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Fundamentos da Biblioteconomia e Ciência da Informação - Mariza Russo

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Mariza Russo
Fundamentos de 
Biblioteconomia e
Ciência da Informação
Rio de Janeiro, 2010
Coleção Biblioteconomia e 
Gestão de Unidades de Informação
Série Didáticos - n. 1
© Mariza Russo/E-papers Serviços Editoriais Ltda., 2010.
Todos os direitos reservados a Mariza Russo/E-papers Serviços Editoriais Ltda. 
É proibida a reprodução ou transmissão desta obra, ou parte dela, por qualquer 
meio, sem a prévia autorização dos editores.
Impresso no Brasil.
ISBN 978-85-7650-262-3
Projeto gráfico, diagramação e arte-final de capa
Livia Krykhtine
Concepção da capa
Claudio Reis de Brito, Cristiane Pereira Gabril, Maria da Conceição Ferreira 
Messias e Maria Terezinha Mercadante A. Cheve (graduandos do curso de 
Biblioteconomia e Gestão de Unidades de Informação da Universidade Federal 
do Rio de Janeiro).
Revisão
Helô Castro
Esta publicação encontra-se à venda no site da
E-papers Serviços Editoriais.
http://www.e-papers.com.br
E-papers Serviços Editoriais Ltda.
Rua Mariz e Barros, 72, sala 202
Praça da Bandeira – Rio de Janeiro
CEP: 20.270-006
Rio de Janeiro – Brasil
Russo, Mariza.
Fundamentos em Biblioteconomia e Ciência da Informação/
Mariza Russo. - Rio de Janeiro : E-papers Serviços Editoriais, 2010.
178 p. : il. ; 21 cm. – (Coleção Biblioteconomia e Gestão de 
Unidades de Informação. Série Didáticos ; n. 1)
Bibliografia ao final dos capítulos.
Inclui glossário de termos.
ISBN: 978-85-7650-262-3
1. Biblioteconomia. 2. Ciência da Informação. I. Série. II. Título.
Sumário
5 Apresentação
9 Introdução
 UNIDADE 1
14 Dado x informação x conhecimento
22 O conhecimento e o processo de comunicação
30 O ciclo da informação
 UNIDADE 2
36 A Biblioteconomia e suas relações com a Arquivologia, a 
Museologia e a Documentação como áreas afins
43 A Biblioteconomia e a Ciência da Informação: paradigmas 
e interdisciplinaridade
58 História da Biblioteconomia e da Ciência da Informação no 
Brasil
71 Influências do uso da Informática e sua aplicabilidade na 
Biblioteconomia e na Ciência da Informação
 UNIDADE 3
88 A formação profissional do bibliotecário: ensino de 
graduação e de pós-graduação
101 O perfil do profissional e o bibliotecário gestor
119 O mercado de trabalho e as perspectivas da profissão
 UNIDADE 4
134 Os organismos de classe nacionais e internacionais: missão 
e atribuições
145 Legislação da profissão
152 O código de ética profissional
157 Considerações finais
160 Glossário
Fundamentos de Biblioteconomia e Ciência da Informação 5
Apresentação
Esta obra, de caráter estritamente didático, se 
constitui em uma compilação de temas abordados 
em várias outras obras editadas na área de Biblio-
teconomia e Ciência da Informação, as quais são 
devidamente citadas, ao longo do texto, e referen-
ciadas, ao final de cada uma de suas partes.
O objetivo principal desta iniciativa é apresentar – em um só vo-
lume – textos relevantes para embasar a disciplina Fundamentos 
de Biblioteconomia e Ciência da Informação (FB&CI), ministrada 
pela autora, no Curso de Biblioteconomia e Gestão de Unidades 
de Informação (CBG), da Universidade Federal do Rio de Janeiro 
(UFRJ).
Um dos interesses em lançar esta publicação reside no fato 
de que muitas obras nas áreas de Biblioteconomia e Ciência da 
Informação são publicadas e não reeditadas, quando de sua pri-
meira tiragem esgotada.
Devido a esta particularidade, decidiu-se optar pela utiliza-
ção de duas tecnologias emergentes – a edição eletrônica e a im-
pressão sob demanda – que estão sendo aplicadas, modernamen-
te, para facilitar não só a atualização das obras, mas também para 
diminuir problemas que ocorriam com a logística de distribuição, 
manutenção dos estoques dentre outras.
Em função destas facilidades, esta publicação – que está di-
vidida em quatro Unidades, cada uma delas abordando, separa-
damente, os diferentes tópicos da disciplina FB&CI – passará por 
atualizações anuais, frutos dos estudos e discussões realizadas a 
cada edição da disciplina no CBG.
Este trabalho apresenta, ainda, outras duas contribuições de 
grande utilidade para os leitores, que são: a) cerca de 80 notas de 
6 Apresentação
referência, que foram adicionadas às abordagens teóricas, exem-
plificando alguns pontos ou acrescentando dados atualizados a 
outros, a fim de complementar as informações para os leitores; b) 
um glossário com a conceituação de termos utilizados nos textos 
apresentados, que contém, ainda, dados biográficos das persona-
lidades ilustres citadas1.
Cabe, ainda, ressaltar que esta obra se constitui no primei-
ro número da Série Didáticos, da Coleção Biblioteconomia e Ges-
tão de Unidades de Informação, planejada pela equipe de criação 
do CBG, desde a concepção do curso, com a finalidade de trazer 
para alunos e professores oportunidades de ampliar seus conhe-
cimentos, divulgar resultados de seus trabalhos e de suas pes-
quisas etc. Com isso, esta Coleção pretende servir como canal de 
comunicação dinâmico, nas áreas de Biblioteconomia, Ciência da 
Informação e Gestão de Unidades de Informação, contribuindo, 
assim, para proporcionar maior visibilidade das mesmas para a 
sociedade.
1. Para facilitar sua identificação, os termos incluídos neste glossário estão edita-
dos em versalete nos respectivos textos, na primeira vez em que são menciona-
dos.
