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semiotica e semiologia

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A Semiótica é a ciência geral dos signos e da semiose que estuda todos os fenômenos culturais como se fossem sistemas sígnicos, isto é, sistemas de significação. Ambos os termos são derivados da palavra grega σημεῖον (sēmeion), que significa "signo", havendo, desde a antiguidade, uma disciplina médica chamada de "semiologia" que é o sinônimo de Semiótica, a ciência geral dos signos que estuda todos os fenômenos de significação e foi usada pela primeira vez em Inglês por Henry Stubbes (1670), em um sentido muito preciso, para indicar o ramo da ciência médica dedicado ao estudo da interpretação de sinais. John Locke usou os termos "semeiotike" e "semeiotics" no livro 4, capítulo 21 do Ensaio acerca do Entendimento Humano (1690).
Mais abrangente que a lingüística, a qual se restringe ao estudo dos signos lingüísticos, ou seja, do sistema sígnico da linguagem verbal, esta ciência tem por objeto qualquer sistema sígnico - Artes visuais, Música, Fotografia, Cinema, Culinária, Vestuário, Gestos, Religião, Ciência, etc.
Surgiu, de forma independente, na Europa e nos Estados Unidos. Mais frequentemente, costuma-se chamar "Semiótica" à ciência geral dos signos nascidas do americano Charles Sanders Peirce e "Semiologia" à vertente europeia do mesmo estudo, as quais tinham metodologia e enfoques diferenciados entre si1 .
Na vertente europeia o signo assumia, a princípio, um caráter duplo, composto de dois planos complementares - a saber, a "forma" (ou "significante", aquilo que representa ou simboliza algo) e o "conteúdo" (ou "significado" do que é indicado pelo significante) - logo a semiologia seria uma ciência dupla que busca relacionar uma certa sintaxe (relativa à "forma") a uma semântica (relativa ao "conteúdo").
Mais complexa que a vertente europeia, em seus princípios básicos, a vertente peirciana considera o signo em três dimensões, sendo o signo, para esta, "triádico". Ocupa-se do estudo do processo de significação ou representação, na natureza e na cultura, do conceito ou da ideia.
Posteriormente, teóricos europeus como Roland Barthes e Umberto Eco preferiram adotar o termo "Semiótica", em vez de "Semiologia", para a sua teoria geral dos signos, tendo, de fato, Eco se aproximado mais das concepções peircianas do que das concepções européias de origem em Saussure e no Estruturalismo de Roman Jakobson.
	
	A semiótica é um saber muito antigo, que estuda os modos como o homem significa o que o rodeia.
	
. Semiótica
Por Dicionário inFormal (SP) em 24-06-2009 
É uma teoria geral de todas as linguagens e de todos os sistemas de significação .
Não trata somente do verbal linguístico, mas do extra linguístico, como a música, o teatro, a poesia, o cinema, e ainda, as propagandas das revistas, os jornais e tantos textos que o homem produz
A Semiótica é a ciência que tem por objeto de investigação todas as linguagens possíveis, ou seja, que tem por objetivo o exame dos modos de constituição de todo e qualquer fenômeno de produção de significação e de sentido.
Do grego semeiotiké ou "a arte dos sinais" é a ciência geral dos signos e da semiose que estuda todos os fenômenos culturais como se fossem sistemas sígnicos, isto é, sistemas de significação
"[...}hoje a semiótica esta em tona[...]"
http://www.infoescola.com/filosofia/semiotica/
InfoEscola » Filosofia » 
Semiótica
	
