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DIREITO CIVIL - obrigações

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DIREITO CIVIL
DAS OBRIGAÇÕES
OBRIGAÇÃO – conceitos:
A Entidade obrigação em sentido mais abrangente, como a relação jurídica pessoal por meio da qual uma parte (devedora) fica obrigada a cumprir, espontânea ou coativamente, uma prestação patrimonial em proveito da outra (credora).
-Stolze e Pamplona Filho 
“Obrigação é o vínculo jurídico que confere ao credor (sujeito ativo) o direito de exigir do devedor (sujeito passivo) o cumprimento de determinada prestação.”
-Carlos Roberto Gonçalves
O direito das obrigações exerce grande influência na vida econômica, em razão, principalmente, da notável frequência das relações jurídicas obrigacionais no moderno mundo consumerista. Intervém ele na vida econômica, não só na produção, envolvendo aquisição de matéria-prima e harmonização da relação capital-trabalho, mas também nas relações de consumo, sob diversas modalidades (permuta, compra e venda, locação, arrendamento, alienação fiduciária etc.) e na distribuição e circulação dos bens (contratos de transporte, armazenagem, revenda, consignação etc.)
-Palavras de Carlos Roberto Gonçalves seguindo o esteio de Maria Helena Diniz.
COMPONENTES DO DIREITO SUBJETIVO
1- Sujeito- que apresenta-se em duas modalidades:
Sujeito ativo- o titular do direito
Sujeito passivo- aquele que deverá respeitar o direito do ativo
2- Objeto- o bem sobre qual recairá determinado direito.
3- Relação Jurídica- o liame, ou ligação entre vínculo entre os sujeitos em torno ou em função de um objeto. 
 
4- Proteção- define o professor A. F. Montoro, como a garantia que a ordem jurídica proporciona ao direito. 
ELEMENTOS DA OBRIGAÇÃO
SUJEITOS:
1- Ativo
2-Passivo
OBJETO:
A prestação
VINCULO JURÍDICO:
O liame obrigacional
AS FONTES DAS OBRIGAÇÕES NO DIREITO ROMANO
I- contrato
II- quase contrato:
III- o delito
IV- quase delito
ATRIBUTOS FUNDAMENTAIS DA OBRIGAÇÃO
I- Licitude
II-Possibilidade
III-Determinabilidade: passível de especificação, individualização;
OBS: Stolze e Pamplona Filho trazem como caracteres as três supracitadas ACRESCIDAS DA PATRIMONIALIDADE.
Patrimonialidade: suscetível de apreciação econômica;
Código Civil
Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:
I - agente capaz;
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
III - forma prescrita ou não defesa em lei.
Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:
I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz;
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;
III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito;
IV - não revestir a forma prescrita em lei;
V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade;
VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa;
VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção.
CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES (consideradas em sim mesmo)
Quanto ao vínculo 
Obrigação Civil
Obrigação moral
Obrigação Natural
Na OBRIGAÇÃO CIVIL existe um vínculo jurídico que sujeita o devedor à realização de uma prestação positiva ou negativa no interesse do credor estabelecendo um ligação jurídica entre os sujeitos em questão.
EX: Contrato de compra e venda de imóvel, veículo.
A OBRIGAÇÃO MORAL é entendida como simples dever de consciência, adimplido apenas por ordem de princípios, uma mera liberalidade.
Carece de proteção jurídica. 
No entanto se pagou voluntariamente, não poderá reaver a referida quantia; solutio retentio;
Código Civil
Art. 814. As dívidas de jogo ou de aposta não obrigam a pagamento; mas não se pode recobrar a quantia, que voluntariamente se pagou, salvo se foi ganha por dolo, ou se o perdente é menor ou interdito.
A OBRIGAÇÃO NATURAL pode ser definida como sendo obrigação natural é aquela em que o credor não pode exigir do devedor uma certa prestação, embora, em caso de seu adimplemento voluntário ou espontâneo, possa retê-la a título de pagamento e por não de liberalidade.
Ex: dívidas prescritas.