“Comece fazendo o que é necessário depois o que é 
possível, e de repente você estará fazendo o impos-
sível” (São Francisco de Assis).
Fundamentos de Biblioteconomia e Ciência da Informação 9
Introdução2
O interesse na criação de um curso de Biblioteconomia, na UFRJ, 
vem desde a inauguração da Biblioteca Central da Universida-
de, em 1950, quando se pensou em construir um prédio de oito 
andares – que abrigasse esta Biblioteca – cujo último piso seria 
dedicado ao curso de Biblioteconomia.
Este projeto baseava-se na visão vanguardista da primeira 
diretora da Biblioteca Central – a bibliotecária LYDIA DE QUEIROZ 
SAMBAQUI – que vislumbrava a relevância de uma grande proximi-
dade entre as bibliotecas da Universidade e o curso de formação 
em Biblioteconomia, que permitiria uma troca de experiências, 
beneficiando ambas as partes.
Apesar dos entraves, ao longo dos anos, esta ideia foi se se-
dimentando, culminando com a iniciativa, em 2000, da então 
 coordenadora do Sistema de Bibliotecas e Informação (SiBI/
UFRJ), Mariza Russo, de criação de um grupo de trabalho, cons-
tituído por bibliotecários da Universidade, para retomar essa dis-
cussão. A tarefa visava a atender – com a implementação de mais 
um curso de Biblioteconomia no Rio de Janeiro – às demandas 
atuais da sociedade, em relação à formação de um novo perfil 
para o principal profissional que atua com a informação.
Em outubro de 2001, foi instituída oficialmente uma comis-
são de trabalho – composta por 11 bibliotecários, mestres e es-
pecialistas na área de Biblioteconomia, Ciência da Informação e 
outras afins, para desenvolver a proposta político-pedagógica do 
curso.
2. Decidiu-se apresentar como introdução desta obra um histórico da criação do 
Curso de Biblioteconomia e Gestão de Unidades de Informação (CBG), na UFRJ, 
com a finalidade de deixar registrado este empreendimento, que se caracterizou 
como um “sonho” de inúmeros bibliotecários que passaram pela Universidade.
10 Introdução
Esta comissão convidou docentes – mestres ou doutores da 
UFRJ e de outras instituições externas renomadas – para asses-
soramento em questões inerentes à elaboração da proposta e ao 
processo de implantação deste novo curso. A Portaria no 2.325, 
de 7 de outubro de 2003, emitida pelo magnífico Reitor da UFRJ, 
professor ALOÍSIO TEIXEIRA, designou, oficialmente, esta comissão; 
ainda acrescida de outros técnicos, que se agregaram mais tarde 
para contribuir com suas experiências.Com a finalidade de aprimoramento da equipe que formava a 
comissão, foram realizadas gestões que envolveram atividades de 
capacitação, participação em palestras, cursos e outros eventos, ati-
vidades estas que contribuíram para a consolidação da proposta.
Fundamentando-se na experiência dos integrantes dessa 
comissão, como diretores de bibliotecas universitárias – um dos 
segmentos de grande relevância no cenário de bibliotecas do 
país –, a grade curricular do curso foi planejada com um enfo-
que diferencial das demais oferecidas pelos 38 cursos existentes, 
à época, no Brasil. O projeto desta grade contemplou as áreas de 
Biblioteconomia, de Tecnologia da Informação e de Gestão, na 
medida em que os bibliotecários do AMBIENTE 21 precisam estar 
capacitados para administrar todos os recursos que integram as 
UNIDADES DE INFORMAÇÃO – quer financeiros, materiais, tecnológicos, 
informacionais, bem como as pessoas, que constituem seu prin-
cipal ativo.
Todas essas ações resultaram no documento intitulado “Pro-
posta político-pedagógica para o Curso de Biblioteconomia e Ges-
tão de Unidades de Informação (CBG)”, encaminhada em novem-
bro de 2003, às instâncias competentes da UFRJ, para fins de 
análise e aprovação.
A Faculdade de Administração e Ciências Contábeis (Facc), 
da UFRJ, foi escolhida para abrigar o CBG, em virtude do seu foco 
na área de gestão. 
Esta proposta também apresentou um outro dado inovador, 
visto que desenhou sua grade com um caráter interdisciplinar, 
envolvendo nove Unidades da UFRJ, além da Facc – a Escola de 
Belas Artes (EBA), a Escola de Comunicação (ECO), a Escola Po-
litécnica (Poli), a Faculdade de Letras (FL), o Instituto de Eco-
nomia (IE), o Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS), o 
Fundamentos de Biblioteconomia e Ciência da Informação 11
Instituto de Matemática (IM), o Instituto de Psicologia e o Núcleo 
de Tecnologia Educacional para a Saúde (Nutes) – as quais iriam 
participar da grade das disciplinas curriculares.
O incentivo institucional ao Curso começou a ser expresso na 
reitoria do prof. CARLOS LESSA, tendo o projeto recebido toda a aco-
lhida na gestão do prof. Aloísio Teixeira, que não mediu esforços 
para garantir as condições para sua efetivação.
Destaca-se, ainda, a colaboração do Nutes, por ter customi-
zado e oferecido duas disciplinas, na área de Educação, para am-
pliar a formação dos integrantes da comissão.
Contou-se, também, com o apoio da Pró-reitoria de Gradua-
ção, da decania do Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas 
(CCJE), da direção da Facc e da coordenação do SiBI, para levar 
a termo o empreendimento.
Em 29 de junho de 2005, o Curso foi aprovado pelo Conselho 
de Ensino de Graduação (CEG) e, em 14 de julho pelo Conselho 
Universitário (Consuni), para ser incorporado ao rol de cursos de 
graduação oferecidos pela UFRJ.
