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A EDUCAÇÃO COMO PROCESSO DA FORMAÇÃO SOCIAL DO individuo

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¹ Graduada em Ciências Sociais pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná e Especialista em 
Planejamento, Gestão e Avaliação de Políticas Públicas pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná. 
franzinhaps@yahoo.com.br 
 
² Concluinte em Psicologia pela Faculdade Assis Gurgacz. kaamus@hotmail.com 
 
 
 
A EDUCAÇÃO COMO PROCESSO DA FORMAÇÃO SOCIAL DO 
INDIVÍDUO 
 
FRANCIELLI PIROLLI DA SILVA1 
RODRIGO ASSUFI DALLANOL2 
 
RESUMO: O ser humano em sua essência é formado através de seu convívio com a 
sociedade, levando em conta a internalização das diversas aprendizagens e experiências. 
Essas relações sociais e subjetividades, unidas à cultura criam e desenvolvem a 
identidade, que por sua vez muda e influencia o ambiente. O trabalho proposto tem 
como objetivo analisar o poder das instituições de ensino na formação social do 
indivíduo, trazendo como problematização a identificação de quais os tipos de poder 
que o sistema educacional exerce sobre o indivíduo e a influência deste para a 
construção da identidade, vinculando a essa discussão os conceitos de valor e a sua 
importância para a formação do individuo na sociedade. Observando as relações de 
poder existentes no interior da escola, principalmente na relação e exercício do poder 
entre professor e aluno, destacando qual a forma utilizada. A metodologia usada é 
composta de pesquisa bibliográfica, análise teórica, observação empírica e formulação 
de hipóteses. A partir disso conclui-se que a escola, através da educação reproduz 
ideologias da sociedade e tem poder de influenciar na formação da identidade do 
indivíduo o qual carrega seus valores e conhecimentos adquiridos para suas relações 
sociais dentro e fora da escola. 
 
PALAVRAS CHAVES: Educação. Poder. Identidade. Sociedade. 
 
 
 
 
 
A EDUCAÇÃO COMO PROCESSO DA FORMAÇÃO SOCIAL DO 
INDIVÍDUO 
 
INTRODUÇÃO 
 A educação esta incluída em um amplo e constante debate, devido à sua 
importância perante a sociedade. Neste artigo analisamos a educação escolar que ocorre 
no âmbito da escola. Alem dos vários fenômenos que acontecem no interior dessa 
instituição, daremos destaque às relações de poder e ao papel que esta forma de 
educação tem na formação social, sendo que se toma por base fontes bibliográficas e 
uma observação empírica superficial. 
 A escola e a educação têm como principal fundamento o repasse de valores e 
conhecimentos básicos para os seus alunos, determinante este que acontece do professor 
- que é visto como mediador de conhecimento e que possui determinados tipos de poder 
- sobre os alunos, que formam sua identidade através da significação desses vários 
recursos. 
 Com isso, o objetivo dessa discussão é identificar as formas de poder que 
existem dentro da instituição de ensino em vista do que acontece entre o professor e o 
estudante, alem de como essas maneiras de poder se desenvolvem e se constroem, 
analisando a influência que estes eventos têm sobre a formação da identidade do 
indivíduo. 
Enfim, o fundamento ético da humanidade se assenta no tripé constituído pelo 
reconhecimento de si mesmo como sujeito – individualidade – na liberdade e na 
autonomia. A consciência deste tripé se frutifica pela ação educativa, que constrói no 
ser humano a capacidade para incorporar estes valores. 
 
