Buscar

1ª MATERIAL DIDÁTICO contratos 2docx

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1ª MATERIAL DIDÁTICO_CONTRATOS
Prefacialmente, devemos identificar onde se encontra a Teoria Geral
dos Contratos em nosso ordenamento.
Após ultrapassado os estudos da Parte Geral do Código Civil, que trata
das pessoas, dos bens e dos fatos jurídicos, a Teoria Geral dos
Contratos se encontra na Parte Especial da lei em comento, iniciando
com as disposições gerais a partir do artigo 421, do Código Civil
(Título V, da Parte Especial, do Código Civil).
• CONCEITO DE CONTRATO
Conforme já constatado no estudo da Teoria Geral do Direito Civil, em
regra, o Código Civil não possui o condão de conceituar os institutos
objeto de estudo. O mesmo ocorrerá na parte especial da lei em
comento.
Logo, não iremos encontrar a definição de contrato no Código Civil.
Essa tarefa pertence a doutrina, conforme bem assevera Cristiano
Chaves de Farias e Nelson Rosenvald quando tratam do conceito de
obrigações. O mesmo ocorrerá em contratos ou qualquer outro instituto.
(p. 13, 2015).
Portanto, para a melhor compreensão da Teoria Geral dos Contratos e a
sua importâmcia prática, se faz necessário conceitua-lo.
Segundo Marco Aurélio Bezerra de Melo, contrato
“é o negócio jurídico bilateral ou plurilateral de
conteúdo patrimonial pelo qual as pessoas se obrigam com
o objetivo de obterem segurança jurídica na aquisição de
algum bem da vida ou a defenderem determinado interesse,
observando a função social e econômica e preservando em
todas as fases do pacto a probidade e a boa-fé” (p. 18,
2015).
Perceba que contrato nada mais é do que um negócio jurídico (objeto de
estudo na disciplina Introdução a Teoria Geral do Direito Civil). Com
efeito, cumpre relembrar o que é negócio jurídico.
Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho coonceituam negócio
juridico como sendo
“a declaração de vontade, emitida em obediência aos seus
pressupostos de existência, validade e eficácia, com o
propósito de produzir efeitos admitidos pelo ordenamento
jurídico pretendidos pelo agente” (p. 367, 2014).
Dessa forma, se o contrato é um negócio jurídico, então, antes de
tratarmos dos elementos específicos e acidentais do contrato, se faz
necessário tratar dos elementos essenciais ou genéricos.
Os elementos de validade de qualquer contrato são os mesmos requisitos
exigidos para a validade do negócio juridico, elencado no artigo 104,
do Código Civil, quais sejam: Artigo 104. A validade do negócio
jurídico requer: I - agente capaz; II - objeto lícito, possível,
determinado ou determinável; III - forma prescrita ou não defesa em
lei”. Alem, é claro, da manifestação da vontade imaculada.
Neste diapasão, iremos tratar a seguir do plano da existência,
validade e eficácia dos contratos.
 