A 1ª turma do Curso foi programada para ingressar no 2º 
semestre de 2006, prestando concurso vestibular, conforme edi-
tal no 35, de 15/07/2005, publicado no Diário Oficial da União 
(DOU), de 19/07/2005, seção 3, p. 35-37.
Comissão de Implantação do Curso �
Mariza Russo – Coordenadora – Reitoria/UFRJ
Eliana Taborda Garcia Santos – SiBI/UFRJ
Paula Maria A. Cotta de Mello – Coordenadora do SiBI/UFRJ
Elaine Baptista de Mattos Paula – SiBI/UFRJ
Ilce Gonçalves Millet Cavalcanti – Ibict/MCT
Jane Maria Medeiros – CCJE/UFRJ
Maria Cristina Paiva – IPPMG/UFRJ
Maria das Graças Freitas Souza Filho – IMA/UFRJ
Maria Irene da Fonseca e Sá – NCE/UFRJ
Maria José Veloso da Costa Santos – MN/UFRJ
Maria Luzia Andrade Di Giorgi – SiBI/UFRJ
Myriam Lafayette de Sá Linden – SiBI/UFRJ
Patrícia Rosas – IDT/UFRJ
Vânia Lisbôa da Silveira Guedes – EQ/UFRJ
12 Introdução
Assessoria �
Profa Aracéli Cristina de Sousa Ferreira – Facc/UFRJ
Profa Clotilde Ramona Paez – Facc/UFRJ
Profa Denise de Lima Fleck – Coppead/UFRJ
Prof. Eduardo Mach – EQ/UFRJ
Profa Vânia Hermes Araújo – Hermes Consultoria
UNIDADE 1
14 Dado x informação x conhecimento
Dado x informação x conhecimento3
“É por várias razões que defendo uma abordagem 
ecológica para o gerenciamento da informação. 
Para começar, é difícil definir informação. Tome-se 
a velha distinção entre dado, informação e conhe-
cimento. Resisto em fazer essa distinção, porque 
ela é nitidamente imprecisa” (Thomas H. Daven-
port, 1998).
A conceituação dos termos DADO, INFORMAÇÃO e CONHECIMENTO me-
rece grande reflexão dos estudiosos das áreas de Bibliotecono-
mia e Ciência da Informação, visto que seus significados não são 
tão distintos e, por vezes, se confundem pela proximidade de sua 
aplicação em um determinado contexto. Eles formam, ainda, um 
sistema hierárquico de difícil delimitação, pois algumas vezes, o 
que é um dado para um indivíduo pode ser informação ou conhe-
cimento para outro. Além disso, estes termos se constituem em 
elementos básicos do processo de comunicação e da tomada de 
decisões nas organizações e, ainda, são imprescindíveis para fun-
damentar as discussões de outros tópicos das referidas áreas. 
O termo dado aparece com mais frequência na literatura das 
áreas de Ciência da Informação e de Informática, do que na de 
Biblioteconomia.
Dentre suas definições, destaca-se a de Miranda, como “um 
conjunto de registros qualitativos ou quantitativos, conhecido, 
que organizado, agrupado, categorizado e padronizado adequa-
damente transforma-se em informação” (1999, p.285).
3. Texto baseado em diversos documentos sobre o tema, principalmente em: VA-
LENTIM, Marta Lígia Pomim. Inteligência competitiva em organizações: dado, 
informação e conhecimento. DataGramaZero – Revista de Ciência da Informação, 
v.3, n.4, ago. 2002.
Fundamentos de Biblioteconomia e Ciência da Informação 15
Para Davenport (1998, p.19), dados são elementos brutos, 
sem significado, desvinculados da realidade; correspondem a 
“ observações sobre o estado do mundo”, são símbolos e imagens 
que não dissipam nossas incertezas. 
Setzer (2001) define dado como “uma abstração formal que 
pode ser representada e transformada por um computador”, ou 
seja, como uma sequência de símbolos quantificados ou quan-
tificáveis. Para o autor, um texto é um dado, na medida em que 
as letras são símbolos quantificados. Também são dados: fotos, 
figuras, sons gravados e animação, pois todos podem ser quan-
tificados. 
Os dados podem ser totalmente descritos por meio de repre-
sentações formais, estruturais. Por serem quantificados ou quan-
tificáveis, eles podem ser armazenados em um computador e pro-
cessados por ele, o que é feito por meio de programas. 
Dados incluem os itens que representam fatos, textos, grá-
ficos, imagens estáticas, sons, segmentos de vídeo analógicos ou 
digitais etc.
Em suma, dados são sinais que não foram processados, cor-
relacionados, integrados, avaliados ou interpretados de qualquer 
forma, e, por sua vez, representam a matéria-prima a ser utilizada 
na produção de informações.
O termo informação, conceituado por vários autores, encon-
tra na visão de Wurman (1995) a ideia de que o mesmo só pode 
ser aplicado àquilo que leva à compreensão. 
Miranda (1999, p.285) conceitua informação como sendo 
“dados organizados de modo significativo, sendo subsídio útil à 
tomada de decisão”.
Para Drucker, informações são dados com significado; “são 
dados dotados de relevância e propósito” (DRUCKER 1988 apud 
DAVENPORT, 1998, p.18). 
Informações são dados contextualizados, que visam a forne-
cer uma solução para determinada situação de decisão (LUSSA-
TO, 1991).
Com base nos autores mencionados, conclui-se que a infor-
mação pode ser entendida como dados processados e contextua-
lizados, mas para Sveiby (1998), contrariamente, a informação é 
considerada como “desprovida de significado e de pouco valor”. 
16 Dado x informação x conhecimento
Já para Malhotra (1993 apud ANGELONI,2003), ela representa 
“a matéria-prima para se obter conhecimento”.
O texto a seguir é usado para ilustrar a ideia de que infor-
mação é uma abstração informal, que está na mente de alguém, 
representando algo significativo para essa pessoa.
