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Data da aula: ____/____/______ MACROECONOMIA II AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS PARA O CURSO Método Macroeconômico deve ser adequado ao objeto de estudo: economia capitalista ou de mercado, na qual a organização é descentralizada e os agentes econômicos dispõem de ampla liberdade de decisão (porém assimétrica); objeto extremamente complexo: grande número de agentes econômicos (empresas, consumidores, trabalhadores, etc.); grande número de decisões a tomar: quanto produzir; que preço cobrar; quantos trabalhadores contratar, e a que salário; aceitar ou não o emprego e o salário oferecidos; no que aplicar o dinheiro, e quanto; ampliar a capacidade de produção ou não; etc. Que metodologia adotar para lidar com tão complexo objeto? Solução clássica da ciência ocidental: método analítico, ou seja, dividir um grande problema em um certo número de problemas menores, estudando cada um deles separadamente. Criar “modelos” especializados para resolver cada um desses problemas. Cuidado! Um modelo desenvolvido para lidar com certo tipo de problema pode não ser adequado para lidar com outro. MODELO = SIMPLIFICAÇÃO DE UMA REALIDADE COMPLEXA (“caricaturas da realidade”) dilema: realismo x complexidade. bom modelo = bom mapa adequado às finalidades. bons modelos: muita capacidade explicativa a partir de poucas variáveis e equações. Keynes bom economista: sensibilidade para escolher o modelo mais adequado a cada situação (com maior poder explicativo); modelos diferentes aplicam-se a realidades diferentes. modelo pode ser matemático ou não: recentemente (pós-2a G.M.): matematização da economia. MODELO MACROECONÔMICO FORMAL (MATEMÁTICO) = identidades macroeconômicas (condições de equilíbrio) + hipóteses comportamentais EQUAÇÕES: Variáveis EXÓGENAS ou independentes (determinadas fora do modelo) Variáveis ENDÓGENAS ou dependentes (determinadas pelo modelo) nº de equações independentes precisa ser = nº de variáveis endógenas se no. equações > no. var. endógenas modelo sobredeterminado se no. var. endógenas > no. equações modelo indeterminado variáveis endógenas em um modelo podem ser exógenas em outro; questão importante: causalidade x = f(y) não diz quem causa quem; tanto y pode causar x quanto vice-versa. O TEMPO é o fator que serve para separar os modelos macroeconômicos conforme a finalidade a que se destinam. Há duas noções de tempo, e, portanto, dois critérios de separação dos modelos econômicos: VARIÁVEIS EXÓGENAS (PARÂMETROS) MODELO VARIÁVEIS ENDÓGENAS (RESULTADOS) ESTRUTURA DE UM MODELO Noções de tempo MICROECONÔMICO (ou MARSHALLIANO) Critério: capacidade produtiva MACROECONÔMICO Critério: flexibilidade x rigidez de preços e salários Tradicional (tempo lógico) Curto Prazo Longo Prazo Curto Prazo Longo Prazo Capacidade produtiva dada; portanto: Tecnologia; Estoque de capital; Tamanho da população (força de trabalho) dados Capacidade produtiva variável; portanto: Tecnologia, estoque de capital e tamanho da população variáveis Preços e/ou salários rígidos; por conseqüência, desequilíbrios persistem. Obs: “rígido” diferente de constante; Preços e salários perfeitamente flexíveis eliminam os desequilíbrios; Blanchard (critério misto; tempo lógico, mas com estimativa cronológica também) “Curto prazo” “Médio Prazo” “Longo prazo” Curto prazo marshalliano + curto prazo macroeconômico Curto prazo marshalliano + longo prazo macroeconômico Longo prazo marshalliano + longo prazo macroeconômico Capacidade produtiva dada + preços e/ou salários rígidos; Capacidade produtiva dada + preços e salários flexíveis; Capacidade produtiva variável + preços e salários flexíveis; Explica o que acontece na economia durante alguns poucos anos Explica o que acontece na economia em aproximadamente 10 anos Explica o que acontece na economia em meio século ou mais Obs: “dado” é