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1 Ministério da Educação UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ Câmpus Curitiba Diretoria de Graduação e Educação Profissional Departamento Acadêmico de Matemática - Disciplina: Cálculo Diferencial e Integral 1 Profª Silvana Heidemann Rocha LIMITE DE FUNÇÃO REAL DE UMA VARIÁVEL REAL E CONTINUIDADE DE FUNÇÃO Exemplo de notação de função real de uma variável real: 𝑓: 𝐷 ⊂ ℝ→ ℝ, 𝑦 = 𝑓(𝑥) 1) Conceitos Preliminares Vizinhança e ponto de acumulação, no sistema linear (reta real). Observação: Ver esses conceitos num livro de Cálculo Diferencial e Integral ou no material de Pré-Cálculo. 2) Notação lim 𝑥→𝑎 𝑓(𝑥) = 𝐿 ou 𝑓(𝑥) 𝑥→𝑎 → 𝐿 sendo 𝑎 um ponto de acumulação do domínio da função real 𝑓. Consequentemente, 𝐿 é um ponto de acumulação do conjunto-imagem de 𝑓. Observação: O domínio de 𝑓 é denotado por D(𝑓) e a imagem de 𝑓 é denotada por Im(𝑓). 3) Convenção • 𝛿: raio da vizinhança do ponto de acumulação 𝑎, no eixo x; com 𝛿 > 0 • 𝜀: raio da vizinhança do ponto de acumulação L, no eixo y; com 𝜀 > 0 • 𝑥 → 𝑎+ ⇔ 𝑥 ∈ (𝑎, 𝑎 + 𝛿) obs.: 𝑥 ≠ 𝑎 ; o intervalo é aberto • 𝑥 → 𝑎− ⇔ 𝑥 ∈ (𝑎 − 𝛿, 𝑎) obs.: 𝑥 ≠ 𝑎 ; o intervalo é aberto • 𝑥 → 𝑎 ⇔ 𝑥 ∈ (𝑎 − 𝛿, 𝑎 + 𝛿) obs.: 𝑥 ≠ 𝑎 ; o intervalo é aberto 4) Definição de Limite de uma Função Real de uma Variável Real, num Ponto Dados uma função 𝑓: 𝐷 ⊂ ℝ→ ℝ, definida por 𝑦 = 𝑓(𝑥), e um ponto de acumulação 𝑎 do domínio de 𝑓, o limite de 𝑓(𝑥) quando 𝑥 se aproxima de 𝑎 é 𝐿 , e denota-se por lim 𝑥→𝑎 𝑓(𝑥) = 𝐿 , se, e somente, se ∀ 𝜀 > 0, ∃ 𝛿 > 0 / 0 < |𝑥 − 𝑎| < 𝛿 ⇒ |𝑓(𝑥) − 𝐿| < 𝜀 Observações • 0 < |𝑥 − 𝑎| < 𝛿 , com 𝛿 > 0 ⇔ −𝛿 < 𝑥 − 𝑎 < 𝛿 e 𝑥 ≠ 𝑎 ⇔ ⇔ 𝑎 − 𝛿 < 𝑥 < 𝑎 + 𝛿 e 𝑥 ≠ 𝑎 ⇔ 𝑥 ∈ (𝑎 − 𝛿, 𝑎 + 𝛿) e 𝑥 ≠ 𝑎 • |𝑓(𝑥) − 𝐿| < 𝜀 , com 𝜀 > 0 ⇔ −𝜀 < 𝑓(𝑥) − 𝐿 < 𝜀 ⇔ 𝐿 − 𝜀 < 𝑓(𝑥) < 𝐿 + 𝜀 ⇔ ⇔ 𝑓(𝑥) ∈ (𝐿 − 𝜀, 𝐿 + 𝜀) 2 5) Limites Laterais e Existência de Limite num Ponto lim 𝑥→𝑎 𝑓(𝑥) = 𝐿 ⇔ lim 𝑥→𝑎− 𝑓(𝑥) = lim 𝑥→𝑎+ 𝑓(𝑥) = 𝐿 6) Unicidade do Limite O limite de uma função 𝑓: 𝐷 ⊂ ℝ→ ℝ, definida por 𝑦 = 𝑓(𝑥), quando ele existe, ele é único. Em símbolos: lim 𝑥→𝑎 𝑓(𝑥) = 𝐿1 , lim 𝑥→𝑎 𝑓(𝑥) = 𝐿2 ⇒ 𝐿1 = 𝐿2 7) Propriedades do Limite de Função Real de uma