QUANTO A PLURALIDADE DO SUJEITO
DIVISÍVEL: nesse caso é dívida em obrigações autônomas, tantas quantas forem as partes credoras ou devedoras;
INDIVISÍVEL: caberá ao direito dirimir tal pendencia;
SOLIDÁRIAS: 
CC, Art. 264. Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda.
Código Civil
Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:
I - agente capaz;
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
III - forma prescrita ou não defesa em lei.
Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:
I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz;
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;
III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito;
IV - não revestir a forma prescrita em lei;
V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade;
VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa;
VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção.
CLASSIFICAÇÃO BÁSICA DA OBRIGAÇÕES NOS TERMOS DO CÓDIGO CIVIL
Com base na trilogia Romana: “dare, facere, non facere”
I – OBRIGAÇÃO DE DAR (Positiva)
_ coisa certa; 
_ coisa incerta;
II- OBRIGAÇÃO DE FAZER (Positiva)
III- OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER (Negativa)
I – OBRIGAÇÃO DE DAR (Positiva)
Fundamenta-se entrega de alguma coisa, ou seja, na tradição de algo para o credor. A prestação, na obrigação de dar, é essencial a constituição ou transferência do direito real sobre a coisa.
“As obrigações de dar têm por objeto prestações de coisas, consistem na atividade de dar (transferir-se a propriedade da coisa), entregar (transferindo-se a posse ou detenção da coisa) ou restituir (quando o credor recupera a posse ou detenção da coisa entregue ao devedor)”
-Stolze e Pamplona Filho
RESTITUIR: Trata-se de uma devolução, como ocorre com o depositário, comodatário que recebida coisa alheia encontra-se adstrito a devolvê-la - o credor é dono da coisa, o que não ocorre na simples obrigação de dar.
CÓDIGO CIVIL: OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA
“Coisa certa é coisa individualizada, que se distingue das demais por características próprias, móvel ou imóvel. A venda de determinado automóvel, por exemplo, é negócio que gera obrigação de dar coisa certa, pois um veículo distingue-se de outros pelo número do chassi, do motor, da placa etc.”
 - Carlos Roberto Gonçalves
Exemplificando, o mestre Carlos Roberto Gonçalves afirma:
“Nessa modalidade de obrigação, o devedor se compromete a entregar ou a restituir ao credor um objeto perfeitamente determinado, que se considera em sua individualidade, como, por exemplo, certo quadro de um pintor célebre, o imóvel localizado em determinada rua e número etc.”
Art. 233. A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso.
EX: Um carro, que em regra será acompanhado dos acessórios que estiverem ligados a ele
OBS: Princípio do “Acessorium sequitur principale”
Art. 234. Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes; se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos.
“Assim, se o veículo pelo qual o credor já pagou for roubado, sem que nenhuma culpa pode ser imputada ao devedor da obrigação de entregar-isto é , o alienante-, o negócio estará resolvido, em consequência, o valor pago será restituído ao comprador. Hamid Charaf Bdine Jr.
Art. 235. Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu.
Assiste ao credor 2 opções:
I- resolver a obrigação;
II-ou aceitara coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu.
EX: O carro que sofre uma pequena avaria antes da tradição.
Art. 236. Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou em outro caso, indenização das perdas e danos.
== Em caso de culpa do devedor
Assiste ao credor 2 opções:
I – O credor poderá exigir o equivalente;
II- Aceitar a coisa no estado em que se acha;
SENDO ASSEGURADA INDENIZAÇÃO POR PERDAS E DANOS NOS DOIS CASOS.
Art. 237. Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação.
Parágrafo único. Os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os pendentes.
“Como no direito brasileiro o contrato, por si só, não transfere o domínio, mas apenas gera a obrigação de entregar a coisa alienada, enquanto não ocorrer a tradição, na obrigação de entregar, a coisa continuará pertencendo ao devedor, “com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação” (CC, art. 237).” Carlos Roberto Gonçalves
Art. 238. Se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem culpa do devedor, se perder antes da tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação se resolverá, ressalvados os seus direitos até o dia da perda.
