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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO Manual de Orçamento Público 2015 2 INTRODUÇÃO O orçamento público é o instrumento por meio do qual o governo estima as receitas que irá arrecadar e fixa os gastos que espera realizar durante o ano. Trata-se de uma peça de planejamento, no qual as políticas públicas setoriais são analisadas, ordenadas segundo sua prioridade e selecionadas para integrar o plano de ação do governo, nos limites do montante de recursos passíveis de serem mobilizados para financiar tais gastos. O sistema orçamentário brasileiro é composto por três instrumentos principais: a Lei Orçamentária Anual (LOA), a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e o Plano Plurianual (PPA). O Plano Plurianual, que vigora por quatro anos, estabelece diretrizes, objetivos e metas da administração federal para as despesas de capital e os programas de duração continuada, veiculando, portanto, um planejamento de médio prazo. Já a LDO é elaborada anualmente e objetiva detalhar as metas e prioridades da administração para o ano subseqüente e orientar a elaboração da lei orçamentária anual. A partir dos parâmetros definidos pela LDO e em consonância com a programação do PPA, a LOA estima as receitas e fixa as despesas de toda a administração pública federal para o ano subseqüente. O sistema orçamentário brasileiro está definido nos arts. 165 a 169 da Constituição Federal. O sistema orçamentário brasileiro tem três importantes dimensões, todas de interesse direto para a sociedade. A primeira é a dimensão jurídica: o orçamento público tem caráter e força de lei, e enquanto tal define limites a serem respeitados pelos governantes e agentes públicos – no tocante à realização de despesas e à arrecadação de receitas. A elaboração e a aprovação do orçamento público seguem o processo legislativo de discussão, emenda, votação e sanção presidencial como qualquer outra lei. A segunda dimensão é a dimensão econômica. O orçamento público é basicamente o instrumento por meio do qual o governo extrai recursos da sociedade e os injeta em áreas selecionadas. Esse processo redistributivo não é neutro do ponto de vista da eficiência econômica e da trajetória de desenvolvimento de longo prazo. Tanto os incentivos microeconômicos e setoriais, quanto as variáveis macroeconômicas relativas ao nível de inflação, endividamento e emprego na economia são diretamente afetados pela gestão orçamentária. A terceira dimensão – a dimensão política – é corolário da dimensão econômica. Se o orçamento público tem um inequívoco caráter redistributivo, o processo de elaboração, aprovação e gestão do orçamento embute necessariamente perspectivas e interesses conflitantes que se resolvem em última instância no âmbito da ação política dos agentes públicos e dos inúmeros segmentos sociais. Essas três dimensões revelam que, em sentido amplo, o sistema orçamentário brasileiro compõe-se não apenas de leis – como aquelas mencionadas acima – mas de todo um arcabouço institucional composto de vários elementos: agentes políticos e entidades dos três Poderes; as relações entre esses agentes e os eleitores e segmentos organizados da sociedade; e as regras formais e informais que disciplinam essas relações e normatizam o processo decisório em torno do orçamento público. Em poucas áreas das políticas públicas a qualidade da democracia revela-se tão claramente quanto na área do orçamento público: a democracia é uma função direta da capacidade de segmentos organizados da sociedade de acompanharem de modo ativo e informado o processo orçamentário, caso desejem fazê-lo 3 PARTE I FUNCIONAMENTO DO ORÇAMENTO PÚBLICO Como é feito o Orçamento do Governo Federal O Decreto de Programação Orçamentária e Financeira das despesas de custeio e investimento dos órgãos da Administração Pública é publicado no Diário Oficial da União. O decreto corresponde ao Orçamento Geral da União, elaborado pelo poder Executivo e aprovado pelo Congresso Nacional. O boletim a seguir irá explicar como é feito o Orçamento. O que é o Orçamento? O Orçamento Geral da União (OGU) é formado pelo Orçamento Fiscal, da Seguridade e pelo Orçamento de Investimento das empresas estatais federais. É nele que o cidadão identifica a destinação dos recursos recolhidos sob a forma de impostos. Nenhuma despesa pública pode ser realizada sem estar fixada no Orçamento. O OGU autoriza e as verbas são liberadas de acordo com a receita. Quais leis e princípios regem esta elaboração? O Poder Executivo é responsável pelo sistema de Planejamento e Orçamento seguindo os princípios básicos para elaboração e controle definidos na Constituição Federal, na Lei 4.320 (de 17/03/64), no Plano Plurianual e na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Os fundamentos são: da transparência orçamentária; da unidade - cada esfera do governo terá apenas um orçamento -; da universalidade - incorporar despesas e receitas de todas as instituições públicas-; e da anualidade - compreender o período de um exercício. O que é o Plano Plurianual (PPA)? O PPA define as prioridades do governo por um período de quatro anos e deve conter "as diretrizes, objetivos e metas da Administração Pública Federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada". O PPA estabelece a ligação entre as prioridades de longo prazo e a Lei Orçamentária Anual. Saiba mais sobre o PPA 2012-2015 no endereço: http://www.planejamento.gov.br/ministerio.asp?index=10&ler=s1086 O que é a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO)? A LDO estabelece as metas e prioridades para o exercício financeiro subseqüente, orienta a elaboração do Orçamento, dispõe sobre alteração na legislação tributária e estabelece a política de aplicação das agências financeiras de fomento. Com base na LDO a Secretaria de Orçamento Federal elabora a proposta para o ano seguinte, em conjunto com os Ministérios e as unidades orçamentárias dos poderes Legislativo e Judiciário. O Orçamento da União contempla obras em Estados e Municípios? O governo define no Projeto de Lei Orçamentária Anual, as prioridades (PPA) e as metas a serem atingidas naquele ano. Nenhuma despesa pública pode ser executada fora do 4 Orçamento, mas nem tudo é feito pelo Governo Federal. As ações dos governos estaduais e municipais devem estar registradas nas respectivas leis orçamentárias, conforme define a Constituição do Brasil. Como é elaborado o Orçamento? Ele se baseia nas estimativas para o Produto Interno Bruto (PIB), previsão de inflação e outros parâmetros. Com base nestes cálculos, é estimada uma receita para o exercício seguinte e, de acordo com ela, são definidos os gastos. Este projeto é levado ao Congresso, onde deputados e senadores discutem na Comissão Mista de Orçamentos e Planos a proposta enviada pelo Executivo. Compete ao Congresso remanejar os investimentos para as áreas e regiões consideradas prioritárias e estas alterações são conhecidas como emendas parlamentares. O Orçamento deve ser votado e aprovado até o final de cada legislatura. Depois de aprovado é sancionado pelo Presidente da República e se transforma em Lei. Se durante o exercício financeiro houver necessidade de realização de despesas acima do limite que está previsto na Lei, o Poder Executivo submete ao Congresso Nacional projeto de lei de crédito adicional. A Lei de Responsabilidade Fiscal está relacionada com o Orçamento?A Lei de Responsabilidade Fiscal, aprovada em 2000 pelo Congresso, introduziu novas responsabilidades para o administrador público com relação aos orçamentos da União, dos Estados e municípios, como limite de gastos com pessoal, proibição de criar despesas de duração continuada sem uma fonte segura de receitas, entre outros. A Lei introduziu a restrição orçamentária na legislação brasileira e cria a disciplina fiscal para os três poderes. Nem tudo é feito pelo Governo Federal Se você está interessado em saber quais os recursos disponíveis para as obras de esgotos de sua rua, deve verificar o orçamento da prefeitura de sua cidade. Se a sua preocupação for com a construção de uma estrada vicinal em sua região, deve consultar o orçamento de seu Estado. A União repassa 48% do produto da arrecadação do Imposto de Renda (IR) e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) aos Fundos de Participação dos Estados e Municípios. Os governos estaduais contam também, para financiar seus gastos, com 25% da arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e com o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA). As prefeituras contam, além do repasse da União, feito de acordo com o número de habitantes de cada cidade, definido pelo censo do IBGE, com os impostos municipais como o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), com 25% da arrecadação do ICMS parcela da receita do Imposto Territorial Rural (ITR). 