Variável Real, num Ponto Se lim 𝑥→𝑎 𝑓(𝑥) e lim 𝑥→𝑎 𝑔(𝑥) existem, então: a) lim 𝑥→𝑎 𝑐 = 𝑐 com 𝑐 ∈ ℝ b) lim 𝑥→𝑎 𝑥 = 𝑎 c) lim 𝑥→𝑎 𝑐𝑓(𝑥) = 𝑐 lim 𝑥→𝑎 𝑓(𝑥) , com 𝑐 ∈ ℝ d) lim 𝑥→𝑎 [𝑓(𝑥) + 𝑔(𝑥) ] = lim 𝑥→𝑎 𝑓(𝑥) + lim 𝑥→𝑎 𝑔(𝑥) e) lim 𝑥→𝑎 [𝑓(𝑥) − 𝑔(𝑥) ] = lim 𝑥→𝑎 𝑓(𝑥) − lim 𝑥→𝑎 𝑔(𝑥) f) lim 𝑥→𝑎 [𝑓(𝑥) ∙ 𝑔(𝑥) ] = lim 𝑥→𝑎 𝑓(𝑥) ∙ lim 𝑥→𝑎 𝑔(𝑥) g) lim 𝑥→𝑎 [ 𝑓(𝑥) 𝑔(𝑥) ] = lim 𝑥→𝑎 𝑓(𝑥) lim 𝑥→𝑎 𝑔(𝑥) , com lim 𝑥→𝑎 𝑔(𝑥) ≠ 0 h) lim 𝑥→𝑎 [𝑓(𝑥)]𝑛 = [lim 𝑥→𝑎 𝑓(𝑥)] 𝑛 , com 𝑛 ∈ ℕ∗ i) lim 𝑥→𝑎 √𝑓(𝑥) 𝑛 = √lim 𝑥→𝑎 𝑓(𝑥) 𝑛 , com { 𝑛 ∈ ℕ∗ , lim 𝑥→𝑎 𝑓(𝑥) ≥ 0 𝑛 ∈ ℕ∗, 𝑛 ímpar, lim 𝑥→𝑎 𝑓(𝑥) ≤ 0 j) lim 𝑥→𝑎 𝑙𝑛[𝑓(𝑥)] = 𝑙𝑛 [lim 𝑥→𝑎 𝑓(𝑥) ], com lim 𝑥→𝑎 𝑓(𝑥) > 0 k) lim 𝑥→𝑎 𝑠𝑒𝑛[𝑓(𝑥)] = 𝑠𝑒𝑛 [lim 𝑥→𝑎 𝑓(𝑥) ] l) lim 𝑥→𝑎 𝑐𝑜𝑠[𝑓(𝑥)] = 𝑐𝑜𝑠 [lim 𝑥→𝑎 𝑓(𝑥) ] m) lim 𝑥→𝑎 𝑒𝑓(𝑥) = 𝑒 lim 𝑥→𝑎 𝑓(𝑥) 3 8) Teorema do Limite de uma Função Polinomial lim 𝑥→𝑏 𝑃(𝑥) = 𝑃(𝑏) com 𝑃(𝑥) = 𝑎𝑛𝑥 𝑛 + 𝑎𝑛−1𝑥 𝑛−1 + 𝑎𝑛−2𝑥 𝑛−2 +⋯+ 𝑎2𝑥 2 + 𝑎1𝑥 + 𝑎0, 𝑎𝑖 ∈ ℝ, 𝑖 = 0, 1, 2, … , 𝑛 9) Teorema do Confronto Se 𝑓(𝑥) ≤ ℎ(𝑥) ≤ 𝑔(𝑥) para todo 𝑥 pertencente a um intervalo aberto contendo 𝑎, exceto possivelmente em 𝑥 = 𝑎, e se lim 𝑥→𝑎 𝑓(𝑥) = lim 𝑥→𝑎 𝑔(𝑥) = 𝐿 , então lim 𝑥→𝑎 ℎ(𝑥) = 𝐿 10) Limite no Infinito (exemplos) lim 𝑥→+∞ 𝑓(𝑥) = 𝐿 lim 𝑥→−∞ 𝑓(𝑥) = 𝐿 10.1) Propriedades de Limite no Infinito As propriedades de limite de uma função real de uma variável real, num ponto, enunciadas anteriormente, continuam válidas se substituir-se 𝑥 → 𝑎 por 𝑥 → +∞ ou 𝑥 → −∞ 10.2) Teoremas lim 𝑥→+∞ 1 𝑥𝑛 = 0, com 𝑛 ∈ ℕ∗ lim 𝑥→−∞ 1 𝑥𝑛 = 0, com 𝑛 ∈ ℕ∗ 4 11) Limite Infinito (exemplos) lim 𝑥→𝑎 𝑓(𝑥) = +∞ lim 𝑥→𝑎 𝑓(𝑥) = −∞ lim 𝑥→𝑎+ 𝑓(𝑥) = +∞ lim 𝑥→𝑎+ 𝑓(𝑥) = −∞ lim 𝑥→𝑎− 𝑓(𝑥) = +∞ lim 𝑥→𝑎− 𝑓(𝑥) = −∞ lim 𝑥→+∞ 𝑓(𝑥) = +∞ lim 𝑥→+∞ 𝑓(𝑥) = −∞ lim 𝑥→−∞ 𝑓(𝑥) = +∞ lim 𝑥→−∞ 𝑓(𝑥) = −∞ 11.1) Teoremas lim 𝑥→0+ 1 𝑥𝑛 = +∞, com 𝑛 ∈ ℕ∗ lim 𝑥→0− 1 𝑥𝑛 = { +∞, se 𝑛 ∈ ℕ∗, 𝑛 par −∞, se 𝑛 ∈ ℕ∗, 𝑛 ímpar 11.2) Propriedades de Limite Infinito e Indeterminações As propriedades de limite de uma função real de uma variável real num ponto, enunciadas anteriormente, continuam válidas para limites infinitos, desde que o resultado obtido por meio da aplicação de tais propriedades não seja igual a uma das seguintes expressões indeterminadas: 0 0 ; ∞ ∞ ; ∞ −∞; 0 ∙ ∞; 