“Contudo se até o dia da perda o devedor estava obrigado a pagar pelo bem ao credor, ou se outros direitos lhe eram assegurados, este fará jus ao recebimento” Hamid Charaf Bdine Jr.
Art. 239. Se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá este pelo equivalente, mais perdas e danos.
“Na obrigação de restituir coisa certa pertencente ao credor, o devedor será responsabilizado pelo pagamento do equivalente em dinheiro em dinheiro, mais perdas e danos, se agir com negligencia, imprudência ou imperícia.”
 Hamid Charaf Bdine Jr.
Art. 240. Se a coisa restituível se deteriorar sem culpa do devedor, recebê-la-á o credor, tal qual se ache, sem direito a indenização; se por culpa do devedor, observar-se-á o disposto no art. 239.
“ [...] se não houver culpa do devedor, o credor recebe o bem deteriorado e não tem direito a perdas e danos” -Hamid Charaf Bdine Jr.
Vejamos:
Art. 239. Se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá este pelo equivalente, mais perdas e danos.
OBS: Ou segundo Maria Helena Diniz, poderá por liberalidade aceitar a coisa deteriorada acrescidas de perdas e danos
Art. 241. Se, no caso do art. 238, sobrevier melhoramento ou acréscimo à coisa, sem despesa ou trabalho do devedor, lucrará o credor, desobrigado de indenização.
Art. 238. Se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem culpa do devedor, se perder antes da tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação se resolverá, ressalvados os seus direitos até o dia da perda.
EX: SUPERVALORIZAÇÃO DO PREÇO DE MERCADO
Art. 242. Se para o melhoramento, ou aumento, empregou o devedor trabalho ou dispêndio, o caso se regulará pelas normas deste Código atinentes às benfeitorias realizadas pelo possuidor de boa-fé ou de má-fé.
Parágrafo único. Quanto aos frutos percebidos, observar-se-á, do mesmo modo, o disposto neste Código, acerca do possuidor de boa-fé ou de má-fé.
DAS OBRIGAÇÕES DE DAR COISA INCERTA
Art. 243. A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade.
“Já vimos que a coisa certa é a individualizada, determinada. A expressão “coisa incerta” indica que a obrigação tem objeto indeterminado, mas não totalmente, porque deve ser indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade. É, portanto, indeterminada, mas determinável. Falta apenas determinar sua qualidade.” -Carlos Roberto Gonçalves
“É indispensável, portanto, nas obrigações de dar coisa incerta, a indicação, de que fala o texto. Se faltar também o gênero, ou a quantidade (qualquer desses elementos), a indeterminação será absoluta, e a avença, com tal objeto, não gerará obrigação. Não pode ser objeto de prestação, por exemplo, a de “entregar sacas de café”, por faltar a quantidade, bem como a de entregar “dez sacas” por faltar o gênero.” 
Acerca da indeterminação, vejamos os ensinamentos do mestre Caio Mario da Silva Pereira: 
“O estado de indeterminação é transitório, sob pena de faltar objeto à sua obrigação. Cessará pois, com a escolha, a qual se verifica e reputa consumada, tanto no momento em que o devedor efetiva a entrega real da coisa, como ainda quando diligencia praticar o necessário à prestação.”
Art. 244. Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao devedor, se o contrário não resultar do título da obrigação; mas não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor.
“Assegura que a escolha deverá ser feita pelo devedor, se o título não dispuser de modo diverso. Trata-se de norma de natureza dispositiva, uma vez que nada impede que as partes decidam atribuir a escolha ao credor ou a terceiro” -Hamid Charaf Bdine jr.
OBS: Escolha.
Art. 245. Cientificado da escolha o credor, vigorará o disposto na Seção antecedente.
OBS: uma vez determinado o bem, a obrigação a obrigação converter- se á em obrigação de entregar coisa certa.
Art. 246. Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito.