• PLANOS DA EXISTÊNCIA, VALIDADE E EFICÁCIA
 
1. PLANO DE EXISTENCIA: declaração de vontade, forma, sujeitos e
objeto
No plano de existência do contrato, o primeiro elemento é a declaração
de vontade contratual que é “o comportamento exterioriza a vontade de
contratar por meio de palavras, ações e, até mesmo, gestos” (MELO, p.
20, 2015).
A declaração de vontade pode ser expressa, tácita e presumida.
Expressa é aquela que demonstra inequivcamente o seu interesse
(palavra escrita, falada, gestual).
Tácita é a manifestação da vontade que se caracteriza pelo
comportamento do agente. Muitas vezes se confunde com o silêncio, mas
devemos ressaltar que o silêncio, em regra, não é manifestação da
vontade. Marco Aurélio Bezerra de Melo exemplifica a manifestação
tácita na hipotese da celebração de um contrtao com claúsula que preve
prorrogação automática se não houver a denúncia do contrato até
https://mail-attachment.googleusercontent.com/attachment/u/…eyFBvHVsVOOeRVrwiqArcDQNI2KzsPrzpVN8HR7RFoG7JGkgNE 19/05/17 19S30
Página 1 de 4
determinado prazo (p. 21, 2015). 
Presumida “se dá quando a lei cria a presunção de que ao não
manifestar vontade expressa nenhuma, o sujeito assentiu ao contrato”
(MELO, p. 21, 2015). Em consonância com a melhor doutrina, o que
difere a declaração da vontade tácita da presumida, é que esta ultima
provem da lei.
O terceiro elemento é a forma, que trata do modo como a declaração de
vontade é manifestada, tambem denominada a figura exterior do
contrato. Exteriorizar a vontade será feita de alguma forma: falada,
escrita, gestual.
Quanto aos sujeitos, é imprescendivel que haja duas ou mais partes. Ou
melhor, duas ou mais declarações de vontade (ofertante e aceitante).
Um aspecto importante é que haja pluralidade de sujeitos em polos
expostos (policitante e oblato), ou seja, não haverá a formação do
contrato se os dois ou mais sujeitos estejam todos no mesmo polo (por
exemplo, apneas no polo do ofertante). Ora, imaginemos que o casal
MARIA e JOÃO desejam vender o seu imóvel, mas não há interessados.
Verificamos que há pluralidade de sujeitos, mas não há contrato.
Por derradeiro, o objeto no plano de existência são os direitos e
deveres criados ou modificados pelo acordo de vontade. Aqui, não se
confunde com o objeto no plano de validade do contrato, que veremos a
seguir.
2. PLANO DE VALIDADE: capacidade, objeto e forma. 
Conforme já estudado na Teoria Geral do Direito Civil, em especial, no
que aduz o artigo 104, do Código Civil, no plano de validade
verificaremos a capacidade dos agentes, o objeto lícito, possivel e
determinado ou determinável, e a forma prescrita em lei ou não defeso
por lei (vide os artigos 166 e 171, do Código Civil).
A capacidade dos agentes, elemento necessário para validade do acordo
de vontades, é a de fato ou jurídica. Logo, para que haja validade se
faz necessário que o agente tenha discernimento e maturidade para
declarar a sua vontade, o que ocorre quando completados 18 anos de
idade ou emancipado. Outrossim, lembrando que os absolutamente
incapazes e relativamente incapazes tambem podem participar de uma
relação contratual, desde que a sua incapacidade seja suprida, atraves
da representação ou pela assistência (vide artigos 3º, 4º e 5º, do
Código Civil).
Ensina Marco Aurélio Bezerra de Melo que o objeto do contrato “deve se
harmonizar com a ordem jurídica, deve ser fisicamente possível de ser
realizada e, ainda, passível, ao menos, de determinação” (p. 24,
2015).
Quanto a forma, em regra, os contratos são informais. Portanto, as
partes são livres para adotar a forma que desejarem, desde, que não
venha violar preceito legal. Contudo, alguns contratos, a lei exige
que haja a observação de determinada fomalidade, por exemplo, na
aquisição de bem imóvel, cuja lei exige o seu registro como condição
de aperfeiçoamento do negócio.
3. PLANO DE EFICÁCIA: Condição, termo e encargo.
As claúsulas condicionais são elementos acidentais de um contrato. Não
são elementos necessários para existencia do contrato ou sua validade,
mas uma vez estabelecidos no contrato, se torna obrigatório a sua
observancia, atuando na eficácia do contrato, conforme veremos mais a
frente cada uma dessas modalidades.
 
PRINCIPIOS NORTEADORES DOS CONTRATOS
 
• Princípio da Autonomia Privada da Vontade
​ 
Prefacialmente, com fulcro no princípio da autonomia da vontade, os
contratos eram considerados como um acordo de vontades livres e
soberanos, insuscetível de modificações trazidas por qualquer força
que não derivada das partes envolvidas, afastando, inclusive, quase
por completo a interferência estatal.
Contudo, com a evolução das relações sociais e jurídicas, passou a
preponderar à vontade geral, e não individual, com o menor
envolvimento do Estado, formada pelo livre consentimento das vontades
individuais, constituindo o contrato social (J.J. Rousseau).
Com efeito, assinala o professor Arnaldo Rizzardo, que a “autonomia da
vontade está ligada à liberdade de contratar, que se submete, no
https://mail-attachment.googleusercontent.com/attachment/u/…eyFBvHVsVOOeRVrwiqArcDQNI2KzsPrzpVN8HR7RFoG7JGkgNE 19/05/17 19S30
Página 2 de 4
entanto a limites, não podendo ofender outros princípios ligadosà
função social do contrato” (2011, p.18).
Neste diapasão, as dimensões da liberdade de contratar passam a ser de
liberdade de contratar e liberdade contratual, como ensina Marco
Aurélio Bezerra de Melo. A primeira hipótese é aquela que pertence a
qualquer pessoa, enquanto a segunda é a real “possibilidade de
estabelecer o alcance da autonomia privada por meio de livre
estipulação de cláusulas contratuais” (2015, p. 49).
 
• Princípio da Soberania da Ordem Publica
 
Também chamado de princípio da função social dos contratos, trata de
uma limitação quanto ao exercício da liberdade de contratar, eis que
tal liberdade esta condicionada a observar a função social dos
contratos, conforme redação do artigo 421, do Código Civil.
Neste sentido, os contratos devem ser interpretados de acordo com o
meio social onde estão inseridos, conforme Flávio Tartuce destaca “não
trazendo onerosidade excessiva às partes contratantes, garantindo que
a igualdade entre elas seja respeitada, mantendo a justiça contratual
e equilibrando a relação onde houver preponderância da situação de um
dos contratantes sobre a do outro” (2012, p.58).
 
