constitucionalidadeÓ. Em virtude 
da matŽria de que tratam (direitos humanos), esses tratados est‹o gravados 
por cl‡usula pŽtrea5 e, portanto, imunes ˆ denœncia6 pelo Estado 
brasileiro. O primeiro tratado de direitos humanos a receber o status de 
emenda constitucional foi a ÒConven‹o Internacional sobre os Direitos das 
Pessoas com Deficincia e seu Protocolo FacultativoÓ. 
Os demais tratados internacionais sobre direitos humanos, aprovados 
pelo rito ordin‡rio, tm, segundo o STF, ÒstatusÓ supralegal. Isso significa 
que se situam logo abaixo da Constitui‹o e acima das demais normas do 
ordenamento jur’dico. 
A EC n¼ 45/2004 trouxe ao Brasil,portanto, segundo o Prof. ValŽrio Mazzuoli, 
um novo tipo de controle da produ‹o normativa domŽstica: o controle de 
convencionalidade das leis. Assim, as leis internas estariam sujeitas a um 
duplo processo de compatibiliza‹o vertical, devendo obedecer aos 
comandos previstos na Carta Constitucional e, ainda, aos previstos em 
                                                        
5
 Estudaremos mais ˆ frente sobre as cl‡usulas pŽtreas, que s‹o normas que n‹o podem ser 
objeto de emenda constitucional tendente a aboli-las. As cl‡usulas pŽtreas est‹o previstas no 
art. 60, ¤ 4¼, da CF/88. Os direitos e garantias individuais s‹o cl‡usulas pŽtreas (art. 60, ¤ 4¼, 
inciso IV). 
6
  Denœncia Ž o ato unilateral por meio do qual um Estado se desvincula de um tratado 
internacional. 
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tratados internacionais de direitos humanos regularmente incorporados ao 
ordenamento jur’dico brasileiro.7 
As normas imediatamente abaixo da Constitui‹o (infraconstitucionais) e 
dos tratados internacionais sobre direitos humanos s‹o as leis 
(complementares, ordin‡rias e delegadas), as medidas provis—rias, os 
decretos legislativos, as resolu›es legislativas, os tratados 
internacionais em geral incorporados ao ordenamento jur’dico e os 
decretos aut™nomos. Todas essas normas ser‹o estudadas em detalhes em 
aula futura, n‹o se preocupe! Neste momento, quero apenas que voc guarde 
quais s‹o as normas infraconstitucionais e que elas n‹o possuem hierarquia 
entre si, segundo doutrina majorit‡ria. Essas normas s‹o prim‡rias, sendo 
capazes de gerar direitos e criar obriga›es, desde que n‹o contrariem a 
Constitui‹o. 
Novamente, gostar’amos de trazer ˆ baila alguns entendimentos doutrin‡rios e 
jurisprudenciais muito cobrados em prova: 
a) Ao contr‡rio do que muitos podem ser levados a acreditar, as leis 
federais, estaduais, distritais e municipais possuem o mesmo 
grau hier‡rquico. Assim, um eventual conflito entre leis federais e 
estaduais ou entre leis estaduais e municipais n‹o ser‡ resolvido por 
um critŽrio hier‡rquico; a solu‹o depender‡ da reparti‹o 
constitucional de competncias. Deve-se perguntar o seguinte: de qual 
ente federativo (Uni‹o, Estados ou Munic’pios) Ž a competncia para 
tratar do tema objeto da lei? Nessa —tica, Ž plenamente poss’vel que, 
num caso concreto, uma lei municipal prevalea diante de uma lei 
federal. 
b) Existe hierarquia entre a Constitui‹o Federal, as Constitui›es 
Estaduais e as Leis Org‰nicas dos Munic’pios? Sim, a Constitui‹o 
Federal est‡ num patamar superior ao das Constitui›es Estaduais 
que, por sua vez, s‹o hierarquicamente superiores ˆs Leis Org‰nicas. 
b) As leis complementares, apesar de serem aprovadas por um 
procedimento mais dificultoso, tm o mesmo n’vel hier‡rquico das 
leis ordin‡rias. O que as diferencia Ž o conteœdo: ambas tm campos 
de atua‹o diversos, ou seja, a matŽria (conteœdo) Ž diferente. Como 
exemplo, citamos o fato de que a CF/88 exige que normas gerais sobre 
direito tribut‡rio sejam estabelecidas por lei complementar. 
c) As leis complementares podem tratar de tema reservado ˆs 
leis ordin‡rias. Esse entendimento deriva da —tica do Òquem pode 
                                                        