00; ∞0; 1∞ Caso tal resultado seja uma dessas indeterminações, pode-se fazer um trabalho algébrico na função, se possível, a fim de contornar a indeterminação; por exemplo, utilizar fatoração, racionalização, teorema de L’Hospital, dentre outros. O teorema de L’Hospital se fundamenta em conhecimentos sobre derivada. Por isso, em Cálculo Diferencial e Integral 1, o uso de tal teorema só será admitido após o ensino do conteúdo curricular sobre derivada. 5 12) Limites Fundamentais a) lim 𝑥→0 𝑠𝑒𝑛 𝑥 𝑥 = 1 b.1) lim 𝑥→+∞ (1 + 1 𝑥 ) 𝑥 = 𝑒 ≅ 2,7182... b.2) lim 𝑥→−∞ (1 + 1 𝑥 ) 𝑥 = 𝑒 ≅ 2,7182... b.3) lim 𝑥→0 (1 + 𝑥) 1 𝑥 = 𝑒 ≅ 2,7182... (corolário dos limites dos itens b.1 e b.2) c) lim 𝑥→0 𝑎𝑥−1 𝑥 = 𝑙𝑛 𝑎, com 𝑎 > 0 , 𝑎 ≠ 1 6 13) Condição de continuidade de uma função 𝒇, em um ponto 𝒙 = 𝒂 Para que uma função real 𝑓 seja contínua num ponto de acumulação 𝑎, é necessário que o limite de 𝑓 em 𝑎 seja igual à imagem de 𝑓 em 𝑎. Em símbolos, tem-se: lim 𝑥→𝑎 𝑓(𝑥) = 𝑓(𝑎) Essa igualdade significa que: • a função 𝑓 está definida em 𝑎, isto é: 𝑎 ∈ 𝐷(𝑓) e 𝑓(𝑎) ∈ 𝐼𝑚(𝑓) • existe o limite da função no ponto de acumulação 𝑎, isto é: lim 𝑥→𝑎 𝑓(𝑥) = 𝐿 (o que equivale a dizer lim 𝑥→𝑎− 𝑓(𝑥) = lim 𝑥→𝑎+ 𝑓(𝑥) = 𝐿) 14) Definição de função contínua num intervalo Uma função 𝑓 definida num intervalo fechado [𝑎, 𝑏] é contínua em [𝑎, 𝑏] se, e somente se: i) 𝑓 é contínua no intervalo aberto (𝑎, 𝑏) ii) lim 𝑥→𝑎+ 𝑓(𝑥) = 𝑓(𝑎) (continuidade à direita em 𝑎 ) iii) lim 𝑥→𝑏− 𝑓(𝑥) = 𝑓(𝑏) (continuidade à esquerda em 𝑏 ) 7 15) Propriedades das funções contínuas Se as funções 𝑓 e 𝑔 são contínuas em 𝑥 = 𝑎, então: a) (𝑓 + 𝑔)( 𝑥) = 𝑓(𝑥) + 𝑔(𝑥) é contínua em 𝑥 = 𝑎; b) (𝑓 − 𝑔)( 𝑥) = 𝑓(𝑥) − 𝑔(𝑥) é contínua em 𝑥 = 𝑎;c) (𝑓𝑔)( 𝑥) = 𝑓(𝑥) 𝑔(𝑥) é contínua em 𝑥 = 𝑎; d) (𝑓/𝑔)( 𝑥) = ( 𝑓 𝑔 ) (𝑥) = 𝑓(𝑥) 𝑔(𝑥) é contínua em 𝑎, se 𝑔(𝑎) ≠ 0 , ou tem uma descontinuidade em 𝑎, se 𝑔(𝑎) = 0 . e) (𝑐𝑓)( 𝑥) = 𝑐𝑓(𝑥) é contínua em 𝑥 = 𝑎, em que 𝑐 ∈ 𝑅 16) Teoremas das funções contínuas 16.1) Uma função polinomial é contínua em toda parte. (Ou seja, é contínua em todo seu domínio) Diz-se “função contínua em toda parte” para uma função real contínua em (−∞,+∞ ) . 