Por Ana Lucia Santana
A semiótica  provém da raiz grega ‘semeion’, que denota signo. Assim, desta mesma fonte, temos ‘semeiotiké’, ‘a arte dos sinais’. Esta esfera do conhecimento  existe há um longo tempo, e revela as formas como o indivíduo dá significado a tudo que o cerca. Ela é, portanto, a ciência que estuda os signos e todas as linguagens e acontecimentos culturais como se fossem fenômenos produtores de significado, neste sentido define a semiose.
Ela lida com os conceitos, as idéias, estuda como estes mecanismos de significação se processam natural e culturalmente. Ao contrário da lingüística, a semiótica não reduz suas pesquisas ao campo verbal, expandindo-o para qualquer sistema de signos – Artes visuais, Música, Fotografia, Cinema, Moda, Gestos, Religião, entre outros. 
O conhecimento tem um duplo aspecto. Seu ponto de vista semiótico refere-se ao significante, enquanto o epistemológico está conectado ao sentido dos objetos. A origem da semiótica remonta à Grécia Antiga, assim sendo ela é contemporânea do nascimento da filosofia. Porém, mais recentemente é que se expressaram os mestres conhecidos como pais desta disciplina. Em princípios do século XX vieram à luz as pesquisas de Ferdinand de Saussure e C. S. Peirce, é então que este campo do saber ganha sua independência e se torna uma ciência.
A Semiótica de Peirce não é considerada um ramo do conhecimento aplicado, mas sim um saber abstrato e formal, generalizado. Segundo este autor, as pessoas exprimem o contexto à sua volta através de uma tríade, qual seja, Primeiridade, Segundidade e Terceiridade, alicerces de sua teoria. Levando em conta tudo que se oferece ao nosso conhecimento, exigindo de nós a constatação de sua existência, e tentando distinguir o pensamento do do ato de pensar racional, ele chegou à conclusão de que toda experiência é percebida pela consciência aos poucos, em três etapas. São elas: qualidade, relação – posteriormente substituída por Reação - e representação, trocada depois por Mediação. 
Peirce preferiu, porém, por critérios científicos, usar os termos acima citados, Primeiridade, Segundidade e Terceiridade. A primeira qualidade percebida pela consciência é uma sensação não visível, tênue. É tudo que imprime graça e um colorido delicado ao nosso consciente, aquilo que é presente, imediato, o entendimento superficial de algo. O segundo atributo é a percepção dos eventos exteriores, da matéria, da realidade concreta, na qual estamos constantemente em interação. É a compreensão mais profunda dos significados. 
A terceiridade refere-se ao estrato inteligível da experiência, aos significados dos signos, à esfera da representação e da simbolização. Neste âmbito se realiza a elaboração intelectual, a junção dos dois primeiros aspectos à sua vivência, ou seja, ela confere à estruturação dos dois primeiros elementos em uma oração o contexto pessoal necessário. 
Peirce também identifica três tipos de signos: o ícone, elo afetivo entre o signo e o objeto em si, como a pintura, a fotografia, etc.; o índice, a representação de um legado cultural ou de uma vivência pessoal obtida ao longo da vida, o que leva imediatamente à compreensão de um sinal, o qual se associa a esta experiência ou conhecimento ancestral – exemplo: onde há fumaça (indício causal), há fogo (conclusão a partir do sinal visualizado) -; e o símbolo, associação arbitrária entre o signo e o objeto representado. 
Outro autor importante, Ferdinad de Saussure, é conhecido como pai da Semiose. Para ele, a mera realidade sígnica justifica a existência de um ramo do conhecimento que estude os signos na sua relação com o contexto social. Diferentemente de Peirce, ele não confunde o universo da simbolização e o da vida real. Segundo Saussure, os signos, inerentes ao mundo da representação, são constituídos por um significante, sua parte material, e pelo significado, sua esfera conceitual, mental. Já o referente – que Peirce chama de objeto – está inserido na esfera da realidade. 
http://www.adur-rj.org.br/5com/pop-up/semiotica_semiologia.htm
Semiótica e Semiologia
Carlos Vogt*
 