7
    MAZZUOLI, ValŽrio de Oliveira. Teoria Geral do Controle de Convencionalidade no 
Direito Brasileiro. In: Controle de Convencionalidade: um panorama latino-americano. 
Gazeta Jur’dica. Bras’lia: 2013. 
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mais, pode menosÓ. Ora, se a CF/88 exige lei ordin‡ria (cuja aprova‹o 
Ž mais simples!) para tratar de determinado assunto, n‹o h‡ —bice a 
que uma lei complementar regule o tema. No entanto, caso isso ocorra, 
a lei complementar ser‡ considerada materialmente ordin‡ria; essa 
lei complementar poder‡, ent‹o, ser revogada ou modificada por 
simples lei ordin‡ria. Diz-se que, nesse caso, a lei complementar ir‡ 
subsumir-se ao regime constitucional da lei ordin‡ria. 8 
d) As leis ordin‡rias n‹o podem tratar de tema reservado ˆs leis 
complementares. Caso isso ocorra, estaremos diante de um caso de 
inconstitucionalidade formal (nomodin‰mica). 
e) Os regimentos dos tribunais do Poder Judici‡rio s‹o considerados 
normas prim‡rias, equiparados hierarquicamente ˆs leis ordin‡rias. 
Na mesma situa‹o, encontram-se as resolu›es do CNMP (Conselho 
Nacional do MinistŽrio pœblico) e do CNJ (Conselho Nacional de Justia). 
f) Os regimentos das Casas Legislativas (Senado e C‰mara dos 
Deputados), por constitu’rem resolu›es legislativas, tambŽm s‹o 
considerados normas prim‡rias, equiparados hierarquicamente ˆs leis 
ordin‡rias. 
Finalmente, abaixo das leis encontram-se as normas infralegais. Elas s‹o 
normas secund‡rias, n‹o tendo poder de gerar direitos, nem, tampouco, de 
impor obriga›es. N‹o podem contrariar as normas prim‡rias, sob pena de 
invalidade. ƒ o caso dos decretos regulamentares, portarias, das instru›es 
normativas, dentre outras. Tenham bastante cuidado para n‹o confundir os 
decretos aut™nomos (normas prim‡rias, equiparadas ˆs leis) com os 
decretos regulamentares (normas secund‡rias, infralegais). 
 
                                                        
8AI 467822 RS, p. 04-10-2011. 
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(MPE-BA Ð 2015) Existe hierarquia entre lei complementar 
e lei ordin‡ria, bem como entre lei federal e estadual. 
Coment‡rios: 
N‹o h‡ hierarquia entre lei ordin‡ria e lei complementar. 
Elas tm o mesmo n’vel hier‡rquico. TambŽm n‹o h‡ 
hierarquia entre lei federal e lei estadual. Quest‹o errada. 
Classifica‹o das Constitui›es 
Ao estudar as diversas Constitui›es, a doutrina prop›e diversos critŽrios para 
classific‡-las. ƒ justamente isso o que estudaremos a partir de agora: a 
classifica‹o das Constitui›es, levando em considera‹o variados critŽrios. 
1) Classifica‹o quanto ˆ origem: 
As Constitui›es se classificam quanto ˆ origem em: 
a) Outorgadas (impostas, ditatoriais, autocr‡ticas): s‹o aquelas 
impostas, que surgem sem participa‹o popular. Resultam de ato 
unilateral de vontade da classe ou pessoa dominante no sentido de 
limitar seu pr—prio poder, por meio da outorga de um texto 
CONSTITUIÇÃO, EMENDAS CONSTITUCIONAIS E TRATADOS 
INTERNACIONAIS SOBRE DIREITOS HUMANOS APROVADOS COMO 
EMENDAS CONSTITUCIONAIS
OUTROS TRATADOS INTERNACIONAIS SOBRE DIREITOS HUMANOS
LEIS COMPLEMENTARES, ORDINÁRIAS E DELEGADAS, MEDIDAS 
PROVISÓRIAS, DECRETOS LEGISLATIVOS, RESOLUÇÕES 
LEGISLATIVAS, TRATADOS INTERNACIONAIS EM GERAL E DECRETOS 
AUTÔNOMOS
NORMAS INFRALEGAIS
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constitucional. Exemplos: Constitui›es brasileiras de 1824, 1937 e 
1967 e a EC n¼ 01/1969.  
b) Democr‡ticas (populares, promulgadas ou votadas): nascem com 
participa‹o popular, por processo democr‡tico. Normalmente, s‹o 
fruto do trabalho de uma Assembleia Nacional Constituinte, convocada 
especialmente para sua elabora‹o. Exemplos: Constitui›es 
brasileiras de 1891, 1934, 1946 e 1988. 
c) Cesaristas(bonapartistas): s‹o outorgadas, mas necessitam de 
referendo popular. O texto Ž produzido sem qualquer participa‹o 
popular, cabendo ao povo apenas a sua ratifica‹o. 
d) Dualistas (pactuadas): s‹o resultado do compromisso inst‡vel entre 
duas foras antag™nicas: de um lado, a monarquia enfraquecida; do 
outro, a burguesia em ascens‹o. Essas constitui›es estabelecem uma 
limita‹o ao poder mon‡rquico, formando as chamadas monarquias 
constitucionais. 
 
 
(PC / DF Ð 2015) As constitui›es outorgadas s‹o aquelas 
que, embora confeccionadas sem a participa‹o popular, para 
entrarem em vigor, s‹o submetidas ˆ ratifica‹o posterior do 
povo por meio de referendo. 
Coment‡rios: 
As constitui›es cesaristas Ž que s‹o submetidas ˆ ratifica‹o 
por meio de referendo popular. Quest‹o errada. 
 