5 ORÇAMENTO PÚBLICO Todos nós, muitas vezes sem percebermos, elaboramos em algum período de nossas vidas um orçamento pessoal. Levantamos, um a um, nossos desejos de gastos com vestuário, alimentação, habitação, saúde, diversão etc., e somamos os respectivos valores. Ao mesmo tempo, somamos a renda que esperamos receber com salário, rendimentos financeiros, dividendos etc. e confrontamos o total apurado com a nossa estimativa de gastos. Como um dos problemas básicos da sociedade consiste na limitação dos recursos frente às suas necessidades, é bem possível que o nosso desejo de realizar despesas seja superior às receitas que esperamos receber. Por essa razão, devemos estabelecer um planejamento de nossos gastos, onde elegemos as despesas prioritárias, ou seja, as mais importantes a serem realizadas, deixando de lado, ou para outra oportunidade, aquelas que não consideramos tão essenciais. No caso do setor governamental, esse planejamento é consubstanciado em lei e recebe o nome de orçamento público. Nessa lei são listadas, para um determinado exercício, todas as despesas eleitas como prioritárias pelos Poderes da República, bem como as estimativas das receitas previstas para serem arrecadadas e que custearão aqueles gastos. Como exemplos de despesas públicas, podemos citar os gastos com a manutenção dos órgãos (ministérios, autarquias etc.), com o sistema de saúde, com a educação, com os investimentos, com o pagamento de juros e amortização da dívida pública. Como exemplos de receitas públicas, temos aquelas originadas dos tributos cobrados das pessoas e das empresas, da exploração do patrimônio, da prestação de serviços etc. e aquelas que envolvem a tomada de recursos de terceiros (empréstimos ou operações de créditos) e as derivadas da venda de ativos governamentais. O orçamento público, juridicamente, materializa-se numa lei ordinária, de validade anual, que exprime, em termos financeiros e técnicos, as decisões políticas na alocação dos recursos públicos, estabelecendo as ações e programas prioritários para atender às demandas da sociedade. Além de permitir o controle das finanças públicas, evitando que sejam realizados gastos não previstos, o orçamento público atua como instrumento da programação de trabalho do governo como um todo, e de cada um de seus órgãos em particular. O orçamento público, e bem dizendo, as despesas e as receitas nele contidas, afeta de várias maneiras a vida dos cidadãos. Do lado das despesas, verificamos que, dependendo do tipo de gasto, pode-se estar beneficiando mais um segmento social do que outro. Por exemplo, os gastos com a saúde atendem mais às camadas sociais de menor poder aquisitivo do que às mais bem remuneradas, que contam com planos de saúde particulares. O mesmo pode-se dizer da educação pública fundamental. Do lado das receitas, como elas advêm principalmente de tributos e contribuições, pode-se exigir maior esforço fiscal de uma classe social do que de outra. Por exemplo, o imposto de renda da pessoa física, ao isentar da tributação os indivíduos com renda mensal de até R$ 1.903,98 enquanto tributa os demais com taxa de até 27,5% sobre a renda adicional recebida além desse limite, desonera grande parte dos trabalhadores assalariados dessa incidência. Esses pequenos exemplos ressaltam a importância da participação ativa de todos os cidadãos no processo de elaboração orçamentária, pois é nele que são definidas as prioridades de gastos e a fonte dos recursos extraídos da sociedade que os financiam. 6 O MODELO ORÇAMENTÁRIO DA CONSTITUIÇÃO DE 1988: O Plano Plurianual, as Diretrizes Orçamentárias e o Orçamento Anual O texto constitucional promulgado em 1988 trouxe inovações significativas na sistemática de elaboração e de apreciação dos instrumentos que compõem o chamado “modelo orçamentário”. O principal arcabouço legal do processo de planejamento e de orçamento está inscrito nos arts. 165 a 169 da Constituição Federal1 e tem como expoente formal três documentos interdependentes, a saber: a Lei do Plano Plurianual (PPA), a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA). A preocupação central dos Constituintes de 88, ao aprovar essas normas, foi vincular os processos de planejamento ao de orçamento. Desse modo, foi determinado no art. 165, § 4º, da CF, que “... Os planos e programas nacionais, regionais e setoriais previstos nesta Constituição serão elaborados em consonância com o plano plurianual e apreciados pelo Congresso Nacional”. Há ainda os arts. 145 a 162, que tratam do Sistema Tributário Nacional, e os arts. 163 e 164, que tratam das finanças públicas, e que têm fortes reflexos sobre a elaboração dos orçamentos. Adicionalmente, o § 1º do art. 167, estabelece que “... Nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exercício financeiro poderá ser iniciado sem prévia inclusão no plano plurianual, ou sem lei que autorize a sua inclusão, sob pena de crime de responsabilidade”. A Lei do Plano Plurianual É uma lei ordinária, editada a cada quatro anos e, segundo dispõe o § 1º do art. 165 do texto constitucional, “... estabelecerá, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da administração pública federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada”. A elaboração do projeto de lei do PPA inicia-se no Poder Executivo, sendo coordenado pela Secretaria de Planejamento e Investimentos Estratégicos do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (SPI/MPO). Esse projeto deve ser enviado ao Congresso Nacional até 31 de agosto do primeiro ano de cada mandato presidencial e tem validade para um período de quatro exercícios financeiros. A sua execução inicia-se no segundo ano do mandato presidencial e encerra-se no primeiro ano do mandato presidencial subseqüente. O PPA veio substituir o antigo Orçamento Plurianual de Investimentos. Comparativamente ao seu antecessor, que abrangia apenas três exercícios, o PPA apresenta, além do valor das despesas de capital (construção de edificações públicas, estradas etc.), também as metas físicas a serem atingidas por tipo de programa e ação, bemcomo lista as despesas de duração continuada (e.g. benefícios previdenciários), condicionando toda a programação do orçamento ao planejamento de longo prazo. 7 A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) Por sua vez, é uma lei ordinária com validade apenas para um exercício. De acordo com o § 2º do art. 165 do texto constitucional, a LDO “compreenderá as metas e prioridades da administração pública federal, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subseqüente, orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá sobre as alterações da legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras de fomento”. Estabelece, assim, de forma antecipada, as diretrizes, as prioridades de gastos e as normas e parâmetros que devem orientar a elaboração do projeto de lei orçamentária para o exercício seguinte (e.g., lista de projetos prioritários, normas sobre convênios, fixação das metas de resultado primário, relação dos riscos fiscais). As prioridades e metas definidas pela LDO para os programas e ações são apresentadas em anexo ao texto legal, constituindo-se num detalhamento anual de metas estabelecidas no PPA e que foram selecionadas para constar do projeto de lei orçamentária de cada exercício. Com o advento da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), a LDO passou também a conter dois Anexos de extrema importância para orientar o governo e a sociedade sobre a condução da política fiscal. Trata se do Anexo de Metas Fiscais, onde são estabelecidos os resultados primários esperados para os próximos exercícios, e que dão uma dimensão da austeridade dessa política; e o Anexo de Riscos Fiscais, onde são enumerados os chamados passivos contingentes, ou seja, aquelas dívidas que ainda não estão contabilizadas como tal, mas que, por decisão judicial, poderão vir a aumentar a dívida pública. A elaboração do projeto da LDO inicia-se no Poder Executivo e o projeto é encaminhado até 15 de abril de cada ano ao Congresso Nacional, devendo por este ser aprovado até 30 de junho, sob pena de não se interromper o primeiro período da sessão legislativa. No Poder Executivo, o órgão que coordena a elaboração desse projeto da LDO é a Secretaria de Orçamento Federal (SOF) do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. A Secretaria do Tesouro Nacional (STN) do Ministério da Fazenda (MF) também colabora na feitura desse documento, principalmente nas questões relacionadas à dívida mobiliária federal e às normas sobre execução orçamentária. Cabe apontar que as normas de direito financeiro, baixadas pela Lei n.º 4.320 de 1964, são ainda as que estabelecem as regras básicas de elaboração, execução e controle dos planos e orçamentos. Porém, face, principalmente, aos novos comandos orçamentários introduzidos pela Constituição de 88, essa lei ficou desatualizada. Assim, diante da ausência da lei complementar prevista no § 9.º do art. 165 da CF, que viria a substituir a referida lei, a LDO tem exercido também o papel de suprir as lacunas e imperfeições legais sobre a matéria, atuando de forma a compatibilizar as normas infraconstitucionais com as disposições contidas no texto da Lei Maior. 8 A Lei Orçamentária Anual (LOA) É igualmente uma lei ordinária com validade para cada exercício fiscal1. Consoante o § 5.