O termo semiótica tem longa tradição de uso e sua antiguidade remonta ao médico grego Cláudio Galeno que viveu entre 131 e 201 da era cristã e cujas teorias influenciaram fortemente a medicina até pelo menos o século XVII. Nesse caso, semiótica, com a variante semiologia, designa a ciência dos sintomas em medicina e é sinônimo de sintomatologia. 
O uso do termo semiótica para designar a ciência dos signos, correspondendo, nesse sentido, à lógica tradicional, foi proposto pelo filósofo inglês John Locke, no século XVII e, em seguida, retomado por Lambert, no século XVIII, como títuloda terceira parte da obra Novo Organon.
Entretanto, por iniciativas independentes, a semiótica, por um lado, na designação de origem anglo-saxã e a semiologia, de outro, na vertente neo-latina da cultura européia, vão ser propostas como disciplinas autônomas, no primeiro caso, pelo filósofo norte-americano Charles Sanders Peirce que viveu de 1839-1914 e, no segundo, pelo lingüista suíço Ferdinand de Saussure (1857-1913), cujo Curso de lingüística geral, publicado postumamente em 1916 por Charles Bally e A. Sechehaye, que haviam sido seus alunos, constitui o marco de referência da grande revolução teórica dos estudos na área. 
A terceira e última parte da “Introdução” a essa obra fundadora da lingüística moderna, Saussure a dedica a refletir sobre o “Lugar da língua nos fatos humanos”, para daí anunciar, com feliz augúrio, o nascimento futuro da semiologia. 
É conhecida a distinção entre língua e fala proposta por Saussure, no sentido de delimitar a língua como objeto de estudo da ciência lingüística. 
Enquanto a fala é um contínuo sonoro e a linguagem é heterogênea e múltipla de aspectos físicos, psíquicos e sociais, a língua, de natureza homogênea, formada de elementos discretos, constitui um todo em si mesmo, é um princípio de classificação, isto é, de ordenação e explicação dos fatos de linguagem. A língua é, assim, um objeto teórico, um constructo, um sistema cujos elementos integrantes e integradores são os signos. É, ao mesmo tempo, uma instituição social que se distingue de outras instituições, políticas, jurídicas, etc., pela natureza especial do sistema de signos que constitui.
Como escreve Saussure: “A língua é um sistema de signos que exprime idéias e, desse modo, é comparável à escrita, ao alfabeto dos surdos-mudos, aos ritos simbólicos, às formas de polidez, aos sinais militares, etc. É, contudo, o mais importante, desses sistemas.”
É nesse momento que, anunciando a nova ciência dos signos, o autor lança a semente do que viria a ser um dos mais profícuos campos de investigação dos comportamentos e das formas simbólicas das relações humanas no século XX e neste século, que já aos poucos se desdobra.  
Diz o autor: 
	“Pode-se conceber uma ciência que estuda a vida dos signos no seio da vida social; ela seria parte da psicologia social e, conseqüentemente, da psicologia geral; nós a nomearemos semiologia (do grego sémeîon, “signo”). Ela nos ensinará em que consistem os signos e que leis os regem. Como ela não existe ainda, não se pode dizer o que ela será; mas tem direito à existência e seu lugar já está pré-determinado. A lingüística não é senão uma parte dessa ciência geral e as leis que descobrirá a semiologia serão aplicáveis a ela, fazendo com que a lingüística se ligue a um domínio bem definido no conjunto dos fatos humanos.” 
Um pouco mais sobre o assunto nas duas páginas restantes dessa “Introdução” e é tudo o que aparece no Curso de lingüística geral referente à semiologia.
Mas o vaticínio lançado funcionou também como provocação científica e a partir daí toda uma escola semiológica, com identidades, diferenças, harmonias e disputas foi se consolidando na Europa e disseminando-se pelo mundo pela ação de intelectuais, estudiosos e grandes referências internacionais como o lingüista Roman Jakobson, o antropólogo Claude Levi-Strauss, a teórica da literatura Julia Kristeva, o semanticista e semiólogo Algirdas Julien Greimas, o ensaísta Roland Barthes, entre muitos outros que fizeram ou seguiram escolas de semiologia, lá, aqui, onde quer que se falasse de sentido, significação, signos e significância. 
A outra vertente da moderna semiologia, designada mais especificamente pelo termo semiótica, tem, como dissemos, suas origens mais contemporâneas, na vasta obra do lógico e filósofo americano Charles Sanders Peirce.
Preocupado em estabelecer uma relação necessária entre ciência e filosofia, formula o método pragmático, buscando, assim, propor um método científico para a filosofia. Quer dizer, um método capaz de conferir significado às idéias filosóficas em termos experimentais. As opiniões e o estabelecimento de sua verdade constitui o objetivo fundamental do método científico. Ao pragmatismo cabe responder pela determinação experimental do significado das idéias ou conceitos intelectuais. 
