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UNIDADE III: TEORIAS COGNITIVAS 3.1 – Teoria Racional Emotiva Comportamental Teoria Cognitivo-Comportamental Psicologia - 3º período Profª. Ana Clara Aubin Introdução à TCC • Algumas razões para o surgimento da TC: 1. Resultado de um movimento de insatisfação com os modelos estritamente comportamentais que não reconheciam a importância dos processos cognitivos como mediadores do comportamento; e com o modelo psicodinâmico; Introdução à TCC 2. Necessidade de expandir a prática psicoterápica; 3. Revolução Cognitiva que favoreceu publicações e pesquisas – conhecimento do cérebro é a chave para aprimorar o aprendizado. Introdução à TCC • Autores que participaram deste movimento: 1. Bandura – crítico ao modelo operante, ao propor uma compreensão da aprendizagem sem tentativa,:“consequências eram mediadas cognitivamente”. Introdução à TCC • Albert Ellis – revelou insatisfações com resultados práticos do trabalho psicanalítico. Introdução à TCC • Aaron Beck – psicanalista de origem, relata que seu questionamento à psicanálise teve início em 1956 a partir de estudos com pacientes deprimidos. Principal autor quando se fala em Terapia Cognitivo-Comportamental. Introdução à TCC • Acontece, então o resgate da cognição como um domínio legítimo da investigação científica. • Essa revolução cognitiva resultou em uma diversidade de teorias e práticas psicoterápicas – “ondas” em terapia cognitiva. • “Ondas” em Terapia Cognitiva: 1ª Onda: Modelo Comportamental 2ª Onda: Modelos Racionalistas e Modelos Construtivistas • 3ª Onda: • Terapia Comportamental Dialética • Terapia de Aceitação e Compromisso • Terapia do Esquema Emocional • Terapia Focada na Compaixão • Terapia do Esquema • Terapia Metacognitiva • Terapia de Modificação do Viés Atencional • Terapia Analítico Funcional • Terapia Cognitiva Processual • Mesmo apontando diferenças, não existe um muro intransponível entre elas, sendo possível uma integração. • Todas as teorias partilham da posição mediacional, acreditam que mudanças terapêuticas podem ser alcançadas através da alteração dos modos disfuncionais de pensamento, e pela herança comportamental, muitos de seus métodos se baseiam em princípios e técnicas comportamentais e usam, de alguma forma, dados comportamentais como índices de progresso terapêutico. Introdução à TCC • Pressuposto central: • As abordagens cognitivas partem do pressuposto de que um processo interno e oculto media o comportamento. • É a interpretação do evento que gera emoções e comportamentos, e não o evento em si. PENSAMENTO COMO PONTO CHAVE PARA INTERVENÇÃO! Terapia Racional Emotiva Comportamental • A Terapia Racional Emotiva Comportamental é considerada a primeira proposta de terapia cognitiva criada. • Surge em 1955 com Albert Ellis. Terapia Racional Emotiva Comportamental • Ellis baseou muito da sua teoria em argumentos filosóficos como o de Epícteto que no século I d.C enunciou a premissa: “Perturbam aos homens não são as coisas, senão a opinião, que delas têm.” • “Não há nada bom ou mau, senão pensamentos que o fazem assim” (Hmelet, de Shakesperare) Terapia Racional Emotiva Comportamental • O eixo central da TREC é obter mudança nos padrões de pensamento dos sujeitos, na forma de interpretação de seus acontecimentos de vida e nas crenças sobre si mesmo, sobre os outros e sobre o mundo. Terapia Racional Emotiva Comportamental • A TREC pressupõe que os seres humanos funcionam baseados em crenças (regra para a ação, seja cognitiva, motora ou emocional), algumas delas racionais e outras irracionais. • Crenças racionais – relacionadas com estados emocionais negativos equilibrados, como tristeza, mágoa, pesar, desprazer, aborrecimento, etc. • Crenças irracionais – produzem reações emocionais perturbadas, como pânico, depressão, fúria, etc. • Esses estados emocionais têm uma relação direta com comportamentos saudáveis, como aqueles relacionados com as crenças racionais, ou problemáticos, quando ativados por crenças irracionais. Terapia Racional Emotiva Comportamental • O ABC na TREC: • Albert Ellis introduziu o modelo ABC – que é a compreensão sobre a base do