 “Antes da concentração, sendo a obrigação de dar coisa incerta, a coisa permanece indeterminada. Logo, se houver perda ou deterioração da coisa, não poderá o devedor falar em culpa, em força maior ou em caso fortuito. Isto é assim porque genus nunquam perit (gênero não perece), ou seja, se alguém vier a prometer cinquenta sacas de laranja, ainda que se percam em sua fazenda todas as existentes, nem por isso eximir-se- á da obrigação, uma vez que poderá obter laranjas em outro local.” -Maria Helena Diniz
DAS OBRIGAÇÕES DE FAZER
Conceito:
Na obrigação de fazer, o devedor liga--se a um comportamento, determinado que consiste em praticar um ato ou realizar uma tarefa (uma atividade humana), que gera benefício ou vantagem para a figura do credor. 
Trata-se de uma obrigação de natureza positiva (praticar uma ação).
“Quando a obligatio faciendi é de prestar serviços, físicos ou intelectuais, aquela em que o trabalho é aferido pelo tempo, gênero ou qualidade, o interesse do credor concentra-se nas energias do obrigado. Quando é de realizar obra, intelectual ou material, como escrever um romance ou construir uma casa, interessa àquele o produto ou resultado final do trabalho do devedor.”
Carlos Roberto Gonçalves
Em regra, nas obrigações de entregar, concentra-se o interesse do credor no objeto da prestação, sendo irrelevantes as características pessoais ou qualidades do devedor. Nas de fazer, ao contrário, principalmente naquelas em que o serviço é medido pelo tempo, gênero ou qualidade, esses predicados são relevantes e decisivos.
OBS: obrigação de entregar = coisa
Obrigação de fazer ( intuitu personae)
Art. 247. Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusar a prestação a ele só imposta, ou só por ele exequível.
OBS: obrigação de natureza intuitu personae
	
Art. 248. Se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa do devedor, resolver-se-á a obrigação; se por culpa dele, responderá por perdas e danos.
“Se a prestação se impossibilitar sem culpa do devedor, pela ocorrência de força maior ou caso fortuito, resolver-se –á a obrigação, reconduzindo-se as partes ao status quo ante, havendo devolução do que, por ventura, tenham recebido, prevalecendo assim o princípio de que ad impossibilisa nemo tenetur, ou seja, ninguém ´o brigado a efetivar coisas impossíveis;” -M H Diniz
EXEMPLO CLÁSSICO:
Art. 249. Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo executar à custa do devedor,havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização cabível.	
Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o credor, independentemente de autorização judicial, executar ou mandar executar o fato, sendo depois ressarcido.
EX: OBRA EMERGENCIAL
O referido artigo comtempla obrigação fungível ou impessoal.
Vejamos os ensinamentos do mestre Carlos Roberto Gonçalves acerca de obrigação fungível:
“Assim, por exemplo, se uma pessoa aluga um imóvel residencial e, no contrato, o locador se obriga a consertar as portas de um armário que estão soltas, mas não cumpre a promessa, pode o inquilino mandar fazer o serviço à custa do aluguel que terá de pagar. Quando se trata de obrigação fungível (a assumida por um marceneiro, de consertar o pé de uma mesa, p. ex.), não importa, para o credor, que a prestação venha a ser cumprida por terceiro, a expensas do substituído.”
Art. 313. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa.
DAS OBRIGAÇÕES DE FAZER
Conceito: Na obrigação de fazer, o devedor liga-se a um comportamento, determinado que consiste em praticar um ato ou realizar uma tarefa (uma atividade humana), que gera benefício ou vantagem para a figura do credor. 
Trata-se de uma obrigação de natureza positiva (praticar uma ação).
“Quando a obligatio faciendi é de prestar serviços, físicos ou intelectuais, aquela em que o trabalho é aferido pelo tempo, gênero ou qualidade, o interesse do credor concentra-se nas energias do obrigado. Quando é de realizar obra, intelectual ou material, como escrever um romance ou construir uma casa, interessa àquele o produto ou resultado final do trabalho do devedor.”