O pragmatismo, proposto, assim, como um método científico para determinar o significado de conceitos intelectuais, é também a negação do intuicionismo cartesiano e da idéia de que o pensamento possa interpretar-se a si mesmo. É só em termos de signo que ele se efetua e, desse modo, é visto como complexamente estruturado numa relação triádica: significa alguma coisa para alguém de alguma maneira. 
Segundo Peirce, “um signo, ou representamen, é algo que, sob certo aspecto ou de algum modo, representa alguma coisa para alguém. Dirige-se a alguém, isto é, cria na mente dessa pessoa um signo equivalente ou talvez um signo melhor desenvolvido.”
Ao signo assim criado Peirce denomina interpretante do primeiro signo. 
Sendo relacional o pensamento, a tarefa do pragmatismo é estabelecer a natureza dessa relação, isto é, determinar o significado dos signos.
Daí a afirmação de Peirce de que “a lógica, em sentido geral, é (...) apenas outra designação da semiótica, a quase necessária ou formal doutrina dos signos.” 
A partir do caráter triádico do signo, Peirce divide a semiótica em três ramos: o da gramática especulativa, segundo a denominação de Duns Scotus, na idade média, ou da gramática pura, como ele próprio a chama, que tem como objetivo “determinar o que deve ser verdadeiro a propósito do representamen utilizado por toda inteligência científica para que possa incorporar um “significado”; o da lógica, propriamente dita, isto é, da “ciência formal das condições de verdade das representações”; o da retórica pura, cujo objetivo é “determinar as leis em obediência das quais, em toda inteligência científica, um signo dá surgimento a outro e, especialmente, um pensamento provoca outro.”
Nesse sentido, a semiótica é sinônima não só da lógica, mas também da teoria lingüística e a tripartição acima apontada equivale aos níveis de análise, consagrados metodologicamente, da sintaxe, da semântica e da pragmática. 
Peirce propõe uma série de classificações para o signo, sendo a mais conhecida a que o considera em sua relação com o objeto e o caracteriza como ícone, índice ou como símbolo.
Em Peirce, tudo é múltiplo de 3, assim como para Saussure e para os estruturalistas que vieram depois dele os sistemas de signos são binários e se organizam em posições dicotômicas. 
Na linha da semiótica de inspiração lógica é preciso lembrar a forte influência exercida por Frege, em particular sua distinção entre sentido e significado, os trabalhos de Russel e de Carnap e a sistematização que a ela deu outro lógico e filósofo americano nos anos 1930, Charles Morris.  
Seguindo essa mesma orientação, mas incorporando o conteúdo dos estudos etológicos desenvolvidos nos EUA e na Europa, a semiótica voltou-se também para a vida animal – a zoosemiótica – e teve em Thomas Sebeok um ativo e profícuo militante intelectual. 
Outros grandes nomes marcaram o desenvolvimento da semiótica e da semiologia, entre eles Ernst Cassirer, Karl Bühler e Eric Buyssens.
Língua, literatura, moda, culinária, comportamento animal, música, pintura, jogos, rituais, regras sociais, parentesco, tudo, enfim, que, por algum modo, passou a ser percebido como sendo em si significante e sendo o que não é, isto é, sendo, simultaneamente outra coisa que si mesmo, tendo, pois, um significado, passou também à categoria de objeto semiológico ou semiótico. 
A confirmação do mundo desgarrado em símbolos, eles próprios do mundo desgarrados, vagando em imagens de onipotente simultaneidade, confirmou também à semiologia um papel crucial no desenvolvimento crítico dos nossos simulacros de realidade, vale dizer, de suas representações e das múltiplas formas de apresentação dessas representações. 
O presságio de Saussure concretizou-se e se a semiologianão se constituiu em ciência, no sentido estrito do termo, produziu, contudo, um conjunto sistemático de estudos sobre o homem, suas ações e seus significados que não é possível não levar em conta quando se pretende, senão responder, ao menos formular com alguma consistência as perguntas, não metafísicas, mas pragmáticas, sobre os sentidos da vida, suas direções e as constantes sistemáticas de suas variações históricas, culturais e mesmo biológicas. 
* Diretor de Redação - Revista Eletrônica de Jornalismo científico (ComCiência). 
http://www.comciencia.br/comciencia/?section=8&edicao=11&id=82
	Semiótica e semiologia: os conceitos e as tradições
	Por Winfried Nöth 
10/03/2006 
	