funcionamento cognitivo do ser humano. MODELO ABC A = Acontecimento ativador B = Crenças (beliefs) – interpretação do acontecimento ativador C = Consequências (comportamentais e emocionais) A B C Terapia Racional Emotiva Comportamental • A – Eventos ativadores • A experiência ativante A é caracterizada por algum evento externo real ao qual o indivíduo foi exposto, e que ativa pensamento específicos sobre o próprio evento. • Os eventos se tornam ativadores por se basearem em nossos sentimentos, pensamentos ou comportamentos ocorridos em eventos passados ou atuais para ativarem cadeias de pensamentos específicos. Terapia Racional Emotiva Comportamental • B – Pensamentos, cognições ou ideias • São cadeias de pensamentos e auto-verbalizações que são ativadas pelos eventos ocorridos em A. • Na TREC os componentes cognitivos são divididos em termos da sua racionalidade ou irracionalidade. • Ellis acreditava que, de algum modo, os seres humanos possuem uma tendência natural à irracionalidade, fato este que acaba por limitar a possibilidade de o homem ser naturalmente feliz. A irracionalidade ocorre em função de o homem não ter a tendência natural de confirmar empiricamente suas percepções, ideias ou crenças. • Para Ellis os transtornos psicológicos são produtos de avaliações pouco funcionais das situações de vida, e estas avaliações são distorcidas essencialmente pelas exigências absolutistas e deveres irracionais. Segundo Ellis, as exigências absolutistas com seus “tenho que” e os deveres irracionais com seus “devo” constituem crenças básicas que ocasionam uma série de suposições ilógicas ou distorções cognitivas. • Ellis enumera algumas das distorções cognitivas mais frequentes Terapia Racional Emotiva Comportamental • A TREC afirma que a perturbação psicológica depende da tendência dos seres humanos de fazerem avaliações absolutistas dos acontecimentos em suas vidas. Essas avaliações, que têm a forma de “tenho quês”, de “deverias”, de “devos”, “tenho-a-obrigação-de” dogmáticos, são os aspectos centrais de uma filosofia de religiosidade dogmática que Ellis afirma ser o aspecto central da perturbação emocional e comportamental humanas. - “Masturbação mental” Terapia Racional Emotiva Comportamental • C – Consequência aos eventos ativadores A e pensamento B • As consequências cognitivas, afetivas e comportamentais seguem as interações entre A e B. • As consequências C, são elos fundamentais para o cliente. Quando C consiste em distúrbios afetivo-emocionais (ansiedade, depressão, etc.), B pode ser QUASE sempre o causador destes distúrbios, pois é a interpretação de A (B) que é o gerador de C. Terapia Racional Emotiva Comportamental • Exemplo: • Um operário, ao sair do seu emprego, é avisado para comparecer ao departamento pessoal no dia seguinte pela manhã (A – evento ativador). Imediatamente, ele pensa: “Será que vou ser demitido? O que vou fazer? Devo tentar evitar a demissão!” (B – interpretação sobre o eventoativador); e sente muita ansiedade. Imediatamente, o empregado se despede e vai para casa, onde não consegue dormir, ficando irritadiço e agressivo. (C – consequência) Terapia Racional Emotiva Comportamental Terapia Racional Emotiva Comportamental • A TREC distingue os “C’s” apropriados dos “C’s” disfuncionais ou autossabotadores, que necessitam ser questionados através de D (disputa racional). A disputa acontece quando ajudamos o paciente a perceber seu pensamento “inconsciente” com a realidade. Diferentes “D’s”, disputas racionais, são realizadas partindo do ponto de vista pragmático, empírico e lógico em uma aliança colaborativa que permitem o surgimento de novas “E’s” (effective Belief) ou a incorporação de uma nova crença funcional, eficaz e saudável, para finalmente, gerar “F” (felling), um novo sentimento, após a modificação das crenças. Terapia Racional Emotiva Comportamental • O resultado final almejado pela TREC consiste em fazer com que o sujeito construa um novo E, ou seja, adote uma filosofia que o capacite a pensar de forma semiautomática sobre si mesmo, os outros e o mundo de forma mais sensata no futuro. • Desse modo, o trabalho de intervenção vai privilegiar a investigação e o enfrentamento de demandas absolutistas. Terapia Racional Emotiva Comportamental • A tarefa terapêutica consiste em ajudar o paciente a encontrar as cognições disfuncionais que resultam em condutas autossabotadoras. A TREC é um modelo que visa a aprendizagens apropriadas e úteis para lograr comportamentos mais eficazes, a fim de que a pessoa alcance seus objetivos pessoais. Não somos escravos de nossas formas de pensar irracionais, portanto, é possível mudar através de insights. A B C D/E F Prepar ando- se para ir a uma festa 1. Não vou saber o que dizer. 