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O DEVER DO ADVOGADO analise

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O DEVER DO ADVOGADO
 
Tainan Matos Déda
Osvaldina Karine Santana Borges[1][1: ]
 
RESUMO
 
Este trabalho propõe-se a fazer uma análise a respeito da ética e dever profissional do advogado, tomando como ponto de referência a obra O DEVER DO ADVOGADO, cujo autor é Rui Barbosa, demonstrando, outrossim, os direitos e deveres do advogado ressaltados na carta de Rui Barbosa, os quais foram recepcionados pelo código de ética e disciplina da OAB, bem como o direito de o acusado ter um defensor, resguardado na Constituição Federal, por meio do princípio da ampla defesa. 
 
PALAVRAS-CHAVE:Advogado; dever; direito; ética; acusado; 
 
1 INTRODUÇÃO
 
O estudo da obra parte do prefácio de Evaristo de Morais Filho, onde relata que o advogado provisionado (ou rábula) Evaristo de Morais Filho, pretendia defender o médico Mendes Tavares, acusado de ser mandante de um crime passional que, à época, foi motivo de escândalo divulgado em toda a imprensa, sendo ele aliado político do militarista Marechal Hermes da Fonseca, na campanha presidencialista de 1910, que teve como opositor o civilista Rui Barbosa, o qual era apoiado por Evaristo.
Na época, em razão da briga pela Presidência da República existente entre os militaristas e os civilistas, surgiram várias objeções por parte destes últimos, para que Evaristo não patrocinasse defesa do opositor Mendes Tavares, indeciso com esta situação, e devido a reverência intelectual que se devia a Rui, Evaristo escreveu-o uma carta, fazendo uma consulta a respeito da situação, a qual fora respondida com outra carta, e estas servirão de base para a nossa análise da ética e dever do advogado. 
 
2 CONSULTA DE EVARISTO DE MORAES
 
No dia 18 de outubro de 1911 Evaristo remeteu a carta para Rui, mestre do civilismo e da advocacia, a qual fora recebida apenas dia 20 do respectivo mês. 
Em resumo, o que continha nessa carta era a solicitação de uma solução para o desencargo da sua consciência, sobre o patrocínio da causa. Alegando, inclusive, o fato de o acusado ter sido seu colega de escola durante quatro anos, e também a recusa por parte de outros advogados em defendê-lo, chegando até a ser considerado pela opinião pública como acusado indigno de defesa.
Para finalizar a carta, Evaristo faz a pergunta: “...sem a menor quebra dos laços que me prendem a bandeira do civilismo, cometo uma incorreção partidária?”.
 
3 CARTA DE RUI BARBOSA
 
Em resposta a carta enviada por Evaristo em 26 daquele mês, em que pese o posicionamento contrário ao acusado, demonstrando-lhe repugnância, Rui responde de forma favorável ao patrocínio da defesa de Mendes Tavares.
Ressaltava que o advogado deve se utilizar da lei para proteger o acusado, combatendo a acusação, reivindicando a lealdade às garantias legais, a equidade, a imparcialidade e a humanidade do julgamento.
Quanto ao fato de o acusado ser adversário político, Rui afirma que isso não deve ser levado em consideração, pois ele, várias vezes socorreu aos inimigos sem que eles nem solicitassem o seu apoio, por considerar que acima de tudo está a justiça, e que perante ela não deve existir diferença entre amigos e inimigos.
Não existe causa indigna de defesa no âmbito criminal, mesmo aquelas em que o crime é nefasto, ou quando o advogado souber que o acusado é culpado, ele tem o dever de defender, e até quando considerá-la impossível de ser defendida, pois assim estaria tentando ocupar a função do juiz ou dos jurados nos casos de crimes dolosos contra a vida, para fundamentar o seu entendimento a respeito dessa necessidade de defesa, Rui cita os ensinamentos de célebres operadores do direito.
 
4 RESPEITOSAS OBSERVAÇÕES DE EVARISTO DE MORAIS
 
Após a resposta dada por Rui, Evaristo publica algumas observações sobre o crime. Elas são pautadas na demonstração da inexistência de provas, que comprovassem todos os fatos divulgados pela imprensa, os quais serviram de base para que Rui afirmasse que a tarefa da defesa seria árdua.
Ao final, demonstra convicção de que o pré-julgamento feito por Rui, e pela impressa, bem como as provas inexistentes criadas por esta, serão desfeitas para que seja conquistada a justiça. O que foi alcançado posteriormente com a absolvição de Mendes de Tavares.
 