ESCOLA E EDUCAÇÃO 
A escola é uma das mais importantes instituições da sociedade, pois a maioria 
dos indivíduos passa pelo menos um período de tempo inserido nesse contexto. É uma 
das principais bases para a formação social do indivíduo, além da educação das 
disciplinas e seus conteúdos, é através dela que também são repassados os valores 
sociais, morais e éticos. 
Essa instituição funciona de forma organizada, seus atores são alunos, 
professores, equipe pedagógica, funcionários administrativos e de apoio, essas pessoas 
tem horários a serem cumpridos, metas a alcançarem, um sistema de avaliação e uma 
ordem estrutural hierárquica, mas todos inseridos dentro do mesmo contexto. Setton 
(1999) citando Durkheim explica que a escola é definida como espaço público, a serviço 
de toda a sociedade, ela garantiria a comunhão de idéias e o fortalecimento do espírito 
coletivo e comunitário. 
É baseado nisso, no conceito de que a escola desempenha o papel de formadora 
de cidadãos, que se entende que a escola é um local de educação. Educação é, então, 
uma estratégia para repassar informações e valores aos alunos, Setton (1999) aponta 
que, para Durkheim, constitui-se na prática de formar e cultivar espíritos e o caráter dos 
indivíduos. Ela tem a função e a responsabilidade de proporcionar aos sujeitos a sua 
humanização, a realização da sua verdadeira natureza. É um projeto exterior, construído 
por toda a sociedade, mas que visa à modelagem interior dos agentes. Ela ainda explica 
que “o objetivo da prática educacional é, pois, transmitir um conteúdo moral – normas e 
valores – a fim de garantir a convivência social harmônica”. 
Inserido nesse contexto existe o professor, este é um dos mediadores entre o 
conhecimento e o aluno, é um agente da escola que tem como objetivo ensinar tanto o 
conteúdo da disciplina quanto os valores sociais que são considerados importantes para 
sociedade que estão inseridos. Assim, o professor 
 
ao dar uma aula, não desenvolve apenas o conteúdo da sua disciplina. Acaba 
por influir muito na forma de como o aluno poderá entender a sociedade em 
que vive, com isso queremos dizer que um professor sempre revela aos seus 
alunos as suas opiniões sobre o que acontece na sociedade ou na escola, 
sempre acaba colocando seus valores e concepção de vida. Por isso ao dar 
suas aulas, todo o professor faz mais do que desenvolver um conteúdo: influi 
nas concepções de vida do aluno. (MEKSENAS, 1991). 
 
Embora o conceito de professor seja universal, a concepção deste conceito é 
construída conforme o aluno se desenvolve, e cada um deles tem uma visão diferente do 
mestre, em momentos específicos do ciclo de aprendizagem. 
Segundo Meksenas (1991) existem dois tipos de professores, o professor 
reprodutor e o professor transformador, a diferença entre eles é que o professor 
reprodutor tem uma boa postura autoritária, parte do princípio de que só ele sabe o 
conteúdo da disciplina, não valorizando o debate e o diálogo com o aluno. O professor 
transformador admite que o aluno é um ser humano que desenvolve uma série de 
experiências e que estas ajudam a enriquecer o conteúdo, ele valoriza o debate e o 
diálogo com o aluno. 
As atividades da escola em sua totalidade são voltadas para os alunos, pois eles 
são um dos principais personagens. A concepção de aluno pode ser definida como: 
 
Um elemento dinâmico que deve re-criar o conhecimento junto com o 
professor. O aluno é um agente social que leva para a escola uma série de 
experiências acumuladas do cotidiano, essas tornam o aluno capaz de 
reelaborar os conceitos emitidos pelo professor. É nessa contraposição entre a 
experiência do professor e a experiência do aluno que o conhecimento se faz. 
(MEKSENAS, p.101, 102). 
 
 A definição de aluno é universal, mais não se pode esquecer que cada aluno 
como indivíduo vive uma realidade diferente, devido a isto em uma sala de aula são 
encontradas diversas culturas, que precisam ser respeitadas, livre de discriminação e 
preconceito. 
 