2) Classifica‹o quanto ˆ forma: 
No que concerne ˆ forma, as Constitui›es podem ser: 
a) Escritas (instrumentais): s‹o constitui›es elaboradas por um 
—rg‹o constituinte especialmente encarregado dessa tarefa e que 
as sistematiza em documentos solenes, com o prop—sito de fixar a 
organiza‹o fundamental do Estado. Subdividem-se em: 
- codificadas (unit‡rias): quando suas normas se encontram em 
um œnico texto. Nesse caso, o —rg‹o constituinte optou por inserir todas 
as normas constitucionais em um œnico documento, escrito. A 
Constitui‹o de 1988 Ž escrita, do tipo codificada. 
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- legais (variadas, pluritextuais ou inorg‰nicas): quando suas 
normas se encontram em diversos documentos solenes. Aqui, o —rg‹o 
constituinte optou por n‹o inserir todas as normas constitucionais num 
mesmo documento. 
b) N‹o escritas (costumeiras ou consuetudin‡rias): s‹o constitui›es 
cujas normas est‹o em variadas fontes normativas, como as leis, 
costumes, jurisprudncia, acordos e conven›es. Nesse tipo de 
constitui‹o, n‹o h‡ um —rg‹o especialmente encarregado de elaborar a 
constitui‹o; s‹o v‡rios os centros de produ‹o de normas. Um 
exemplo de constitui‹o n‹o-escrita Ž a Constitui‹o inglesa. 
 
Muito cuidado com um detalhe, pessoal! 
As constitui›es n‹o-escritas, ao contr‡rio do 
que muitos podem ser levados a pensar, 
possuem tambŽm normas escritas. Elas n‹o 
s‹o formadas apenas por costumes. As leis e 
conven›es (normas escritas) tambŽm fazem 
parte dessas constitui›es. 
 
 
(TCE Ð PI Ð 2014) As denominadas Constitui›es legais ou 
inorg‰nicas caracterizam-se por contemplar expressivo 
conjunto de normas apenas formalmente constitucionais. 
Coment‡rios: 
A caracter’stica central das Constitui›es legais Ž que seu 
conteœdo est‡ disperso em diversos documentos solenes. 
Quest‹o errada. 
 
3) Classifica‹o quanto ao modo de elabora‹o: 
No que se refere ao modo de elabora‹o, as Constitui›es podem ser: 
a) Dogm‡ticas (sistem‡ticas): s‹o escritas, tendo sido elaboradas 
por um —rg‹o constitu’do para esta finalidade em um determinado 
momento, segundo os dogmas e valores ent‹o em voga. 
Subdividem-se em: 
- ortodoxas: quando refletem uma s— ideologia. 
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- heterodoxas (eclŽticas): quando suas normas se originam de 
ideologias distintas. A Constitui‹o de 1988 Ž dogm‡tica eclŽtica, uma 
vez que adotou, como fundamento do Estado, o pluralismo pol’tico (art. 
1¼, CF). 
b)  Hist—ricas: tambŽm chamadas costumeiras, s‹o do tipo n‹o 
escritas. S‹o criadas lentamente com as tradi›es, sendo uma 
s’ntese dos valores hist—ricos consolidados pela sociedade. S‹o, por 
isso, mais est‡veis que as dogm‡ticas. ƒ o caso da Constitui‹o inglesa. 
JosŽ Afonso da Silva destaca que n‹o se deve confundir o conceito de 
constitui‹o hist—rica com o de constitui‹o flex’vel. As constitui›es 
hist—ricas s‹o, de fato, juridicamente flex’veis (sofrem modifica‹o 
por processo n‹o dificultoso, podendo ser modificadas pelo legislador 
ordin‡rio), mas normalmente s‹o pol’tica e socialmente r’gidas, uma 
vez que, por serem produto do lento evoluir dos valores da sociedade, 
raramente s‹o modificadas. 
 
(PC / DF Ð 2015) As constitui›es podem ser ortodoxas, 
quando reunirem uma s— ideologia, como a Constitui‹o 
SoviŽtica de 1977, ou eclŽticas, quando conciliarem v‡rias 
ideologias em seu texto, como a Constitui‹o Brasileira de 
1988. 
Coment‡rios: 
A CF/88 Ž eclŽtica, pois suas normas se originam de 
ideologias distintas. Por outro lado, a Constitui‹o SoviŽtica 
de 1977 pode ser apontada como Constitui‹o ortodoxa, 
pois Ž baseada apenas em uma ideologia: a ideologia 
comunista. Quest‹o correta. 
 
4) Classifica‹o quanto ˆ estabilidade: 
Na classifica‹o das constitui›es quanto ˆ estabilidade, leva-se em conta o 
grau de dificuldade para a modifica‹o do texto constitucional. As Constitui›es 
s‹o, segundo este critŽrio, divididas em: 
 