diferente de “constante”; Constante quer dizer: imutável; Dado quer dizer: trata-se de uma variável exógena ou independente (não explicada pelo modelo), que posso considerar constante ou posso fazer suposições de que ela variou exogenamente para ver o que resultado gerado sobre a economia. Outra metodologia empregada pela Macroeconomia para lidar com a complexidade da análise da economia capitalista é o uso de exercícios de estática comparativa, com o uso da cláusula coeteris paribus. Vimos que uma economia capitalista consiste em uma grande teia de relações econômicas envolvendo um número enorme de agentes. Em um determinado momento do tempo, muitas coisas podem estar acontecendo na economia de um país: mudanças nas preferências dos consumidores, na tecnologia, na política econômica, nas decisões de produção, de preços, de investimento das empresas, etc.. É virtualmente impossível interpretar o funcionamento dessa rede olhando o conjunto todo de uma só vez; o método tradicional da teoria econômica consiste em realizar exercícios de estática comparativa que estudam isoladamente o impacto de cada variável exógena sobre o todo, supondo que tudo que não é afetado pela mudança da variável em questão permaneça constante. Como funcionam os exercícios de estática comparativa? Supõe-se que: Inicialmente a economia esteja em um certo equilíbrio; Seleciona-se uma e apenas uma das variáveis exógenas e aplica-se sobre ela uma variação; SUPONDO QUE TODAS AS DEMAIS VARIÁVEIS EXÓGENAS SEJAM MANTIDAS CONSTANTES (cláusula coeteris paribus, que em latim significa “tudo o mais constante”), estuda-se o impacto da mudança da variável exógena selecionada sobre as variáveis endógenas do modelo em questão; Este método permite aprender como cada uma das variáveis exógenas afeta o sistema econômico em separado; quando, porém, deseja-se analisar o movimento de uma economia nacional como um todo (por exemplo, para fazer análise de conjuntura), é necessário observar todas as mudanças na realidade ao mesmo tempo; contudo, já se terá aprendido então como cada variável afeta a economia, e a análise fica menos complicada. Trajetória do PIB real da economia de um país ao longo do tempo: Tempo Desvios da tendência (explicados pelos modelos agregativos de curto prazo) Q Componente de tendência (explicado pela teoria do crescimento- longo prazo) Nas três primeiras unidades deste curso, estaremos nos concentrando nos MODELOS MACRO AGREGATIVOS DE CURTO PRAZO: a) objetivo políticas de estabilização da produção, emprego e preços (e não afetar a tendência de crescimento); b) hipóteses e simplificações: 1. a moeda é fiduciária, ou seja, não tem “lastro” em metais preciosos ou similares; assume a forma de papel-moeda livremente emitida pelo governo, na quantidade que este considerar adequada; 2. economia produz apenas um bem “agregado”, representativo (o próprio PIB); 3. único mercado de trabalho; mão-de-obra homogênea mesmo salário por hora de trabalho; 4. estoque de capital homogêneo fábricas iguais (mesmo tamanho, mesma tecnologia) produzem o mesmo produto única taxa de lucro para todas fábricas; 5. apenas um mercado de títulos;taxa de juros igual p/ todos credores (ignora diferença de riscos entre credores); 6. CP marshalliano: estoque de capital dado (único fator de produção variável = trabalho); capacidade de produção dada; número e tamanho das empresas dada; o tamanho da população é dado; tecnologia (= qualidade dos fatores) dada e homogênea. 