A frase “Paris é uma cidade fascinante” é um exem-
plo de informação – desde que seja lida ou ouvida 
por alguém que conheça Paris, desde que “Paris” 
signifique para essa pessoa a capital da França e 
“fascinante” tenha a qualidade usual e intuitiva as-
sociada com essa palavra.4
Segue-se um outro exemplo, conhecido como “Alegoria de 
Searle”, que pode definir um pouco mais esses conceitos:
Imagine uma tabela com três colunas e títulos es-
clarecendo o significado de cada coluna e que te-
nha várias linhas. O título da coluna 1 esclarece 
que esta coluna tem nomes de cidades na China. 
O título da coluna 2 esclarece que esta coluna tem 
o nome dos meses em que a temperatura fica na 
média do ano nessas cidades. O título da coluna 
3 esclarece que ela informa a temperatura média 
em graus ocorrida no ano anterior. Considerando 
que todas essas colunas estão escritas em chinês, 
para uma pessoa que não conhece chinês isso é um 
conjunto de puros dados, porém para uma pessoa 
que conhece chinês isso é uma tabela contendo in-
formações.5
Com base nestes conceitos, Machado (2002) afirma que, “in-
formação é uma abstração informal, que está na mente de al-
guém, representando algo significativo para uma pessoa”. 
Se a representação da informação for feita por meio de da-
dos, como na frase sobre Paris, pode ser armazenada em um com-
putador. Porém, o que é armazenado na máquina não é a informa-
ção, mas a sua representação em forma de dados.
4. FONTE: SETZER, 2001. 
5. FONTE: http://www.vademecum.com.br/iatros/Saber.htm
Fundamentos de Biblioteconomia e Ciência da Informação 17
Desmistifica-se, dessa forma, a expressão “processamento da 
informação”, usada na área de Informática, pois não é possível 
processar informação diretamente em um computador. Para isso 
é necessário reduzi-la a dados.
O termo conhecimento, assim como os anteriores, apresenta 
diversas conotações.
Para Davenport (1998, p.19), “conhecimento é a informação 
mais valiosa (...) é valiosa precisamente porque alguém deu à in-
formação um contexto, um significado, uma interpretação”. 
O conhecimento pode então ser considerado como a infor-
mação processada pelos indivíduos. Sendo assim, não pode ser 
desvinculado do indivíduo; está estritamente relacionado com a 
percepção do mesmo, que codifica, decodifica, distorce e usa a 
informação de acordo com suas características pessoais, ou seja, 
de acordo com seus modelos mentais (Id.).
Merton, citado por Gonçalves, (1995, p. 311) ressalta que o 
conceito de conhecimento possui um sentido mais complexo que 
o de informação: “Conhecer é um processo de compreender e in-
ternalizar as informações recebidas, possivelmente combinando-
as de forma a gerar mais conhecimento.”
Setzer (2001) caracteriza conhecimento como uma abstra-
ção interior, pessoal, de algo que foi experimentado, vivenciado, 
por alguém.
Conhecimento pode, então, ser definido como sendo “infor-
mações que foram analisadas e avaliadas sobre a sua confiabilida-
de, sua relevância e sua importância” (DAVENPORT, 1998).
Desta forma, o conhecimento não pode ser descrito; o que se 
descreve é a informação. Também não depende apenas de uma 
interpretação pessoal, como a informação, pois requer uma vivên-
cia do objeto do conhecimento; está no âmbito puramente subje-
tivo do homem.
Parte da diferença entre estes conceitos reside no fato de um 
ser humano poder estar consciente de seu próprio conhecimento, 
sendo capaz de descrevê-lo em termos de informação, por exem-
plo, através da frase “eu visitei Paris, logo eu a conheço” (fazendo 
menção ao exemplo apresentado). 
Davenport apresenta uma diferenciação entre dado, informa-
ção e conhecimento (Quadro 1). 
18 Dado x informação x conhecimento
Quadro 1 – Dado X Informação X Conhecimento
Dado Informação Conhecimento
Simples observações
sobre o estado do mundo.
Dados dotados de rele-
vância e propósito.
Informação valiosa da 
mente humana.
Inclui refl exão, síntese, 
contexto.
Facilmente estruturado. Requer unidade de 
análise.
De difícil estruturação.
Facilmente obtido por 
máquinas. 
Quantifi cado
com frequência.
Exige consenso em rela-
ção ao signifi cado.
De difícil captura em má-
quinas.
Facilmente transferível. Exige necessariamente
a mediação humana
Frequentemente tácito; de 
difícil transferência.
FONTE: DAVENPORT, 1998, p.18.
Davenport (1998) dá maior ênfase ao termo informação, pois 
para eles “informação... é um termo que envolve os três, além de 
servir como conexão entre os dados brutos e o conhecimento que 
se pode eventualmente obter”.
Não é uma tarefa fácil distinguir, na prática, o que vem a 
ser dado, informação e conhecimento. Esta distinção fica mais 
complicada quando se tenta identificar os limites de cada um dos 
conceitos e se percebe que os três são intimamente interligados.
O dado é entendido como um elemento da informação, um 
conjunto de letras, números ou dígitos, que tomado isoladamente 
não transmite nenhum conhecimento, ou seja, não contém um 
significado claro. 
Já, a informação é todo o dado trabalhado, útil, tratado, com 
valor significativo atribuído ou agregado a ele e com um sentido 
natural e lógico para quem usa esta informação. 
Quando a informação é trabalhada por pessoas e pelos recur-
sos computacionais, possibilitando a geração de cenários, simula-
ções e oportunidades, pode ser chamada de conhecimento.