	O estudo dos signos começa com as origens dos homens, pois entender e interpretar o mundo e os homens significa estudar signos. Porém, o advento da ciência geral dos signos é de tempos mais recentes. A Antigüidade grega tinha uma filosofia do signo, que era uma teoria do conhecimento humano. A Idade Média desenvolveu a sua própria “doutrina dos signos”, que culminava numa tipologia elaboradíssima dos signos. Na Renascença foram publicadas mais obras significativas sobre os signos, sob designações tais como scientia de signis ou tractatus de signis.
 
Origens dos conceitos na história da mediciana
 
Nomes específicos para designar essa ciência geral dos signos surgiram relativamente tarde. Entre eles, os termos semiótica e semiologia se firmaram como as designações mais conhecidas para a ciência do signo, às vezes como sinônimos, às vezes como rivais terminológicos. Alternativas terminológicas, tal como semasiologia, sematologia ou semologia caíram em desuso. Também caiu em desuso um antigo sentido do conceito de semiótica ligado à sinalização militar, embora, no Novo Dicionário Aurélio (edição de 1975), encontra-se ainda a seguinte definição de semiótica: “arte de comandar manobras militares por meio de sinais, e não de voz”.
 
Tanto o termo semiótica quanto o termo semiologia têm as raízes de suas constituintes iniciais e principiais nas palavras gregas semeîon, ‘signo’, e sema, ‘sinal’, ‘signo’. Tal como a gramática e a aritmética ou a biologia e a filologia, que são campos de estudos de diversas áreas de conhecimento humano, a semiótica e a semiologia, nas suas origens, são os campos de estudo dos signos e dos sinais. 
 
Na sua forma neo-grega, semeiotiké, o conceito aparece, pela primeira vez, no contexto da medicina. Desde a Antiguidade, o diagnóstico médico é descrito como a “parte semiótica” da medicina. O médico grego Galeno de Pérgamo (139-199), por exemplo, classificou o diagnóstico médico como um processo de semêiosis. Aquilo que os antigos designaram como semeiótica, portanto, ainda não era a teoria geral dos signos, mas uma de suas áreas específicas, a saber, o aprendizado médico dos sintomas. Na medicina dos séculos XVII e XVIII, a forma grega semeiotica se encontrava ao lado da forma latina semiótica (desde 1490). Desde o início do século XVII, surgiram as primeiras variações do conceito de semiologia, que correspondem à mais importante alternativa terminológica para o conceito semiótica. Em um tratado latino, de 1617, C. Timpler define o ensino dos signos fisionômicos do corpo humano como semiologica ou, também, semeiologica. 
 
As tradições filosóficas
 
O primeiro a aplicar a terminologia da medicina diagnóstica dentro do campo da semiótica geral, foi J. Schultetus. Em sua Semeiologia metaphysike de 1659, o autor postulou uma teoria geral dos signos para designar o ensino dos signos, que, na filosofia da Idade Média, era estudado como doctrina ou scientia de signis. 
 
