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12/01/2010 1 Prof.: Dr.: Anderson Antonio Denardin TEORIAS DO CONSUMO E POUPANÇA 12/01/2010 2 O consumo agregado representa uma variável fundamental para a formulação da política econômica, dado que representa uma das mais importantes componentes da função de demanda agregada. Estímulos ao consumo via redução de impostos ou via implementação de medidas de estímulos ao crédito ao consumidor são instrumentos poderosos, freqüentemente, utilizado pelos formuladores de políticas econômicas com o propósito de elevar o nível de utilização da capacidade produtiva da economia (aquecimento da demanda agregada). Por outro lado, quando a economia está produzindo a plena capacidade, com o propósito de evitar eventuais pressões inflacionárias, é comum adotar-se medidas restritivas ao consumo (aumento de impostos, redução do crédito ao consumidor,...). Em nível da economia agregada, o efeito cumulativo das decisões individuais de consumo e poupança ajuda a determinar a taxa de crescimento da economia, o saldo da balança comercial, o nível de produção e emprego. TEORIAS DO CONSUMO E DA POUPANÇA Diferentes concepções teóricas tem concentrado a atenção na análise do comportamento do consumo e da poupança na literatura econômica, destacando-se: A teoria Keynesiana da função consumo; A teoria do consumo e da renda permanente (teoria da escolha intertemporal); A teoria do ciclo de vida do consumo e da poupança (teoria da escolha intertemporal). TEORIAS DO CONSUMO E DA POUPANÇA 12/01/2010 3 A função consumo proposta por keynes constitui a primeira tentativa formal para descrever o padrão de comportamento do consumo e da poupança baseado na renda familiar. Sua contribuição teve um papel fundamental para o desenvolvimento das idéias que se sucederam nesse campo de estudos. De acordo com a análise de Keynes, a renda constitui o principal determinante do consumo agregado: quanto maior a renda, maior tende a ser o dispêndio das famílias. A relação entre consumo e renda é dada pela Propensão marginal a Consumir, definida como a proporção de unidades monetárias adicionais de renda que é destinadas ao consumo. De acordo com o que keynes chama de Lei Psicológica Fundamental, a propensão marginal a consumir situa-se entre zero e um, o que significa que as pessoas aumentam o consumo quando sua renda aumenta, mas não na mesma proporção. TEORIAS KEYNESIANA DO CONSUMO E DA POUPANÇA O principal determinante do consumo é a renda ou, de maneira mais precisa, a renda disponível, isto é, a renda que fica depois que os consumidores receberam transferências do governo e pagaram seus impostos. Formalmente temos: Essa forma funcional descreve o comportamento do consumidor. Como pode-se verificar, a função descreve uma relação linear entre o consumo e a renda disponível, onde: C = o consumo agregado; Yd = renda disponível; c0 = (c0>0) um parâmetro que representa o consumo autônomo, ou seja, aquele que independe da renda; c = (0 < c < 0) um parâmetro denominado propensão marginal a consumir (PMgC) (mostra o efeito de um Real adicional de renda disponível sobre o consumo). T = impostos. cYdcYdC 0)( )()( 0 TYccYdC TEORIAS KEYNESIANA DO CONSUMO E DA POUPANÇA 12/01/2010 4 cYdcYdC 0)( 10 c C co c = inclinação da função consumo Yd 0 )( c Yd YdC Yd C TEORIAS KEYNESIANA DO CONSUMO E DA POUPANÇA A partir da definição de renda nacional, temos: O qual podemos reescrever: Verificamos que a renda disponível é igual ao consumo somado à poupança. No caso da teoria keynesiana temos: Onde, S = a poupança agregada S=(1-c) = propensão marginal a poupar (PMgS) (representa o incremento da poupança por aumento unitário na renda disponível. OBS.: observa-se que a poupança é uma função crescente do nível de renda disponível, porque a propensão marginal a poupar (s=1-c) é positiva. TSCY SCTYYd YdccS )1(0 