AUTORIDADE E AUTONOMIA 
Quando se fala em professor e aluno faz-se referência a poderes e 
consequentemente o entendimento que se tem deles, como por exemplo, o porquê de um 
aluno aceitar a situação sem críticas quando um professor aplica uma avaliação surpresa 
ou quando o coordenador pede aos alunos para não gritarem no corredor na hora do 
recreio e eles ficam quietos. 
Por tais motivos, tomando por base Ferreira (1994) e Johnson (1995), conceitua-
se poder como a capacidade que um determinado indivíduo temde controlar ou alterar 
os comportamentos, eventos ou recursos, fazendo com que aconteça aquilo que a pessoa 
quer, a despeito de obstáculos, resistências ou oposições. Ferreira (1994) ressalta ainda 
que o poder é inexistente quando alguém ordena outro a fazer algo que este já faria de 
vontade própria. 
No interior da escola são exercidas duas formas de poder que se destacam, a 
autoridade e a autonomia. De acordo com França no Dicionário Analógico da Língua 
Portuguesa, autoridade e autonomia são definidos como atos da vontade, ter autonomia 
é governar, comandar, dominar, ter competência, força, predomínio sobre si mesmo e 
sobre o mundo exterior. Ter autoridade é encarar o poder, mandar sancionar, ser 
detentor de, exercer soberania sobre. A autoridade normalmente é percebida como 
aquela que submete aos seus desígnios, e a autonomia é a emancipação de toda e 
qualquer espécie de sujeição a essa autoridade. 
A autoridade só acontece quando o indivíduo permite que ela seja exercida sobre 
ele, em razão disso Francisco (1999) salienta que a autoridade é uma forma singular de 
poder. Ela é um poder que se exerce não em benefício daquele que o retêm, mas sim 
daquele que se submete a ele. O mestre não fará aquilo que quiser com o aluno, ele não 
tem a liberdade de fazer o que bem entender com o aluno. Ele só pode fazer o que for 
“bom” para este, isso do ponto de vista do seu crescimento e da sua promoção. Nesse 
sentido, o mestre, ao exercer o seu poder, o seu comando, não está manifestando as suas 
vontades pessoais, ele não exerce esse poder no seu interesse e vantagem. Pois se fosse 
assim esse poder não seria mais autoridade e sim apenas um poder tirânico. Dessa 
forma: 
 
A autoridade é um poder exercido em benefício do aluno e é precisamente por 
isso que ela é um poder consentido por este. O aluno no contrário só aliena seu 
poder de se auto-conduzir e de seguir as suas próprias vontades para fazer o 
que manda o mestre porque ele vê uma vantagem nisso, porque esse poder é 
exercido pelo mestre, mas não no seu próprio interesse, e sim interesse dele, 
aluno. Desse modo, apesar de estar sendo conduzido, ele não está se 
submetendo a uma vontade estranha a si – como seria se obedecesse à vontade 
pessoal do mestre - mas a um comando que é do seu interesse, ainda que esse 
comando possa não coincidir com a sua vontade imediata. (FRANCISCO, 
1999). 
 
 A autoridade e a autonomia só acontecem quando o indivíduo dá liberdade para 
elas serem exercidas. O professor pode usar da autoridade ou autonomia, para 
demonstrar qual o poder que ele possui perante seus alunos e assim proporcionar a 
ordem necessária que precisa para ministrar suas aulas e repassar o conteúdo da 
disciplina. 
 Deste modo a autoridade e a autonomia funcionam como poder, mas de uma 
maneira funcional. Os alunos se submetem a elas por vontade própria, pois eles aceitam 
o fato de que essas ordens ocasionam benefícios para eles mesmos, ou assim o crêem. 
Dentro dessa discussão é necessária à explicitação das diversas formas de como a 
autoridade pode ser interpretada e exercida, Johnson (1995) citando Weber afirma que 
existem três tipos de autoridades e uma quarta que é um postulado contemporâneo, são 
elas: 
A autoridade Racional-legal ou de lei: Onde as pessoas acreditam que as leis 
representam uma decisão coletiva sobre a melhor forma de os indivíduos conviverem 
em sociedade, o individuo que exerce autoridade racional-legal o faz porque os códigos 
concedem essa autoridade a quem quer que ocupe essa posição. Ou seja, baseia-se em 
normas formalmente promulgadas, em geral codificadas, embora nem sempre em forma 
escrita. 
A autoridade Tradicional ou de tradição: Modelo em que as pessoas se 
submetem porque na sua sociedade é costume obedecer a determinadas pessoas. Baseia-
se em um senso coletivo não-codificado que diz que ela é antiga e correta e que, por 
conseguinte, deve ser aceita como legítima. 
A autoridade Carismática ou de carisma: O líder carismático obtém obediência 
porque seus seguidores acreditam que ele tenha algum poder sobre-humano. Baseia-se 
na atribuição social de características ou capacidades extraordinárias a uma pessoa. 
Nota-se que a autoridade fundamenta-se não nas próprias características, mas na 
atribuição dessas características por aqueles que reconhecem a autoridade como 
legítima. Essa distinção é de importância crucial, pois destaca o fato de que a autoridade 
carismática é socialmente concedida e pode ser retirada, se o líder deixar de ser 
considerado uma pessoa extraordinária. Tal como a autoridade tradicional, a carismática 
não é codificada, mas, ao contrário da tradicional e da racional-legal, liga-se a pessoa e 
não ao status social por ela ocupado. 
A autoridade Profissional ou de conhecimento: O conhecimento se transforma 
em poder na medida em que obedecemos às ordens que nos são dadas porque tais 
comandos estão baseados num conhecimento que se considera correto. Portanto o 
emissor da ordem é detentor de um saber que aceitamos e respeitamos. 
Em razão disso explica-se a outra forma de poder, a autonomia. Ela é o exercício 
da liberdade, segundo Aranha (2000), “liberdade não é algo que nós é dado, mas uma 
conquista do homem ao longo de seu amadurecimento, de modo que ele aprende a ser 
livre. Além disso, a educação autêntica só pode ser a educação para a liberdade – e por 
meio dela - a fim de que não se torne adestramento ou doutrinação”. Na educação, a 
liberdade é necessária, para que os indivíduos a que ela (educação) estão vinculados não 
se tornem condicionados a imposição do poder social, para que eles possam fazer suas 
escolhas e tomar em ação a própria autonomia. 
Durante uma aula, na maioria das vezes, podemos observar o exercício da 
autonomia, pois o professor pode escolher qual forma ele acha mais interessante para 
repassar o conteúdo, e consequentemente os alunos podem questionar o professor sobre 
estes assuntos. 
 