a) Imut‡vel (gran’tica, intoc‡vel ou permanente): Ž aquela 
Constitui‹o cujo texto n‹o pode ser modificado jamais. Tem a 
pretens‹o de ser eterna. Alguns autores n‹o admitem sua existncia. 
b) Super-r’gida: Ž a Constitui‹o em que h‡ um nœcleo intang’vel 
(cl‡usulas pŽtreas), sendo as demais normas alter‡veis por processo 
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legislativo diferenciado, mais dificultoso que o ordin‡rio. Trata-se de 
uma classifica‹o adotada apenas por Alexandre de Moraes, para 
quem a CF/88 Ž do tipo super-r’gida. S— para recordar: as cl‡usulas 
pŽtreas s‹o dispositivos que n‹o podem sofrer emendas (altera›es) 
tendentes a aboli-las. Est‹o arroladas no ¤ 4¼ do art. 60 da 
Constitui‹o. Na maior parte das quest›es, essa classifica‹o n‹o Ž 
cobrada. 
c) R’gida: Ž aquela modificada por procedimento mais dificultoso do 
que aqueles pelos quais se modificam as demais leis. ƒ sempre escrita, 
mas vale lembrar que a rec’proca n‹o Ž verdadeira: nem toda 
Constitui‹o escrita Ž r’gida. A CF/88 Ž r’gida, pois exige 
procedimento especial para sua modifica‹o por meio de emendas 
constitucionais: vota‹o em dois turnos, nas duas Casas do Congresso 
Nacional e aprova‹o de pelo menos trs quintos dos integrantes das 
Casas Legislativas (art. 60, ¤2¼, CF/88). Exemplos: Constitui›es de 
1891, 1934, 1937, 1946, 1967 e 1988. 
d) Semirr’gida ou semiflex’vel: para algumas normas, o processo 
legislativo de altera‹o Ž mais dificultoso que o ordin‡rio; para outras 
n‹o. Um exemplo Ž a Carta Imperial do Brasil (1824), que exigia 
procedimento especial para modifica‹o de artigos que tratassem de 
direitos pol’ticos e individuais, bem como dos limites e atribui›es 
respectivas dos Poderes. As normas referentes a todas as demais 
matŽrias poderiam ser alteradas por procedimento usado para modificar 
as leis ordin‡rias. 
e) Flex’vel: pode ser modificada pelo procedimento legislativo 
ordin‡rio, ou seja, pelo mesmo processo legislativo usado para 
modificar as leis comuns. 
ƒ importante salientar que a maior ou menor rigidez da Constitui‹o n‹o 
lhe assegura estabilidade. Sabe-se hoje que esta se relaciona mais com o 
amadurecimento da sociedade e das institui›es estatais do que com o 
processo legislativo de modifica‹o do texto constitucional. N‹o seria correta, 
portanto, uma quest‹o que afirmasse que uma Constitui‹o r’gida Ž mais 
est‡vel. Veja o caso da CF/88, que j‡ sofreu dezenasde emendas. 
 
Da rigidez constitucional decorre o princ’pio da 
supremacia da Constitui‹o. ƒ que, em virtude da 
necessidade de processo legislativo especial para que 
uma norma seja inserida no texto constitucional, fica 
claro, por consequncia l—gica, que as normas 
constitucionais est‹o em patamar hier‡rquico 
superior ao das demais normas do ordenamento 
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jur’dico. 
Assim, as normas que forem incompat’veis com a 
Constitui‹o ser‹o consideradas inconstitucionais. Tal 
fiscaliza‹o de validade das leis Ž realizada por meio 
do denominado Òcontrole de constitucionalidadeÓ, que 
tem como pressuposto a rigidez constitucional. 
 
 
(UEG Ð 2015) A CF/88 pode ser definida como 
semirr’gida, pois apresenta dispositivos que podem ser 
emendados por meio de lei (normas apenas formalmente 
constitucionais), ao passo que as normas materialmente 
constitucionais s— podem ser alteradas por meio de 
emendas ˆ constitui‹o. 
Coment‡rios: 
A CF/88 Ž classificada como r’gida, pois somente pode ser 
modificada por um procedimento mais dificultoso do que o 
das leis ordin‡rias. Na hist—ria brasileira, a Constitui‹o de 
1824 era semirr’gida. Quest‹o errada. 
 
5) Classifica‹o quanto ao conteœdo: 
Para entender a classifica‹o das constitui›es quanto ao conteœdo, Ž 
fundamental deixarmos bem claro, primeiro, o que s‹o normas 
materialmente constitucionais e o que s‹o normas formalmente 
constitucionais. 
Normas materialmente constitucionais s‹o aquelas cujo conteœdo Ž 
tipicamente constitucional, Ž dizer, s‹o normas que regulam os aspectos 
fundamentais da vida do Estado (forma de Estado, forma de governo, 
estrutura do Estado, organiza‹o do Poder e os direitos fundamentais). Essas 
normas, estejam inseridas ou n‹o no texto escrito da Constitui‹o, formam a 
chamada ÒConstitui‹o materialÓ do Estado. 
ƒ relevante destacar que n‹o h‡ consenso doutrin‡rio sobre quais s‹o as 
normas materialmente constitucionais. ƒ ineg‡vel, contudo, que h‡ certos 
assuntos, como os direitos fundamentais e a organiza‹o do Estado, que s‹o 
considerados pelos principais constitucionalistas como sendo normas 
materialmente constitucionais. 
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Por outro lado, normas formalmente constitucionais s‹o todas aquelas 
que, independentemente do conteœdo, est‹o contidas em documento 
escrito elaborado solenemente pelo —rg‹o constituinte. Avalia-se apenas o 
processo de elabora‹o da norma: o conteœdo n‹o importa. Se a norma faz 
parte de um texto constitucional escrito e r’gido, ela ser‡ formalmente 
constitucional. 
Cabe, aqui, fazer uma importante observa‹o. Um pressuposto para que uma 
norma seja considerada formalmente constitucional Ž a existncia de uma 
Constitui‹o r’gida (alter‡vel por procedimento mais dif’cil do que o das 
leis). Ora, em um Estado que adota constitui‹o flex’vel, n‹o cabe falar-se em 
normas formalmente constitucionais; n‹o h‡, afinal, nesse tipo de Estado, 
distin‹o entre o processo legislativo de elabora‹o das leis e o das normas 
que alteram a Constitui‹o. 
Em uma Constitui‹o escrita e r’gida, h‡ normas que s‹o apenas 
formalmente constitucionais e outras, que s‹o, ao mesmo tempo, material 
e formalmente constitucionais. Um exemplo cl‡ssico Ž o art. 242, ¤ 2¼, da 
CF/88, que disp›e que o ColŽgio Pedro II, localizado na cidade do Rio de 
Janeiro, ser‡ mantido na —rbita federal. Por estar no texto da Constitui‹o, 
esse dispositivo Ž, inegavelmente, uma norma formalmente constitucional. No 
entanto, o seu conteœdo n‹o Ž essencial ˆ organiza‹o do Estado, motivo pelo 
qual Ž poss’vel afirmar que trata-se de uma norma apenas formalmente 
constitucional. Por outro lado, o art.5¼, inciso III, da CF/88 (ÒninguŽm ser‡ 
submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradanteÓ) Ž norma 
material e formalmente constitucional. 
As normas formalmente constitucionais podem, portanto, ser materialmente 
constitucionais, ou n‹o. No œltimo caso, sua inser‹o no texto 
constitucional visa sublinhar sua import‰ncia, dando-lhes a estabilidade 
que a Constitui‹o r’gida confere a todas as suas normas9. 
Feitas essas considera›es, voltemos ˆ classifica‹o das constitui›es que, 
quanto ao conteœdo, podem ser: 
a) Constitui‹o material: ƒ o conjunto de normas, escritas ou n‹o, 
que regulam os aspectos essenciais da vida estatal. Sob essa —tica, 
todo e qualquer Estado Ž dotado de uma Constitui‹o, afinal, 
todos os Estados tm normas de organiza‹o e funcionamento, ainda 
que n‹o estejam consubstanciadas em um texto escrito. 
AlŽm disso, Ž plenamente poss’vel que existam normas fora do texto 
constitucional escrito, mas que, por se referirem a aspectos essenciais 
                                                        
