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TEORIA DA COMUNICAÇÃO E SEMIÓTICA 4

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Prévia do material em texto

Teoria da Comunicação 
e Semiótica
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Denis Garcia Mandarino
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin 
Progressão Lógica da Semiótica
• Introdução;
• Semiótica Lógica (Período Clássico e Paleocristão);
• Semiótica Medieval e Renascentista;
• Doutrina das Assinaturas;
• O Modelo de Signo Diádico (Séculos XVII-XVIII) – 
Semiótica Racionalista;
• Semiologia e Semiótica (Saussure/Peirce);
• Saussure;
• O Signo em Peirce.
• Relacionar áreas do conhecimento fi losófi co e distinguir seus formalismos e suas 
relações com as teorizações contemporâneas da Lógica.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Progressão Lógica da Semiótica
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como seu “momento do estudo”;
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e 
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão 
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o 
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e 
de aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e de se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Progressão Lógica da Semiótica
Introdução
Para falar da Semiótica, assim como conceituá-la, não basta recorrer à Etimolo-
gia (estudo da origem e formação das palavras) ou pontuar uma simples definição. 
É preciso buscar um horizonte mais amplo para entender sua aplicabilidade, sua 
relação no contexto atual e na prática do nosso dia a dia.
Para entender a Semiótica, é necessário um caminho bem sedimentado, pois a 
Semiologia, a Matemática, a Lógica, a Filosofia Analítica, a Filosofia Da Lingua-
gem etc. são eixos do conhecimento que se cruzam e fornecem uma base dinâmica 
para contemplar as investigações científicas.
É preciso, entretanto, entender que essa linha de raciocínio, ou seja, essa forma 
de abordagem e todas essas relações não procuram delimitar uma determinada 
Semiótica, muito menos especificar seu precursor ou seu teórico. Pelo contrário, a 
intenção, neste primeiro momento, é compreender a Semiótica na sua amplitude, 
bem como entender não só suas fronteiras, mas, principalmente, verificar como se 
deu sua evolução.
Antes de prosseguir, acho importante fazer uma recomendação. Encontre um 
momento em que você esteja desperto, leia com tranquilidade e não se preocupe 
com os muitos nomes que talvez sejam novos para você.
Aproveite o texto, o quanto for possível, e nas videoaulas daremos exemplos um 
pouco mais palpáveis, faremos exercícios, na tentativa de buscar uma Semiótica 
“mais” aplicada.
Em sala de aula, eu diria: não hesite, pergunte. Pergunta tola é a que não foi feita.
Neste nosso ambiente de Ensino à Distância, não hesite consultar o Google, os 
dicionários e as enciclopédias virtuais. Evite distrações desnecessárias durante a 
leitura e o estudo.
Vamos juntos!
Semiótica Lógica (Período 
Clássico e Paleocristão)
A Semiótica, postulada no mundo grego, procurou por uma identidade entre Lin-
guagem e Pensamento. Estudos da Semiótica na esfera platônica e aristotélica foram 
objeto de controvérsia entre estoicos e epicuristas, mas tudo isso possibilitou uma 
larga contribuição no campo do debate de ideias. Por exemplo, no final da extensa 
Antiguidade, aproximadamente um século antes do início da expansão do Império 
Romano, Platão (427 a.C.-347 a.C.) foi considerado o primeiro pensador a organi-
zar a estrutura triádica do signo, pois, no diálogo Crátilo (ou Justeza dos Nomes), ele 
sistematizou essa relação com a denominação de “nome”, “ideia” e “coisa”.
8
9
SIGNO
NOME IDEIA COISA
Figura 1
Ele afirmava que a verdade é dita por palavras, mas mesmo que estas tenham 
certa semelhança com as coisas às quais se reportam, seriam sempre inferiores ao 
conhecimento direto, não intermediário, das coisas.
Essa observação de Platão permite inferir que o mundo das ideias, que ele cita-
va, é apenas um mundo convencional, um mundo de representações, pois, segun-
do ele, as palavras são independentes dessas representações.
Platão, com esse modelo, já no século IV a.C., prenunciava as bases do que 
seria, bem depois, denominado Semiótica.