Em paralelo, no mesmo século, surgiu o termo semiótica para designar a teoria geral dos signos. A partir dessa tradição, ampliaram-se, nos séculos XVII e XVIII, os domínios da semiótica para uma ciência geral do conhecimento da natureza humana, denominada como semiótica moralis. Uma síntese dessa tradição da semiótica pode ser encontrada na obra de Christian Wolff (1679–1754). 
 
Em 1690, John Locke, em seu Essay concerning human understanding, definiu a semiótica, sob o nome de semeiotiké, como um dos três grandes ramos dos estudos do conhecimento humano ao lado da física e da ética. Semiótica, para Locke, era um sinônimo da lógica; a semiótica deveria tratar principalmente das palavras, por serem os signos mais relevantes.
 
Também na Metaphysica (1739) de Alexander G. Baumgarten encontram-se os conceitos de semiotica e semiologia philosophica. O filósofo e fundador da estética moderna entende esses conceitos como o campo de estudo dos sistemas de signos da língua, da escrita, dos hieróglifos, da heráldica e da numismática, entre outros. Em 1764, Johann Heinrich Lambert publicou a sua obra Semiótica ou a doutrina da designação das idéias e das coisas, como o segundo volume de seu Novo organon. 
 
A tradição que assim se funda para estabelecer uma ciência semiótica, reconhecida como ciência filosófica, tem sua continuidade no século IX na obra de Bernard Bolzano. Em sua Teoria da ciência (§§ 637) de 1837, o autor desenvolve mais uma teoria original do signo, sob o título Semiótica. No final desse século, em 1890, o filósofo e fenomenólogo Edmund Husserl, publicou uma das suas obras principais sob o título Sobre a lógica dos signos (semiótica).
 
Charles Sanders Peirce (1839-1914), que dedicou a sua vida inteira aos estudos semióticos, nunca usou o conceito de semiologia e não se refere à semiótica com o termo moderno inglês de semiotics. Com respeito à tradição da semeiotiké de John Locke, Peirce prefere os termos no singular, semiotic, semeiotic ou até semeotic. No plural, de vez em quando, Peirce usa o conceito de semeiotics, mas jamais a forma latinizada de semiotics. O semioticista americano Charles Morris (1901-1979) preferia a designação teoria dos signos, mas na sua obra encontra-se também a forma singular, semiotic.
 
Da semiologia saussureana à semiótica internacional
 
No século XX, o conceito de semiologia se impôs novamente a partir da obra fundamental de Ferdinand de Saussure (1857-1913), o Curso de lingüística geral, de 1916. Sem referência às tradições semióticas anteriores, o fundador do estruturalismo lingüístico definiu a semiologia como uma nova e futura ciência geral da comunicação humana, que estudaria a “vida dos signos como parte da vida social”. A base dessa nova semiologia seria a lingüística estrutural, o seu programa seria a extensão do campo da lingüística da linguagem verbal para a comunicação não-verbal, cultural e textual. Neste espírito estruturalista e trans-lingüístico, a semiologia começou a se estabelecer a partir dos anos 40 e 50 (Buyssens, Hjelmslev) e com uma fama crescente nos anos 1960 na França (Prieto, Barthes, Mounin, Greimas), no resto da Europa e na América Latina. 
 
No início, o modelo lingüístico saussureano exigia que a semiologia fosse um campo de pesquisa restrito aos códigos de signos arbitrários e intencionais, por exemplo, o código dos sinais de trânsito, dos marinheiros ou dos jogos de carta. Em extensão desta semiologia, também chamada de semiologia da comunicação, surgiu um ramo complementar chamado de semiologia da significação para o estudo de signos e sinais não-intencionais na natureza e na cultura. 
 
