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IS_Direito Penal_aula04

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EXAME DE ORDEM 2012.2
 Coordenação Pedagógica OAB 
 
EXAME DE ORDEM 
Complexo Educacional Damásio de Jesus 
 
 
CURSO INTENSIVO MODULAR – OAB 2012.2 
 
Disciplina Direito Penal 
Aula 04 
 
EMENTA DA AULA 
1. Erro de tipo 
2. Crime não consumado 
 
GUIA DE ESTUDO 
1. Erro de tipo: 
� Erro de tipo: o agente não quer o resultado, mas comete o crime; 
� Tentativa: o agente quer o resultado, mas não o consegue. 
I) Erro de tipo – arts. 20; 20, § 3º; 73 e 74, CP. 
� É dividido em 2 espécies: 
a) erro de tipo essencial: 
Conceito – é o erro que recai sobre elemento essencial do tipo legal de crime. O agente não 
tem consciência de que está presente na realidade um dos elementos do tipo. 
Consequência – exclui o dolo. 
Pode se apresentar com duas intensidades: 
• Inevitável/escusável – consequência jurídica: 
 - exclui o dolo; 
 - exclui culpa. 
• Evitável/inescusável – consequência jurídica: 
 - exclui dolo; 
 - permite a culpa se prevista em lei. 
Exemplos: 
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- “A” durante uma caçada mata “B” pensando tratar-se de um animal. Se o erro for 
inevitável a conduta de “A” será atípica, posto que praticada sem dolo ou culpa. Se o erro for 
evitável a conduta de “A” irá configurar homicídio culposo. 
- “A” subtrai a bolsa de “B” pensando ser a sua própria. Nesse caso, ainda que o erro fosse 
evitável a conduta de “A” será atípica, posto que não haja previsão de furto culposo. 
- “A” mantém ato libidinoso com “B” de 13 anos de idade pensando ter ela 15 anos de idade. 
Nesse caso, ainda que o erro fosse evitável, a conduta de “A” seria atípica, posto que não há 
previsão de estupro de vulnerável culposo. 
 
b) Erro de tipo acidental – 3 modalidades: 
• Erro sobre a pessoa – art. 20, § 3º, CP: 
Conceito – o agente por erro de representação atinge pessoa diversa da pessoa pretendida. 
Consequência – o erro de tipo acidental não exclui o dolo. O agente responde, no entanto, 
como se tivesse atingido a vítima pretendida. 
Exemplo – mãe sob influencia do estado puerperal, mata criança alheia pensando ser seu 
próprio filho. Responderá por infanticídio. 
 
• Erro na execução ou “aberratio ictus” – art. 73, CP (erro de pessoa para pessoa) 
Conceito – o agente por acidente ou erro no uso dos meios de execução, atinge pessoa 
diversa da pessoa pretendida. 
Consequência – é a mesma do erro sobre a pessoa, ou seja, o agente responde como se 
tivesse atingido a vítima pretendida. Porém, nesse caso, existe duas pessoa, a certa e a 
errada e, no caso de matar apenas a errada, eu respondo como se tivesse matado o certo, 
mas se acerta o pretendido e o errado (“aberratio ictus”) com resultado complexo, o agente 
responderá por ambos os crimes em concurso formal perfeito. 
Exemplos – “A” deseja matar seu pai, mas por erro na execução acaba atingindo um 
desconhecido. Responderá por homicídio com agravante. 
Na mesma situação, se também tiver matado o seu pai, além do desconhecido, 
responderá por crime de homicídio doloso agravado e homicídio culposo em concurso 
formal perfeito. 
 
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• Resultado diverso ou “aberratio criminis” – art. 74, CP (erro que vai de coisa para 
pessoa) 
Conceito – o agente por acidente ou erro na execução, atinge bem jurídico diverso do 
pretendido. 
Consequência – o agente responde pelo crime efetivamente praticado, se houver previsão 
de forma culposa. 
Se não houver previsão de forma culposa, só resta punir o agente só restará punir o 
agente pela tentativa do crime pretendido. A regra é punir pelo praticado de forma culposa. 
Na “aberratio criminis” com resultado complexo o agente responde por ambos os 
crimes em concurso formal perfeito. 
Exemplo – “A” atira uma pedra contra uma vidraça, mas acaba atingindo “B” matando-o. 
Responde por homicídio culposo. Se também tiver quebrado a vidraça, responderá por dano 
e homicídio culposo em concurso formal perfeito. 
 
• Erro sobre o nexo causal – não tem previsão na lei. 
Conceito – o agente planeja atingir o resultado de uma determinada forma e acaba 
atingindo de outra. 
Consequência – o erro sobre o nexo causal é irrelevante. O agente responderá pelo crime 
doloso e consumado (teoria do dolo geral). 
Exemplo – “A” pretende matar “B” a tiros. Acreditando que “B” já está morto, atira-o de um 
penhasco. Responde por homicídio doloso consumado. 
 
2. Crime não consumado – art. 14; 15; 16 e 17, CP 
� Tentativa: 
Conceito – iniciada a execução o crime não se consuma por motivos alheios a vontade do 
agente. 
Consequência – o agente responderá pela tentativa do crime pretendido, 
independentemente do resultado. 
Punição – o Brasil adota, quanto à tentativa, a teoria objetiva temperada, segundo a qual, 
salvo disposição em contrário, a pena da tentativa será reduzida de 1 a 2/3, conforme a 
proximidade da consumação. 
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�Tentativa abandonada 
Conceito – iniciada a execução o crime não se consuma pela intervenção da própria vontade 
do agente. 
A tentativa abandonada pode configurar desistência voluntária ou arrependimento eficaz. 
Na desistência o agente se abstém de prosseguir com os atos de execução. No 
arrependimento o sujeito age para impedir que o crime se consume (é sempre uma atitude 
ativa). 
Consequência – o agente só responde pelos atos já praticados (pelo resultado). 
� Tentativa inidônea 
Conceito – por absoluta ineficácia do meio ou absoluta impropriedade do objeto, é 
impossível consumar-se a infração (crime impossível). 
Consequência – art. 17, CP – o fato é atípico não se punindo sequer a tentativa.

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