º do art. 165 da Constituição, essa lei deve conter três orçamentos: O orçamento fiscal, o orçamento da seguridade social e o orçamento de investimento das empresas estatais. Os dois primeiros envolvem toda a programação de gastos dos Poderes da União, seus fundos, autarquias e fundações. Em suma, abrangem toda a administração pública, direta e indireta. O orçamento de investimentos das empresas estatais contém a previsão de investimentos das entidades em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto. Os orçamentos fiscal e da seguridade social listam todos os gastos da União, como os destinados à manutenção da máquina pública, os desembolsos com saúde, educação, defesa, estradas, portos, benefícios previdenciários, folha de pessoal, juros da dívida etc., bem como todas as receitas que são esperadas para serem arrecadadas. Pela análise conjunta desses três instrumentos, depreende-se que a concepção do processo de planejamento e orçamento no Brasil confere ao PPA, à LDO e à LOA uma atuação integrada, que pode ser assim resumida: o PPA estabelece o planejamento de longo prazo, por meio dos programas e ações de governo, enquanto a LOA fixa o planejamento de curto prazo, ou seja, materializa anualmente as ações e programas a serem executados por meio de projetos, atividades e operações especiais. À LDO, por sua vez, cabe o papel de estabelecer a ligação entre esses dois instrumentos, destacando do PPA os investimentos e gastos prioritários que deverão compor a LOA, e definir as regras e normas que orientam a elaboração da lei orçamentária que irá vigorar no exercício seguinte ao da edição da LDO. O diagrama a seguir ilustra o inter-relacionamento entre os diversos instrumentos legais que compõem o ordenamento jurídico dos planos e orçamentos. 1 A possibilidade de inscrição de empenhos de despesas como restos a pagar num exercício seguinte estende um pouco a validade dessa lei. 9 CONSTITUIÇÃO FEDERAL 1988 - SISTEMA PLANEJAMENTO-ORÇAMENTO LEI COMPLEMENTAR DAS FINANÇAS PÚBLICAS PLANO PLURIANUAL – PPA LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS – LDO LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL ORÇAMENTO DE ORÇAMENTO ORÇAMENTO DA INVESTIMENTO FISCAL SEGURIDADE 10 O PROCESSO DE ELABORAÇÃO DO ORÇAMENTO ANUAL E DO PLANO PLURIANUAL O processo de elaboração do orçamento público federal começa no Poder Executivo, onde os ministérios (órgãos setoriais) elaboram o orçamento de acordo com a expedição das regras gerais pela Secretaria de Orçamento Federal (SOF). As informações tramitam no Congresso Nacional pela Comissão Mista de Orçamento e Subcomissões, e por fim são enviadas para a Sanção Presidencial. A partir disso, os órgãos setoriais (Ministérios da Educação, Saúde, Agricultura etc.) fazem o levantamento das necessidades de gastos das áreas que compõem cada ministério e apresentam suas propostas à SOF, a quem compete compatibilizar as expectativas de gastos com o nível de receita que o governo espera arrecadar da sociedade. Os Poderes Legislativo e Judiciário também elaboram suas propostas, dentro dos parâmetros fixados pela LDO, e enviam-nas à SOF para que sejam integradas ao projeto de lei do orçamento. Não é tarefa fácil para a SOF definir os “grandes números” do orçamento. Embora a lei orçamentária deva ser contabilmente equilibrada, com receitas esperadas iguais às despesas fixadas, por trás dessa estrutura estão parâmetros que afetam a sociedade como um todo. A meta de inflação, a taxa média de juros, a taxa média de câmbio, a evolução da massa salarial, a expectativa de crescimento real do PIB, o montante do refinanciamento da dívida, o resultado primário desejado, entre outros, são parâmetros decisivos para a apresentação da proposta orçamentária. Os cinco primeiros são estabelecidos pela Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda e repassadosà Secretaria da Receita Federal, para fazer as previsões de receitas, e à SOF, para fixar alguns itens de receita. Em regra, procura-se fixar a despesa dentro do montante esperado da receita. Porém, há situações que, a despeito da priorização de gastos, as intenções de despesas não podem ser mais comprimidas e o orçamento é elaborado prevendo déficit (despesas fixadas maiores que as receitas que se espera arrecadar). Nesses casos, para financiar o excesso de gasto, o governo recorre a operações de crédito ou empréstimos, junto à iniciativa privada nacional ou a entidades estrangeiras. Esses empréstimos também devem estar previstos na lei orçamentária, para contrabalançar o excesso de despesa. Por essa razão é que dizemos que o orçamento é sempre contabilmente equilibrado. Cabe aqui uma pequena digressão. Quando a inflação era elevada, havia pouco controle sobre a real viabilidade financeira de execução da programação de despesas fixadas nas leis orçamentárias. Com os preços em evolução crescente, podia-se praticamente fixar qualquer valor de gasto que a inflação “dava um jeito”, ao corroer o valor real das dotações orçamentárias. As despesas eram executadas nominalmente e, assim, era transmitida a falsa sensação de que a programação de gastos inicialmente aprovada era factível de realização. As receitas arrecadadas, por sua vez, eram substancialmente superiores às receitas estimadas, uma vez que o mecanismo de correção monetária permitia que acompanhassem o comportamento crescente dos preços. Por meio de créditos adicionais, financiados com o excesso de arrecadação, o governo regulava o valor real de cada dotação programada no orçamento. Em um regime de economia estável, ficou patente a dificuldade de equilibrarem-se as finanças públicas no nível de gastos até então aprovado nas leis orçamentárias. Como não havia mais inflação elevada para erodir o valor real das despesas, o resultado orçamentário previsto na lei passou a ter maior importância. Isso ficou claro quando, devido à queda abrupta da inflação, o comportamento da arrecadação tributária nominal ficou abaixo da estimativa da receita contida no orçamento, e exigiu que fossem realizados contingenciamentos e/ou cortes nas 11 programações, visando assegurar o equilíbrio desejado e evitar o endividamento desmesurado. Mais tarde, com o advento da LRF, diante da possibilidade de existência de receitas de duvidosa realização, o governo está obrigado a fazer contingenciamento de gastos para assegurar o resultado primário fixado em lei. É evidente que, na medida em que as dúvidas sobre a receita esperada forem-se dissipando, o governo pode rever as contingências das programações. Transparece, assim, a necessidade de elaborar-se um orçamento realista, pois, em paralelo com as finanças pessoais, ninguém consegue financiar indefinidamente seus gastos à custa de tomadas crescentes de empréstimos junto a terceiros. Porém, o esforço continuado em busca de um ajuste fiscal sustentado tem tido reflexos indesejados em outros setores, principalmente os investimentos, cujos gastos têm crescido em proporção inferior ao que a sociedade almeja. Isso ressalta como é grande a responsabilidade de todos na definição das metas de resultado primário e como é difícil elaborar um orçamento em uma sociedade carente de investimentos de infra-estrutura básica e de ações na área social. Retornemos ao processo de elaboração do orçamento. Uma vez concluída a proposta, esta é encaminhada ao Presidente da República, juntamente com uma Exposição de Motivos do Ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, onde são apresentadas as perspectivas da economia e das finanças públicas para o exercício referido. Estando de acordo, o Presidente da República remete-a, em forma de projeto de lei, ao Congresso Nacional, por meio de Mensagem Presidencial, até o dia 31 de agosto de cada ano. Como co-responsável e participante na elaboração dos instrumentos de planejamento e orçamento, cabe ao Congresso Nacional analisar e aprovar os projetos de leis que compõem o processo orçamentário. Os projetos relativos ao PPA, à LDO e à LOA são apreciados conjuntamente pelas duas Casas do Congresso Nacional, cabendo à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização – CMO - examinar e emitir parecer sobre os referidos projetos, também em sessão conjunta. Essa Comissão é composta por 10 Senadores e 30 Deputados, com igual número de suplentes. A forma constitucional prevista para a atuação do Congresso Nacional, em sua participação na elaboração dos planos e orçamentos dá-se por meio de emendas aos referidos projetos de lei. Nos planos e orçamentos, os parlamentares, por meio das emendas, procuram aperfeiçoar a proposta encaminhada pelo Poder Executivo, visando a uma melhor alocação dos recursos públicos. Desse modo, identificam as localidades onde desejam que sejam executados os projetos ou inserem novas programações com o objetivo de atender às demandas das comunidades que representam. As emendas parlamentares são sujeitas a restrições de diversas ordens. A norma constitucional, conforme art. 166, § 3.