sYdcS 0 TEORIAS KEYNESIANA DO CONSUMO E DA POUPANÇA 12/01/2010 5 10 c S -co (1-c) = inclinação da função poupança Yd YdccS )1(0 0)1( )( c Yd YdS Yd S TEORIAS KEYNESIANA DO CONSUMO E DA POUPANÇA Em virtude da função consumo keynseiana depender da renda, tem importante implicação na eficácia da política fiscal sobre a renda de equilíbrio, em decorrência do efeito multiplicador que gera sobre a renda de equilíbrio. Considerando que a função demanda agregada é determinada por: Onde temos: Consumo: Investimento: Gastos do Governo Assim, a função de demanda agregada pode ser representada por: )()( 0 TYcCYdC 0II 0GG GICYDA 000 )( GITYcCY TEORIAS KEYNESIANA DO CONSUMO E DA POUPANÇA 12/01/2010 6 Para a determinação do multiplicador da política fiscal, faz-se as seguintes manipulações algébricas: 000 GIcTcYCY 000 GIcTCcYY 000)1( GIcTCYc Autônomos Gastos 000 Autônomos Gastos dos dorMultiplica Equilíbrio de Produtoou Renda )1( 1 GIcTC c Y TEORIAS KEYNESIANA DO CONSUMO E DA POUPANÇA Autônomos Gastos 000 Autônomos Gastos dos dorMultiplica Equilíbrio de Produtoou Renda 1 GIcTC s Y Diferenciando a equação de demanda agregada com relação aos gastos do governo, temos que: Esta expressão representa o multiplicador da política fiscal que é, evidentementemaior que um. Verifica-se que, se “c” fosse igual a zero (inexistência de relação entre renda e consumo), o valor do multiplicador seria exatamente igual a unidade, significando uma relação de um para um entre variações em G e Y. O fato de o consumo depender da renda, e de “c” estar entre zero e um, resulta nummaior poder da política fiscal sobre a renda. scG Y 1 )1( 1 0 TEORIAS KEYNESIANA DO CONSUMO E DA POUPANÇA 12/01/2010 7 Também, com base na função consumo keynesiana, podemos verificar que a razão entre o nível de consumo e o nível de renda, conhecida como Propensão Média a Consumir, cai à medida que a renda aumenta. Considerando a função consumo, temos que: Essa derivação sugere que na medida que a renda média da família aumenta, o consumo diminui e, conseqüentemente, a poupança aumenta. Isso significa que famílias de renda mais alta tendem a poupar mais do que as de baixa renda. TEORIAS KEYNESIANA DO CONSUMO E DA POUPANÇA 0 1)/( 02 0 0 0 C YY YC c Y c Y C Y cY Y c Y C cYcC dd d dd d d dd d Simon Kuznets testou empiricamente a hipótese keynesiana. Com base em uma série temporal para o período de 1869 a 1938, constatou uma proporcionalidade entre a renda e o consumo, rejeitando a hipótese da propensão média a consumir ser decrescente em relação a renda. Isso por que: Essa evidência sugere que, no longo prazo, a função consumo se comportaria diferentemente da análise keynesiana. Teríamos assim duas funções consumo, uma de curto prazo e outra de longo prazo. TEORIAS KEYNESIANA DO CONSUMO E DA POUPANÇA 0 )/( d d d d d d d Y YC c Y C Y cY Y C cYC 12/01/2010 8 Assim, as funções consumo de curto e de longo prazo podem ser representadas como segue: cYdcYdC 0)( C co c = inclinação da função consumo de curto prazo TEORIAS KEYNESIANA DO CONSUMO E DA POUPANÇA Y cYdYdC )( c = inclinação da função consumo de longo prazo Uma provável explicação para essa diferença pode residir no fato de que a função consumo de curto prazo deve ser considerada em dado ano, com basenas classes de renda (dados em cross-section), chamada de função consumo a partir de orçamentos familiares, enquanto a longo prazo, tem-se uma função consumo a partir de séries de tempo. C TEORIAS KEYNESIANA DO CONSUMO E DA POUPANÇA Y = Classe de renda cYdYdC )( c = inclinação da função consumo de longo prazo C Função Consumo a partir de Séries de Tempo Y = Anos cYdYdC )( Função Consumo a partir de Orçamento Familiar 12/01/2010 9 O formato da função consumo com base em orçamentos familiares revela que, se a renda se eleva, o consumo também se eleva, mas a taxas decrescentes, já que há uma elevação da