9 Manoel Gonalves Ferreira Filho, Curso de Direito Constitucional, 27» edi‹o, p. 12, Ed. 
Saraiva.  
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da vida estatal, s‹o consideradas como fazendo parte da 
Constitui‹o material do Estado. Ressalte-se, mais vez, que analisar 
se uma norma Ž ou n‹o materialmente constitucional depende apenas 
da considera‹o do seu conteœdo. 
Um exemplo de Constitui‹o material Ž a Carta do ImpŽrio de 1824, 
que considerava constitucionais apenas matŽrias referentes aos limites 
e atribui›es dos poderes e direitos pol’ticos, inclusive os individuais 
dos cidad‹os. 
b) Constitui‹o formal (procedimental): ƒ o conjunto de normas 
que est‹o inseridas no texto de uma Constitui‹o r’gida, 
independentemente de seu conteœdo. 
A Constitui‹o de 1988, considerada em sua totalidade, Ž do tipo 
formal, pois foi solenemente elaborada por uma Assembleia 
Constituinte. 
Todas as normas previstas no texto da Constitui‹o Federal de 1988 
s‹o formalmente constitucionais. Entretanto, algumas normas da Carta 
Magna s‹o apenas formalmente constitucionais (e n‹o materialmente), 
j‡ que n‹o tratam de temas de grande relev‰ncia jur’dica, enquanto 
outras s‹o formal e materialmente constitucionais (como as que tratam 
de direitos fundamentais, por exemplo). 
H‡ tambŽm, no ordenamento jur’dico brasileiro, normas 
materialmente constitucionais fora do texto constitucional. ƒ o 
caso dos tratados sobre direitos humanos introduzidos no ordenamento 
jur’dico pelo rito pr—prio de emendas constitucionais, conforme o ¤ 3¼ 
do art. 5¼ da Constitui‹o10. 
 
Segundo o Prof. Michel Temer, a distin‹o entre 
normas formalmente constitucionais (todas as 
normas da CF/88) e normas materialmente 
constitucionais (aquelas que regulam a estrutura 
do Estado, a organiza‹o do Poder e os direitos 
fundamentais) Ž juridicamente irrelevante, ˆ luz 
da Constitui‹o atual 11. 
Isso se deve ao fato de que a CF/88 Ž formal e, por 
isso, todas as normas que a integram s‹o normas 
constitucionais, modific‡veis apenas por 
                                                        
10 Dirley da Cunha Junior. Curso de Direito Constitucional, 6» edi‹o, p. 149, Ed. 
JusPodivm.  
11 Michel Temer, Elementos de Direito Constitucional.  
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procedimento legislativo especial. Destaque-se, 
tambŽm, que a distin‹o entre normas materialmente 
constitucionais e normas formalmente constitucionais 
n‹o tem qualquer efeito sobre a aplicabilidade dessas 
normas. 
 