Para Rodrigues (2001) há três tipos de autoridade que se destacam: 
O da autonomia da vontade, o da autonomia física e o da autonomia intelectual. 
O sujeito se torna autônomo, no primeiro plano, quando capaz de estabelecer 
relações de equilíbrio racional entre suas emoções e paixões. Igualmente, ao se 
tornar capaz para assumir a responsabilidade pelo próprio corpo e as relações 
equilibradas com o mundo natural. E, acima de tudo, quando determinar e 
escolher livremente os meios e os objetivos de seu crescimento intelectual e as 
formas de inserção no mundo social. Preenchidas essas condições, ele pode ser 
reconhecido como sujeito social. O sujeito social autônomo é aquele que 
circula e atua no conjunto da vida social de forma independente e participativa. 
Para isso, requer-se que ele também seja capaz de estabelecer juízos de valor e 
assumir responsabilidades pelas escolhas. 
 
A autonomia não é adquirida de uma hora para outra, ela vai sendo construída ao 
longo da convivência social, enquanto a pessoa forma sua individualidade. Nesse 
sentido, o processo da educação e a escola funcionam como fatores e facilitadores para 
a formação e desenvolvimento dessas características individuais e para o convívio 
social, por serem ambos, fenômeno e espaço heterogêneos. Vale ressaltar que, por mais 
que a autonomia seja o exercício da liberdade ela não deixa de ser uma forma de poder. 
O autor Ferreira (1994) ainda explica que as maneiras como o poder pode ser 
exercido são caracterizados em relação aos detentores do mesmo com aqueles que 
institucionalmente lhes são subordinados, ou seja, poder é exercido em função de quem 
o mantêm, para quem é hierarquicamente subalterno a ele. 
Essas maneiras de poder se dão de duas formas, o poder de coerção: onde o 
detentor do poder recorre ao uso ou a ameaça do uso da violência para conseguir 
obediência, sendo que a essa não precisa ser necessariamentefísica. Ações como a 
expulsão de um aluno da sala de aula ou do colégio, a demissão de um funcionário ou a 
prisão de alguém expressam o uso de mecanismos coercitivos. Lembrando que tais 
mecanismos não precisam ser usados para ser eficientes, a simples ameaça de usá-los 
pode gerar a submissão. 
E o poder de persuasão, neste caso o detentor do poder se utiliza do 
convencimento para conseguir que os seus comandos sejam cumpridos. Devido a esse 
caráter de convencimento, a obediência às ordens não é entendida como sujeição. 
Assim, essas maneiras de poder determinam, especificam e categorizam o potencial de 
poder, graduando quem o possui, quem o exerce e quem age por causa dele. 
 