7. Alguns modelos usarão a hipótese de preços e/ou salários rígidos (curto prazo macroeconômico); outros usarão a de preços e salários flexíveis (longo prazo macroeconômico). Em resumo, estudaremos inicialmente a economia como se ela não tivesse tendência de crescimento: Desvios em torno de uma tendência de crescimento nula Q CONCEITOS ECONÔMICOS FUNDAMENTAIS: PRODUTO EFETIVO E PRODUTO POTENCIAL O PIB real – a quantidade efetivamente produzida de mercadorias e serviços – consiste no chamado produto efetivo. Já o produto (produção ou PIB) potencial (natural) é o nível de produção que ocorreria caso uma economia utilizasse todo o potencial produtivo (fatores de produção capital e trabalho) disponível. Tradicionalmente, admite-se que caso isto ocorresse: Não haveria capacidade ociosa não planejada: o equipamento de capital das empresas seria utilizado em um ritmo ótimo; Não haveria desemprego involuntário: todos os trabalhadores dispostos a trabalhar ao salário corrente encontrariam emprego; Portanto, uma economia cujo produto efetivo fosse exatamente igual ao potencial estaria em uma situação ótima. O conceito é compatível com a existência de desemprego voluntário e friccional, bem como capacidade ociosa planejada nas empresas. Mais recentemente, porém, um grupo significativo de economistas da escola novo-keynesiana tem defendido a idéia de que o conceito de produto potencial pode ser compatível com a existência também de desemprego involuntário. Voltaremos ao tema mais adiante nesse curso. No curto prazo marshalliano, como o estoque de capital e o tamanho da força de trabalho são dados, o produto potencial também é dado. Apenas quando chegarmos em teorias que tratem do longo prazo marshalliano é que os determinantes do produto potencial e suas variações serão explicados. O hiato do produto é um conceito que visa justamente medir qual é a distância entre o produto efetivo e o produto potencial, ou seja, quanto o nível de produção da economia encontra-se distante do ótimo. A palavra “hiato” significa lacuna, intervalo, falha. Seja Qp o produto potencial em num certo momento, e Q a produção (PIB) real (efetiva). O hiato do produto (h), em termos percentuais, pode ser calculado como: h (%) = 100 Qp QQp Quanto maior h, maior a distância entre o PIB efetivo e o PIB potencial, e vice- versa. Assim: Se h = 0, Q = Qp, e os fatores de produção capital e trabalho são adequadamente utilizados (não há desemprego involuntário nem capacidade ociosa não planejada); a inflação permanece constante; Se h > 0, Qp > Q, e a economia encontra-se com seus fatores de produção ociosos (há desemprego involuntário e capacidade ociosa não planejada); a inflação tende a cair; Se h < 0, Q > Qp, e a economia encontra-se superaquecida, ou seja, os fatores de produção estão sendo utilizados além do nível ótimo; a capacidade ociosa encontra-se abaixo da planejada ou até mesmo esgotada; há dificuldade em se conseguir trabalhadores dispostos a trabalhar ao salário vigente (recorre-se, por exemplo, a horas extras, mais caras que as horas normais de trabalho); a inflação tende a subir. FUNÇÕES MATEMÁTICAS E GRÁFICOS - REVISÃO Funções com uma variável endógena Y = f (X) 1) Lineares (retas): Tipo Y = aX + b, a e b parâmetros dX dY = a ; 4 casos (1 o quadrante): dy/dx = a < 0, b > 0 dy/dx = a > 0, b ><= 0 dy/dx = a = 0 x = constante, a b b X = k > 0 Y = b > 0 X X X X Y Y Y Y b Variações em x: Variações em b com a constante ↓x = k ↑x = k ↓b ↓b ↑b ↑b ↑b X X Y Y Y Y X X ↓b 2) Hipérboles equiláteras: tipo Y = X k ; k = parâmetro (só k>0 e 1 o quadrante) ↓a ↓a ↑a ↑a Y Y Y X X X Variações em a com b constante ↑a ↓a ↑k Y X ↓k A HISTÓRIA DA MACROECONOMIA Dentro da linha vermelha: escolas ortodoxas Pós-keynesianos Davidson - Hicks II - Minsky - J.Robinson Síntese Neoclássica – Keynesiana Hicks I – Samuelson - Tobin Pós-guerra até final anos 60 Grande Depressão Mercantilismo Ec. Política Clássica Inglesa Smith X Final séc. XVIII Malthus X Início séc. XIX 2 a . metade Marx Marginalismo Jevons – Menger - Fim séc. XIX Economia Neoclássica Marshall – Fisher - Keynes Kalecki Monetarismo M. Friedman Anos 70 início dos 80 Novo-clássicos Lucas – Sargent Final dos anos 80 - ? Novo-keynesianos Stiglitz – Romer - Mankiw
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