º, estabelece as regras fundamentais para a aprovação de emendas parlamentares ao projeto de lei orçamentária anual, quais sejam: I. não pode acarretar aumento na despesa total do orçamento, a menos que sejam identificados omissões ou erros nas receitas, devidamente comprovados; II. é obrigatória a indicação dos recursos a serem cancelados de outra programação, já que normalmente as emendas provocam a inserção ou o aumento de uma dotação; III. não pode ser objeto de cancelamento as despesas com pessoal, benefícios previdenciários, juros, transferências constitucionais e amortização de dívida; IV. é obrigatória a compatibilidade da emenda apresentada com as disposições do PPA e da LDO. 12 Assim, ressalvado o caso de identificação de receita não incluída ou subestimada na proposta, a atuação parlamentar dá-se fundamentalmente por um remanejamento de dotações orçamentárias de uma para outra programação. A aprovação das emendas deve observar não apenas as restrições constitucionais, mas também os aspectos legais específicos eventualmente existentes em cada programação, bem como as disposições da Resolução n.º 01/2006-CN, que estabelece as regras de atuação do Congresso Nacional no processo orçamentário. De acordo com essa Resolução, cabe à CMO: V. examinar e emitir parecer sobre os PLs do Plano Plurianual, Diretrizes Orçamentárias, Orçamento Anual, Créditos Adicionais e Extraordinários e Contas apresentadas pelo Poder Executivo, que incluirá, além das suas, as relativas aos outros Poderes e ao Ministério Público (ao Tribunal de Contas da União – TCU - cabe emitir parecer prévio sobre essas contas); VI. examinar e emitir parecer sobre os planos e programas nacionais, regionais e setoriais; VII. examinar e emitir parecer sobre a execução orçamentária e financeira, informações do TCU sobre obra com indício de gestão irregular, a gestão fiscal dos órgãos, a avaliação quadrimestral das metas fiscais, os contingenciamentos e a avaliação do impacto fiscal das políticas monetária, creditícia e cambial. As emendas parlamentares obedecem a dois níveis de intervenção: as emendas individuais, que podem atingir um máximo de 25 emendas por parlamentar, e as emendas coletivas - no máximo 8. Essas se subdividem em emendas de bancadas estaduais, regionais e emendas de comissões permanentes do Senado e da Câmara dos Deputados. A Resolução n.º 01/2006 prevê também a edição anual de um Parecer Preliminar, votado pela CMO, logo após a chegadado Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) ao Congresso, onde são definidas normas adicionais a serem observadas pelos parlamentares no processo de intervenção no PLOA. O Parecer Preliminar destaca também todas as restrições a que estão sujeitos os parlamentares no processo de intervenção no orçamento. Em particular, delimita essa ação tendo em vista a existência de recursos com aplicação vinculada (ex.: receitas da seguridade social devem ser aplicadas apenas nesse segmento orçamentário). Desse modo, não se pode destacar recursos dessa esfera para acolher emenda que trate de gasto típico do orçamento fiscal. Em outras situações a aprovação de emendas está vinculada ao remanejamento dos recursos dentro de uma mesma região. Nesse sentido, a despeito de o valor total do projeto de lei orçamentária ser bastante expressivo, a verdade é que a grande maioria dos recursos apresenta algum tipo de vinculação ou restrição legal, o que faz com que a margem de remanejamento livre pelo Congresso Nacional seja bastante modesta. Conforme apontado, os recursos para o acolhimento de emendas, além de provir dos cancelamentos de dotações que estão fixadas no projeto, podem também se originar de eventual reestimativa de receitas, desde que devidamente fundamentada, e proveniente de erros ou omissões expressamente identificados. Em outras palavras, se o Congresso Nacional demonstrar, de forma inequívoca, que as receitas estimadas estão fundamentadas em hipóteses irrealistas e cujos valores ficarão abaixo daqueles que provavelmente serão realizados, então esse Poder poderá utilizar a diferença para financiar o acolhimento de emendas. Somente nessa situação a Constituição admite o aumento 13 do total de despesas do orçamento, relativamente aos valores enviados no Projeto de Lei pelo Poder Executivo. Pela Resolução n.º 01/2006, a CMO pode organizar os seus trabalhos de análise do PL e apreciação das emendas em até dez áreas temáticas, envolvendo diversos setores. Os trabalhos da CMO para a apreciação do Orçamento de 2015 foram desse modo, estruturados em 10 Relatorias Setoriais, a saber: 1) Poderes do Estado e Representação; 2) Justiça e Defesa; 3) Fazenda, Desenvolvimento e Turismo; 4) Agricultura e Desenvolvimento Agrário; 5) Infra-Estrutura; 6) Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia e Esporte; 7) Saúde; 8) Trabalho, Previdência e Assistência Social; 9) Integração Nacional e Meio-ambiente, 10) Planejamento e Desenvolvimento Urbano. A apreciação das emendas dá-se inicialmente no âmbito dessas relatorias, cujos relatórios são discutidos e votados separadamente no plenário da Comissão Mista. A harmonização dos relatórios setoriais e sua consolidação são feitas pelo Relator-Geral, que submete o seu Parecer, com o respectivo Substitutivo (ou seja, o Projeto de Lei Modificado pelas emendas parlamentares), ao Plenário da CMO. Após a aprovação por esta Comissão, o substitutivo segue para a apreciação pelo Plenário do Congresso Nacional. Uma vez aprovado o substitutivo pelo Plenário do Congresso, agora chamado de autógrafo, este é enviado ao Presidente da República para sanção e publicação da lei orçamentária, dentro de um prazo máximo de quinze dias úteis. Ocorrendo vetos, o Congresso terá trinta dias para apreciá-los, podendo torná-los sem efeito, caso seja esta a decisão da maioria dos congressistas. Após a metade da década de 90, a CMO tem aperfeiçoado os mecanismos de controle, procurando evitar que projetos que contenham indícios de irregularidades na gestão sejam aquinhoados com novas dotações orçamentárias. Para tanto, tem contado com a cooperação do TCU que, após 30 dias do envio da PLOA, envia ao Congresso Nacional uma relação das obras que estejam nessa situação. Ao elaborar o substitutivo, a CMO lista essas programações em anexo específico, suspendendo a sua execução orçamentária até que o gestor comprove a adoção de medidas saneadoras. Feito isto, e se a CMO concluir pela correção das providências, essa expede um projeto de Decreto Legislativo, que deverá ser aprovado pelo Congresso Nacional, liberando a execução das referidas programações. O processo de apreciação de projetos de créditos adicionais e do PPA segue as mesmas linhas do empregado no PLOA. 14 O PPA PARA O PERÍODO 2012 – 2015 O Brasil reúne condições especiais que o diferenciam da grande maioria dos países do mundo. Assim, o país possui uma base industrial diversificada, uma produção agropecuária extremamente competitiva e ainda pode contar com a disponibilidade de recursos naturais (terra e água) e energéticos (petróleo e fontes renováveis como hidroeletricidade e etanol). Ademais, ainda possui um expressivo contingente populacional a ser incorporado ao mercado de consumo. A estratégia que se coloca no horizonte do PPA 2012-2015, portanto, consiste em utilizar todas estas potencialidades como base para alcançar um patamar de desenvolvimento centrado no progresso técnico e na redução das desigualdades. A preservação do padrão de desenvolvimento baseado no crescimento sustentado com inclusão social requer que, ao longo do período do PPA 2012-2015, sejam enfrentados novos desafios que emergem de um novo contexto internacional e das profundas transformações em andamento na sociedade e na economia brasileira. Dentre estes desafios, estão: a compatibilização das taxas de juros e câmbio com os objetivos de crescimento e estabilidade macroeconômica, ampliação das fontes de financiamento de longo prazo, aperfeiçoamento do sistema tributário, redução das desigualdades, erradicação da pobreza extrema e dinamização do mercado interno, elevação do investimento, ampliação da oferta e eficiência da rede de infra-instrutora, aproveitamento das oportunidades do pré-sal e fomento à inovação. A consolidação do padrão de desenvolvimento baseado no crescimento e na manutenção do ambiente macroeconômico estável pressupõe que se evolua para uma taxa de juros básica e margens bancárias semelhantes às praticadas nos demais países, o que, sem prejuízo da estabilidade de preços, propiciará um menor custo de acesso ao crédito para consumo e investimento. Por sua vez, a taxa de câmbio deve evoluir no período para um patamar que possibilite harmonizar os objetivos de controle da inflação, melhoria distributiva, elevação da competitividade e redução da vulnerabilidade externa. O outro desafio que se coloca para a economia brasileira consiste em elevar as fontes privadas de financiamento para os projetos de longo prazo com destaque para o aprofundamento do mercado de capitais e de crédito. Cabe ressaltar que a atuação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), do Banco do Brasil (BB) e da Caixa Econômica Federal (CEF) nesse financiamento de longo prazo continuará sendo fundamental, mas se reduzirá com o fortalecimento de fontes privadas de financiamento. A simplificação do regime tributário capaz de estimular a produção e o investimento também se coloca como outro desafio. Por outro lado, deve-se buscar uma maior progressividade do sistema como forma de acentuar a dinâmica em curso de distribuição da renda. O aprofundamento do modelo de consumo e produção de massa também será perseguido durante o período de 2012 a 