Figura 2 – Platão e Aristóteles na Escola de Atenas (1509-10), de Rafael Sanzio
Fonte: Adaptado de Wikimedia Commons
Avançando um pouco mais no tempo, Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.) veio a 
complementar o modelo platônico com uma linha de análise mais objetiva.
Ele fundamentava a Teoria dos Signos no eixo da lógica e da retórica, o que lhe 
permitiu estabelecer distinção entre signos incertos (semeîon) e signos certos (te-
mérion), sendo que ele denominou os signos incertos como aquele grupo de signos 
que não apresentaria relação ou definição clara, por possuir uma extensa diversi-
dade de significados; já os signos certos, seria o grupo dos signos que apresentaria 
apenas uma significação.
9
UNIDADE Progressão Lógica da Semiótica
Na verdade, Aristóteles tinha como preocupação, naquele momento, edificar 
uma linha de estudos por meio de um encadeamento lógico e, para isso, conceituou 
o signo como uma relação de “implicação das verdades lógicas”, o que lhe possi-
bilitou conferir a ideia do signo como uma premissa que conduz a uma conclusão.
Esse modelo descrito por Aristóteles remonta à questão do “argumento”, cuja 
função das premissas é possibilitar o caminho da conclusão. Portanto, a partir de 
várias linhas de estudo e desenvolvimento das implicações, Aristóteles apresen-
tou um modelo lógico, ou seja, seu modelo de signo linguístico é concebido de 
forma composta.
Primeiramente, ele nomeou o signo linguístico “símbolo”, symbolon, e, em se-
guida, definiu-o como sendo signo convencional das “afecções” da alma pathémata; 
depois, detalhou essas afecções e os estabeleceu como sendo “retratos” das coi- 
sas, prágmata.
SIGNO
Convenção Afecção Retrato
SYMBOLON PATHÉMATA PRÁGMATA
Figura 3
Assim, verifica-se que o modelo de signo, para Aristóteles, também é triádico.
Esse modelo triádico de composição do signo atravessa séculos e vai ganhando 
cada vez mais contornos, cada linha de pensamento possibilita mais aprimoramen-
to, com novos relevos.
Tudo isso vai se consubstanciando, mas sempre mantendo o foco triádico do 
modelo platônico e aristotélico como acontece, por exemplo, com os estoicos 
(300 a.C.-200 d.C.), que retomam o modelo platônico e aristotélico e instauram 
o signo em três componentes básicos: semaínon, o “significante”; semainóme-
non ou lékton, corresponde à “significação” ou ao “significado” e, finalmente, o 
tygchánon, o “objeto”.
Nesse modelo, percebe-se que a Teoria dos estóicos está intrinsecamenterela-
cionada à Lógica.
Por que esses filósofos ocupavam-se tanto da Linguagem, da Lógica, da Retóri-
ca etc. naquele período?
Faziam isso porque, naquela época, a tomada e a manutenção do poder vinha 
da força dos exércitos, que eram considerados uma casta acima da do homem 
comum. Por outro lado, Platão, no livro A República, considera que acima dos 
militares, na condição de governantes, deveriam estar os filósofos.
10
11
Como conseguir respeito, apoio e realizar o convencimento sem o domínio pro-
fundo da Linguagem, da Lógica, dos Signos, dos Símbolos, da Argumentação, do 
encaminhamento da Retórica e de suas conclusões?
Há um relato, no livro História da Filosofia Grega, de Luciano Crescenzo, de 
1983, no qual um homem rico colocou um filósofo como tutor do seu filho e queria 
que ele o transformasse em um mestre da Retórica (a arte de bem argumentar com 
o intuito planejado de convencer).
Quando o moço cresceu, o filósofo disse que o processo de aprendizado estava 
concluído e que ele deveria dizer para o seu pai lhe pagar a pequena fortuna pro-
metida, a qual lhe garantiria o sustento até o final da vida. O discípulo, subitamente 
recém-formado, disse que não iria pagar e, ao ser questionado pelo filósofo, res-
pondeu da seguinte forma: “Vou iniciar um processo retórico, a fim de convencê-lo 
de que não devo pagar. Se eu conseguir, você irá embora. Se eu não conseguir, 
tudo o que me ensinou não terá servido de nada”.