2. Vou parecer desolocad o 3. Vou “travar e querer ir embora imediata mente. Ansioso Tenso Não vai a festa 1. Leio muito e ouço as notícias. Tenho praticado como bater papo. Realmente tenho algo a dizer. Só preciso começar a falar. 2. Estou realmente exagerando. Posso parecer um pouco nervoso, mas as pessoas estarão mais interessadas em suas próprias vidas do que em julgar como pareço. 3. Estou tirando conclusões apressadas, catastróficas. Ficarei nervoso, mas preciso enfrentar meu medo. Já ensaiei como agir na festa. Portanto, não preciso ir embora imediatamente ou dar uma desculpa para não ir. Menos ansioso Foi à festa e fiquei lá por mais de uma hora. Estava nervoso, mas se saiu bem. • Se a interpretação é a chave para o desencadeamento das reações, então mudando a interpretação, mudamos as reações. • Se os problemas emocionais e comportamentais são originados por crenças irracionais, a TREC poderia substituí-las por crenças racionais através do método de refutação ou debate. • A refutação das crenças irracionais envolve três etapas: 1. Primeiramente, os terapeutas estimulam os pacientes a descobriras crenças irracionais que fundamentam seus problemas emocionais e comportamentais. 2. Depois debatem com os pacientes sobre a validade de suas hipóteses e inferências absolutistas e dogmáticas, ensinando-os a discriminar e reconhecer a irracionalidade de certas crenças e suposições. O debate empírico visa atacar as inferências irracionais e o debate filosófico objetiva atacar os “devo” dogmáticos implícitos que subjazem às inferências irracionais. 3. Finalmente, o terapeuta desenvolve um diálogo socrático, onde questiona o cliente através de perguntas engenhosas que estimulam a pessoa a se aperceber de suas distorções. O diálogo socrático objetiva conduzir o próprio sujeito a refletir e a perceber se da irracionalidade de suas suposições, passando a gerar crenças apropriadas e a reagir adequadamente. Terapia Racional Emotiva Comportamental • Estilos de conduzir a disputa racional: Estilo didático – o terapeuta explica ao cliente, de modo direto, a irracionalidade e a inconsistência de sua crença em relação à realidade; Estilo metafórico – semelhante ao estilo didático, a metáfora é usada para mostrar ao cliente a disfuncionalidade de suas crenças; Estilo humorístico – usar formas bem humoradas dirigidas à irracionalidade das crenças; Estilo autorrevelador – em que o terapeuta traz aspectos de sua própria vida que possam ser pertinente ao contexto do paciente; • Estilo socrático - Perguntas sucessivas de modo a evidenciar erros lógicos quanto a afirmações feitas pelos pacientes; O processo de questionamento é a espinha dorsal das intervenções cognitivas para mudar pensamentos disfuncionais. Terapia Racional Emotiva Comportamental • Formas de intervenção junto ao paciente • Objeções pragmáticas/empírica/lógica: “De que te serve pensar desta forma? “Existem evidências que sustentem esta forma de pensar?” Terapia Racional Emotiva Comportamental • Exercício (imaginação racional emotiva) que consiste em evocar novamente a situação que gera a emoção disfuncional e empregar novos pensamentos ou crenças racionais para diminuí-la, substituindo-a por uma mais funcional. A experiência permite que o paciente descubra que, para modificar sentimentos (C), teve que modificar como pensava (B) sobre determinado acontecimento (A). O paciente também tem a oportunidade de se conectar com outro modo de pensar, que lhe permite adotar uma forma de reagir e sentir mais apropriadas.
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