propensão a poupar nas classes mais elevadas de renda. Ou seja, a propensão média a consumir seria decrescente, dentro da hipótese keynesiana. Quanto ao formato da função consumo de longo prazo, os resultados estatísticos têm revelado que é linear, e que a propensão marginal e média a consumir são iguais (ou seja, uma reta partindo da origem) e constantes. Os resultados dos trabalhos empíricos motivaram uma série de novas explicações para o comportamento do consumo, grande parte das quais, derivam da contribuição de Irving Fischer nos anos 30, acerca da escolha intertemporal, que leva em conta os interesses presente e futuros nas decisões de consumo. Essa evidência sugere que, no longo prazo, a função consumo se comportaria diferentemente da análise keynesiana. Teríamos assim duas funções consumo, uma de curto prazo e outra de longo prazo. TEORIAS KEYNESIANA DO CONSUMO E DA POUPANÇA Ao contrário do que sugere a teoria Keynesiana, que considera que os agentes tomam suas decisões de consumo e poupança com base na renda corrente disponível, a hipótese da escolha intertemporal considera que os agentes econômicos tomam suas decisões de consumo e poupança com base em suas expectativas de renda futura e também com base na taxa de juros que ganham quando poupam ou que devem pagar, quando tomam emprestado. Este padrão de comportamento caracteriza um padrão de escolha intertemporal, ou seja, as decisões presentes são tomadas levando em conta suas possíveis implicações futuras. Tomando como referência a hipótese das escolhas intertemporais, duas abordagens teóricas se destacam: A teoria do consumo e da renda permanente; A teoria do ciclo de vida do consumo e da poupança. CONSUMO E POUPANÇA - AS TEORIAS DA ESCOLHA INTERTEMPORAL 12/01/2010 10 MODELO: A família representa a unidade básica de análise; Uma família dispõe de um fluxo de renda Y1, Y2, ....Yt em t período de tempo e consome uma quantidade C1, C2,.....,Ct. Em um modelo de dois períodos temos que a renda nos dois períodos é dada por Y1 e Y2 e o consumo C1 e C2. Supõe-se que as famílias não herdam ativos do passado (T0 = 0) e que morrem também sem ativos (T2 = 0), isso demonstra um resultado importante, ou seja, quando as famílias começam e terminam sem ativos, a poupança do primeiro período é exatamente igual à despoupança do segundo período (S2 = -S1); A decisão das famílias consiste não entre poupar ou tomar empréstimos, mas em resolver quando poupar e quando tomar empréstimos. Se as famílias poupam enquanto “jovens” (período 1), vão despoupar quando “idosas” (período 2), e, se despouparem quando jovens, vão poupar quando idosas. Pela definição de poupança, sabe-se que: RESTRIÇÃO ORÇAMENTÁRIA INTERTEMPORAL EM UM MODELO DE DOIS PERÍODOS 2122 1111 CrTYS TCYS MODELO: Como S2 = -S1, podemos combinar as equações, obtendo que: Onde W representa a riqueza. Essa equação representa a “Restrição Orçamentária Intertemporal “ da família. Ela nos informa que o valor presente do consumo deve ser igual ao valor presente da produção. O valor presente da produção corresponde a riqueza da família. RESTRIÇÃO ORÇAMENTÁRIA INTERTEMPORAL EM UM MODELO DE DOIS PERÍODOS 1 2 1 2 1 212 1 1212 112112 112112 11212 12 )1()1( )1()1( )1( )1( )1()1( )( )( W r Y Y r C C r C r rY r Y C CrCYrY YCCrCrYY YCCCYrY CYCrTY SS 12/01/2010 11 MODELO: Se uma família começa com ativos que recebe de herança, ela terá mais recursos para gastar durante a vida, assim, sua restrição orçamentária seria representada por: Onde (1+r)T0 representa o valor da herança no primeiro período, incluindo tanto o principal T0 como o pagamento de juros rT0. Se, em vez de dois períodos, a família viver muitos períodos, a restrição orçamentária será naturalmente ampliada, podendo ser representada por: RESTRIÇÃO ORÇAMENTÁRIA INTERTEMPORAL EM UM MODELO DE DOIS PERÍODOS 1 2 10 2 1 )1( )1( )1( W r Y YTr r C C 