Nesse modelo, percebe-se que a teoria dos estoicos está intrinsecamente rela-
cionada à Lógica, ou seja, eles interpretavam a cognição de um signo a partir do 
desenvolvimento silogístico (Silogismo: “todos os homens são mortais; os gregos 
são homens; logo, os gregos são mortais”).
Há de se ter cuidado com esses sistemas de premissas, oriundas do pensamento 
socrático, em virtude de possíveis análises efêmeras dos componentes linguísticos, 
as quais levariam a conclusões absurdas, tais como: “Todos os homens assobiam; 
as locomotivas assobiam; logo, os homens são locomotivas”.
Na sequência, vieram os Epiricuristas. Por que eles romperiam com o pensa-
mento tradicional acerca do signo?
Os Epicuristas entendiam que o significado imaterial do signo, semainómeno, 
não poderia ser considerado um componente semiótico do signo e com isso rom-
peram com a tradição platônica, aristotélica e instauraram um processo diádico 
(apenas dois elementos).
Adotaram essa postura porque consideravam, como a origem das imagens, ape-
nas o objeto físico, ou seja, no processo de cognição do receptor, os átomos icôni-
cos reaparecem numa nova imagem, denominada por eles fantasia, representando 
apenas os dois componentes do signo.
Esse tipo de concepção é centrado no desenvolvimento “materialista”, vez que 
para fazer parte do processo, o signo só se relacionaria com as categorias materiais.
SIGNO
(signi�cante) (objeto)
SEMAÍNON TYGHÁNON
Figura 4
11
UNIDADE Progressão Lógica da Semiótica
Um grande salto ocorrerá com Aurélio Agostinho, conhecido como Santo 
Agostinho (354 d.C.-430 d.C.).
Nesse momento, a Semiótica tornou-se um pilar determinante do conhecimen-
to, e Santo Agostinho, considerado o fundador da Semiótica, foi o primeiro pen-
sador a intitular o termo signum, concebido como instrumento por meio do qual a 
comunicação é levada a efeito, não importando o tipo nem o nível.
Santo Agostinho, a princípio, defendeu o pensamento epicurista, mas conso-
lidou-se na linha dos estoicos. Por exemplo, ajustou-se aos epicuristas no que diz 
respeito ao signo na condição de ele representar alguma coisa não perceptível, 
isto é, diz respeito ao signo como um fato perceptivo. Mas, na base de sua linha 
conceitual do signo, formalizou-se aos estoicos, destacando a ação de interferência 
mental no desenvolvimento da Semiose (produção de significados, que procura 
relacionar a linguagem a outros sistemas de signos de natureza humana ou não); 
distinguiu signos naturais e signos convencionais.
Figura 5 – Santo Agostinho
Fonte: Wikimedia Commons
Para ele, os signos naturais não foram criados na intenção de uso como signo, 
mas eram signos que existiam na natureza: a fumaça como índice de fogo, por 
exemplo, era entendido como um signo natural.
Já os signos convencionais ajustavam-se sob uma convenção e por isso foram 
criados para estabelecer a comunicação, como: a imagem do peixe que simbo-
liza o religioso.
12
13
Santo Agostinho ainda se aprofundou nos estudos, diferenciando “signos” e 
“coisas” e ampliando os estudos dos signos não verbais. Por exemplo, Santo Agos-
tinho conseguiu desvendar e esclarecer a relação entre signo e coisa.
Segundo ele, o signo é uma coisa simplesmente pelo fato de estar indicando 
algo, ou seja, se o signo não fosse uma coisa, logo, não existiria.
Com isso, ele constituiu um modelo de signo que, mais tarde, iria delinear os 
caminhos da Doutrina dos Signos ou a Ciência do Signo.
Em outras palavras, ele forneceu as bases de estudo não só para um modelo 
específico de signo, mas um estudo da Semiótica que possibilite investigar qualquer 
tipo de comunicação e que abarque toda a extensão das linguagens.