 
 
O CONCEITO DE VALORES 
 Como já explicado o ser humano é um ser social, construído por essa sociedade 
através da cultura, da educação, de suas próprias características e das interpretações que 
tira das relações sociais, inclusive do poder que é exercido no ambiente a sua volta. Ao 
passo que o homem interpreta, ele dá importância às experiências por que passa, daí 
surgem os valores. 
Valor é o resultado do ato de valorizar, ou seja, o sentido de atração ou repulsa 
que se atribui a algo, sejam situações, características pessoais e sociais ou ações em 
geral. Alguns desses valores podem ter uma carga genética, outros aprendidos no 
convívio social, mas o que importa é que eles estão intimamente ligados ao homem, não 
como algo que os controla, mas sim que está “ali”, contribuindo passivamente para uma 
determinada escolha. 
Aranha (2000) cita que “diversos são os valores, entre eles econômicos, vitais, 
lógicos, éticos, estéticos, religiosos, abraçando todos os níveis da vivência humana, o 
que nos leva a concluir que é impossível viver sem eles”. 
 Como exemplo de constantes inatas no ser humano cita-se a reportagem feita por 
Lamela (2008) que entrevista pesquisadores da Agência Efe Hasse Walum, do 
Departamento de Epidemiologia Médica e Bioestatística do Karolinska, eles afirmam 
que o alelo 334, responsável pelo receptor de arginina-vasopressina, um hormônio que 
está presente no cérebro da maior parte dos mamíferos é um dos variantes para a 
infidelidade masculina, levando em conta que infidelidade, assim como 
responsabilidade, ética e egoísmo são valores sociais. Ao passo que valores culturais, 
segundo Johnson (1995) é uma idéia comum sobre como alguma coisa é classificada em 
termos de desejabilidade, mérito ou perfeições sociais relativas, ou seja, valores são 
considerações em comum que se fazem em função de eventos, com o objetivo de 
classificar virtualmente essas situações. 
Enfim, os valores fazem parte da cultura e o homem modifica-a e é modificado 
por ela, ou seja, cada cultura ou grupo social é diferente entre si, por valorizarem 
diferentes atributos, mas o que importa são as interpretações que seus integrantes 
aplicam as experiências observadas, para então formarem os valores. Assim, os 
conceitos de valores são interpretados de diferentes formas de acordo com a cultura que 
a pessoa esta inserida e de sua identidade pessoal, assim os valores sociais e pessoais 
são formados, continuando o ciclo. 
A IDENTIDADE 
Vale pontuar que existe uma grande diferença entre Identidade e Personalidade. 
Ao passo que a personalidade é muitas vezes vista como algo imutável, ou com 
mutações muito sutis, a identidade é algo mais maleável, corrente, construída 
principalmente pela subjetividade e pelas relações sociais. 
De acordo com Johnson (1995) a identidade, ou self, é o conjunto de percepções 
sobre quem somos, em relação a nós mesmos, aos outros e aos sistemas sociais, ele é 
organizado em torno de um auto-conceito, ou seja, as idéias e sentimentos que temos ou 
entendemos sobre nos mesmos e o nosso ambiente. 
 Em conjunto com essas percepções, idéias e sentimentos formam nosso “modo 
de ser”, o processo pelo qual a personalidade identifica um sentimento como “ideal” 
para o momento chama-se subjetividade, que é um dos pontos que diferencia cada ser 
humano de outro, entende-se assim, que subjetividade é o modo como a pessoa 
interpreta a realidade, sua maneira de pensar única e exclusivamente sobre suas 
experiências. 
A individualidade é formada e caracterizada pelas ações e decisões tomadas 
pelos sujeitos, são as características peculiares e especiais de uma pessoa, que a torna e 
a faz pensar diferente dentro de uma sociedade. Estas duas instâncias estão 
intrinsecamente ligadas, uma – subjetividade - coagindo em função da outra – 
individualidade -, para então formar a identidade pessoal ou self. 
 Em um nível mais estrutural, Johnson (1995) afirma que o self baseia-se também 
em idéias culturais sobre os status sociais que as pessoas ocupam. Esse componente de 
auto-conceito, que se baseia nos status social ocupado pelos indivíduos, é conhecido 
como identidade social. 
 Uma parte importante do self é o “eu ideal”, que consiste de idéias sobre quem 
deveríamos ser, e não sobre quem realmente somos, é um padrão ao qual medimos esse 
conceito, em outras palavras, o que realmente pensamos sobre quem somos. A 
identidade é socialmente construída, no sentido de ser moldado através de interações 
com outras pessoas e por utilizar materiais sociais sob a forma de imagens e idéias 
culturais. 
Hall (2003) parafraseando Mead e Cooley coloca três concepções de identidade, 
das quais apenas duas serão apresentadas. Numa delas, a Concepção de Identidade de 
Sujeito Sociológico, ele afirma que a noção desse sujeito reflete a complexidade e a 
evolução do mundo moderno, assim, a consciência de um “eu real” em relação às 
pessoas e experiências que lhes são importantes é o que forma a identidade. Em outras 
palavras, com essa visão de sujeito sociológico - que hoje é a concepção clássica de 
sujeito, ou self -, a identidade é formada na “interação” entre o eu e a sociedade. O 
sujeito em essência, ou seja, o “eu real”, formando e sendo formado a partir do diálogo 
continuo com os mundos culturais e as identidades que eles oferecem. 
A identidade, nessa concepção sociológica, preenche o espaço entre o eu 
“interior” e o “exterior” – entre o mundo pessoal e o mundo público. O fato que 
projetamos a “nós próprios” nessas identidades culturais, ao mesmo tempo em que 
internalizamos seus significados e valores, tornando-os “parte de nós”, contribui para 
alinhar nossos sentimentos subjetivos com os lugares objetivos que ocupamos no 
mundo social e cultural. 
Já a segunda concepção de Identidade do Sujeito Pós-moderno, Hall afirma que 
o sujeito não tem uma identidade fixa, permanente e essencial, mas sim várias 
identidades, formadas e transformadas continuamente em relação às formas pelas quais 
somos representados ou interpelados nos sistemas culturais que nos rodeiam. O sujeito 
assume diferentes identidades em diferentes situações, momentos e circunstâncias, 
identidades que não são unificadas ao redor de um “eu” coerente, mas sim construídas 
com o que a personalidade do sujeito identifica como mais gratificante ou ideal para 
determinado momento. 
 