2015. Desta forma, pelo lado da demanda, buscar-se-á o aprofundamento do processo de redução das desigualdades por meio das políticas de transferência de renda, valorização do salário mínimo, expansão dos postos de trabalho formais e inclusão produtiva. Neste contexto, ganha importância o desafio da erradicação da pobreza extremacom o Plano Brasil Sem Miséria que possibilitará a incorporação de um contingente ainda maior de brasileiros ao mercado interno. Cabe apontar que a estratégia de dinamização do mercado interno deve ainda ser ancorada em uma forma de produção e consumo ambientalmente sustentáveis. A expansão das taxas de investimentos no horizonte do PPA 2012-2015 se apresenta como outro desafio para sustentação do ciclo de crescimento econômico e consolidação do modelo de consumo e produção de massa. Neste contexto, no período de 2012-2015, a elevação das taxas de investimento viabilizará a expansão da produção com geração de 15 emprego e elevação da produtividade e competitividade sistêmicas da economia. A dinamização, sobretudo dos investimentos em infraestrutura durante o período do PPA 2012-2015, possibilitará superar os gargalos para o setor produtivo que poderiam inviabilizar a sustentação do crescimento - especialmente nos setores de energia, transporte rodoviário, ferroviário, portos, aeroportos e nas condições de armazenagem. A constituição de uma adequada e eficiente rede de infraestrutura promoverá uma redução dos custos e melhoria da competitividade das empresas nacionais no mercado internacional. Ademais, os investimentos em infraestrutura terão um rebatimento direto sobre as condições sociais de vida da população como, por exemplo, no caso da melhora da mobilidade urbana e da universalização do acesso à energia - Luz para Todos - e aos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário. A ampliação dos investimentos em infraestrutura será perseguida durante o período do plano por meio da continuidade do PAC. Há significativas oportunidades de inversões para reforçar nossa infraestrutura, como destacado no lançamento da segunda fase do PAC, em que foi reafirmado o compromisso com o desenvolvimento econômico e com o combate às desigualdades, enfatizado o eixo de infraestrutura social-urbana. A possibilidade de exploração das novas reservas de petróleo e gás nos campos do présal também provocará uma significativa expansão dos investimentos. Além do mais, permitirá reduzir a vulnerabilidade externa do país com afluxo, no primeiro momento, dos investimentos diretos para a cadeia produtiva do setor e, no segundo momento, pelo acúmulo de divisas oriundas da exploração dos recursos naturais. A exploração e utilização dos recursos do pré-sal despontam como outro desafio referente ao aproveitamento desta possibilidade para consolidar uma cadeia produtiva de conteúdo nacional. Por sua vez, outro desafio está associado à destinação de parte dos recursos oriundos da exploração do pré-sal para a educação, ciência e tecnologia, saúde, meio ambiente e combate à pobreza. Cabe ressaltar ainda que as possibilidades abertas pelo pré-sal não impedirão que o país amplie esforços na direção da utilização crescente das fontes de energia limpa e renovável. O progresso científico e tecnológico se apresenta como outro importante desafio a ser enfrentado pelo PPA 2012-2015 devido ao contexto internacional de aceleração das transformações tecnológicas – especialmente nas áreas de tecnologia da informação, nanotecnologia e biotecnologia. Neste sentido, observa-se uma transformação contínua de processos e produtos e o acirramento da concorrência internacional por mercados, o que amplia a necessidade de intensificar os esforços nacionais em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) como forma de reduzir o hiato econômico em relação às economias desenvolvidas. O país conseguiu estruturar um sistema de ciência e tecnologia amplo e logrou avanços expressivos em algumas áreas como no caso do setor agrícola e energético. Contudo, apesar dos avanços, observa-se que a emergência de novos paradigmas tecnológicos tende a ampliar o hiato tecnológico em relação às economias avançadas. Neste contexto, colocam-se importantes desafios para o país como: a elevação do investimento do setor privado em PD&I, a criação de um Sistema Nacional de Inovação com capacidade de articular empresas, universidades e agentes financiadores e a promoção de uma forte desconcentração regional das atividades científica e tecnológica. Ademais, todo esforço de ampliação dos investimentos em PD&I deve ser orientado para as especificidades da realidade brasileira em termos de estrutura demográfica e de renda, bem como condições climáticas e epidemiológicas. O enfrentamento adequado dos desafios ao longo do Plano Mais Brasil possibilitará ao país atingir o cenário desejado de dinamismo econômico, a melhor distribuição de renda e riqueza, a erradicação da pobreza e a confirmar a inserção econômica internacional ativa. 16 LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL - PRINCIPAIS CLASSIFICAÇÕES E PRÁTICA Para apresentar o processo de elaboração da Lei Orçamentária Anual, vamos dividir o conteúdo em etapas: 1) A Secretaria de Orçamento Federal (SOF) distribui o montante de recursos a ser alocado nos órgãos setoriais do Poder Executivo. Para os poderes Legislativo e Judiciário, Ministério Público da União e Defensoria Pública da União (DPU), os limites de gastos são definidos na LDO. ↓ 2) Os ministérios realizam a distribuição dos recursos a cada Unidade Orçamentária (UO) pertencente a sua estrutura. No caso das Universidades Federais de Ensino, o Ministério da Educação distribui os valores para as instituições de acordo com a Matriz de Orçamento de Outros Custeios e Capital – Matriz OCC, elaborada de acordo com critérios estabelecidos no Decreto Nº 7.233 de 19 de Julho de 2010 e Portaria 651 de 24 de Julho de 2013. Conforme artigo nº 4 do Decreto Nº 7.233/2010: “Na elaboração das propostas orçamentárias anuais das universidades federais, o Ministério da Educação deverá observar matriz de distribuição, para a alocação de recursos destinados a despesas classificadas como Outras Despesas Correntes e de Capital. § 1o A matriz de distribuição será elaborada a partir de parâmetros definidos por comissão paritária, constituída no âmbito do Ministério da Educação, integrada por membros indicados pelos reitores de universidades federais e por aquele Ministério. § 2o Os parâmetros a serem definidos pela comissão levarão em consideração, entre outros, os seguintes critérios: I - o número de matrículas e a quantidade de alunos ingressantes e concluintes na graduação e na pós- graduação em cada período; II - a oferta de cursos de graduação e pós-graduação em diferentes áreas do conhecimento; III - a produção institucionalizada de conhecimento científico, tecnológico, cultural e artístico, reconhecida nacional ou internacionalmente; IV - o número de registro e comercialização de patentes; V - a relação entre o número de alunos e o número de docentes na graduação e na pós-graduação; VI - os resultados da avaliação pelo Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior - SINAES, instituído pela Lei no 10.861, de 14 de abril de 2004; VII - a existência de programas de mestrado e doutorado, bem como respectivos resultados da avaliação pela Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES; e VIII - a existência de programas institucionalizados de extensão, com indicadores de monitoramento.” ↓ 3) As UOs, por sua vez, são encarregadas de alocar os valores recebidos nas ações orçamentárias e rubricas de despesas conforme planejamento interno de cada instituição. Este procedimento é denominado Proposta Orçamentária das UOs que, em conjunto, dão origem à proposta orçamentária total dos respectivos ministérios. ↓ 17 4) A Secretaria de Orçamento Federal reúne todas as proposta orçamentárias em um documento denominado Projeto de LeiOrçamentária Anual (PLOA), que deve ser enviado ao Congresso Nacional até 31 de agosto de cada ano, e devolvido ao executivo para sanção presidencial até o encerramento da sessão legislativa. ↓ 5) Após sanção presidencial, é publicada a Lei Orçamentária Anual (LOA), onde estão discriminados os valores correspondentes a cada unidade orçamentária. O acesso à Lei Orçamentária Anual de cada exercício pode ser realizado por uma consulta ao site do Ministério do Planejamento ou da Câmara dos Deputados, através dos links http://www.planejamento.gov.br/secretarias/upload/Arquivos/sof/LOA%202015/15052 0_LOA_2015_Volume_5.pdf e http://www.camara.gov.br/internet/comissao/index/mista/orca/orcamento/OR2015/red _final/vol5/26256_26273.pdf Este documento é denominado Quadro de Detalhamento das Despesas (QDD), no qual constam os valores detalhados por categoria de despesa: Pessoal, OCC - Outros Custeios e Capital, Benefícios e Recursos Próprios. O Orçamento de Pessoal e Benefícios é considerado de execução obrigatória, ou seja, são os recursos previstos para atender o pagamento de despesas com pessoal (vencimentos, vantagens, encargos sociais, aposentadorias, pensões e outros), e os benefícios com as despesas de auxílio alimentação, auxílio transporte, assistência pré-escolar, assistência médica 18 e odontológica. Sendo o OCC – Outros Custeios e Capital consideradas despesas discricionárias, ou seja aquelas destinadas a atender as despesas com o funcionamento, manutenção, assistência estudantil, capacitação, modernização e recuperação da infra-estrutura, funcionamento dos cursos, extensão, pesquisa e outros. E Recursos Próprios que constituem os recursos arrecadados provenientes de serviços administrativos, educacionais, de estudos e pesquisas, serviços hospitalares, convênios com os centros de estudos dos cursos de extensão e especialização como também com convênios celebrados com outros órgãos de fomento, Secretaria Estadual e Municipal da Saúde, Prefeitura e outros, são destinados a atender os gastos provenientes dos serviços e convênios acima citados. Como podemos observar, o QDD é estruturado a partir de códigos. Portanto, antes de consultar este documento, será necessário entender alguns conceitos, que serão explicados nas próximas seções. 