Semiótica Medieval e Renascentista
A Semiótica da Era Medieval, também conhecida como Semiótica Escolástica, 
denominação atribuída pelo fato de conciliar a Teologia e a Filosofia, ou seja, a fé 
cristã, das Escolas Monásticas cristãs, com o sistema de pensamento racional da 
época, foi considerada um grande marco no questionamento científico da Lingua-
gem, pois, nesse ambiente de fundo teológico consolidado às Artes liberais, como 
a Gramática, a Retórica, a Dialética, possibilitou abrir amplo debate na questão 
do signo.
Organizaram o estudo da Ciência em Filosofia Natural, Filosofia Moral e Ciência 
dos Signos, conhecida, também, como Ciência Racional, denotando certa afinida-
de com a Lógica.
Nesse espaço de extremo rigor sistemático, algumas contribuições foram sig-
nificativas para a abertura de novos horizontes, como, por exemplo, as de Roger 
Bacon (1215-1294), conhecido como Doctor Mirabilis (Doutor Admirável, em 
latim), foi um influente frade na área do conhecimento filosófico, que escreveu um 
importante Tratado sobre o signo, intitulado De signis.
Outro Tratado sobre o signo foi publicado por João de São Thomás (1589-
1644), conhecido como Jean Poinsot, intitulado Tractatus de Signis, em que, 
no campo da Lógica, procura divisar o signo por meio de duas características: na 
primeira, o signo é tido como um instrumento da comunicação, como um meio; 
na segunda, os signos não são apenas instrumentos da comunicação, mas são 
também instrumentos da cognição, uma definição muito próxima da Semiótica dos 
nossos dias.
Além de tudo, essas obras procuraram, no seio da Semiótica escolástica, de-
monstrar também a questão da doutrina do realismo e do nominalismo, surgindo, 
nesse momento, a divisão entre denotação e conotação, avançando, assim, no 
estudo das funções Semióticas de signos, símbolos e imagens.
13
UNIDADE Progressão Lógica da Semiótica
A Semiótica, nesse momento da Era Medieval, foi contemplada pelo Renasci-
mento e pelas grandes transformações científicas, sociais e culturais, considerado 
um momento de intenso fomento cultural.
Não se pode deixar de lado dois modelos que estariam vinculados a todo esse 
contexto: os Quatro Sentidos do Mundo Medieval, conhecidos como o “Modelo 
dos Quatro Sentidos”, muito menos deixar, também, de falar na “Doutrina das 
Assinaturas”, outra contribuição para entender os avanços da Semiótica na es-
fera medieval.
Doutrina das Assinaturas
A Semiótica, nesse momento, tem como base um referencial religioso, no caso, 
a Bíblia, considerada, na época, o Livro dos ensinamentos sagrados, cujo alcan-
ce procurava explicar parte da existência do mundo. Mas, para interpretá-la, era 
necessário um sistema dividido em quatro níveis, pois, dessa forma, era possível 
contemplar quatro sentidos diferentes de interpretação.
Esse modelo, também conhecido como “os Quatro Sentidos Exegéticos” ou 
“Doutrinados Quatro Sentidos”, caracterizava-se em quatro níveis de interpre-
tação: o primeiro nível procurou pontuar o sentido literal ou histórico; seriam os 
sentidos da forma como eles aparecem no texto; o segundo nível seria o sentido 
tropológico ou moral, responsável por revelar a vida do homem; o terceiro nível 
caracterizava a alegoria, revelava uma relação direta entre Cristo e a Igreja e, fi-
nalmente, o quarto sentido, denominado como sendo anagógico (passagem do 
sentido literal ao místico), diz respeito aos mistérios celestes; portanto, nesse mo-
delo semiótico, os Modelo dos Quatro Sentidos teve importância muito forte para 
interpretar e ler o mundo real, pois tudo se apoiava nessas bases.
O Modelo de Signo Diádico (Séculos 
XVII-XVIII) – Semiótica Racionalista
A Semiótica, nesse momento, sofre uma forte influência do Racionalismo euro-
peu; seu percurso compreendeu a adesão de três grandes correntes filosóficas do 
século XVII e XVIII: o Racionalismo, o Empirismo e o Iluminismo.