-Carlos Roberto Gonçalves
Leciona o mestre WASHINGTON DE BARROS MONTEIRO que:
“O “substractum da diferenciação está em verificar se o dar ou o entregar é ou não consequência do fazer. Assim, se o devedor tem de dar ou de entregar alguma coisa, não tendo, porém, de fazê-la previamente, a obrigação é de dar; todavia, se, primeiramente, tem ele de confeccionar a coisa para depois entregá-la, se tem ele de realizar algum ato, do qual será mero corolário o de dar, tecnicamente a obrigação é de fazer”
OBRIGAÇÕES DE NÃO FAZER
“A obrigação de não faz tem por objeto uma prestação negativa, um comportamento omissivo do devedor.” -Stolze e Pamplona Filho
Clássicos exemplos esposados pela doutrina:
Ex-empregado que que obriga a não divulgar segredos industriais de seu ex-empregador;
Um sujeito que mora na beira de um lago, e obriga-se a não construir um muro acima de determinada altura, para não prejudicar a visão do outro.
Art. 250. Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do devedor, se lhe torne impossível abster-se do ato, que se obrigou a não praticar.
Análise: abstenção impossível = extinção da obrigação negativa
“Se a obrigação de não fazer se impossibilitar, sem culpa do devedor, que não poderá abster-se do ato, em razão de caso fortuito ou força maior, resolver-se-á exonerando-se o devedor. Por exemplo, se alguém se obriga a não impedir passagem de pessoas vizinhas em certo local de sua propriedade e vem a receber ordem do Poder público para fechá-la.” -Maria Helena Diniz
Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor pode exigir dele que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e danos.
Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou mandar desfazer, independentemente de autorização judicial, sem prejuízo do ressarcimento devido.
“A solução prevista nesse dispositivo é autorizar o credor a exigir que o próprio devedor desfaça o ato, ou desfazê-lo à sua custa, e que além disso indenize por perdas e danos” -Hamid Charaf Bdine JR
JURISPRUDÊNCIA
DIREITO DE VIZINHANÇA. NUNCIAÇÃO DE OBRA NOVA. OBRA DO VIZINHO QU E JÁ HAVIA SIDO CONSTRUÍDA QUANDO DO AJUIZAMENTO DA AÇÃO. Ausência de prejuízo à obra do Autor. Construção Instável, sem condições básicas de segurança, demolição de parte da obra pelo Réu. Impossibilidade Da obrigação de fazer. Conversão em perdas e danos, nos termos do art 461§1º do CPC. INDENIZAÇÃO, PORÉM INDEVIDA. Demolição feita sem consentimento do proprietário ou ordem judicial em virtude do risco que representava. Autotutela prevista no art 251, parágrafo único do CC. Pedido Improcedente. Recurso improvido(TJSP, Ap. n0002096-44.2009.26/TAUBATÉ, 32ª Cam. De Dir Privado; rel Hamid Bdine Dje 06.02.2013, p1.310
OBRIGAÇÕES SIMPLES E COMPOSTAS
“Quando a obrigação tem por objeto uma só prestação (p. ex.: entregar um veículo) diz-se que ela é simples. Havendo pluralidade de prestação, a obrigação é complexa ou composta e se desdobra, então, nas seguintes modalidades: obrigações cumulativas, obrigações alternativas e obrigações facultativas.”
-Carlos Roberto Gonçalves
DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS
Art. 252. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou
	
“Obrigação alternativa é a que compreende dois ou mais objetos e extingue- se com a prestação de apenas um. Segundo KARL LARENZ, existe obrigação alternativa quando se devem várias prestações, mas, por convenção das partes, somente uma delas há de ser cumprida, mediante escolha do credor ou do devedor.” - Carlos Roberto Gonçalves
OBS: dois ou mais objetos ?????
“As obrigações alternativas ou disjuntivas são aquelas que tem por objeto duas ou mais prestações, sendo que o devedor se exonera cumprindo apenas uma dela” -Stolze e Pamplona Filho
“A obrigação pode ter como objeto duas ou mais prestações, que se excluem no pressuposto de que somente uma delas deve ser satisfeita mediante escolha do devedor, ou do credor. Neste caso, a prestação é devida alternativamente” -Orlando Gomes 
 
O referido mestre exemplifica:
“Nessa modalidade a obrigação recai sobre duas ou mais prestações, mas em simples alternativa, que a escolha virá desfazer, permitindo que o seu objeto se concentre numa delas.
