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EXPLICAÇÃO - DIREITO CIVIL VII

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EXPLICAÇÃO - DIREITO CIVIL VII 
 
Direito das sucessões é o conjunto de regras e princípios que regulamentam a 
transmissão do patrimônio de alguém que faleceu aos seus sucessores. Nas lições de 
VENOSA, o direito das sucessões disciplina a projeção das situações jurídicas existentes, no 
momento da morte, da desaparição física da pessoa, a seus sucessores (Direito civil: direito 
das sucessões . 10 ed. São Paulo: Atlas, 2010. p. 4). 
 
A ordem de vocação hereditária, por sua vez, vem a ser a ordem sucessória, ou seja, o 
rol das pessoas que podem suceder. 
 
No Código Civil de 1916, aberta a sucessão eram chamados a suceder os 
descendentes, os ascendentes, o cônjuge supérstite ou o companheiro, os colaterais até o 
quarto grau e, por último, a Fazenda Pública. Era um rol taxativo e preferencial, previsto no 
artigo 1.603, que assim dispunha: 
 
Art. 1.603. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: 
I - aos descendentes ; 
II - aos ascendentes ; 
III - ao cônjuge sobrevivente; 
IV - aos colaterais; 
V - aos Municípios, ao Distrito Federal ou à União. 
 
De se notar que o cônjuge somente era beneficiado na ausência de descendentes ou 
ascendentes. Nesta época, ao cônjuge era dado o direito real de usufruto vidual 
(Art. 1.611, 2º, CC/16: Ao cônjuge sobrevivente, casado sob regime de comunhão universal, 
enquanto viver e permanecer viúvo, será assegurado, sem prejuízo da participação que lhe 
caiba na herança, o direito real de habitação relativamente ao imóvel destinado à residência 
da família, desde que seja o único bem daquela natureza a inventariar ). 
 
Com o advento do Novo Código Civil, em 2002, no entanto, os chamados a suceder 
são: 
 
Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: 
I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado 
este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória 
de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor 
da herança não houver deixado bens particulares; 
II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge ; 
III - ao cônjuge sobrevivente; 
IV - aos colaterais. 
 
A nova ordem de vocação hereditária, portanto, prevê a concorrência dos descendentes 
e dos ascendentes com o cônjuge, estabelecendo o seguinte: descendentes e cônjuge ou 
companheiro, ascendentes e cônjuge ou companheiro, cônjuge sozinho, colaterais até o quarto 
grau e companheiro e, por fim, o companheiro sozinho. 
 
O NCC passa então a estabelecer as seguintes regras: 
 
1. Na sucessão dos descendentes existem duas regras a serem observadas, quais sejam: 
a) a igualdade entre os descendentes (até 1988 o filho adotivo não herdava e o filho tido fora 
do casamento tinha direito à metade dos bem que os demais filhos herdavam), e b) o mais 
próximo sempre afasta o mais remoto. 
Há, contudo, três hipóteses em que diferentes graus de descendência sucedem ao 
mesmo tempo: indignidade, deserdação e pré-morte. 
 
2. Na sucessão dos ascendentes aplicam-se as mesmas regras acima mencionadas, 
acrescidas de uma terceira: a sucessão do ascendente é a única que se organiza em duas 
linhas, que são a paterna e a materna. No caso de herdarem um avô paterno e dois avôs 
maternos, o avô paterno receberá metade da herança, sendo a outra metade dividida entre os 
avôs maternos. Não havendo avô paterno, mas apenas dois avôs maternos estes recebem a 
totalidade da herança, ainda que haja bisavôs. 
 
3. Na sucessão do cônjuge há que se observar que ele além de meeiro é também herdeiro, 
concorrendo nesta hipótese com descendentes e ascendentes. O cônjuge em verdade dispõe 
de meação, de herança (a depender do regime) e também de direito real de habitação (Art. 
1.831, NCC: Ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o regime de bens, será assegurado, 
sem prejuízo da participação que lhe caiba na herança, o direito real de habitação 
relativamente ao imóvel destinado à residência da família, desde que seja o único daquela 
natureza a inventariar ). 
 
Vale dizer, que de acordo com o mesmo Código Civil, somente é reconhecido direito 
sucessório ao cônjuge sobrevivente se, ao tempo da morte do outro, não estavam separados 
judicialmente, nem separados de fato há mais de dois anos; esta regra está prescrita no artigo 
1.830. 
 