René Descartes (1596-1650), representante máximo do racionalismo cartesia-
no, formulou a teoria das Três Ideias Inatas: a primeira, Ideias Adventícias, chegam 
à mente a partir dos sentidos (surgimento de uma ideia na mente); a segunda, Ideias 
Fictícias, são produzidas pela imaginação; e a terceira, Ideias Inatas, são ideias es-
senciais que existem na mente sem auxílio de um histórico.
Com isso, a Semiótica de Descartes lança por terra o signo com seu caráter 
referencial, ou seja, o modelo triádico de signo torna-se obsoleto frente ao modelo 
14
15
diádico da Semiótica Racionalista. Versão difundida amplamente pela abadia de 
Port-Royal, a ideia da coisa representada corresponde ao significado do signo.
Vejamos a proposta racionalista cartesiana:
SIGNO
Ideia da coisa 
que representa
Ideia da coisa 
representada
Figura 6
A Semiótica racionalista, ao embasar que 
essa concepção diádica não consiste numa 
entidade material e noutra mental, mas em 
duas mentais, ou seja, a ideia ou imagem 
do som de um lado e o conceito de outro 
já prenunciava o modelo de Semiótica atual: 
significante – imagem acústica; e significado 
– conceito. Por exemplo, a fim de exercitar 
esse modelo, é possível entendê-lo da seguin-
te forma: quando um interlocutor pronuncia 
“cavalo”, o significante do cavalo não é a pa-
lavra pronunciada, mas sim o modelo men-
tal de cavalo, que está elaborado na mente 
do interlocutor.
Esse modelo de Semiótica, cartesiano, que 
explicava a relação do signo, logo foi contes-
tado por um interventor inglês.
Figura 7 – Descartes, por 
Frans Hals (~ 1649-1700)
Fonte: Wikimedia Commons
Por sinal, o ideólogo do Liberalismo, o filósofo John Locke (1632-1704), que 
teve lugar de destaque na construção da Semiótica moderna, considerado também 
o criador do termo “Semiótica”, pois Locke discordava das “ideias inatas” proferi-
das por Descartes.
Segundo ele, não existiriam princípios inatos na mente. Locke afirmava que as 
ideias são signos que representam as coisas na mente do interlocutor, as palavras 
representam as ideias e elas não podem ser separadas, ou seja:
SIGNO
PALAVRA IDEIA
Figura 8
15
UNIDADE Progressão Lógica da Semiótica
Essa relação estabelecida por Locke tornou-se objeto central para a abertura 
de dois caminhos importantes na esfera dos estudos do signo: Ferdinand Saussure 
(1857-1914), Semiótica Estrutural ou Semiologia, e Charles Sanders Peirce (1839-
1914), Semiótica Peirceana.
Semiologia e Semiótica (Saussure/Peirce)
Primeiramente, são duas notáveis linhas do estudo do signo. A Semiologia, 
conhecida como Linguística Saussureana (Ferdinand Saussure) tem como preocu-
pação os estudos da Ciência da Linguagem Verbal. Diferentemente da Semiótica 
Peirceana (Charles Sanders Peirce), cujo foco é a ação do signo, razão pela qual é 
a Ciência de toda e qualquer Linguagem.
Entretanto, para verificar mais de perto essas relações, vamos nos reportar aos 
dois teóricos que embasaram essas linhas.
Saussure
Em Saussure, vamos encontrar uma linha de exploração de grande contribuição, 
pois os princípios científicos e metodológicos da Linguística, segundo ele, são regi-
dos por regras e princípios comuns a todas as Línguas.
Por exemplo, nos estudos da Ciência Verbal, vamos nos deparar com uma expli-
cação de que “Língua” não é o mesmo que Linguagem, ela é multiforme e deman-
da uma abordagem física, fisiológica e psíquica e atua no individual e no social. Por 
isso, a Língua é social, adotada no Corpo Social, sendo um conjunto puramente 
de convenções.
Saussure vai nos dizer, ainda, que a união entre palavras e coisas não tem cor-
respondência, uma relação entre si, mas ambos formam uma unidade linguística. 