19 AS RECEITAS A receita pública é o conjunto de recursos que o governo espera arrecadar para custear as despesas que pretende realizar. Se excluídas a emissão de títulos para o refinanciamento da dívida pública e as operações de crédito para cobrir eventuais déficits orçamentários, a receita é arrecadada em sua maioria de forma compulsória, principalmente por meio de impostos e contribuições sociais. Para efeito orçamentário, as receitas do orçamento fiscal e da seguridade são classificadas segundo a categoria econômica, subdividindo-se em receitas correntes (tributos, contribuições, receitas de serviços, incluindo os juros recebidos, receitas patrimoniais etc.) e de capital (empréstimos obtidos junto ao setor privado, retorno de operações de crédito concedidas ao setor privado, alienação de ativos etc.) Os principais itens são: a) tributária (impostos e taxas); b) contribuições sociais e econômicas; c) serviços; d) patrimonial; e) emissão de títulos para refinanciamento da dívida; f) operações de crédito contraídas junto ao setor privado; g) alienação de bens; h) demais receitas correntes; e i) demais receitas de capital. Cabe destacar que, como as receitas de contribuições sociais (contribuição ao INSS, contribuição sobre o faturamento - COFINS, contribuição sobre o lucro líquido - CSLL, etc.) são insuficientes para atender à totalidade dos gastos com a seguridade social (previdência e assistência social) há transferências de recursos, do orçamento fiscal para o orçamento da seguridade social. Um ponto importante: como o ajuste fiscal feito pelo governo para gerar o superávit primário foi construído em grande parte sobre o aumento das contribuições sociais, houve a necessidade de ser aprovada uma emenda constitucional (EC n.º 27/00) desvinculando os recursos da seguridade social (DRU), pois, de outro modo, os recursos teriam que ser integralmente gastos nessa finalidade. 20 CLASSIFICAÇÃO POR NATUREZA DE RECEITA A classificação das receitas públicas a ser utilizada por todos os Entes da Federação obedece à padronização estabelecida pela Portaria Interministerial SOF/STN Nº 163, de 4 de maio de 2001, sendo facultativo o desmembramento para atendimento das respectivas peculiaridades. No âmbito da União, este detalhamento é normatizado através de Portaria da Secretaria de Orçamento Federal (SOF), cuja versão mais atualizada é a Portaria Nº 11, de 6 de fevereiro de 2013. Conforme Ementário de Classificação das Receitas Orçamentárias da União, elaborado pela SOF, as receitas classificam-se de acordo com os seguintes critérios2: 1. Natureza da Receita; 2. Fonte de Recursos; 3. Grupos; 4. Indicador de Resultado Primário; e 5. Receitas do Orçamento da Seguridade Social. Classificação da Receita Orçamentária por Natureza A classificação da receita por natureza visa a identificar a origem do recurso segundo o fato gerador. A fim de possibilitar identificação detalhada dos recursos que ingressam nos cofres públicos, esta classificação é formada por um código numérico de 8 dígitos que a subdivide em seis níveis - Categoria Econômica, Origem, Espécie, Rubrica, Alínea e Subalínea: C O E R AA SS Categoria Econômica Origem Espécie Rubrica Alínea Subalínea Quando, por exemplo, o imposto de renda pessoa física é recolhido dos trabalhadores, aloca-se a receita pública correspondente na Natureza de Receita código “1112.04.10”, segundo esquema abaixo: 2 O conteúdo desta seção foi reproduzido integralmente do Ementário de Classificação das Receitas Orçamentárias da União, 2015, que pode ser consultado no endereço eletrônico http://www.orcamentofederal.gov.br/informacoes-orcamentarias/arquivos-receitas-publicas/receitas- publicas 21 Categoria econômica O § 1º e o § 2º do art. 11 da Lei nº 4.320, de 1964, classificam as Receitas Orçamentárias em “Receitas Orçamentárias Correntes” e “Receitas Orçamentárias de Capital”. A codificação correspondente seria: CÓDIGO O CATEGORIA ECONÔMICA 1 Receitas Correntes 2 Receitas de Capital 1 - Receitas Correntes: Receitas Orçamentárias Correntes são arrecadadas dentro do exercício financeiro, aumentam as disponibilidades financeiras do Estado com efeito positivo sobre o Patrimônio Líquido e constituem instrumento para financiar os objetivos definidos nos programas e ações orçamentários, com vistas a satisfazer finalidades públicas. De acordo com o § 1º do art. 11 da Lei nº 4.320, de 1964, classificam-se como Correntes as receitas provenientes de Tributos; de Contribuições; da exploração do patrimônio estatal (Patrimonial); da exploração de atividades econômicas (Agropecuária, Industrial e de Serviços); de recursos financeiros recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, quando destinadas a atender despesas classificáveis em Despesas Correntes (Transferências Correntes); por fim, demais receitas que não se enquadram nos itens anteriores (Outras Categoria EconômicaOrigem Espécie Rubrica Alínea Subalínea C O E R AA SS 1 1 1 2 04 10 Receita Corrente Impostos sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza Pessoas Físicas Impostos sobre o Patrimônio e a Renda Impostos Receita Tributária 22 Receitas Correntes). 2 - Receitas de Capital: Receitas Orçamentárias de Capital também aumentam as disponibilidades financeiras do Estado e são instrumentos de financiamento dos programas e ações orçamentários, a fim de se atingirem as finalidades públicas. Porém, de forma diversa das Receitas Correntes, as Receitas de Capital não provocam efeito sobre o Patrimônio Líquido. De acordo com o § 2º do art. 11 da Lei nº 4.320, de 1964, com redação dada pelo Decreto-Lei nº 1.939, de 20 de maio de 1982, Receitas de Capital são as provenientes tanto da realização de recursos financeiros oriundos da constituição de dívidas e da conversão, em espécie, de bens e direitos, quanto de recursos recebidos de outras pessoas de direito público ou privado e destinados a atender despesas classificáveis em Despesas de Capital. Origem A Origem é o detalhamento das Categorias Econômicas “Receitas Correntes” e “Receitas de Capital”, com vistas a identificar a natureza da procedência das receitas no momento em que ingressam no Orçamento Público. Os códigos da Origem para as receitas correntes e de capital, de acordo com a Lei no 4.320, de 1964, são: RECEITAS CORRENTES RECEITAS DE CAPITAL 1. Receita Tributária 2. Receita de Contribuições 3. Receita Patrimonial 4. Receita Agropecuária 5. Receita Industrial 6. Receita de Serviços 7. Transferências Correntes 9. Outras Receitas Correntes 1. Operações de Crédito 2. Alienação de Bens 3. Amortização de Empréstimos 4. Transferências de Capital 5. Outras Receitas de Capital Espécie É o nível de classificação vinculado à Origem que permite qualificar com maior detalhe o fato gerador das receitas. Por exemplo, dentro da Origem Receita Tributária, identifica-se as espécies “Impostos”, “Taxas” e “Contribuições de Melhoria”. Rubrica Agrega determinadas espécies de receitas cujas características próprias sejam semelhantes entre si; dessa forma, detalha a espécie, por meio da especificação dos recursos financeiros 23 que lhe são correlatos. Exemplo: A Rubrica “Impostos sobre o Patrimônio e a Renda” é detalhamento da Espécie “Impostos”. Alínea A alínea é o detalhamento da Rubrica e exterioriza o “nome” da receita que receberá o registro pela entrada de recursos financeiros. Exemplo: A Alínea “Impostos sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza” é o detalhamento da Rubrica “Impostos sobre o Patrimônio e a Renda”. Subalínea A subalínea constitui o nível mais analítico da receita, utilizado quando há necessidade de se detalhar a Alínea com maior especificidade. Exemplo: A subalínea “Pessoas Físicas” é detalhamento da Alínea “Impostos sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza”. 