112 32 1012 32 1 )1( ... )1()1( )1( )1( .... )1()1( W r Y r Y r Y YTr r C r C r C C t t t t O modelo de dois períodos tem a vantagem de ser facilmente representado em forma gráfica. O eixo horizontal representa as variáveis do primeiro período e o eixo vertical representa as variáveis do segundo período como segue: RESTRIÇÃO ORÇAMENTÁRIA INTERTEMPORAL EM UM MODELO DE DOIS PERÍODOS 11212121 2 1 2 1 )1()1()1( )1()1( CrWCCrYYrCW r Y Y r C C C2 -(1+r) = inclinação da restrição orçamentária C1 B Y A C2 C2 Y2 C1 C1Y1 W1 12/01/2010 12 A reta representa a restrição orçamentária intertemporal, ou seja, cada ponto representa diferentes combinações de consumo (C1, C2) intertemporal que a família pode optar. Pode trazer renda futura para o presente tomando um empréstimo à taxa r, ou pode transferir a quantidade atual de renda para o futuro concedendo empréstimos à taxa r. Assim, r mede as oportunidades de mercado de transformar o consumo atual em consumo futuro, ou vice-versa, por meio da manutenção de ativos financeiros. Se a família decidir consumir no ponto A, vai estar tomando um empréstimo no primeiro período, pois C1 > Y1. A família seria devedora no final do primeiro período. Como resultado C2 < Y2, pois a dívida deve ser paga. No ponto B, a família estará restringindo o consumo do primeiro período C1< Y1, ou seja, estará realizando uma poupança que permitirá consumir mais no futuro C2 > Y2. RESTRIÇÃO ORÇAMENTÁRIA INTERTEMPORAL EM UM MODELO DE DOIS PERÍODOS 12121 2 1 2 1 )1()1( )1()1( CrYYrCW r Y Y r C C Supõe-se que as famílias obtêm utilidade no consumo de cada período. Supõe-se que o nível de utilidade obtido por meio de uma certa combinação de C1 e C2 é caracterizado por uma função de utilidade U = U(C1, C2). No primeiro período, imaginamos que a família escolhe a combinação de C1 e C2 que traga o maior valor de utilidade desde que C1 e C2 esteja dentro da restrição orçamentária. O PROCESSO DE DECISÃO FAMILIAR Período 1 Período2 C2A C1A A = (C1A C2A) U0=U(C1, C2) U1 > U0C B 12/01/2010 13 Em A, o consumo no primeiro período ultrapassa a produção, de modo que a família é um tomador líquido de empréstimos. No segundo período, a família consome menos do que sua renda, portanto, pode pagar a dívida contraída no primeiro período. No ponto B, a família concede empréstimos no primeiro período e pode consumir mais do sua renda no segundo período. O PROCESSO DE DECISÃO FAMILIAR Período2 C2 C1 A = (C1A C2A) Período 1 Y2 Y1 Período2 Y2 Y1 B = (C1A C2A) Período 1 C2 C1 B B Para um determinado nível de renda atual Y1, o consumo C1 depende não somente da renda atual mas também da rendafutura, da taxa de juros (que determina a inclinação da restrição orçamentária), e das preferências (gostos) específicas da família (que determina o formato das curvas de indiferença). A situação de uma unidade familiar torna-se melhor quando consegue tomar ou conceder empréstimos no mercado financeiro do que quando permanece em isolamento financeiro (ou autarquia financeira). Sem o mercado financeiro, a família deve restringir-se a consumir apenas sua renda em cada período. O nível de utilidade atingido por uma família que se encontra no ponto B, onde não há a possibilidade de recorrer-se ao mercado financeiro, é inferior ao nível de utilidade alcançado no ponto A, onde a família pode dispor do mercado financeiro. De um modo geral, constata-se que, a possibilidade de usufruir de ativos financeiros aumenta o bem estar da família, dado que permite uma redistribuição intertemporal de consumo. O PROCESSO DE DECISÃO FAMILIAR 12/01/2010 14 A idéia básica foi desenvolvida na década de 1950 pelo economista Milton Friedman, que usou o termo “renda permanente” no sentido da renda média que a família espera em um prazo muito longo (horizonte estimado de vida). O modelo da renda permanente foi apresentado pela primeira vez em 1957, no