Ambos são termos “psíquicos”, ou seja, o signo linguístico não une uma coisa e 
uma palavra, mas um conceito e uma imagem acústica – tal combinação é deno-
minada signo.
O conceito é denominado significado e a imagem acústica, significante, ou seja:
SIGNO
SIGNIFICADO SIGNIFICANTE
Figura 9
16
17
Vejamos um exemplo prático, segundo esse esquema de Saussure, quando al-
guém diz “cavalo”:
SIGNO LINGUÍSTICO
(CONVENCIONAL)
(C+A+V+A+L+O)
SIGNIFICANTE
Imagem acústica, aspecto
material, desenho, som etc.
Conceito: animal mamífero, da 
família dos equídeos, com cauda 
e crina longa etc.
SIGNIFICADO
Figura 10
A associação entre significante e significado é arbitrária. As duas faces do signo 
são puramente convencionais e, reafirmando, ambas são psíquicas, isto é, o signo 
“c + a + v + a + l + o” não está ligado e não tem nenhuma relação com a cadeia de 
sons (significante), que poderia ser representado por outro qualquer. Isso possibilita 
entender a diferença entre as Línguas e a existência de Línguas diferentes.
Como podemos perceber, desde Platão, passando pelas várias linhas da Semi-
ótica e contemplando todo o legado da Idade Média, há algum elemento “mental” 
entre a “coisa” e sua denominação, razão pela qual a questão da referência do 
signo não é resolvida pela Linguística e, sim, pela Filosofia da Linguagem.
A preocupação e o foco central da Filosofia da Linguagem não é estudar os 
elementos constitutivos da língua, mas estudar as relações que esses elementos 
estabelecem, ou seja, estudar as representações e os pensamentos seguindo as 
formações gramaticais por meio das quais elas foram expressas.
Para os alunos de design, vamos fazer um exercício. Eu darei o significado de 
algo, sem revelar do que estou falando. Depois revelarei o signo. Por fim, analisa-
remos o significante. Faremos uma inversão no processo.
Imagine alguém que nunca tenha ido à Escola oficial, mas que conheça perfeita-
mente a Língua (aprendeu de ouvir os outros falarem e um parente o ensinou a ler).
O significado da “coisa” é: trata-se de uma figura, que quando dois dos seus 
lados são somados, o resultado sempre deverá ser maior do que o terceiro lado e 
que a soma dos ângulos internos é igual à soma de dois ângulos retos.
17
UNIDADE Progressão Lógica da Semiótica
Como é difícil para você apagar a Matemática, o Desenho e a Geometria da sua 
mente, é possível que já tenha descoberto que o signo é o triângulo.
Por outro lado, caso você nunca tivesse visto um triângulo na sua vida, ao olhá-
-lo, teria uma incrível sensação de que ele espeta.
Figura 11
Peirce vem propor uma nova fase do conhecimento, e é o mais importante dos 
fundadores da Semiótica moderna. Tornou-se cada vez mais familiar nos meios 
intelectuais, pois, ao dar destaque e elaborar um estudo da Filosofia, Matemática 
e da Lógica, consegue, a partir do legado grego e da Idade Média, fundamentar a 
doutrina dos signos.
Peirce, com sua noção de interpretante, permite enxergar mais longe do que a 
dicotomia proposta por Saussure e, por essa razão, a Semiótica peirciana é utiliza-
da como ferramenta para aprimorar e promover pesquisas em várias esferas cul-
turais, sociais e acadêmicas, como, por exemplo, nas Artes Visuais, na Dança, na 
Arquitetura, na Matemática, na Medicina, na Engenharia etc. Para entenderpor-
que hoje há uma abrangência de estudos a partir da Semiótica peirceana, é preciso 
prestar atenção a uma classificação didática e metodológica, em três momentos:
1. No primeiro momento, quando surgem as primeiras obras dos estudos 
peirceanos, os comentadores, os críticos e os pesquisadores se limitam 
a fomentar e aplicar seus estudos apenas na esfera filosófica tradicional, 
dando total vazão apenas a esse viés do conhecimento;
2. No segundo momento, há uma tímida expansão, pois os estudiosos peir-
ceanos pontuam mais os aspectos matemáticos e lógicos, destacando cer-
to formalismo com relação à lógica;
3. No terceiro momento, há um volume de estudos em vários Setores e a 
Semiótica ganha total relevo, principalmente, ao se inserir nos contextos 
literários, críticos, culturais, artísticos, linguísticos etc.