Na sucessão do cônjuge há, ainda, algumas regras específicas. Vejamos. 
 
Quando o cônjuge concorre com o descendente, esta sucessão depende do regime de 
bens adotado, sendo possível que não haja direito de sucessão do cônjuge em três hipóteses. 
São elas: a) adotado o regime da comunhão universal (o cônjuge não herda, pois tem direito à 
meação de tudo), b) adotado o regime da comunhão parcial de bens, sem a existência de bens 
particulares (o cônjuge também não herda, pois na prática há uma comunhão universal) e c) 
adotado o regime da separação obrigatória (quando o cônjuge sofre uma exclusão legal, logo 
também não pode herdar). 
 
Deve ser frisado que a concorrência entre o cônjuge e os descendentes incide somente 
sobre os bens particulares, pois sobre os bens comuns o cônjuge já tem direito à meação. 
 
Bens particulares: são aqueles que pertencem exclusivamente a um dos cônjuges, em 
razão do seu título aquisitivo. No regime da comunhão parcial, são particulares os bens 
adquiridos antes e depois do casamento, por herança ou doação, bem como os adquiridos com 
o produto da venda de outros bens particulares. Os demais bens, adquiridos pelos cônjuges 
durante o tempo em que estiverem juntos, chamados de aquestos (Diz-se de ou cada um dos 
bens adquiridos durante o casamento), constituem acervo comum. Bens comuns: são os bens 
que dão direito à meação, divisão em duas partes iguais na partilha, que acontece após a 
dissolução do casamento. As mesmas regras valem para os companheiros, pois a união 
estável atende ao regime da comunhão parcial de bens, salvo se houver contrato escrito 
dispondo de forma diversa. 
 
Nesta concorrência, no que diz respeito ao quinhão, o Código Civil impõe a observância 
da seguinte regra: 
 
Art. 1.832. Em concorrência com os descendentes (art. 1.829, inciso I) caberá ao 
cônjuge quinhão igual ao dos que sucederem por cabeça, não podendo a sua quota ser 
inferior à quarta parte da herança, se for ascendente dos herdeiros com que concorrer. 
 
Assim, se o cônjuge for ascendente de quem com ele concorre na sucessão fará jus a 
um quarto da herança. Na hipótese de concorrer, por exemplo, com apenas um filho terá direito 
à metade dos bem particulares do autor da herança, mas se concorrer com seis filhos comuns 
terá direito a um quarto da herança e os outros três quartos serão divididos entre os seis filhos. 
 
Por outro lado, quando o cônjuge concorre com o ascendente a regra é a seguinte: 
 
Art. 1.837. Concorrendo com ascendente em primeiro grau, ao cônjuge tocará um terço 
da herança; caber-lhe-á a metade desta se houver um só ascendente, ou se maior for 
aquele grau. 
 
Na sucessão do cônjuge em concorrência com ascendentes independe a opção feita no 
regime de bens. Aqui qualquer que seja o regime adotado o cônjuge tem direito à meação e à 
herança. 
 
4. Com relação à sucessão do companheiro há algumas regras específicas, já que este 
terá direito sucessório somente sobre os bens adquiridos a título oneroso na constância da 
união estável. O Código Civil dispôs da seguinte maneira sobre a sucessão do companheiro: 
 
Art. 1.790. A companheira ou o companheiro participará da sucessão do outro, quanto 
aos bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável, nas condições 
seguintes: 
I - se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma quota equivalente à que por lei for 
atribuída ao filho; II - se concorrer com descendentes só do autor da herança, tocar-lhe-
á a metade do que couber a cada um daqueles; 
III- se concorrer com outros parentes sucessíveis, terá direito a um terço da herança; 
IV - não havendo parentes sucessíveis, terá direito à totalidade da herança. 
 
Basicamente, é possível concluir-se que o Novo Código Civil estabeleceu que cônjuge 
e companheiro são herdeiros em concorrência com descendentes ou ascendentes, 
quebrando com a paridade entre cônjuge e companheiro, uma vez que prevê regras distintas. 
E, ainda, beneficiou o cônjuge e o companheiro em face dos ascendentes e descendentes, 
pois estes perderam pela subtração de parte da herança. Além disso, a Fazenda Pública 
deixou de ser herdeira.

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