Em seu estudo, Magalhães (2002) salienta a diferença entre 
os conceitos como: dados são afirmações sobre a realidade ou 
sobre outros dados. São representações do mundo – quer seja 
físico, social, psicológico, organizacional ou qualquer outra forma 
de realidade. Dados se tornam informações quando são organiza-
dos de acordo com preferências e colocados em um contexto, que 
define seu sentido e relevância. Informações são dados contextua-
lizados e com um sentido determinado, mas ainda não é conhe-
Fundamentos de Biblioteconomia e Ciência da Informação 19
cimento. Informação se transforma em conhecimento quando há 
uma interação humana capaz de absorvê-la e relacioná-la com 
outros conhecimentos, fazendo com que seja internalizada, trans-
formando-a em parte de um sistema de crenças próprio. Conhe-
cimento é a máxima utilização de informação e dados acoplados 
ao potencial das pessoas, suas competências, ideias, intuições, 
compromissos e motivações.
O processo de construção de conhecimento científico envolve 
os dados, os quais representam a “matéria-prima” bruta, a partir 
dos quais as operações lógicas criam informações e, finalmente, 
estas últimas são interpretadas para gerar conhecimento. É o que 
está resumido na Figura 1.
Figura 1 – Processo de Construção do Conhecimento Científi co
FONTE: http://www.vademecum.com.br/iatros/Saber.htm
O conhecimento é frequentemente dividido em duas cate-
gorias:
CONHECIMENTO EXPLÍCITO � : é o conhecimento que está registrado 
em livros, revistas, artigos, documentos de um modo geral. 
Este conhecimento é fácil de articular, manipular e transmitir.
CONHECIMENTO TÁCITO � : é o conhecimento que existe na cabeça 
das pessoas, acumulado em função da experiência que cada 
uma adquiriu ao longo de sua vida.
O conhecimento tácito é o mais valioso e o mais difícil de 
capturar e transmitir. Há até quem afirme que o conhecimento 
explícito pode ser facilmente confundido com informação pura e 
simples, e que somente o conhecimento tácito representa o ver-
dadeiro conhecimento.
Estudos indicaram que a melhor forma de transmitir conhe-
cimento tácito é pelo contato direto entre as pessoas, por meio de 
interações e da convivência,e da comunicação oral, cara a cara. 
20 Dado x informação x conhecimento
O problema com o conhecimento tácito é que, por estar vin-
culado diretamente a pessoas, é difícil de ser absorvido por uma 
organização inteira. Frequentemente, representantes de organi-
zações que lidam com informação falam em seus discursos que 
seus funcionários são o seu maior ativo. O que eles querem dizer é 
que a maior riqueza de suas instituições é o conhecimento tácito, 
traduzido em ideias, julgamentos, talentos individuais e coletivos, 
relacionamentos, perspectivas e conceitos, conhecimento armaze-
nado na mente das pessoas ou inserido em produtos, serviços e 
sistemas. Esse conhecimento é que faz com que as organizações 
se diferenciem umas das outras e se destaquem no mercado com-
petitivo do Ambiente 21.
Referências
ANGELONI, M. T. Elementos intervenientes na tomada de decisão. Ciên-
cia da Informação, Brasília, DF, v. 32, n. 1, jan./abr. 2003.
DAVENPORT, T. Ecologia da informação: por que só a tecnologia não bas-
ta para o sucesso na era da informação. São Paulo: Futura, 1998.
GONÇALVES, M. A. Os papéis do gerente e a qualidade da informação 
gerencial. In: ENCONTRO ANUAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS 
PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO, 19., 1995, 
João Pessoa. Anais... Rio de Janeiro, 1995. v. 1, p. 309-325.
LUSSATO, B. La théorie de l´empreinte. Paris: ESF, 1991.
MACHADO, F. B. Limitações e deficiências no uso da informação para 
tomada de decisões, Caderno de Pesquisas em Administração, São Paulo, 
v. 9, n. 2, abr./jun. 2002.
MAGALHÃES, J. A. P. de. Um framework multiagentes para busca e fle-
xibilização de classificação de documentos. 2002. Dissertação. (Mestrado 
em Informática). PUC-Rio, Rio de Janeiro, 2002. Disponível em: http://
www2.dbd.puc-rio.br/pergamum/tesesabertas/0024128-02. Acesso em: 
17 fev. 2008.
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22 O conhecimento e o processo de comunicação
O conhecimento e o processo de 
comunicação6
“Uma pessoa para compreender tem de se transfor-
mar” (Antoine de Saint-Exupéry).
A distinção entre os conceitos de dado, informação e conheci-
mento é de fundamental importância para entender o PROCESSO DE 
COMUNICAÇÃO.
Para Angeloni (2003), dotar dados, informações e conheci-
mentos de significados não é um processo tão simples como pa-
rece. Características individuais, que formam o modelo mental 
de cada pessoa, interferem na codificação/decodificação desses 
elementos, acarretando muitas vezes distorções individuais que 
poderão ocasionar problemas no processo de comunicação.
A autora pondera sobre a visão de Davenport (1988), de que 
uma das características da informação consiste na dificuldade de 
sua transferência com absoluta fidelidade, e, sendo o conheci-
mento a informação dotada de valor, consequentemente, a trans-
missão é ainda mais difícil.
No seu estudo, Angeloni (Id.) ainda ressalta as considerações 
que Lago (2001?), Pereira e Fonseca (1997) e Davenport (1998) 
entendem como relevantes para amenizar as distorções no pro-
cesso de comunicação:
existem diferenças entre o que se quer dizer e o que realmen- �
te se diz; entre o que se diz e o que os outros ouvem; entre o 
que as pessoas ouvem e o que entendem; entre o que enten-
dem e lembram; entre o que lembram e retransmitem;
6. Elaborado com base em diversos documentos, principalmente, no de: ANGELO-
NI, Maria Terezinha. Elementos intervenientes na tomada de decisão. Ciência da 
Informação, Brasília, DF, v.32, n.1, jan./abr. 2003.
Fundamentos de Biblioteconomia e Ciência da Informação 23
as pessoas só escutam aquilo que querem e como querem, �
de acordo com suas próprias experiências, paradigmas e pré-
julgamentos;
existem informações que os indivíduos não percebem e não �
veem; informações que veem e não ligam; informações que 
veem e não entendem ou não decodificam; informações que 
veem e não usam; informações que procuram; informações 
que adivinham;
o estado de espírito e o humor das pessoas podem afetar a �
maneira como as mesmas lidam com a informação.