1 - RECEITA CORRENTE Naturezas de Receita 1 - TRIBUTÁRIA 1 - Impostos De 1110.00.00 até 1119.99.99 2 - Taxas De 1120.00.00 até 1129.99.99 3 - Contribuições De Melhoria De 1130.00.00 até 1139.99.99 2 - CONTRIBUIÇÕES 1 - Sociais De 1210.00.00 até 1219.99.99 2 - Econômicas De 1220.00.00 até 1229.99.99 3 - PATRIMONIAL 1 - Imobiliárias De 1310.00.00 até 1319.99.99 2 - Valores Mobiliários De 1320.00.00 até 1329.99.99 3 - Concessões/Permissões De 1330.00.00 até 1339.99.99 4 - Compensações Financeiras De 1340.00.00 até 1349.99.99 5 - Exploração de Bens Públicos De 1350.00.00 até 1359.99.99 6 - Cessão de Direitos De 1360.00.00 até 1369.99.99 9 - Outras De 1390.00.00 até 1399.99.99 4 - AGROPECUÁRIA 1 - Produção Vegetal De 1410.00.00 até 1419.99.99 2 - Produção Animal De 1420.00.00 até 1429.99.99 9 - Outras De 1490.00.00 até 1499.99.99 5- INDUSTRIAL 1 - Indústria Mineral De 1510.00.00 até 1519.99.99 2 - Indústria De Transformação De 1520.00.00 até 1529.99.99 3 - Indústria De Construção De 1530.00.00 até 1539.99.99 9 - Outras De 1590.00.00 até 1590.99.99 6 - SERVIÇOS 24 0 - Serviços De 1600.00.00 até 1600.99.99 7 - TRANSFERÊNCIAS CORRENTES 2 - Intergovernamentais De 1720.00.00 até 1729.99.99 3 - Instituições Privadas De 1730.00.00 até 1739.99.99 4 - Do Exterior De 1740.00.00 até 1749.99.99 5 - De Pessoas De 1750.00.00 até 1759.99.99 6 - Convênios De 1760.00.00 até 1769.99.99 7 - Combate à Fome De 1770.00.00 até 1779.99.99 9 - OUTRAS CORRENTES 1 - Multas e Juros de Mora De 1910.00.00 até 1919.99.99 2 - Indenizações e Restituições De 1920.00.00 até 1929.99.99 3 - Dívida Ativa De 1930.00.00 até 1939.99.99 9 - Diversas De 1990.00.00 até 1999.99.99 2 - RECEITA DE CAPITAL Naturezas de Receita 1 - OPERAÇÕES DE CRÉDITO 1 - Internas De 2110.00.00 até 2119.99.99 2 - Externas De 2120.00.00 até 2129.99.99 2 - ALIENAÇÃO DE BENS 1 - Bens Móveis De 2210.00.00 até 2219.99.99 2 - Bens Imóveis De 2220.00.00 até 2229.99.99 3 - AMORTIZAÇÃO DE EMPRÉSTIMOS 0 - Amortizações De 2300.00.00 até 2300.99.99 4 - TRANSFERÊNCIAS DE CAPITAL 2 - Intergovernamentais De 2420.00.00 até 2429.99.99 3 - Instituições Privadas De 2430.00.00 até 2439.99.99 4 - Do Exterior De 2440.00.00 até 2449.99.99 5 - De Pessoas De 2450.00.00 até 2459.99.99 6 - De Outras Instituições Públicas De 2460.00.00 até 2460.99.99 7 - Convênios De 2470.00.00 até 2479.99.99 8 - Combate à Fome De 2480.00.00 até 2489.99.99 5 - OUTRAS DE CAPITAL 2 - Integralização Do Capital De 2520.00.00 até 2529.99.99 3 - Resultado do BCB De 2530.00.00 até 2539.99.99 4 - Remuneração Disponibilidades do TN De 2540.00.00 até 2549.99.99 5 - DA da Amort. de Emp. e Financiamentos De 2550.00.00 até 2550.99.99 6 - DA da Alienação de Estoques de Café De 2560.00.00 até 2560.99.99 9 - Outras De 2590.00.00 até 2599.99.99 25 Classificação da Receita Orçamentária por FONTE DE RECURSOS3 Essa classificação orçamentária busca identificar as origens dos ingressos financeiros que financiam os gastos públicos. Determinadas Naturezas de Receita, são agrupadas em Fontes de Recursos obedecendo a uma regra previamente estabelecida. Por meio do orçamento público, essas Fontes são alocadas em determinadas despesas de forma a evidenciar os meios para atingir os objetivos públicos. Frente ao exposto, é a classificação que permite demonstrar a correspondência entre as fontes de financiamento e os gastos públicos, pois exterioriza quais são as Receitas que financiam determinadas Despesas. A classificação de fonte de recursos consiste de um código de três dígitos: 1º DÍGITO Grupo Fontes de Recursos 2º e 3º DÍGITOS Especificação das Fontes de Recursos 1 Recursos do Tesouro - Exercício Corrente; 2 Recursos de Outras Fontes - Exercício Corrente; 3 Recursos do Tesouro - Exercícios Anteriores; 6 Recursos de Outras Fontes - Exercícios Anteriores; e 9 Recursos Condicionados Exemplos: Fonte 100 Recursos do Tesouro - Exercício Corrente (1); Recursos Ordinários (00); Fonte 152 Recursos do Tesouro - Exercício Corrente (1); Resultado do Banco Central (52); Fonte 150 Recursos do Tesouro - Exercício Corrente (1); Recursos Próprios Não-Financeiros (50); Fonte 250 Recursos de Outras Fontes - Exercício Corrente (2); Recursos Próprios Não-Financeiros (50);Fonte 300 Recursos do Tesouro - Exercícios Anteriores (3); e Recursos Ordinários (00). Classificação da Receita Orçamentária por GRUPOS A Classificação da Receita por Grupos identifica quais agentes públicos possuem competência legal para arrecadar, fiscalizar e administrar as Receitas Públicas; dessa forma, é instrumento orçamentário-gerencial identificador de determinados segmentos arrecadadores do setor público. Cada Grupo de Receita é formado pela associação entre tipos específicos de Unidades Orçamentárias e de Naturezas de Receita que atendam a certas particularidades sob a ótica orçamentária. Os Grupos são de: “Receitas Próprias”, “Receitas Administradas”, “Receitas de Operações de Crédito”, “Receitas Vinculadas” e “Demais Receitas”. 3 O conteúdo desta seção foi reproduzido integralmente do Ementário de Classificação das Receitas Orçamentárias da União, 2015, que pode ser consultado no endereço eletrônico http://www.orcamentofederal.gov.br/informacoes-orcamentarias/arquivos-receitas-publicas/receitas- publicas 26 Grupo das Receitas Próprias Classificam-se neste grupo, segundo o art. 4º da Portaria SOF nº 10, de 22 de agosto de 2002, receitas cuja arrecadação tem origem no esforço próprio de órgãos e demais entidades nas atividades de fornecimento de bens ou serviços facultativos e na exploração econômica do próprio patrimônio e remunerada por preço público ou tarifas, bem como o produto da aplicação financeira desses recursos. Geralmente, têm como fundamento a bilateralidade, cuja natureza é contratual, e, por isso, criam obrigações recíprocas para as partes contratantes. Via de regra, são amparadas pelo Código Civil e legislação correlata. São recursos que, por um lado, não possuem destino específico e, por isso, não são vinculadas por lei à determinada despesa; por outro, pertencem à Unidade Orçamentária Arrecadadora. São arrecadadas por meio de Guia de Recolhimento da União - GRU e depositadas na Conta Única do Tesouro no Banco Central*. Grupo das Receitas Administradas São as receitas auferidas pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, que detém a competência para fiscalizar, arrecadar e administrar esses recursos, com amparo legal no Código Tributário Nacional e leis afins. Recolhidas por meio de Documento de Arrecadação de Receitas Federais - DARF ou Guia da Previdência Social - GPS, utilizando-se dos bancos arrecadadores credenciados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil - SRFB. A partir da data em que o contribuinte efetua o pagamento do tributo, ou seja, da data de arrecadação (d), o banco tem um dia útil (d+1) para repassar os recursos para a Conta Única do Tesouro no Banco Central*. Grupo das Receitas de Operações de Crédito Receitas financeiras provenientes da colocação de títulos públicos no mercado ou da contratação de empréstimos e financiamentos junto a entidades estatais ou privadas. Grupo das Receitas Vinculadas Pertencem a esse grupo receitas que são vinculadas, por Lei, a determinada finalidade específica, exceto as classificadas como “Receitas Administradas”. * CF/88, art. 164, §3o: “As disponibilidades de caixa da União serão depositadas no Banco Central”. O dia considerado como “Data de Recolhimento” é aquele no qual o recurso ingressa efetivamente no Banco Central. 27 Geralmente, são receitas cuja fiscalização, administração e arrecadação ficam a cargo das próprias entidades arrecadadoras, às quais resta a obrigação de efetuar o recolhimento para a Conta Única do Tesouro. Exemplos: recursos de concessões, autorizações e permissões para uso de bens da União ou para exercício de atividades de competência da União. Grupo das Demais Receitas Grupo destinado às receitas previstas em Lei ou de natureza contratual, que não estejam enquadradas em nenhum dos grupos anteriores. Classificação da Receita por Indicador de Resultado Primário Esta classificação orçamentária da receita tem por objetivo identificar quais são as receitas que compõem o resultado primário do Governo. Receita primária é o somatório das receitas fiscais líquidas (aquelas que não geram obrigatoriedade de contraprestação financeira, como ônus, encargos e devolução). O cálculo da Receita Primária é efetuado somando-se as Receitas Correntes com as de Capital e, depois, excluindo da conta as receitas: de operações de crédito e seus retornos (juros e amortizações), de aplicações financeiras, de empréstimos concedidos e do superávit financeiro. Receitas Financeiras são as provenientes de operações de crédito internas e externas, de aquisição de títulos de capital, de aplicações financeiras, de juros, de amortizações e do superávit financeiro. A receita é classificada, ainda, como Primária (P) quando seu valor é incluído na apuração do Resultado Primário no conceito acima da linha, e Não-Primária ou Financeira (F) quando não é incluído nesse cálculo. Esse conceito surgiu quando o Brasil adotou metodologia de apuração do resultado primário oriunda de acordos com o Fundo Monetário Internacional - FMI. Classificação das Receitas do Orçamento da Seguridade Social As receitas que financiam a Seguridade Social são previstas pelo art. 195 da Magna Carta brasileira, e a forma de composição delas, pelos arts. 11 e 27 da Lei nº 8.212, de 1991, que “instituiu o Plano de Custeio da Seguridade Social”. Essas receitas classificam-se como “Contribuições Sociais” e “Demais Receitas”, por meio da seguinte metodologia: 28 Contribuições Sociais Para integrarem o Orçamento da Seguridade Social, devem cumprir dois requisitos básicos: 1 - Quanto à origem, a norma constitucional ou infraconstitucional instituidora deve explicitar que a receita se destina ao financiamento da Seguridade Social; e 2 - Quanto à finalidade, a receita criada deve ser destinada para as áreas de saúde, previdência ou assistência social. Demais Receitas da Seguridade No que tange às Demais Receitas, consideram-se receitas do Orçamento da Seguridade Social aquelas que: 1 - Sejam próprias das unidades orçamentárias que integrem exclusivamente o Orçamento da Seguridade; ou seja, das unidades que compõem os Ministérios da Saúde, da Previdência Social, da Assistência Social e do Fundo de Amparo ao Trabalhador, subordinado ao Ministério do Trabalho; ou 2 - A classificação orçamentária caracterize como originárias da prestação de serviços de saúde, independentemente das entidades às quais pertençam; ou 3 - Vinculem-se à Seguridade Social por determinação legal. 