6) Classifica‹o quanto ˆ extens‹o: 
Quanto ˆ extens‹o, as Constitui›es podem ser anal’ticas ou sintŽticas. 
a) Anal’ticas (prolixas, extensas ou longas): tm conteœdo extenso, 
tratando de matŽrias que n‹o apenas a organiza‹o b‡sica do Estado. 
Contm normas apenas formalmente constitucionais. A CF/88 Ž 
anal’tica, pois trata minuciosamente de certos assuntos, n‹o 
materialmente constitucionais. Esta espŽcie de Constitui‹o Ž uma 
tendncia do constitucionalismo contempor‰neo, que busca dotar 
certos institutos e normas de uma prote‹o mais eficaz contra 
investidas do legislador ordin‡rio. Ora, devido ˆ supremacia formal da 
Constitui‹o, as normas inseridas em seu texto somente poder‹o ser 
modificadas mediante processo legislativo especial.  
b) SintŽticas (concisas, sum‡rias ou curtas): restringem-se aos 
elementos substancialmente constitucionais. ƒ o caso da Constitui‹o 
norte-americana, que possui apenas sete artigos. O detalhamento dos 
direitos e deveres Ž deixado a cargo das leis infraconstitucionais. 
Destaque-se que os textos constitucionais sintŽticos s‹o qualificados 
como constitui›es negativas, uma vez que constroem a chamada 
liberdade-impedimento, que serve para delimitar o arb’trio do Estado 
sobre os indiv’duos. 
7) Classifica‹o quanto ˆ correspondncia com a realidade: 
Quanto ˆ correspondncia com a realidade pol’tica e social 
(classifica‹o ontol—gica), as constitui›es se dividem em: 
a) Normativas: regulam efetivamente o processo pol’tico do Estado, 
por corresponderem ˆ realidade pol’tica e social, ou seja, limitam, de 
fato, o poder. Em suma: tm valor jur’dico. Exemplos: Constitui›es 
brasileiras de 1891, 1934 e 1946. 
b) Nominativas: buscam regular o processo pol’tico do Estado, mas 
n‹o conseguem realizar este objetivo, por n‹o atenderem ˆ realidade 
social. S‹o constitui›es prospectivas, que visam, um dia, a sua 
concretiza‹o, mas que n‹o possuem aplicabilidade. Isso se deve, 
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segundo Loewenstein, provavelmente ao fato de que a decis‹o que 
levou ˆ sua promulga‹o foi prematura, persistindo, contudo, a 
esperana de que, um dia, a vida pol’tica corresponda ao modelo nelas 
fixado. N‹o possuem valor jur’dico: s‹o Constitui›es Òde fachadaÓ.  
c) Sem‰nticas: n‹o tm por objetivo regular a pol’tica estatal. 
Visam apenas formalizar a situa‹o existente do poder pol’tico, em 
benef’cio dos seus detentores. Exemplos: Constitui›es de 1937, 1967 
e 1969. 
Destaca-se que essa classifica‹o foi criada por Karl Loewenstein. Embora 
existam controvŽrsias na doutrina, podemos classificar a CF/88 como 
normativa. 
 
(SEAP/DF Ð 2015) Sem‰ntica, de acordo com a concep‹o 
ontol—gica de Karl Loewenstein, Ž a constitui‹o que n‹o tem 
o objetivo de regular a vida pol’tica do Estado, mas, sim, de 
formalizar e manter a conforma‹o pol’tica atual, o status 
quo vigente. Deixa-se, portanto, de limitar o poder real para 
apenas formalizar e manter o poder existente. 
Coment‡rios: 
ƒ isso mesmo! A Constitui‹o sem‰ntica visa apenas manter 
o status quo vigente, sem a pretens‹o de regular a vida 
pol’tica do Estado. Quest‹o correta. 
 
8) Classifica‹o quanto ˆ fun‹o desempenhada: 
No que se refere ˆ fun‹o por ela desempenhada, as Constitui›es se 
classificam em: 
a) Constitui‹o-lei: Ž aquela em que a Constitui‹o tem ÒstatusÓ de 
lei ordin‡ria, sendo, portanto, invi‡vel em documentos r’gidos. Seu 
papel Ž de diretriz, n‹o vinculando o legislador.  
b) Constitui‹o-fundamento: a Constitui‹o n‹o s— Ž fundamento de 
todas as atividades do Estado, mas tambŽm da vida social. A liberdade 
do legislador Ž de apenas dar efetividade ˆs normas constitucionais. 
c) Constitui‹o-quadro ou Constitui‹o-moldura: trata-se de uma 
Constitui‹o em que o legislador s— pode atuar dentro de determinado 
espao estabelecido pelo constituinte, ou seja, dentro de um limite. 
Cabe ˆ jurisdi‹o constitucional verificar se esses limites foram 
obedecidos. 
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9) Classifica‹o quanto ˆ finalidade: 
As Constitui›es podem ser classificadas, quanto ˆ finalidade, em garantia, 
dirigente ou balano. 
a) Constitui‹o-garantia: seu principal objetivo Ž proteger as 
liberdades pœblicas contra a arbitrariedade do Estado. Corresponde 
ao primeiro per’odo de surgimento dos direitos humanos (direitos de 
primeira gera‹o, ou seja, direitos civis e pol’ticos), a partir do final do 
sŽculo XVIII. As Constitui›es-garantia s‹o tambŽm chamadas de 
negativas, uma vez que buscam limitar a a‹o estatal; elas imp›em a 
omiss‹o ou negativa de atua‹o do Estado, protegendo os indiv’duos 
contra a ingerncia abusiva dos Poderes Pœblicos. 
b) Constitui‹o-dirigente: Ž aquela que traa diretrizes que devem 
nortear a a‹o estatal, prevendo, para isso, as chamadas normas 
program‡ticas. Segundo Canotilho, as Constitui›es dirigentes 
voltam-se ˆ garantia do existente, aliada ˆ institui‹o de um programa 
ou linha de dire‹o para o futuro, sendo estas as suas duas principais 
finalidades. Assim, as Constitui›es-dirigentes, alŽm de assegurarem 
as liberdades negativas (j‡ alcanadas), passam a exigir uma 
atua‹o positiva do Estado em favor dos indiv’duos. A Constitui‹o 
Federal de 1988 Ž classificada como uma Constitui‹o-dirigente. 
Essas constitui›es surgem mais recentemente no constitucionalismo 
(in’cio do sŽculo XX), juntamente com os direitos fundamentais de 
segunda gera‹o (direitos econ™micos, sociais e culturais). Os direitos 
de segunda gera‹o, em regra, exigem do Estado presta›es sociais, 
como saœde, educa‹o, trabalho, previdncia social, entre outras. 
c) Constitui‹o-balano: Ž aquela que visa reger o ordenamento 
jur’dico do Estado durante um certo tempo, nela estabelecido. 
Transcorrido esse prazo, Ž elaborada uma nova Constitui‹o ou seu 
texto Ž adaptado. ƒ uma constitui‹o t’pica de regimes socialistas, 
podendo ser exemplificada pelas Constitui›es de 1924, 1936 e 1977, 
da Uni‹o SoviŽtica. TambŽm chamadas de Constitui›es-registro, 
essas constitui›es descrevem e registram o est‡gio da sociedade em 
um dado momento. 
 