estudo clássico “A theory of the Consumptio Function”. Uma das principais implicações do modelo de dois períodos é que o consumo familiar deve depender não só da renda atual, mas também da renda esperada no futuro, ou seja, o consumo deste ano deve depender de um nível “médio” de renda esperado neste ano e nos próximos anos. O modelo sugere que a família tende a nivelar o consumo no decorrer do tempo, dado que a família prefere manter um padrão de consumo estável no decorrer do tempo. Como a renda tende a flutuar de ano para ano (renda corrente), as famílias utilizam o mercado de capitais para manter o consumo relativamente estável, para se proteger contra flutuações na renda corrente. A TEORIA DO CONSUMO DA RENDA PERMANENTE Conforme sugere o modelo da renda permanente, o consumo tende a reagir à renda permanente (Yp), que é definida como a média da renda atual e futura, ou seja, para uma família que possui um fluxo de renda corrente flutuante, Yp é definida como o nível constante de renda que daria à família a mesma restrição orçamentária intertemporal que tem com o fluxo de renda flutuante. A restrição orçamentária intertemporal no modelo de dois períodos em que a renda corrente difere Y1≠Y2, é representada por: Com base no conceito de renda permanente, devemos descobrir uma valor para Yp que assegure as mesmas possibilidades intertemporais de consumo se a produção for igual a Yp (constante) em cada período A TEORIA DO CONSUMO DA RENDA PERMANENTE )1()1( 2 1 2 1 r Y Y r C C 12/01/2010 15 Assim, temos que a renda permanente (Yp) deve satisfazer a seguinte igualdade: A restrição orçamentária intertemporal no modelo de dois períodos pode ser solucionada para Yp em termos de Y1 e Y2: Nota-se que a renda permanente é exatamente a média da produção atual e futura para o caso específico em que a taxa de juros é zero (e quando a família não tenha herdado um estoque de ativos financeiros no tempo 1). Uma vez que a taxa de juros não é zero, a renda permanente torna-se um tipo de média da futura produção A TEORIA DO CONSUMO DA RENDA PERMANENTE )1()1( 2 1 r Y Y r Y Y pp )1()2( )1( 2 1 r Y Y r r Yp Para encontrar Yp, traçamos uma reta de 45° da origem até a restrição orçamentária. O valor de Yp está na interseção das duas retas, no ponto A, o qual constitui o único ponto com produção igual nos dois períodos e que está na restrição orçamentária. Em um ponto como B temos que Y1 > Yp e Y2 < Yp. A curva de indiferença tangencia a reta do orçamento no mesmo ponto em que a reta do orçamento intercepta a reta de 45°. Neste ponto, o consumo é o mesmo nos dois períodos e igual à renda permanente Yp. A TEORIA DO CONSUMO DA RENDA PERMANENTE Período 2 -(1+r) = inclinação da restrição orçamentária Período 1 A B C2 =Yp Y2 45° Y1C1 =Yp 12/01/2010 16 Se houver estoque inicial de ativos financeiros, a equação da restrição orçamentária deve ser modificada, nesse caso, a renda permanente (Yp) seria encontrada resolvendo-se a equação: A restrição orçamentária intertemporal no modelo de dois períodos pode ser solucionada para Yp em termos de Y1 e Y2 e T0, como segue: A TEORIA DO CONSUMO DA RENDA PERMANENTE )1( )1( )1( 2 10 r Y YTr r Y Y pp )1( )1( )2( )1( 2 10 r Y YTr r r Yp Com base na teoria da renda permanente (Yp), as famílias decidem o nível de consumo em cada período tomando como base a renda permanente, e não a renda transitória ou corrente. Quando a renda corrente for maior do que a média, as unidades familiares procurarão poupar e, quando for menor do que a média, as famílias despoupam, e tomam recursos emprestados para manter o nível de consumo constante. É conveniente distinguir os efeitos sobre o consumo de três tipos de choques sobre a renda: choques atuais temporários, choques permanentes e choques futuros antecipados. Choques Atuais Temporários: ocorre quando Y1 diminui enquanto Y2 permanece