“Essa alternativa pode estabelecer-se entre duas ou mais coisas, entre dois ou mais fatos, ou até entre uma coisa e um fato, como, por exemplo, a obrigação assumida pela seguradora de, em caso de sinistro, dar outro carro ao segurado ou mandar reparar o veículo danificado, como este preferir.”
 -Carlos Roberto Gonçalves
DAS OBRIGAÇÕES CUMULATIVAS
“Na modalidade especial de obrigação composta, denominada cumulativa ou conjuntiva, há uma pluralidade de prestações e todas devem ser solvidas, sem exclusão de qualquer delas, sob pena de se haver por não cumprida. Nela há tantas obrigações distintas quantas as prestações devidas.” -Carlos Roberto Gonçalves
Obs: SUBMODALIDADE DE OBRIGAÇÕES COMPOSTAS:
A Saber: alternativas, cumulativas e facultativas.
OBRIGAÇÃO FACULTATIVA
“Pode-se afirmar, em face do exposto, que obrigação facultativa é aquela que, tendo por objeto uma só prestação, concede ao devedor a faculdade de substituí-la por outra. Como preleciona ÁLVARO VILLAÇA AZEVEDO, vista a obrigação facultativa pelo prisma do credor, que pode, tão somente, exigir o objeto da prestação obrigatória, seria ela simples (um único objeto sendo exigido por um único credor de um único devedor). Observada pelo ângulo do devedor, que pode optar entre a prestação do objeto principal ou do facultativo, mostra-se ela como uma obrigação alternativa sui generis.” -Carlos Roberto Gonçalves
“O Código Civil de 2002, assim como o de 1916, não cuidou dessa espécie obrigacional, também denominada obrigação com faculdade alternativa ou obrigação com faculdade de substituição” -Stolze e Pamplona Filho.
“A obrigação é considerada facultativa quando, tendo um único objeto, o devedor tem a faculdade de substituir a prestação devida por outra de natureza diversa, prevista subsidiariamente. Exemplo: o devedor A obriga-se a pagar a quantia de R$ 10.000,00, facultando-se lhe, todavia, a possibilidade de substituir a prestação principalpela entrega de uma carro usado”
Art. 252. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou
§ 1o Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte em outra. 
§ 2o Quando a obrigação for de prestações periódicas, a faculdade de opção poderá ser exercida em cada período.
§ 3o No caso de pluralidade de optantes, não havendo acordo unânime entre eles, decidirá o juiz, findo o prazo por este assinado para a deliberação.
§ 4o Se o título deferir a opção a terceiro, e este não quiser, ou não puder exercê-la, caberá ao juiz a escolha se não houver acordo entre as partes.
Art. 253. Se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação ou se tornada inexequível, subsistirá o débito quanto à outra.
“A obrigação subsistirá quanto `a prestação remanescente, que deverá ser cumprida. Por exemplo: “A” se obriga a demolir uma casa em ruínas ou a fazer melhoramentos nesse prédio e não consegue licença da autoridade competente para a reforma, o débito recaíra sobre a prestação supérstite.” 
-Maria Helena Diniz
Art. 254. Se, por culpa do devedor, não se puder cumprir nenhuma das prestações, não competindo ao credor a escolha, ficará aquele obrigado a pagar o valor da que por último se impossibilitou, mais as perdas e danos que o caso determinar.
Art. 255. Quando a escolha couber ao credor e uma das prestações tornar-se impossível por culpa do devedor, o credor terá direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da outra, com perdas e danos; se, por culpa do devedor, ambas as prestações se tornarem inexequíveis, poderá o credor reclamar o valor de qualquer das duas, além da indenização por perdas e danos.
Art. 256. Se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do devedor, extinguir-se-á a obrigação.
Ex: Obras de Arte

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