 As Constitui›es-garantia, por se limitarem a 
estabelecer direitos de primeira gera‹o, 
relacionados ˆ prote‹o do indiv’duo contra o 
arb’trio estatal, s‹o sempre sintŽticas. J‡ as 
Constitui›es-dirigentes s‹o sempre anal’ticas, 
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devido ˆ marcante presena de normas 
program‡ticas em seu texto12. 
 
 
(ISS Ð SP Ð 2014) No que diz respeito ao seu modo de 
elabora‹o, a CF/88 Ž definida como constitui‹o-dirigente, 
pois examina e regulamenta todos os assuntos que entenda 
ser relevantes ˆ destina‹o e ao funcionamento do Estado. 
Coment‡rios: 
Quanto ao modo de elabora‹o, as Constitui›es podem ser 
classificadas como dogm‡ticas ou hist—ricas. A CF/88 Ž 
classificada como dogm‡tica. Quest‹o errada. 
(PGE-PR Ð 2015) A no‹o de Constitui‹o dirigente 
determina que, alŽm de organizare limitar o poder, a 
Constitui‹o tambŽm preordena a atua‹o governamental por 
meio de planos e programas constitucionais vinculantes. 
Coment‡rios: 
AlŽm de assegurarem as liberdades negativas (limitando o 
poder estatal), as Constitui›es dirigentes traam diretrizes 
que devem nortear a a‹o estatal. Ela define planos e 
programas vinculantes para os poderes pœblicos. Quest‹o 
correta. 
 
 
10) Classifica‹o quanto ao conteœdo ideol—gico: 
Essa classifica‹o, proposta por AndrŽ Ramos Tavares, busca identificar qual Ž 
o conteœdo ideol—gico que inspirou a elabora‹o do texto constitucional. 
a) Liberais: s‹o constitui›es que buscam limitar a atua‹o do poder 
estatal, assegurando as liberdades negativas aos indiv’duos. Podem 
ser identificadas com as Constitui›es-garantia, sobre as quais j‡ 
estudamos. 
b) Sociais: s‹o constitui›es que atribuem ao Estado a tarefa de 
ofertar presta›es positivas aos indiv’duos, buscando a realiza‹o da 
                                                        
12 JosŽ Afonso da Silva conceitua as normas program‡ticas como aquelas "atravŽs das quais 
o constituinte, em vez de regular, direta e imediatamente, determinados interesses, limitou-se 
a traar-lhes os princ’pios para serem cumpridos pelos —rg‹os (legislativos, executivos, 
jurisdicionais e administrativos), como programas das respectivas atividades, visando ˆ 
realiza‹o dos fins sociais do EstadoÓ. 
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igualdade material e a efetiva‹o dos direitos sociais. Cabe destacar 
que a CF/88 pode ser classificada como social. 
 
