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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA ORGÂNICA Introdução à Química Prof. Rafael Ferreira da Silva Universidade Federal Fluminense SUBSTÂNCIAS ORGÂNICAS: POSSUIDORAS DE UMA FORÇA VITAL? Jöns Jacob Berzelius [1779-1848] Propôs uma classificação para as substâncias, separando-as em dois grupos: orgânicas e inorgânicas. Berzelius e outros químicos da sua época acreditavam que substâncias orgânicas seriam aquelas obtidas a partir de matéria viva, possuidoras de força vital e, por isso, impossíveis de serem sintetizadas a partir de materiais inorgânicos. Teoria da Força Vital, ou vitalismo. A classificação proposta por Berzelius entre substâncias orgânicas e inorgânicas continua sendo usada até hoje, mas considerando a existência de cadeias carbônicas e não a origem da substância. Friedrich Wöhler [1800-1882] A evaporação de uma solução aquosa do cianato de amônio (NH4OCN) – sal inorgânico –, era possível produzir ureia, substância orgânica, por meio da seguinte reação: O SER HUMANO É CAPAZ DE PRODUZIR AS MOLÉCULAS BÁSICAS FORMADORAS DOS ORGANISMOS VIVOS? O que torna as substâncias orgânicas tão especiais? Qual a característica comum a todas a estas substâncias? A existência de cadeia carbônica CIENTISTAS QUE CONTRIBUIRAM PARA A CONSOLIDAÇÃO DA QUÍMICA ORGÂNICA Dentre os diversos estudos desenvolvidos com as substâncias orgânicas ao longo dos tempos, podemos destacar os realizados por dois cientistas que contribuíram para a consolidação da Química Orgânica como área de estudo da Química. PROPRIEDADES DOS ÁTOMOS DE CARBONO A possibilidade da diversidade tão grande de substâncias orgânicas se deve a seus principais constituintes, os átomos de carbono. Esses átomos podem ligar-se uns aos outros formando cadeias longas, variáveis e estáveis. Há 14 milhões de substâncias orgânicas conhecidas. PROPRIEDADES DOS ÁTOMOS DE CARBONO Valência A possibilidade de ligações que os átomos podem fazer na formação de diferentes substâncias. Os postulados de Kekulé indicam em síntese propriedades dos átomos de carbono que caracterizam as substâncias orgânicas. EXEMPLOS DE LIGAÇÕES ENTRE MOLÉCULAS ORGÂNICAS CADEIAS CARBÔNICAS: representações mais comuns Em função das características do átomo de carbono, é possível a constituição de cadeias carbônicas abertas e fechadas e uma diversidade enorme de milhões de substâncias. Isso não ocorre com átomos de outros elementos químicos. O estudo da Química Orgânica é centrado nas propriedades e nas estruturas químicas das cadeias carbônicas. Antes, portanto, de aprofundar o seu estudo, vamos rever as formas de representação dessas estruturas e algumas denominações empregadas no seu estudo. CADEIAS CARBÔNICAS: representações mais comuns Lembre ainda que a fórmula estrutural plana das cadeias carbônicas não corresponde à disposição espacial da molécula. Por exemplo, a forma estrutural plana do metano pode sugerir que as ligações químicas nessa molécula fazem entre si um ângulo de 90°. Na verdade, a molécula de metano tem os átomos de hidrogênio posicionados nos vértices de um tetraedro regular com o átomo de carbono no centro. Como o tetraedro é uma estrutura tridimensional, por convenção, a sua representação em duas dimensões (como a do plano da página do caderno) é feita como indicada na última coluna do quadro. Nessa representação, considera-se que os átomos de hidrogênio ligados ao carbono por meio de ligações representadas com um traço simples estão no plano da página, enquanto os dois átomos de hidrogênio à direita estão fora do plano da página. No caso em que a ligação é representada por uma