16.2) Uma função racional 𝑓, definida por 𝑓(𝑥) = 𝑃(𝑥) 𝑄(𝑥) , em que 𝑃 e 𝑄 são polinômios, é contínua em todo número real, exceto em 𝑥 tal que 𝑄(𝑥) = 0 . (Ou seja, é contínua em todo seu domínio). 16.3) Se lim 𝑥→𝑎 𝑔(𝑥) = 𝐿 e 𝑓 é uma função contínua em 𝐿, então lim 𝑥→𝑎 𝑓(𝑔(𝑥)) = 𝑓(𝐿) = 𝑓(lim 𝑥→𝑎 𝑔(𝑥)) Esse teorema continua válido nos casos de 𝑥 → 𝑎−, 𝑥 → 𝑎+, 𝑥 → −∞ , 𝑥 → +∞ 16.4) Se 𝑔 é uma função contínua em 𝑎 e 𝑓 é contínua em 𝑔(𝑎) , então i) lim 𝑥→𝑎 𝑓(𝑔(𝑥)) = 𝑓(lim 𝑥→𝑎 𝑔(𝑥)) = 𝑓(𝑔(𝑎)) ii) a função composta 𝑓o𝑔 , definida por (𝑓𝑜𝑔)(𝑥) = 𝑓(𝑔(𝑥)) é contínua em 𝑎 16.5) Se a função 𝑔 for contínua em toda parte e a função 𝑓 for contínua em toda parte, então a composição 𝑓o𝑔 é contínua em toda parte. 8 16.6) (Teorema do Valor Intermediário) Se 𝑓 for contínua em um intervalo fechado [𝑎, 𝑏] e se 𝑘 é um número qualquer entre 𝑓(𝑎) e 𝑓(𝑏), então existe ao menos um número 𝑥 em (𝑎, 𝑏) tal que 𝑓(𝑥) = 𝑘 . 16.7) Se uma função 𝑓 é contínua e não tem zeros em um intervalo, então 𝑓(𝑥) > 0 ou 𝑓(𝑥) < 0 para todo 𝑥 pertencente a esse intervalo. 16.8) Se 𝑓 for contínua em um intervalo fechado [𝑎, 𝑏] e se 𝑓(𝑎) e 𝑓(𝑏) forem diferentes de zero e tiverem sinais opostos, então há no mínimo uma solução da equação 𝑓(𝑥) = 0 no intervalo aberto (𝑎, 𝑏) . 17) Princípio da Aproximação Suponha que a equação 𝑓(𝑥) = 0 tenha uma raiz 𝑥0 no intervalo [𝑎, 𝑏] e que esse intervalo tenha tamanho 𝜖 = 𝑏 − 𝑎. Então qualquer número no intervalo [𝑎, 𝑏] aproxima-se de 𝑥0 com um erro de, no máximo, 𝜖, e o ponto médio do intervalo aproxima-se de 𝑥0 com um erro de, no máximo, 𝜖 2 . _______________________________________ REFERÊNCIAS ANTON, H. Cálculo: um novo horizonte. 6. ed. V. 1. Porto Alegre: Bookman, 2000. FINNEY, R. L.; WEIR, M. D.; GIORDANO, F. R. Cálculo de George B. Thomas Jr. 10. ed. v. 1. São Paulo: Addison Wesley, 2002. FLEMMING, D. M.; GONÇALVES, M. B. Cálculo A: funções, limite, derivação e integração. 5 ed. São Paulo: Makron, 1992. STEWART, J. Cálculo. 4. ed. v. 1. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003. SWOKOWSKI, E. W. Cálculo com geometria analítica. 2. ed. v. 1. São Paulo: Makron Books, 1994.
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