29 AS DESPESAS As despesas do orçamento fiscal e da seguridade social podem ser classificadas de cinco modos: por esfera por órgão (classificação institucional); por função (classificação de acordo com a finalidade do gasto); por programas (classificação por finalidade de gasto, associada a objetivos gerenciais); e por natureza da despesa. Despesa por Esfera Na LOA, a esfera tem por finalidade identificar se a despesa pertence ao Orçamento Fiscal (F), da Seguridade Social (S) ou de Investimento das Empresas Estatais (I), conforme disposto no § 5o do art. 165 da CF.: CÓDIGO ESFERA ORÇAMENTÁRIA 10 Orçamento Fiscal 20 Orçamento da Seguridade Social 30 Orçamento de Investimento - Orçamento Fiscal (código 10): referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta,inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público; - Orçamento da Seguridade Social (código 20): abrange todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público; e - Orçamento de Investimento (código 30): orçamento das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto. O § 2o do art. 195 da CF estabelece que a proposta de Orçamento da Seguridade Social será elaborada de forma integrada pelos órgãos responsáveis pela saúde, previdência social e assistência social, tendo em vista as metas e prioridades estabelecidas na LDO, assegurada a cada área a gestão de seus recursos. Fonte: Manual Técnico de Orçamento, 2015 30 Despesa por Órgão (ou institucional) A classificação por órgão, ou institucional, tem por objetivo demonstrar a programação alocada às Unidades Orçamentárias (UOs) responsáveis pela execução da despesa. Representa, portanto, a programação a cargo dos órgãos setoriais de governo, os ministérios, e de suas unidades orçamentárias, as secretarias, departamentos etc. Existem alguns órgãos ou unidades orçamentárias que não correspondem a uma estrutura administrativa, mas pela especificidade dos gastos que representam, são identificados separadamente na lei orçamentária. É o caso dos órgãos “Transferência a Estados, Distrito Federal e Municípios”, “Encargos Financeiros da União”, 23 “Operações Oficiais de Crédito”, “Reserva de Contingência”, entre outros. A maior parcela é do Poder Executivo, porque é este quem executa, através dos Ministérios, a grande parte dos programas de governo, seja na área social, de infra-estrutura econômica ou mesmo de segurança nacional. Além disso, é responsável também pela administração da dívida pública e pelas transferências intergovernamentais. O Poder Judiciário envolve o Supremo Tribunal Federal, o Superior Tribunal de Justiça, as Justiças Federal Militar, Eleitoral, do Trabalho, do Distrito Federal e dos Territórios. O Poder Legislativo engloba o Senado Federal e a Câmara dos Deputados e, apenas para efeito de classificação orçamentária, o Tribunal de Contas da União (este, embora tenha autonomia constitucional, é órgão auxiliar do Poder Legislativo). O código da classificação institucional compõe-se de cinco dígitos, sendo os dois primeiros reservados à identificação do órgão orçamentário e os demais à UO. Exemplo: 26.262 – Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em que o número 26 representa o Ministério da Educação e os demais (262) a Unifesp. Classificação Funcional da Despesa A classificação por função, ou funcional, procura identificar a área de atuação característica do órgão/unidade em que as despesas serão executadas, fornecendo a alocação dos recursos públicos por finalidade de gasto. A classificação funcional da despesa é constituída por cinco dígitos, correspondentes a códigos de funções e subfunções: a função representa o maior nível de agregação da classificação da despesa por finalidade e está relacionada ao respectivo Ministério. A subfunção, por sua vez, é um detalhamento da função. Assim, para as despesas a serem executadas com recursos provenientes do Ministério da Educação, para o Ensino Superior, utilizaremos a Função 12- Educação e a Subfunção 364- Ensino superior, resultando na classificação 12.364. Despesa por Programas A classificação por programas, introduzida a partir do projeto de lei para o orçamento do ano 2000, procura privilegiar o aspecto gerencial dos planos e orçamentos, identificando os programas com a solução dos problemas da sociedade. De acordo com o artigo 5º da Lei nº 12.593/2012, que instituiu o PPA para o período de 2012- 2015, os programas dividem-se em Temáticos e Programas de Gestão, Manutenção e Serviços ao Estado, conforme definidos a seguir: 31 Programa Temático: expressa e orienta a ação governamental para a entrega de bens e serviços à sociedade Programa de Gestão, Manutenção e Serviços ao Estado: expressa e orienta as ações destinadas ao apoio, à gestão e à manutenção da atuação governamental Os programas, por sua vez, são compostos por ações que podem consistir de projetos, atividades ou operações especiais. A ação orçamentária é definida como uma “operação da qual resultam produtos (bens ou serviços) que contribuem para atender ao objetivo de um programa. Incluem-se também no conceito de ação as transferências obrigatórias ou voluntárias a outros entes da Federação e a pessoas físicas e jurídicas, na forma de subsídios, subvenções, auxílios, contribuições, entre outros, e os financiamentos.” Fonte: Manual Técnico de Orçamento, 2015 Neste desenho, um programa pode conter ações que envolvem diferentes áreas de atuação do governo, envolvendo diversos ministérios, sendo que aquela predominante é que irá definir em que função o programa será classificado. As ações são classificadas como projetos quando possuem um período de tempo limitado para sua execução, resultando em um produto que contribui para a expansão/aperfeiçoamento da ação governamental. Nos casos em que a ações são realizadas de forma contínua, recebem a denominação de atividades, que resultam em produtos ou serviços para a manutenção da ação governamental. As operações especiais, por sua vez, representam “despesas que não contribuem para a manutenção, expansão ou aperfeiçoamento das ações de governo, das quais não resulta um produto e não geram contraprestação direta sob a forma de bens ou serviços.” Fonte: Manual Técnico de Orçamento, 2015 Localizador da ação/Subtítulo: código composto por 4 dígitos, que identifica a localização geográfica da ação ou operação especial a ser executada. No orçamento da Unifesp a maior parte das ações/operações especiais apresenta o subtítulo 0035, que corresponde ao Estado de São Paulo. Plano Orçamentário – PO Plano Orçamentário é uma identificação orçamentária vinculada à ação orçamentária, que tem por finalidade permitir que, tanto a elaboração do orçamento quanto o acompanhamento físico e financeiro da execução, ocorram num nível mais detalhado do que o do subtítulo/localizador de gasto. (Fonte: Manual Técnico do Orçamento, 2015) Como exemplo de Plano Orçamentário, podemos citar o Programa Mais Médicos, que é executado no âmbito da Ação orçamentária 8282 – Reestruturação e Expansão de Instituições Federais de Ensino Superior. Programa de Trabalho (PT) O Plano de Trabalho é um código que agrega toda a classificação funcional programática da despesa apresentada anteriormente, sendo de grande utilidade para a compreensão do orçamento, como será demonstrado a seguir. Para explicar este conceito, usaremos como exemplo o Plano de Trabalho referente à Ação “20RK: Funcionamento de Instituições Federais de Ensino Superior”, que é a principal ação orçamentária utilizada pela universidade para a execução das despesas de manutenção (serviços de limpeza, vigilância, telefonia, energia elétrica, pagamento de bolsas, etc): 12.364.2032.20RK.0035, em que: 32 12. Função: Ministério da Educação 364. Subfunção: Educação Superior 2032. Programa: Educação Superior – Graduação, Pós-Graduação, Ensino, Pesquisa e Extensão 20RK: Ação Orçamentária: Funcionamento de Instituições Federais de Ensino Superior 0035: Localizador da Ação Orçamentária: No Estado de São Paulo Classificação por natureza da despesa A natureza de despesa descreve os bens, materiais e serviços a serem adquiridos/contratados com os recursos alocados no orçamento. Assim como as demais classificações
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