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Fundamentos de Direito Público
Prof. Dra. Daniela Campos Libório
Fichamento III
Ferraz Jr, Tércio Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito, Técnica, Decisão, Dominação. 6ª Edição – Revis. e Ampl. – São Paulo, Atlas, 2008;
Tércio Sampaio sustenta em sua obra que os destinatários das decisões judiciais estão seguros, pois confiam na aplicação da lei. Prossegue afirmando que o discurso dogmático é informativo e também persuasivo, ao ponto de despertar uma crença. Assim, a verdade decisória acaba reduzindo-se à decisão prevalecente com base na motivação que lhe sustenta. Daí, a importância da argumentação dogmática, utilizando-se de figuras retóricas, como perífrases, suspenções e preterições. O autor destaca que o uso das noções é dominado por estratégias de ataque e defesa. Ora, a noção é vaga e ambígua e deixada obscura com a finalidade de facilitar a adesão de todos a uma ideia. Ora, a noção é classificada a tal ponto que se passa a impressão de que ela é obviamente acertada e que era aquele o sentido de que todos procuravam. Ou, então, a noção pode ser tornada clara, mas obscurecida, retirando-a do contexto, para levantar dúvidas onde antes não havia.
Diante disso, resta evidente, segundo o autor, que a dogmática da decisão prestigia a verossimilhança, em prejuízo da verdade. Deste modo, embora seja impossível negar a verdade factual, ela nem sempre segue a verossimilhança.
Logo, na decisão, a verdade factual está sempre ligada à valoração. Valores são símbolos integradores e sintéticos de preferencias sociais permanentes. Contudo, na argumentação, pode ocorrer de os valores serem utilizados como prisma, critério posto como invariante para demarcar e selecionar o objeto.
Assim, o uso dos valores pode ter duas funções. Por exemplo, a igualdade pode ser vista como valor prisma para demarcar do sentido da distribuição de renda, mas também pode ser visualizada como valor justificador que confirme as desigualdades sociais. O que controla o uso dessas funções é a ideologia, já que ela organiza os valores, hierarquizando e sistematizando-os. Embora sejam incomunicáveis, segundo Tércio Sampaio, as ideologias polemizam, pressupondo a aceitação de uma superideologia, de modo que as ideologias passem a ser vistas como valores. Exemplifica, dizendo ser possível a convivência das ideologias antagônicas de comunistas e capitalistas na ONU ante a existência da superideologia da universalidade dos direitos fundamentais. 
Adiante, sustenta que o discurso decisório é avaliativo e decisório. Elucida que a ideologia pode ser mutável, dando como exemplo direitos relativos ao concubinato, antes proibido pela jurisprudência, mas que passou a ser aceito face a exigência de justiça. A decisão é balizada pela ideologia, indicando princípios fundamentais, guias e orientações gerais, mostrando fatores sociais a serem ponderados, determinando finalidades, metas do sistema e respondendo às premissas e postulados da argumentação.
Em face do exposto, afirma que a dogmática da decisão constrói um sistema conceitual que capta a decisão como um exercício controlado do poder, como se as relações sociais de poder estivessem domesticadas. 
Sublima-se a força, ao mesmo tempo que mitiga a carga emocional da presença da violência do direito, no sentido simbólico de ameaça. 
 Portanto, a violência, por fazer parte da natureza humana é necessário que ela esteja bem posicionada. Mas a violência também é a origem de muitos problemas para o direito, e portanto é obliqua.