Angeloni (Id.) destaca a opinião de Pereira e Fonseca (1997, 
p. 226) que afirmam que:
A apreensão da informação é uma função cognitiva 
superior que se processa no âmbito da linguagem. 
Sempre que quisermos apreender mais informa-
ções do contexto em que estamos inseridos, temos 
que ampliar as nossas habilidades perceptivas, por-
que o nosso modo de viver nos induz a um estreita-
mento perceptivo e a uma visão de mundo restrita 
e fragmentada e que as necessidades das pessoas 
em relação à informação mudam constantemente 
porque a percepção, além de ser individual, é con-
tingente.
Com isso, a autora conclui que, neste processo, o maior desa-
fio não é o de obter os dados, as informações e os conhecimentos, 
mas sim a aceitação de que, no processo de codificação/decodifi-
cação, as distorções ocorrem e que se deve estar atento a este fato 
para procurar amenizá-las.
O exemplo, a seguir, ilustra a interferência das pessoas na 
codificação, decodificação e distorção na transformação do dado 
em informação e da informação em conhecimento. 
Diferentes pessoas diante de um mesmo fato ten-
dem a interpretá-lo de acordo com seus modelos 
mentais, que as levam a percebê-lo de forma dife-
rente: um carro BMW, último tipo, conversível, zero 
quilômetro, totalmente destruído em um acidente, 
24 O conhecimento e o processo de comunicação
no qual o motorista bateu em uma árvore centenária 
derrubando-a. Este fato pode ser codificado, deco-
dificado e distorcido da seguinte maneira: algumas 
pessoas serão levadas a decodificar as informações 
baseadas em seus valores materiais: “Logo um carro 
tão caro! Será que ele está segurado?” Enquanto ou-
tras pessoas, com valores humanos mais aguçados, 
terão seu foco no ser humano: “Será que o acidente 
resultou em feridos?” Outras pessoas com interes-
ses ecológicos ainda terão suas atenções voltadas ao 
destino da árvore centenária: “Logo nesta árvore! 
Não poderia ter sido em uma outra BMW?”.7
Autores de renome na área de administração, como Daven-
port (1998), Nonaka e Takeuchi (1997), Stewart (1998) e Sveiby 
(1998), são unânimes em apontar que os conceitos de dado, in-
formação e conhecimento estão estritamente relacionados com 
sua utilidade no processo decisório e ligados ao conceito de CO-
MUNICAÇÃO.
Segundo Ferreira (2008), o ato da comunicação corresponde 
ao processo de emissão, transmissão e recepção de mensagens 
por meio de métodos e/ou processos convencionados.
Angeloni (2003) descreve o processo de comunicação como 
uma sequência de acontecimentos no qual dados, informações e 
conhecimentos são transmitidos de um emissor para um receptor.
O processo de comunicação – seja na sociedade como um 
todo, em grupos sociais em particular, assim como na interação 
entre dois indivíduos – sofre influência do modelo proposto por 
Aristóteles, desde a Antiguidade (Figura 2).
Figura2 – Processo de Comunicação de Aristóteles
FONTE: BONINI, 2003.
7. FONTE: ANGELONI, 2003.
Fundamentos de Biblioteconomia e Ciência da Informação 25
O modelo de Aristóteles influenciou o que Luongo Medina 
(1991) discute em seu estudo e que se baseia em um EMISSOR, 
que envia a MENSAGEM; um RECEPTOR, que recebe a mensagem e um 
CANAL, por onde a mensagem – ou a informação – é veiculada (Fi-
gura 3).
Figura 3 – Processo de Comunicação
FONTE: Adaptado de LUONGO MEDINA, 1991.
Este processo, denominado por Vickery (1973) como TRANS-
FERÊNCIA DA INFORMAÇÃO, ocorre em um contexto social – o meio am-
biente – o qual está sujeito a BARREIRAS, que por sua vez interferem 
diretamente no seu fluxo.
Para Luongo Medina (1991), o emissor tem o papel social de 
gerador, processador da informação; é o indivíduo que emite a 
mensagem que espera ser recebida por outro – o receptor. Este é o 
que recebe a informação, o qual pode sofrer influências que o le-
vem a reter ou a distorcer a mensagem, dificultando o processo de 
comunicação (como preconceitos, motivação, autoridade etc.). O 
canal consiste no meio de transporte da mensagem do emissor 
para o receptor. O canal pode se configurar em uma conversa 
pessoal (face a face, por telefone etc.), em um registro impresso 
(enviado pelo correio), em uma manifestação artística (pintura, 
escultura, gravura) ou em um registro eletrônico (e-mail, chats).
Neste processo, Luongo Medina (Id.) ainda focaliza a MÍDIA, 
como o registro da informação/mensagem feito geralmente em 
linguagem natural – escrita ou falada, imagens visuais, sons etc. 
A combinação destes formatos dá origem aos diferentes tipos de 
mídias como o livro, a revista, o filme, a fotografia, o disco, entre 
outros. O autor também destaca, no processo de comunicação, 
a questão da barreira que se constitui em um fator que dificul-
ta o tráfego da informação entre emissor e receptor. Tais barrei-
ras podem se apresentar como: incapacidade das pessoas ao se 
26 O conhecimento e o processo de comunicação
 expressarem; relutância em divulgar dados; linguagem especia-
lizada de grupos de trabalho, de arte, dos esportes, das religiões 
etc; idiomas diferentes; simbologias. Estas barreiras podem difi-
cultar o processo de comunicação e, portanto, a transferência da 
informação.
Um dos modelos de comunicação mais influentes é o que 
foi desenvolvido, em 1949, por C. E. Shannon e W. Weaver. Este 
modelo – também conhecido como “teoria da informação” – foi 
concebido como um modelo matemático de transmissão de sinais 
elétricos – um conjunto de informações quantificáveis que transi-
tava de um lugar para outro.