Nessa perspectiva, as aplicações e as análises contempladas pela Semiótica peir-
ceana, além de dar conta dos seus objetos de análise, auxiliam na promoção de 
outras linhas teóricas.
Para um amplo entendimento, a fim de conhecer as bases da Semiótica peir-
ceana, os leitores e os comentadores reconhecem e recorrem à sua obra máxima: 
Os Collected papers of Charles S. Peirce1, publicado em 1931, seria a fonte 
disponível para qualquer leitura e aprofundamento.
1 Obra estruturada pelas cartas de Peirce, além de resenhas e artigos publicados. Alguns rascunhos e folhas esparsas e 
desarrumados num baú totalizaram 80.000 páginas de trabalhos manuscritos e 12.000 páginas de trabalhos publicados. 
18
19
Figura 12 – Charles Sanders Pierce
Fonte: Wikimedia Commons
O Signo em Peirce
Peirce, ao buscar uma fundamentação na tradição 
inaugurada pela lógica aristotélica, epicurista, estoica 
e a lógica escolástica, sofre todas essas influências na 
formulação de sua doutrina geral dos signos, a semió-
tica. Vejamos: Peirce constrói uma base muito sólida 
ao afirmar que todo o processo de pensamento é um 
processo de transformação de signos, cuja descrição 
se faz em termos de semiótica. Torna-se evidente que 
Peirce não tinha interesse em estudar uma classe par-
ticular de coisas que seriam signos, em oposição às 
coisas que não o seriam, mas sim estudar qualquer 
coisa que quisermos considerar como signo, ou seja, 
objeto do pensamento.
O vídeo desta unidade tratará exclusivamente dos fundamentos da semiótica de 
Pierce e deverá ajuda-lo a compreender a exposição dos elementos a seguir.
O lógica de Peirce é triádica, composta do signo, do objeto e do interpretante. 
O signo, por definição, pode ser qualquer coisa e, baseado na fenomenologia, 
Pierce os classificou de signos de primeiridade, de secundidade (há quem traduza 
como segundidade) e de terceiridade.
O signo de primeiridade é a consciência perceptiva, o despertar, a primeira impres-
são de algo antes mesmo de você racionalizar o que acaba de perceber, por exemplo, 
a sensação de algo frio, molhado, um espocar de sons. Seria a chuva caindo.
O signo de secundidade tem a ver com as análises racionais que vão distinguir as 
partes e as qualificar. Por exemplo, começou a chover, não é um temporal, é o vento 
que sopra nas partes molhadas que está aumentando a minha sensação de frio etc.
O signo de terceiridade é o entendimento que é dado por signos e que resulta 
na interpretação dos elementos do universo. No caso da chuva, seria uma sucessão 
de fenômenos que podem nos levar a conclusões simbólicas, por exemplo, preciso 
me proteger, senão ficarei encharcado, eu não tenho outra roupa, passarei muito 
tempo com frio, ficarei doente.
Umberto Eco dizia que é possível fazer leituras sobre um mesmo tema com 
diferentes entendimentos. Principalmente quando estamos tratando de linguagens 
não verbais.
Um signo não precisa ser físico, ele pode ser mental ou vago a ponto de ser 
um sentimento.
Peirce definiu três propriedades para o signo, são elas: qualidade, existência e lei.
1. O quali-signo é uma qualidade específi ca de um signo (a coloração do céu);
Sua viúva, na intenção de custear parte do velório de Peirce, vendeu todo esse material para o Departamento de 
Filosofia de Harvard, havendo, portanto, alguns problemas na organização dele.
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UNIDADE Progressão Lógica da Semiótica
2. O sin-signo vem da própria existência, sin tem a ver com o singular. Se 
algo existe, ele é um signo (a ave que plana no céu);
3. O legi-signo é uma propriedade de algo que pertence a um sistema, uma 
lei (as palavras que se referiram ao céu a à ave são símbolos que pertencem 
a um sistema, estão subordinadas a determinadas leis).
