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O PRINCÍPIO DA DEMANDA EFETIVA EM KEYNES O princípio da demanda efetiva em Keynes O principal objetivo da Teoria Geral é propor uma teoria do emprego e para isso adota o princípio de demanda efetiva como elemento central da análise. Keynes não centra sua discrepância com a lei de Say na relação de determinação unilateral entre gasto e renda –embora esta seja em certo sentido uma decorrência de sua construção -, mas na possibilidade real de um equilíbrio abaixo do pleno emprego, devido à sua formulação do princípio de demanda efetiva no contexto das decisões de produzir (Possas, p.59) O princípio da demanda efetiva em Keynes O princípio da demanda efetiva repousa sobre um modelo de comportamento das empresas. A unidade de tempo utilizada é o período de produção. A determinação do produto e do emprego configura-se como um problema do período de produção. Corresponde às decisões de curto prazo. O investimento, nesse momento, é visto como algo que foi decidido segundo expectativas de longo prazo que são supostas como dadas. Só mais tarde irá discutir a questão das expectativas de longo prazo. O princípio da demanda efetiva em Keynes A escolha dos empresários do que e do quanto produzir é feita segundo estimativas dos custos e de uma previsão de demanda e, portanto, dos rendimentos a receber da produção realizada. As empresas escolhem o volume de produção que acreditam irá maximizar os seus lucros - considerando os seus custos e as expectativas de demanda - e contratam o montante de mão-de-obra a ser empregada naquela produção. Isto significa que o lucro que o empresário procura (espera) maximizar é um dos componentes do preço de oferta agregada - os outros componentes são o custo de fator (a renda do(s) fator(es) de produção) e o custo de uso (é o que paga a outros empreendedores e o sacrifício que faz ao utilizar o seu equipamento em vez de o deixar inativo) lucro ou a renda do empresário = valor da produção - (custo de fatores + custo de uso) O princípio da demanda efetiva em Keynes A questão do tempo: to ... t1 ... t2. A produção leva tempo e por isso as decisões de produção estão baseadas em expectativas. A decisão de produzir é tomada em to, com base no que vai ocorrer entre to e t2 Entre to e t1 ocorre a produção e entre t1 e t2 a produção é levada ao mercado para uma possível venda A venda que concretamente se realiza pode não corresponder às expectativas dos empresários. A função de oferta agregada Keynes define o preço da oferta agregada de um dado volume de emprego como a retribuição esperada e suficiente para que as empresas, dado os seus custos, considerem vantajoso ofertar aquele nível de produto e de emprego. constrói a curva de oferta agregada com níveis hipotéticos de renda. trabalha com a função de oferta agregada, representando o conjunto das empresas A função de oferta agregada A função de oferta agregada Z = φ (N) determina, para o conjunto das firmas, os vários pontos em que o montante dos rendimentos esperados é suficiente para induzir os empresários a oferecerem determinado nível de emprego N. o montante de emprego N depende do montante de rendimento que os empresários esperam receber, resultante da produção (e da venda?) efetuada por este nível de emprego. A função de oferta agregada Keynes trabalha com a ideia de que as empresas procuram maximizar os lucros. A curva de oferta agregada relaciona: produto agregado, maximização de lucro e emprego. A maximização do lucro esperado ocorre quando pE = CMg e supondo o trabalho como único custo variável, tem-se pE = w/PMg = w/CMg p.q = CMg.q mede o valor agregado na empresa; Inclinação da curva de oferta agregada O formato de Z reflete o formato da curva de custos marginais. O preço (e portanto a receita) deve crescer cada vez mais depressa para induzir as empresas a contratarem mais trabalhadores. N Z Função de demanda agregada Na função de demanda agregada está a principal contribuição de Keynes: D = f(N) = pE.q = pE.F(N) a função relaciona, para cada N, a receita que os empresários esperam receber decorrente do emprego de N homens. N D Função de demanda agregada A demanda agregada final (numa economia fechada e sem governo) é: D = Dc + Di, demanda por bens de consumo e por bens de investimento; As empresas tomam as decisões de produzir em função das expectativas quanto ao comportamento desses itens de demanda final. Demanda ex-ante O ponto de demanda efetiva Keynes denomina como o “ponto de demanda efetiva” onde Z = φ(N) = D = f (N) É nesse ponto que as previsões de lucro dos empresários são maximizadas e o volume de emprego é determinado. Se para determinado valor de N o rendimento que se espera receber é maior do que o preço da oferta global, isto é, D é superior a Z, haverá um estímulo incitando os empresários a aumentar o emprego acima de N e, se for necessário, a elevar os custos disputando entre si os fatores de produção até chegar ao valor de N em que Z é igual a D. (TG 37) O ponto de demanda efetiva “ Assim, o volume de emprego é determinado pelo ponto de interseção da função da demanda agregada e da função da oferta agregada, pois é nesse ponto que as expectativas de lucro dos empresários serão maximizadas. Chamaremos