Os conceitos de emissor, receptor, CÓDIGO, SINAL, CODIFICAÇÃO, 
DECODIFICAÇÃO, são derivados deste modelo e utilizados em muitos 
estudos sobre o processo de comunicação (Figura 4).
Esses dois cientistas introduziram, ainda, o conceito de RUÍ-
DO – que se constitui em uma fonte de interferência – ou seja, em 
tudo aquilo que possa atrapalhar o entendimento da informação 
a ser transmitida (FIGUEIREDO, 2005).
Figura 4 – Processo de Comunicação de Shannon e Weaver
FONTE: http://www.ceismael.com.br/oratoria/oratoria020.htm
Para Ferreira (2008), ruído é qualquer fonte de erro ou de 
perda de fidelidade na transmissão e recepção de mensagens.
O modelo de Shannon e Weaver (1962) – em uma visão sim-
plista – se constitui de um processo em que o emissor comunica 
uma mensagem ao receptor, tendo servido, ainda, para influen-
ciar a explicação teórica da Ciência da Informação, quando da 
criação desta ciência, na década de 1960.
Fundamentos de Biblioteconomia e Ciência da Informação 27
Le Coadic (2004) ressalta, no entanto, que se incorreu em 
um engano conceitual ao se considerar análogos os conceitos de 
informação da teoria matemática da transmissão de sinais elétri-
cos e o do processo de comunicação humana, na medida em que 
este sofre influências do homem, com suas diferenças de inter-
pretação (codificação e decodificação), que ocorrem de forma tão 
comum neste processo.
Com base na análise do modelo de Shannon e Weaver, Le 
Coadic (Id., p. 11) enuncia seu conceito de comunicação como 
“o processo intermediário que permite a troca de informações en-
tre as pessoas”. Frente a toda esta discussão, o autor apresenta 
as conclusões de Escarpit de que “a comunicação é um ato, um 
processo, um mecanismo, e que a informação é um produto, uma 
substância, uma matéria” (ESCARPIT, 1990 apud LE COADIC, 
2004).
Por outro lado, a sociedade em que se vive hoje exige que o 
homem se integre ao dinamismo de seu cotidiano, sob pena de 
se tornar um marginal, podendo até ser hostilizado. O processo 
de comunicação humana, então, é um dos meios que o homem 
utiliza para conseguir esta integração.
Nunes (1973) ressalta a especificação de David C. Berlo so-
bre os ingredientes do processo de comunicação, tais como:
Quem – transmissor da comunicação; �
Por que – motivo ou objetivo da comunicação; �
Mensagem – o que é transmitido; �
Estilo – forma, medida da comunicação; �
Canal – meio empregado para a comunicação; �
Com quem – receptor da comunicação. �
Um exemplo – também criado por Berlo – é citado por Nunes 
(Id.) para explicar o significado e a importância dos ingredientes 
acima, utilizados para apresentar uma situação comum de comu-
nicação: 
Duas pessoas conversando. Suponha que seja a 
manhã de sexta-feira. Joe e Mary encontram-se 
no café local. Há um piquenique marcado para do-
mingo à tarde. De repente, Joe sente que Mary é a 
moça que deve levar ao piquenique. Resolve con-
28 O conhecimento e o processo de comunicação
vidá-la. Joe está, pois, pronto para agir como fonte 
de comunicação – tem o objetivo de fazer com que 
Mary concorde em acompanhá-lo no domingo. Joe 
precisa criar uma mensagem. Seu sistema nervoso 
central ordena ao seu mecanismo vocal que cons-
trua uma mensagem para exprimir o objetivo. O 
mecanismo vocal, servindo como codificador, pro-
duz esta mensagem: “Mary, quer ir comigo ao pi-
quenique, domingo?” A mensagem é transmitida 
por ondas sonoras, através do ar, para que Mary 
a receba. É este o canal. O mecanismo auditivo de 
Mary é o decodificador. Ela ouve a mensagem de 
Joe, decodifica-a em impulso nervoso e a remete 
ao sistema nervoso central, que responde a men-
sagem. 
Com base no que se viu, neste tópico, pode-se concluir que 
no processo de comunicação torna-se importante buscar a apre-
ensão da informação e que para isso as pessoas devem procurar 
ampliar suas habilidades perceptivas, para se situar de maneira 
correta dentro do ambiente informacional. O desafio consiste em 
buscar amenizar as distorções que ocorrem nesse processo para 
que este obtenha o êxito esperado na comunicação.
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VICKERY, B. C. Information systems. London: Butterworths, 1973.
30 O ciclo da informação
O ciclo da informação
“O próximo ciclo de riquezas será o ciclo da infor-
mação” (Jean Paul Getty).
A informação para Le Coadic (2004) é entendida como um conhe-
cimento registrado em forma escrita (impressa ou digital), oral ou 
audiovisual, em qualquer tipo de suporte. Para o autor, o exemplo 
mais banal de informação é a notícia veiculada por um jornal, 
rádio ou televisão, sendo o DOCUMENTO o objeto maior portador da 
informação. O documento, por seu tipo de suporte, é classificado 
em impresso ou eletrônico.
O processo de comunicação existe desde a pré-história, com a 
comunicação escrita, quando o homem buscava se comunicar por 
meio dos desenhos nas cavernas (pinturas rupestres). O advento 
da escrita – desenvolvida pelos sumérios, por volta de 3.000 a.C., 
na Mesopotâmia, no Egito, (escrita cuneiforme), deu origem à 
comunicação escrita, que foi difundida com a invenção da im-
prensa, por Gutenberg, no Séc. XV. Esse fenômeno teve como uma 
de suas consequências a multiplicação da informação, levando ao 
surgimento de estudos sobre as formas de armazenamento e de 
recuperação de informações relevantes para o homem.