5 A ÉTICA E O DEVER DO ADVOGADO 
 
Em uma análise ao Estatuto da OAB, relacionando com a carta de Rui Barbosa, em especial no momento em que ele afirma que Evaristo, ao aceitar o patrocínio da causa, estará indo ao encontro da impopularidade, e que independente dessa situação o apoiou na defesa do acusado, conclui-se que os ensinamentos do grande jurista foram recepcionados no artigo §2°, artigo 31, do referido estatuto.
 
Art. 31. O advogado deve proceder de forma que o torne merecedor de respeito e que contribua para o prestigio da classe e da advocacia.
§2°Nenhum receio de desagradar a magistrado ou a qualquer autoridade, nem de incorrer em impopularidade, deve deter o advogado no exercício da profissão (grifo nosso).
 
Em seu artigo 33, o estatuto estabelece que o advogado deve cumprir os deveres dispostos no Código de Ética, e logo abaixo, no parágrafo único do referido artigo dispõe de forma genérica, e não exauriente, os deveres do advogado, dentre eles está a recusa do patrocínio, assistência jurídica, publicidade, pontos que foram muito debatidos na obra. 
No que diz respeito a recusa no patrocínio da causa, como foi um dos pontos principais da obra, faz-se imperioso ressaltar que o advogado somente deve recusá-la quando a causa for imoral ou contrária a ética, de acordo com o que dispõe o Código de Ética e disciplina da OAB, em seu artigo 20. 
Em seu artigo seguinte, o Código de Ética estabelece que "é direito e dever do advogado assumir a defesa criminal, sem considerar sua própria opinião sobre a culpa do acusado", em que pese posicionamentos contrários, alegando inclusive a impossibilidade de o advogado se recusar a defender um acusado por razões de consciência, me filio ao entendimento que ele pode recusar o patrocínio, desde que tenha justa causa. Ainda, no citado artigo, é estabelecido que o advogado não deve levar em consideração sua opinião a respeito na culpa do acusado, pois o seu papel é apenas alegar o que for favorável ao seu cliente, com a finalidade de equilibrar o processo.
Além desses deveres já ressaltados, o advogado tem outros no exercício da sua profissão, considerados pela doutrina, que podem ser separados em: deveres pessoais; deveres para com os tribunais; deveres para com os colegas, e deveres para com os clientes. Como exemplo de deveres pessoais é possível citar a lealdade, a probidade, a delicadeza no trato, e a dignidade da conduta. Nos deveres para com os tribunais, tem-se a atitude digna e respeitosa, o respeito à verdade e à lei, o respeito aos prazos legais e judiciais, e a pontualidade. Os deveres para com os colegas são: a cordialidade, disciplina ética, o respeito e a colaboração. E, por fim, são deveres do advogado para com os clientes: a dedicação, a relação direta com o cliente, e o espírito de conciliação.
 
6 DIREITO DO ACUSADO
 
Além de dever do advogado em patrocinar a causa, é um direito que assiste ao acusado, direito este resguardado em nossa Carta Magna.
Em seu artigo 5°, inciso LIV, a Constituição estabelece que "ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”, e, por conseguinte, em um processo, deve ser assegurado o contraditório e a ampla defesa, conforme estabelece o inciso LV do referido artigo, a qual engloba a autodefesa e a defesa técnica. Essa defesa técnica deve ser exercida por meio de advogado, que deverá promover a defesa de mérito do seu cliente, e zelar pela correta aplicabilidade de todos os princípios resguardados na Constituição, o que demonstra que todo acusado deve ter um defensor.
Ainda, para melhor fundamentar o que foi afirmado acima, faz-se necessário ressaltar o que estabelece o artigo 261 do Código de Processo Penal que “nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado ou julgado sem defensor”,o que nos faz concluir que, independente da vontade do acusado, a defesa técnica por parte do advogado é indispensável. 
 
CONCLUSÃO
 
Diante de toda analise feita acerca do caso relatado na obra, e dos deveres do advogado na atualidade, é possível chegar à conclusão de que, independente da gravidade do crime praticado pelo acusado, da repercussão por ele alcançada na mídia, da opinião pública contrária a ele, é dever do advogado patrocinar a causa, independente até da sua opinião sobre a culpa do acusado, devendo fazê-lo sem medir esforços para que seja alcançada a justiça.
Nesse ínterim, é importante ressaltar os ensinamentos do grande mestre Martiniano J. da Silva[2]:[2: ]
 
Assim, por pior que seja o crime, e mesmo com opinião pública contrária ao réu, é dever do advogado assumir a causa. Seu compromisso com o direito e com o cliente deve ser sagrado, devendo por nesse compromisso toda a sua coragem, toda a sua energia e todo seu saber, no intuito de alcançar a justiça em âmbito comutativo e distributivo social.

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