11) Classifica‹o quanto ao local da decreta‹o: 
Quanto ao local da decreta‹o, as constitui›es podem ser classificadas em: 
a) Heteroconstitui›es: s‹o constitui›es elaboradas fora do Estado 
no qual elas produzir‹o seus efeitos. 
b) Autoconstitui›es: s‹o constitui›es elaboradas no interior do 
pr—prio Estado que por elas ser‡ regido. A Constitui‹o Federal de 1988 
Ž uma autoconstitui‹o. 
12) Classifica‹o quanto ao sistema: 
Quanto ao sistema, as Constitui›es podem ser classificadas em 
principiol—gicas e preceituais. 
a) Constitui‹o principiol—gica ou aberta: Ž aquela em que h‡ 
predomin‰ncia dos princ’pios, normas caracterizadas por elevado 
grau de abstra‹o, que demandam regulamenta‹o pela legisla‹o para 
adquirirem concretude. ƒ o caso da CF/88. 
b) Constitui‹o preceitual: Ž aquela em que prevalecem as regras, 
que se caracterizam por baixo grau de abstra‹o, sendo concretizadoras 
de princ’pios. 
13) Outras Classifica›es: 
A doutrina constitucionalista, ao estudar as Constitui›es, identifica ainda 
outras classifica›es poss’veis para estas: 
a) Pl‡stica: n‹o h‡ consenso doutrin‡rio sobre quais s‹o as 
caracter’sticas de uma constitui‹o pl‡stica. O Prof. Pinto Ferreira 
considera como sendo pl‡sticas as constitui›es flex’veis (alter‡veis 
por processo legislativo pr—prio das leis comuns); por outro lado, Raul 
Machado Horta denomina de pl‡sticas as constitui›es cujo conteœdo 
Ž de tal sorte male‡vel que est‹o aptas a captar as mudanas da 
realidade social sem necessidade de emenda constitucional. Nessa 
perspectiva, Òa Constitui‹o pl‡stica estar‡ em condi›es de 
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acompanhar, atravŽs do legislador ordin‡rio, as oscila›es da opini‹o 
pœblica e do corpo eleitoralÓ. 13 
b) Expansiva: na evolu‹o constitucional de um Estado, Ž comum que 
uma nova Constitui‹o, ao ser promulgada, traga novos temas e 
amplie o tratamento de outros, que j‡ estavam no texto 
constitucional anterior. Essas constitui›es s‹o consideradas 
expansivas, como Ž o caso da Constitui‹o Federal de 1988 que, 
alŽm de trazer ˆ luz v‡rios novos temas, ampliou substancialmente o 
tratamento dos direitos fundamentais. 
Quanta informa‹o, n‹o Ž mesmo? Vamos revisar? A Tabela a seguir sintetiza 
as principais classifica›es das Constitui›es que vimos nesta aula: 
CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES  
QUANTO À ORIGEM 
OUTORGADAS 
Impostas, surgem sem participação popular. Resultam 
de ato unilateral de vontade da classe ou pessoa 
dominante no sentido de limitar seu próprio poder. 
DEMOCRÁTICAS 
Nascem com participação popular, por processo 
democrático. 
CESARISTAS  Outorgadas, mas necessitam de referendo popular. 
DUALISTAS 
Resultam de um compromisso entre a monarquia e a 
burguesia, dando origem às monarquias 
constitucionais. 
QUANTO À FORMA 
ESCRITAS  Sistematizadas em documentos solenes. 
NÃO‑ESCRITAS 
Normas em leis esparsas, jurisprudência, costumes e 
convenções. 
QUANTO AO MODO DE ELABORAÇÃO 
DOGMÁTICAS 
Elaboradas em um determinado momento, segundo os 
dogmas em voga. 
HISTÓRICAS 
Surgem lentamente, a partir das tradições. Resultam 
dos valores históricos consolidados pela sociedade. 
QUANTO À ESTABILIDADE 
IMUTÁVEIS  Não podem ser modificadas. 
RÍGIDAS 
Modificadas por procedimento mais dificultoso que 
aquele de alteração das leis. Sempre escritas. 
SEMIRRÍGIDAS 
Processo legislativo de alteração mais dificultoso que o 
ordinário para algumas de suas normas. 
QUANTO AO CONTEÚDO 
                                                        
13
 HORTA, Raul Machado. Direito Constitucional, 5» edi‹o. Ed. Del Rey, 2010.  
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MATERIAIS 
Conjunto de normas que regulam os aspectos essenciais 
da vida estatal, ainda que fora do texto constitucional 
escrito. 
FORMAIS 
Conjunto de normas que estão inseridas no texto de 
uma Constituição rígida, independentemente de seu 
conteúdo. 
QUANTO À EXTENSÃO 
ANALÍTICAS 
Conteúdo extenso. Contêm normas apenas formalmente 
constitucionais. 
SINTÉTICAS 
Restringem‑se aos elementos materialmente 
constitucionais. 
QUANTO À CORRESPONDÊNCIA COM A REALIDADE 
NORMATIVAS 
Limitam, de fato, o poder, por corresponderem à 
realidade 
NOMINATIVAS 
Não conseguem regular o processo político, embora 
esse seja seu objetivo, por não corresponderem à 
realidade social. 
SEMÂNTICAS 
Não têm por objeto regular a política estatal, mas 
apenas formalizar a situação da época. 
QUANTO À FINALIDADE 
CONSTITUIÇÕES‑
GARANTIA 
Objetivam proteger as liberdades públicas contra a 
arbitrariedade do Estado. 
CONSTITUIÇÕES‑
DIRIGENTES 
Traçam diretrizes para a ação estatal, prevendo normas 
programáticas. 
CONSTITUIÇÕES‑
BALANÇO 
Descrevem e registram o estágio da sociedade em um 
dado momento. 
QUANTO AO CONTEÚDO IDEOLÓGICO 
LIBERAIS  Buscam limitar o poder estatal. 
SOCIAIS 
Têm como objetivo realizar a igualdade material e a 
efetivação dos direitos sociais. 
QUANTO AO LOCAL DA DECRETAÇÃO 
HETEROCONSTITUIÇÕES 
Elaboradas fora do Estado em que produzem seus 
efeitos. 
AUTOCONSTITUIÇÕES  Elaboradas dentro do Estado que regem. 
QUANTO AO SISTEMA 
PRINCIPIOLÓGICAS  Nelas, predominam os princípios. 
PRECEITUAIS  Nelas, prevalecem as regras. 
 
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Aplicabilidade das normas constitucionais

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