À medida que os sistemas de significação e representação cultural se 
multiplicam, somos confrontados por uma multiplicidade desconcertante e 
cambiante de identidades possíveis, com cada uma das quais poderíamos nos 
identificar – ao menos temporariamente. (HALL, 2003). 
 
E é justamente essa identidade que nos mantêm inertes - ou nos estabiliza - na 
estrutura social. A identidade é definida historicamente, diferente da personalidade que 
é definida biologicamente. 
 Silva (2000) comentando Hall e Woodward, coloca que a identidade é 
relacional, e a diferença, que é a demonstração da individualidade, é estabelecida por 
uma marcação simbólica. A representação, compreendida como um processo cultural 
estabelece identidades individuais, coletivas e os sistemas simbólicos nos quais ela se 
baseia. Incluitambém as práticas de significação e os sistemas simbólicos por meio dos 
quais os significados são produzidos, posicionando-nos como sujeito. É por meio dos 
significados produzidos pelas representações que damos sentido à nossa experiência, 
aquilo que somos e aquilo que podemos nos tornar, eis o conceito de self, que é a união 
entre identidade e individualidade que Johnson (1995) conceitua, o conjunto de idéias, 
sentimentos e percepções sobre quem somos em relação a nós mesmos, aos outros e aos 
sistemas sociais, além do “eu ideal” que consiste na idéia sobre quem deveríamos ser, e 
não sobre quem realmente somos. 
De acordo com Silva (2000) a compreensão que temos sobre nosso eu, envolve 
os pensamentos e as emoções conscientes e inconscientes que constituem nossas 
concepções sobre quem somos e a influência de nossas representações. Entretanto, nós 
vivemos nossa subjetividade em um contexto social no qual a linguagem e a cultura dão 
significado à experiência que temos de nós mesmos e no qual adotamos uma identidade. 
Quaisquer que sejam os conjuntos de significados construídos pelos discursos, eles só 
podem ser eficazes se nos recrutam como sujeitos. O conceito de subjetividade permite 
uma exploração dos sentimentos que estão envolvidos no processo de produção da 
identidade e do investimento pessoal - seja ele material ou não. Ele nos permite explicar 
as razões pelas quais nos apegamos as identidades particulares. 
 