Há três diferentes formas de relação entre o signo e o objeto do signo, são elas:
1. Se em sua relação com o objeto, for um quali-signo (pela qualidade), então o sig-
no será um ícone (formato de uma nuvem que seja semelhante a uma pessoa);
2. Se em sua relação com o objeto, for um sin-signo (algo que existe, um 
existente), então o signo será um índice (trata-se de um indício, uma indi-
cação, como as pegadas na areia que mostram que alguém passou por ali);
3. Se em sua relação com o objeto, for um legi-signo (uma lei), então o signo 
será um símbolo (quando um signo representa algo de um sistema, uma con-
venção, com um elemento de uma partitura musical, então ele é um símbolo).
Peirce classificou os diferentes tipos de objetos em: dinâmico e imediato.
Imagine diferentes sites de notícias tratando de um mesmo assunto. Os aconte-
cimentos seriam os objetos dinâmicos, os diferentes enfoques, dados por cada um 
deles, seriam os objetos imediatos.
De forma progressiva, Pierce classificou os interpretantes em: interpretante ime-
diato, interpretante dinâmico e interpretante final.
1. O interpretante imediato é aquele que está presente no signo. Imagine que 
você pagou para assistir a um filme em sua casa. Antes de mesmo de a 
exibição começar, o signo “filme” contém toda a sua carga de significação 
latente nele. Lá está o roteiro, os diálogos, a trilha sonora, a fotografia e 
tudo o que compõe uma obra cinematográfica. O interpretante imediato 
vem com o signo. 
2. O interpretante dinâmico tem a ver os efeitos que o signo causa no intér-
prete. Ele será um interpretante emocional se houver uma carga psicoló-
gica envolvida. Ele será um interpretante energético, se houver a exigência 
de um esforço para se alcançar uma interpretação. Ele será um interpre-
tante lógico, se for alguém que já possui conhecimento em determinada 
área e que, por isso, terá uma interpretação diferente de alguém que nun-
ca passou por aquela experiência.
3. 3. O interpretante final, propriamente dito, refere-se a algo que pode ser 
pensado, idealizado, mas que não é totalmente acessível. O interpretante 
final seria um ser onisciente, que tudo sabe e tudo vê.
A partir do entendimento desse percurso é possível acompanhar o caminho per-
corrido pela semiótica desde os gregos até os fundamentos conceituais de Peirce. 
A semiótica é, por definição, uma ciência abstrata e querer encontrar uma aplicabi-
lidade total, como se fosse o manual de um produto, foge da sua essência.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Livros
Semiótica Aplicada
SANTAELLA, L. Semiótica aplicada. São Paulo: Cengage Learning, 2002;
Escritos Coligidos
PEIRCE, Charles Sanders. Escritos coligidos. Seleção de Armando Mora D´Oliveira. 
Tradução de Oliveira e Sérgio Pomerangblum. In: Os pensadores. São Paulo: Abril 
Cultural, 1983;
Comunicação e Semiótica: Visão Geral e Introdutória à Semiótica de Peirce
Centro Internacional de Estudos Peirceanos. Comunicação e Semiótica: visão geral 
e introdutória à Semiótica de Peirce. 
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UNIDADE Progressão Lógica da Semiótica
Referências
ARISTÓTELES. A arte retórica e arte poética. Tradução de Antônio Pinto de 
Carvalho. São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1959.
NORTH, Winfried. Panorama da Semiótica: de Platão a Peirce. 4.ed. São Paulo: 
Annablume, 2008.
PEIRCE, C. S. Collected Papers. Cambridge: Harvard University Press, 1966. 
v. 1, 2 e 3.
PESSANHA,José Américo Motta. Aristóteles: Vida e Obra. In: Os Pensadores. 
São Paulo: Nova Cultural, 1987. p. XVI.
________. Charles S. Peirce: Semiótica. São Paulo: Perspectiva, 1985.
SANTAELLA, L. O que é Semiótica. São Paulo: Brasiliense, 1983.
STIRN, F. Compreender Aristóteles. Petrópolis: Vozes, 2006.
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