cunha cheia considera-se que o átomo de hidrogênio está à frente do plano da folha, enquanto o átomo de hidrogênio que está atrás do plano tem sua ligação representada por uma cunha tracejada. CADEIAS CARBÔNICAS: representações mais comuns fórmula de linha Outra representação das cadeias carbônicas, denominada bond line (ou fórmula de linha), é feita por meio de traços sem indicar os átomos de carbono. CADEIAS CARBÔNICAS: classificação de carbono Nas cadeias carbônicas, os átomos de carbono podem estar ligados a um, dois, três ou quatro átomos de carbono. Desse modo, podemos classificar os átomos de carbono conforme a quantidade de ligações que eles formam com outros átomos de carbono. Carbono terciário Carbono secundário Carbono primário CADEIAS CARBÔNICAS: classificação de carbono Nas cadeias carbônicas, os átomos de carbono podem estar ligados a um, dois, três ou quatro átomos de carbono. Desse modo, podemos classificar os átomos de carbono conforme a quantidade de ligações que eles formam com outros átomos de carbono. Carbono quaternário Carbono terciário CADEIAS CARBÔNICAS: cadeias cíclicas Nas cadeias carbônicas, os átomos de carbono podem estar ligados a um, dois, três ou quatro átomos de carbono. Desse modo, podemos classificar os átomos de carbono conforme a quantidade de ligações que eles formam com outros átomos de carbono. CADEIAS CARBÔNICAS: cadeias normais e ramificadas Uma sequência contínua de átomos de carbono é chamada de cadeia normal. Ou seja, só apresentam carbonos secundários e dois carbonos primários. Os grupos de átomos ligados à cadeia principal são chamados grupos substituintes (ramificação). CADEIAS CARBÔNICAS: cadeias normais e ramificadas Tanto as cadeias fechadas quanto as abertas podem ser ramificadas. CADEIAS CARBÔNICAS: cadeia saturada e insaturada A existência de ligações duplas ou triplas entre átomos de carbono em uma cadeia é denominada de insaturação. Quando a cadeia só apresenta entre os átomos de carbono ligações simples, ela é chamada de cadeia saturada, ou seja, ela possui o maior número possível de átomos de hidrogênio. CADEIAS CARBÔNICAS: cadeias homogêneas e heterogêneas Cadeia heterogênea é uma cadeia que possui um átomo diferente de carbono entre átomos de carbonos. CADEIAS CARBÔNICAS: quando há muita complexidade Um lembrete: Em muitas moléculas orgânicas mais complexas aparecem cadeias mistas com vários tipos de cadeias, às vezes tornando difícil a identificação do tipo da cadeia principal. O relevante no estudo da Química Orgânica é saber identificar em qualquer parte da estrutura da cadeia se ela é cíclica, se possui grupo substituinte, se tem insaturação e se possui heteroátomo. ISOMERIA Para determinar as fórmulas moleculares das substâncias, os químicos fazem uso da análise elementar, que consiste da determinação da proporção de massa de cada elemento químico nas substâncias. A partir da proporção da massa de cada elemento, determina-se a fórmula molecular. O interessante é que, com esse método, os químicos perceberam que diversas substâncias orgânicas (e também inorgânicas) apresentam a mesma fórmula molecular, embora tenham propriedades físicas diferentes. ISOMERIA: C5H12O – 14 substâncias diferentes Essas substâncias, que possuem a mesma fórmula molecular, mas diferentes fórmulas estruturais, são denominadas isômeras (do grego, isos – “igual”, e meros – “partes”), ou seja, substâncias que possuem as mesmas quantidades de átomos, mas organizados de forma diferente. ISOMERIA: C5H12O – 14 substâncias diferentes FUNÇÕES ORGÂNICAS FUNÇÕES ORGÂNICAS FUNÇÕES ORGÂNICAS FUNÇÕES ORGÂNICAS: fórmulas gerais FUNÇÕES ORGÂNICAS:fórmulas gerais FUNÇÕES ORGÂNICAS: fórmulas gerais NOMENCLATURA ORGÂNICA: REGRAS GERAIS É importante destacar que existe uma diversidade de regras de nomenclatura usuais e que mesmo a Iupac aceita oficialmente mais de um sistema de nomenclatura. O importante é entender o princípio geral do sistema de nomenclatura mais recomendado que é a nomenclatura sistemática. Atualmente, utilizam-se as regras aprovadas pela Iupac em 1993. NOMENCLATURA ORGÂNICA: REGRAS GERAIS Como se dá a definição sistemática do nome: 1. definição da estrutura de suas moléculas. 