inalterado. Nestas circunstâncias, as famílias tendem a despoupar em resposta a um choque temporário, pois C1 cai menos que Y1. Choques Permanentes: ocorre quando Y1 e Y2 caem no mesmo montante. As famílias procuram ajustar-se totalmente a um choque permanente, em que C1 cai no mesmo montante que Y1, com pouca modificação na poupança. Choques Futuros Antecipados: ocorre quando Y1 permanece inalterado, porém, a família espera uma queda de Y2. Neste caso, as famílias procuram aumentar a poupança atual em resposta a um choque antecipado, sendo que C1 cai mesmo que Y1 permaneça inalterado. A TEORIA DO CONSUMO DA RENDA PERMANENTE 12/01/2010 17 Friedman supôs que as expectativas de renda futura são definidas por meio de um mecanismo denominado “expectativas adaptativas”. Este mecanismo sugere que as pessoas reajustam (“adaptam”) suas estimativas de renda permanente (Yp) em cada período, tomando por base as estimativas anteriores da Yp, e das mudanças reais que ocorrem na produção. Especificamente, a expectativa do período atual sobre a renda permanente Yep, é uma média ponderada das expectativas do último período, Yep-1 e da renda real deste período Y: A TEORIA DO CONSUMO DA RENDA PERMANENTE YYY ep e p )1(1 Franco Modigliani , Richard Brumberg e Albert Ando desenvolveram o modelo do ciclo de vida nas décadas de 1950 e 1960. O modelo do ciclo de vida, assim como o modelo da renda permanente, baseia-se na teoria de que o consumo de um determinado período depende das expectativas de renda da vida toda, e não da renda corrente. A contribuição da hipótese do ciclo de vida está em observar que a renda tende a sofrer flutuações sistemáticas no decorrer da vida de uma pessoa e que, portanto, o comportamento da poupança é determinado fundamentalmente pelo estágio da família no ciclo de vida. Quando as pessoas são jovens, sua renda é baixa, e freqüentemente elas contraem dívidas (despoupam) porque sabem que ganharão mais dinheiro no futuro. Nos anos de trabalho, a renda atinge um pico por volta da meia idade, e elas pagam a dívida contraída anteriormente e poupam para dispor de uma velhice tranqüila. Quando atingem a aposentadoria, a renda de trabalho é zero, e as famílias consomem os recursos acumulados. O MODELO DO CICLO DE VIDA DO CONSUMO E DA POUPANÇA 12/01/2010 18 Percebe-se que ocorre dois períodos de despoupança na vida daspessoas: nos anos que são muito jovens e nos anos em que são mais velhas (aposentadas). O MODELO DO CICLO DE VIDA DO CONSUMO E DA POUPANÇA Y, C Tempo A S C Y -S Em um modelo de dois períodos, e considerarmos o período 1 como os anos de trabalho e o período 2 como os anos de aposentadoria, chagaremos a mesma conclusão. As pessoas poupam nos anos produtivos visando à aposentadoria, e o fazem porque a renda do primeiro período é maior do que a do segundo (ou a renda do primeiro período é maior do que a renda permanente). O consumo durante a aposentadoria é financiada tanto pela poupança acumulada nos anos produtivos como pelas transferências recebidas do governo e dos descendentes. Anos de Aposentadoria -(1+r) = inclinação da restrição orçamentária Anos de Trabalho A B C2 Y2 45° Y1C1 O MODELO DO CICLO DE VIDA DO CONSUMO E DA POUPANÇA 12/01/2010 19 Quando se analisa a relação entre consumo poupança e taxa de juros, a questão relevante que surge é: O que ocorre com a poupança e o consumo quando a taxa de juros aumenta? Costuma-se pensar que à medida em que a taxa de juros sobe e, portanto, à medida que a taxa de retorno sobre a poupança aumenta, a poupança também aumenta. Entretanto, essa suposição não é correta, dado que a relação entre a taxa de juros e a taxa de poupança é muito mais complexa. CONSUMO, POUPANÇA E TAXA DE JUROS Considere uma família cuja disponibilidade de rendimento encontra-se no ponto “E”, e que a taxa de juros é representada pela inclinação da restrição