Paralelamente ao desenvolvimento da semiologia saussureana, em outros países a semiótica continuava o seu desenvolvimento de maneiras independentes sob outras influências, tal como a semiótica de Peirce (Alemanha e Brasil), de Charles Morris (EUA) ou da informática e da cibernética (Moscou e Tartu). Nessas tradições, o nome do campo de pesquisa dos processos sígnicos não era semiologia, mas semiótica de maneira que surgiram dúvidas entre os semioticistas do mundo sobre a questão se a semiótica e a semiologia eram dois campos de pesquisa diferentes ou um e o mesmo com duas designações diferentes, dependente da tradição de pesquisa.
 
Por sugestão de Roman Jakobson e com o apoio de Roland Barthes, Emile Benveniste, A. J. Greimas, ClaudeLévi-Strauss e Thomas A. Sebeok, o comitê fundador da Associação Internacional de Estudos Semióticos, em 1969, decidiu que, a partir de então, o conceito semiótica seria empregado como conceito geral para definir esse campo, anteriormente designado como semiologia ou semiótica. Essa decisão tem sido seguida internacionalmente com o resultado de que o termo semiótica é hoje o nome internacionalmente mais comum para designar o campo de pesquisa dos signos, sistemas e processos sígnicos.
 
Resíduos de distinções
 
Como assuntos de terminologia, são raramente resolvidos por completo, em conferências internacionais, não é de se estranhar que sobraram uns resíduos de opiniões sobre diferenças entre os conceitos de semiótica e de semiologia, às vezes bem fundadas em sistemas complexos de teorias semióticas, às vezes também em concepções históricas hoje ultrapassadas. Um breve resumo de várias opiniões sobre o assunto é o seguinte:
(1)   Quem fala de semiótica se enquadra na tradição da teoria geral dos signos, especialmente de Charles Sanders Peirce, ao passo que os que preferem o conceito de semiologia se vêem na tradição semio-lingüística de Ferdinand de Saussure.
(2)   Enquanto a semiótica é a ciência geral dos signos, que inclui o estudo dos signos da natureza não humana, a semiologia é uma ciência humana que vai além da lingüística, estudando fenômenos trans-lingüísticos (textuais) e códigos culturais. 
(3)   Em Hjelmslev, encontra-se a concepção de que a semiologia é uma metassemiótica que contém uma teoria dos mais diferentes sistemas de signos. Estes, por sua vez, são definidos como “semióticas”. 
(4)   Semiótica e semiologia são sinônimos. Uma certa preferência do termo semiologia nada mais indica senão a proveniência do autor de um país de fala românica. Um argumento de purismo lingüístico, que se ouviu na França nos anos de 1970, era que o conceito de semiologia é uma melhor tradução do termo inglês semiotics para as línguas romanas e, por isso, é preferível ao termo semiótica, por um motivo puramente estilístico.
 
Semiótica e semiologia no século XXI
 
No início do século XXI, todas as distinções entre semiótica e semiologia esboçadas acima parecem coisas do passado. A semiótica internacional se desenvolveu sem as restrições propostas por aqueles que acharam uma divisão entre semiótica e semiologia necessárias. No Brasil, por exemplo, há programas de estudos semióticos, mas não de estudos semiológicos. Porém, o progresso da pesquisa feito sob o nome de semiótica não invalida aqueles feitos em décadas anteriores sob o nome de semiologia.
 
Winfried Nöth é professor de linguística e semiótica e diretor do Centro Interdisciplinar de Estudos Culturais da Universidade de Kassel, professor visitante na PUC de São Paulo, membro honorário da Associação Internacional de Semiótica Visual. Autor dos livros em português: Panorama da semiótica de Platão a Peirce (1995), A semiótica no século XX (1996), Semiótica: Bibliografia comentada (1999, com Lucia Santaella), Imagem: Cognição, semiótica, mídia (4ª ed. 2005, com Lucia Santaella), Semiótica e comunicação (2004, com L. Santaella) e Manual da Semiótica (no prelo, EDUSP) <http://www.uni-kassel.de/~noeth>.

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