2. Ao nome dessa estrutura são acrescidos prefixos e sufixos que informam sobre modificações de estrutura e grupos funcionais presentes. Passo 1: determinar o nome da cadeia orgânica principal, cadeia com maior sequência de átomos de carbono. NOMENCLATURA ORGÂNICA: substituintes alquila A presença de grupos substituintes alquila ligados à cadeia principal é indicada por prefixos relativos ao número de carbonos do grupo substituinte da cadeia acrescido do sufixo -il. 31 Nomenclatura de HC ramificados Algumas regras devem ser lembradas: Regra 1 Regra 2 Reconhecer os radicais e dar nomes a eles Regra 3 Numerar a cadeia principal de modo a obter os menores números possíveis para indicar as posições dos radicais Regra 4 Quando houver mais de um radical do mesmo tipo, seus nomes devem ser precedidos pelas quantidades (di, tri, tetra) Regra 5 Quando houver dois ou mais radicais diferentes, seus nomes devem ser escritos em ordem alfabética, não considerando os prefixos di, tri, tetra. 32 Alcanos: exemplos CH3 CH2 CH3 CH2 CH2 CH CH CH2 CH3 CH3 3 2 4 1 5 6 7 4 3 2 1 5 6 7 4-etil-3-metil-heptano 2,2,3-trimetil-hexano NOMENCLATURA ORGÂNICA: sufixos indicadores de insaturações A presença de ligações covalentes duplas ou triplas nas cadeias carbônicas é indicada pelo uso de termos (sufixos), conforme quadro abaixo. 34 3-tercbutil-4,5,5-trimetil-3-hepteno 2-metil-3-propil-1,3-pentadieno 3-etil-4-metil-1-hexeno NOMENCLATURA ORGÂNICA: sufixos indicadores de insaturações 35 Cicloalcanos e aromáticos metilciclopropano 3-etil-1,1-dimetilciclopentano Não há diferenciação da posição... Quando houver, iniciar pela ordem alfabética... Se em um mesmo carbono existirem dois radicais, a numeração deve iniciar por ele 1-etil-2-metilciclobutano NOMENCLATURA ORGÂNICA: sufixos indicadores de grupo funcional Finalmente, ao nome da substância é adicionado um sufixo para indicar o grupo funcional da substância. No quadro abaixo é indicado o sufixo do nome de algumas funções orgânicas. NOMENCLATURA ORGÂNICA: Exemplo 1° Identificação da cadeia principal 2° Identificação do nome da cadeia principal relativo ao número de átomos de carbono Essa substância tem cadeia principal que contém seis átomos de carbono. Podemos dizer que ela é uma substância derivada do alcano com seis átomos de carbono: hexano. 3° Identificando as insaturações da molécula Como a molécula possui uma ligação dupla (insaturação), temos um alceno e não um alcano. Dessa forma, o nome de origem é hexeno. NOMENCLATURA ORGÂNICA: Exemplo 4° Identificando os grupos substituintes ligados à molécula 5° Numerando a cadeia principal O nome da substância deve contemplar os grupos substituintes ligados à cadeia principal. Nesse caso, temos um grupo , característico dos álcoois. Devido a esse grupo, acrescentamos o sufixo ol. Dessa forma, temos o hexenol. 6° Identificando os grupos substituintes da cadeia NOMENCLATURA ORGÂNICA: Exemplo 6° Identificando os grupos substituintes da cadeia NOMENCLATURA ORGÂNICA: Exemplos NOMENCLATURA ORGÂNICA: Exemplos NOMENCLATURA ORGÂNICA: Exemplos
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