demanda efetiva o valor de D no ponto de interseção da função da demanda agregada com o da oferta agregada. Como esta é a essência da Teoria Geral do Emprego (...), os capítulos seguintes serão, em grande parte, consagrados ao exame dos diversos fatores de que dependem essas duas funções” (TG: 37). A questão semântica A terminologia suscita equívocos: o “ponto de demanda efetiva” é aquele no qual os empresários esperam maximizar seu lucro; A demanda efetiva não é uma relação, é o ponto que indica a expectativa de demanda agregada das empresas que se torna efetivo porque define as decisões de produção das empresas. O emprego de certo volume de mão de obra impõe ao empreendedor duas espécies de gastos: O custo de fatores - que é a quantia que ele paga aos fatores de produção O custo de uso – as quantias que ele gasta com as compras de outros empreendedores e o sacrifício que faz utilizando o seu equipamento em vez de deixá-lo ocioso O ponto de demanda efetiva A distinção entre demanda efetiva e demanda agregada “Demanda efetiva é um termo infeliz, pois realmente se refere à produção que será oferecida; em geral não há certeza que ela seja realmente demandada” (Chick, 72) A demanda agregada é a receita esperada, derivada das decisões de gasto efetivamente tomadas pelos agentes. Ex-post a demanda agregada realizada pode ser diferente daquela esperada, levando as empresas a alterarem as suas decisões de produção no curto prazo. A passagem de ex-ante para ex-post A Demanda Agregada A demanda final, numa economia fechada e sem governo, é constituída por I + C; Para Keynes, a relação entre as decisões de consumir e o nível de emprego e de renda é relativamente estável; quando o emprego aumenta e com ele aumenta a renda, o consumo aumenta também, mas... menos; Keynes, ΔN → ΔY →ΔDC; porém, 0 < ΔDC < 1 ΔY A propensão marginal a consumir é < 1; A demanda por bens de consumo tende a crescer, porém, menos que a variação da renda. A Demanda agregada A demanda por bens de investimento, Di, não é função do emprego e da renda; trata-se de uma demanda fundamentalmente autônoma em relação à renda; os capitalistas não investem menos ou mais porque estão ganhando, agora, menos ou mais lucros; a decisão é entre o $ de hoje e o $ no futuro, irá gastar se houver expectativa de ganho. investem na proporção em que acreditem que vale a pena gastar hoje na compra de ativos que criarão capacidade produtiva que só estará disponível no futuro, para ser utilizada desse momento em diante; o investimento depende de expectativas de longo prazo A demanda agregada Não vale a pena para as empresas produtoras de bens de investimento produzirmais do que acreditam ser o volume Di que o conjunto de empresas deseja comprar num dado período; Não vale a pena produzir mais do que um certo volume de bens de consumo; a partir de certo ponto, o aumento da produção de bens de consumo determinará um excesso de oferta cada vez maior, em razão da propensão marginal a consumir ser menor do que 1 O princípio da demanda efetiva e a lei de Say A condição especial da visão clássica. A visão clássica, baseada na lei de Say apóia-se numa hipótese particular (especial) a respeito da relação existente entre Z = φ(N) e D = f (N). Considera que elas são iguais em todos os pontos. Na visão de Keynes, a demanda efetiva em vez de ter um valor de equilíbrio único, comporta uma série de valores todos igualmente admissíveis. A demanda efetiva associada ao pleno emprego é um caso especial que só se verifica quando a propensão a consumir e o incentivo para investir se encontram associados entre si numa determinada forma. (TG 39) O princípio da demanda efetiva e a lei de Say N D, Z D Z N D, Z Z≡ D Np Np N1 lei de Say: não há obstáculos a que a produção agregada aumente até o pleno-emprego, Np; Keynes: não há motivos para acreditar que sempre valha a pena para as empresas estender a produção até Np; vale a pena produzir somente até que D = Z, contratando N1 trabalhadores. O princípio da demanda efetiva e a lei de Say Modelos clássico e de Keynes No modelo clássico, há desemprego se o salário real superar o nível de equilíbrio; No modelo de Keynes, há desemprego se a demanda for fraca; Z’ D’ O princípio da demanda efetiva e a lei de Say Não é a desutilidade marginal do trabalho, expressa em salários reais, que determina o volume de emprego ...A propensão a consumir e o montante do investimento novo é que determinam conjuntamente o volume de emprego, e é este que determina univocamente o nível de salários reais – não o inverso. Se a propensão a consumir e o montante do investimento novo resultam numa insuficiência da demanda efetiva, o volume real do emprego se reduzirá até ficar abaixo da oferta de mão-de-obra existente em potencial ao salário real em vigor, e o salário real de equilíbrio será superior à desutilidade marginal do nível de equilíbrio do emprego. (TG 41) Demanda efetiva: as questões à frente As dificuldades de manter a demanda efetiva; A possibilidade de desemprego involuntário; Necessidade de discutir A propensão a consumir a eficiência marginal do capital e as expectativas de longo prazo a teoria da taxa de juros O papel da moeda
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