orçamentária. Inicialmente o consumo está no ponto “A”. Quando a taxa de juros sobe, a restrição orçamentária sofre uma rotação no sentido horário em torno do ponto “E”. O novo ponto de equilíbrio está no ponto A’, C1 cai e C2 aumenta em relação ao equilíbrio inicial. Verifica-se uma situação onde o aumento na taxa de juros reduz o consumo atual e aumenta a poupança atual. CONSUMO, POUPANÇA E TAXA DE JUROS Período2 C2 C1 A = (C1A C2A) Y2 Y1 B Período 1 C’2 C’1 E A’ = (C’1A C’2A) A → B = Efeito Substituição B → A’ = Efeito Renda A → A’ = Efeito Total 12/01/2010 20 Considere uma família cuja disponibilidade de rendimento encontra-se no ponto “E”, e que a taxa de juros é representada pela inclinação da restrição orçamentária. Inicialmente o consumo está no ponto “A”. Quando a taxa de juros sobe, a restrição orçamentária sofre uma rotação no sentido horário em torno do ponto “E”. O novo ponto de equilíbrio está no ponto A’, C1 e C2 aumentam em relação ao equilíbrio inicial. Verifica-se uma situação onde o aumento na taxa de juros aumenta o consumo atual e reduz a poupança atual. CONSUMO, POUPANÇA E TAXA DE JUROS Período2 Y2 Y1 A = (C1A C2A) Período 1 C2 C1 B E A’ = (C’1A C’2A)C’2 C’1 A → B = Efeito Substituição B → A’ = Efeito Renda A → A’ = Efeito Total Uma importante tema que surge no modelo de comportamento do consumidor é tentar entender: Como o consumo e a poupança mudam quando as taxas de juros mudam? Quando a taxa de juro aumenta, existe pelo menos duas razões que procuram explicar mudanças na no consumo e na poupança: Efeito Substituição (ES): mudanças no consumo e na poupança promovida por mudanças na renda relativa, mantendo o nível de utilidade constante. Efeito Renda (ER): mudanças no consumo e na poupança promovida por alteração na riqueza, promovida pelo aumento na taxa de juros. Efeito Total (ET): soma do efeito substituição e do efeito renda. CONSUMO, POUPANÇA E TAXA DE JUROS 12/01/2010 21 Para analisar a ambigüidade que se verifica na análise gráfica, é conveniente dividir o efeito do aumento da taxa de juro em duas partes: “efeito substituição” e “efeito renda”. O efeito substituição representa a alteração do nível de consumo desejado de C1 e C2 quando a taxa de juros muda, porém, o nível de satisfação não é alterado, ou seja, supondo que as famílias permanecem sobre a mesma curva de indiferença original. Nota-se que o efeito substituição é sempre positivo, uma vez que um aumento na taxa de juros sempre promove um aumento na poupança. O “efeito renda”, por sua vez, mede o efeito sobre o consumo promovido por uma alteração na riqueza da família. Se a família inicialmente concede empréstimos, o aumento na taxa de juros a torna mais rica, porque, com C1 inalterado, a família poderá, sem dúvida, dar-se ao luxo de um nível mais alto de C2. Se a família inicialmente toma empréstimos, o aumento da taxa de juros deixa a família, sem dúvida alguma, mais pobre, porque, com C1 inalterado, a família não poderá se dar ao luxo de arcar com o nível original de C2. CONSUMO, POUPANÇA E TAXA DE JUROS Em resumo temos que: O efeito substituição sempre tende a aumentar a poupança. O efeito renda tende a aumentar a poupança para os que tomam mais do que concedem empréstimos e a reduzir a poupança dos que concedem mais do que tomam empréstimos. O efeito total do aumento na taxa de juros é aumentar, sem dúvida nenhuma, a poupança no caso de uma família que toma empréstimos e aumentar ou reduzir a poupança no caso de uma família que concede mais do que toma empréstimos (dependendo da dominância do efeito renda ou do efeito substituição). CONSUMO, POUPANÇA E TAXA DE JUROS EFEITO DO AUMENTO DA TAXA DE JUROS SOBRE A POUPANÇA Toma mais do que concede empréstimos Concede mais do que toma empréstimos. Efeito Substituição + + Efeito Renda + - Efeito Total + ?
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