• Princípio da Relatividade dos Contratos
 
Pela concepção deste princípio, o negócio jurídico realizado, atinge
somente as partes envolvidas, não prejudicando ou beneficiando
terceiros estranhos ao contrato.
Contudo, o nosso ordenamento jurídico traz algumas hipóteses em que
haverá terceiros sendo beneficiados, inclusive responsabilizados pelo
cumprimento do contrato, por exemplo, o seguro de vida e a
responsabilidade dos herdeiros do contratante.
Com efeito, corrobora Marco Aurélio Bezerra de Melo: “quando se diz
que o contrato somente produz efeitos em relação às partes que dele
participaram, essa visada se restringe aos efeitos internos, pois é
possível que em razão de um contrato celebrado entre duas partes
outras pessoas se beneficiem ou se prejudiquem” (2015, p. 54).
 
• Princípio do Consensualismo
 
Em consonância com tal princípio, para a eficácia dos contratos basta
à declaração da vontade, independente da entrega da coisa ou
cumprimento da prestação, exceto nos contratos reais, que para a sua
eficácia é necessário a entrega da coisa, como ocorre nos contratos de
depósito.
Outrossim, conforme redação do artigo 166, IV, do Código Civil,
existem contratos que devem observar uma determinada solenidade. Logo,
somente serão válidos e eficazes após observada a solenidade exigida.
 
• Princípio da Obrigatoriedade dos Contratos
 
Por força da cláusula pacta sunt servanda, é irredutível o acordo de
vontades, devendo ser cumprido pela mesma razão que deva ser
obedecido.
O acordo de vontades, após a sua declaração, tem valor de lei entre os
contratantes, embora, como Arnaldo Rizzardo chama atenção, não é a
mesma idéia da concepção clássica que igualava contrato à lei, mas sim
a concepção moderna da “autonomia da vontade como expressão social de
tudo aquilo que vem inserido na lei, conceito certo de onde se origina
a fonte criadora de todos os direitos subjetivos, pelo simples acordo
das vontades humanas, quando livremente manifestadas”. (2011, p. 23)
São citados diversos fatores que justificam a obrigatoriedade dos
contratos, tais como: o dever da veracidade; pelo compromisso assumido
pelo individuo quanto a palavra dada; em suma, das várias razões, é
necessário assegurar a estabilidade da ordem social e a necessidade de
https://mail-attachment.googleusercontent.com/attachment/u/…eyFBvHVsVOOeRVrwiqArcDQNI2KzsPrzpVN8HR7RFoG7JGkgNE 19/05/17 19S30
Página 3 de 4
dar segurança as relações desenvolvidas.
Uma das excludentes da obrigatoriedade do contrato é o caso fortuito
ou a força maior, conforme prevê o artigo 393, do Código Civil: “O
devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou
força maior, se expressamente não se houver por eles
responsabilizado”.
Acrescenta o parágrafo único que “o caso fortuito, ou de força maior,
verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar
ou impedir.”
 
• Princípio da Revisão dos Contratos
 
Este princípio seria uma exceção ao princípio anteriormente citado,
cabendo a revisão das cláusulas contratuais com fundamento na teoria
da imprevisão, quando houver onerosidade excessiva a uma das partes
(cláusula rebus sic statntibus).
Na oportunidade, cumpre ressaltar o princípio da equivalência das
prestações, na qual Clóvis Beviláqua acrescenta: “O preço deve ser
justo, isto é, equivalente ao valor aproximado da coisa vendida”.
 
• Princípio da Boa-fé
 
Com fulcro na boa-fé, a formação do contrato obriga que a manifestação
dos agentes seja realizada dentro dos interesses que levaram a se
aproximarem, de forma clara e autêntica, sem uso de subterfúgios face
ao instrumento formalizado.
A segurança nas relações jurídicas depende da lealdade, da confiança
recíproca, da justiça, da equivalência das prestações e
contraprestações.
Nesta esteira, o Código Civil, de maneira expressa, estatuiu no artigo
422, o referido princípio.
Outrossim, cumpre ressaltar que a boa-fé no direito contemporâneo não
é aplicada de forma subjetiva (relação direta com a pessoa que
ignorava um vício), e sim, de maneira objetiva, observando a conduta
dos agentes, não cabendo a ninguém alegar em beneficio próprio à
própria torpeza.
Para Flávio Tartuce, “por certo é que adotou o Código Civil em vigor o
princípio da eticidade, valorizando as condutas guiadas pela boa-fé,
principalmente no campo obrigacional”. (2012, p. 88)
 
 
REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA
FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civl.
2. Obrigações. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2015.
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito
Civil. Parte Geral 1. 16ª. ed. Rio de Janeiro: Saraiva, 2014.
MELO, Marco Aurélio Bezerra de. Curso de Direito Civil. Vol. III.
Direito dos Contratos. Tomo I. Teoria Geral dos Contratos. São Paulo:
Atlas, 2015.
RIZZARDO, Arnaldo. Contratos. Rio de Janeiro: Saraiva, 2011.
TARTUCE, Flávio. Teoria Geral dos Contratos e Contratos em espécie.
São Paulo: GEN, 2012.
 
https://mail-attachment.googleusercontent.com/attachment/u/…eyFBvHVsVOOeRVrwiqArcDQNI2KzsPrzpVN8HR7RFoG7JGkgNE 19/05/17 19S30
Página 4 de 4

Continue navegando