CONCLUSÃO 
Entende-se assim, que os valores são parte da identidade, intrinsecamente 
ligados à subjetividade, sendo formados a partir das interpretações que uma pessoa faz 
de algo, valorizamos então, para dar sentido ao nosso mundo, usamos os valores não 
para comparar, mas para categorizar. Por esse motivo interligam-se esses conceitos 
como promotores de mudança, efeito esse que é iniciado em um ambiente heterogêneo, 
a escola, lugar determinante de identidades devido aos diversos grupos inseridos em seu 
contexto, e como o homem é um ser cultural por essência, precisa do convívio social 
para então entender a si mesmo e ter o poder de transformar o meio em que vive e 
consequentemente ser transformado por ele em mesma proporção e intensidade. 
Os alunos são mais suscetíveis à influência que essas mudanças proporcionam, 
por estarem em formação de identidade, construindo conhecimento em conjunto com o 
sistema educacional. Essa situação propicia então a formação das cadeias de poder, 
onde hierarquicamente cada indivíduo exerce o poder que lhe é cabido. 
Por isso os alunos tendem a obedecer, de uma maneira ou outra, os professores, 
sejam coagidos ou persuadidos a tal. Agora, o porquê de obedecerem entra em pauta os 
tipos de poder, que podem ser interpretados pelos alunos de varias maneiras, por o 
professor possuir carisma ou ter conhecimento mais abrangente sobre determinado 
assunto ou simplesmente pelo aluno acreditar que estudar seja uma tradição, assim 
como obedecer ao professor também o seja, ou ainda por acreditarem que a ordem do 
mestre seja para um fim benéfico para si. 
Assimilando esses conhecimentos analisam-se os conceitos de autonomia e 
autoridade, essas duas são instâncias que qualquer pessoa pode exercer, ao passo que 
um professor pode ter autonomia dentro de uma sala para repassar um conteúdo e 
autoridade para manter a ordem na sala, o inverso pode acontecer, ou seja, uma sala de 
aula, mais especificamente um aluno, pode ter a autonomia - que foi conquistada 
durante a sua vida dentro da escola - para inverter a discussão posta no momento e a 
autoridade de não permitir que um professor repasse sua disciplina incentivando essa 
sala de aula a gerar desordem, a chamada bagunça. 
 Nesse contexto de repasse de valores e na interação entre professor e aluno é que 
se produz o conhecimento, o qual é utilizado pelo estudante para suas formação e 
relação social. 
 
REFERÊNCIAS 
 
SETTON, Maria da Graça J. As transformações do final do século: resignificando os 
conceitos de autoridade e autonomia. In: Autoridade e Autonomia na escola: 
Alternativas Teóricas e Práticas. Summus Editorial. São Paulo. 1999. 
 
FRANCISCO, Maria de Fátima S. Autoridade e contrato pedagógico em Rousseau. 
In: Autoridade e Autonomia na escola: Alternativas Teóricas e Práticas. Summus 
Editorial. São Paulo. 1999. 
 
JOHNSON, Allan G. Dicionário de Sociologia: Guia Prático da Linguagem 
Sociológica. Ed Zahar. Rio de Janeiro. 1995. 
 
FERREIRA, Roberto Martins. Sociologia da Educação. Ed Moderna. São Paulo. 1993. 
 
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofia da Educação. Ed Moderna. São Paulo. 
2000. 
 
MEKSENAS, Paulo. Aprendendo Sociologia: A Paixão de Conhecer a Vida. 6ª ed. 
Ed Loyola. São Paulo. 1991. 
 
FRANÇA, Sonia A. Moreira. Autoridade e autonomia: fundamentos do mundo dos 
homens. In: Autoridade e Autonomia na escola: Alternativas Teóricas e Práticas. 
Summus Editorial. São Paulo. 1999. 
RODRIGUES, Neidson. Educação: da formação humana à construção do sujeito 
ético. Educação e Sociedade. V.22 n.76. Campinas. 2001. 
 
LAMELA, Anxo. Disponível em: http://g1.globo.com/noticias/mundo/0,,mul746471-
5602,00-
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Acessado em: 09/09/2008. 
 
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