No mundo do pós-guerra, com o crescimento das invenções 
e das revistas científicas, ocorre o fenômeno conhecido como EX-
PLOSÃO DA INFORMAÇÃO, instalando mais expressivamente o CAOS DO-
CUMENTÁRIO. Nesse contexto, o homem procura – cada vez mais – 
administrar o fluxo da informação, com a finalidade de produzir, 
distribuir e consumir informações de seu interesse. Este processo 
– semelhante ao de um sistema econômico – apoia a representação 
do CICLO DA INFORMAÇÃO de Le Coadic (Figura 5).
Fundamentos de Biblioteconomia e Ciência da Informação 31
Figura 5 – Ciclo da Informação
FONTE: Adaptado de LE COADIC, 2004.
Segundo o autor, os três processos – construção, comunicação 
e uso da informação se sucedem e se alimentam reciprocamente. 
A construção ou produção da informação refere-se à criação 
de informações por diferentes atores da sociedade: cientistas, 
professores, artistas ou outros tipos de pessoas que geram infor-
mações, em qualquer um dos campos do saber.
Ainda neste processo, insere-se o registro da informação, 
que pode ser de caráter textual, visual, sonoro ou tridimensional. 
Por fim, chega-se à seleção das informações, que se constitui na 
utilização de filtros para recuperar e atender às necessidades de 
informação da sociedade.
O segundo processo – o de comunicação – corresponde à ati-
vidade de disseminação da informação, quer seja de forma oral, 
escrita ou, ainda, no espaço virtual. Nesse processo é preciso se 
ter em mente dois fatores indispensáveis: a fidedignidade e a re-
levância da informação.
O terceiro processo do ciclo – o uso – compreende a assimi-
lação da informação, que vai permitir nova produção de informa-
ção, dando origem a um novo ciclo.
Como se vê, este é um processo dinâmico – não possui início 
e nem fim – e está sempre se autoalimentando através dos proces-
sos interativos e intercâmbios comunicativos que envolvem as ne-
cessidades de produção, transmissão e uso da informação. Esses 
elementos em ação caracterizam um ciclo informacional. 
Para Tristão, Fachin e Alarcon (2004), o ciclo da informação 
é entendido como um processo de transferência de informação e 
se constitui das seguintes etapas: produção; registro; aquisição; 
organização; disseminação e assimilação da informação.
32 O ciclo da informação
Morigi, Semensatto e Binotto (2006) explicam dessa forma o 
ciclo da informação:
toda informação é gerada por um sujeito e trans-
mitida por um canal até chegar a um destino, a um 
receptor, isto se chama interlocução. A interlocu-
ção desempenha papel preponderante na definição 
e uso dos signos, ela é a forma de comunicação 
entre os sujeitos. A informação pode ser conduzi-
da de diversas formas, através de textos, imagens, 
sons ou animação. Mediados por pessoas na comu-
nicação face a face, pelo rádio, televisão, jornal, 
computador, telefones, etc.
Os autores citam Le Coadic (2004, p. 11) que apresenta a co-
municação como um processo intermediário que permite a troca 
de informações entre as pessoas.
No entanto, para eles, a mensagem que é transmitida, chega 
ao receptor, e este por sua vez a transforma em conhecimento. O 
conhecimento consiste em uma abstração pessoal de acordo com 
suas experiências. Isto é, a maneira como o sujeito reelabora in-
telectualmente a informação a partir da sua visão de mundo. Esta 
reelaboração é realizada pelo sujeito, dá forma aos pensamentos, 
às ideias, às noções que este compartilha com os demais mem-
bros em sociedade: as representações sociais. Quando uma men-
sagem é enviada, tanto pelo sujeito emissor quanto pelo receptor, 
esta pode ser interpretada e, a partir daí, adquirir novo sentido. 
A informação faz parte do contexto subjetivo da ação do sujeito 
receptor e este faz uso conforme as suas necessidades. Ao utilizar 
a informação, o sujeito produz conhecimento, isto é, o sujeito que 
faz uso da informação absorve o conteúdo e modifica o seu estado 
de pensamento, formando a partir daí uma nova ideia. Esta, uma 
vez transformada, é repassada para outras pessoas que fazem uso 
e geram uma nova informação que é transmitida a outros sujeitos, 
que a tomam como conhecimento e mudam o seu pensamento, e 
assim sucessivamente. Esta dinâmica interativa dissemina e gera 
novas informações, formando um ciclo.
Esses autores convergem para a assertiva de que o ciclo da 
informação conduz à produção do conhecimento, o qual – por 
Fundamentos de Biblioteconomia e Ciência da Informação 33
sua vez – pode ser classificado em vários tipos, conforme salienta 
Matos (2001). Segundo o autor, estes tipos de conhecimento se 
encontram interdependentemente ligados ao processo de comu-
nicação e, por sua vez, também, contribuem para o desenvolvi-
mento do conhecimento do homem.
O Quadro 2, a seguir, relaciona uma outra tipologia de co-
nhecimento definida pelo autor.
Quadro 2 – Tipos de Conhecimento
Conhecimento
Popular
Conhecimento 
Filosófi co
Conhecimento Reli-
gioso (Teológico)
Conhecimento 
Científi co
Valorativo Valorativo Valorativo Real
Refl exivo Racional Inspiracional Contingente
Assistemático Sistemático Sistemático Sistemático
Verifi cável Não Verifi cável Não Verifi cável Verifi cável
Falível Infalível Infalível Falível
Inexato Exato Exato Aproximadamente 
Exato
FONTE: http://www.sapereaudare.com/antropologia/texto02.html
O CONHECIMENTO POPULAR, também conhecido como CONHECIMEN-
TO EMPÍRICO, é o modo comum, corrente e espontâneo de conhecer, 
que se adquire no trato direto com as coisas e os seres humanos 
em que asinformações são assimiladas por tradição, experiências 
casuais, ingênuas. “É o saber que preenche a vida diária e que se 
possui sem o haver procurado, sem aplicação de método e sem se 
haver refletido sobre algo” (BABINI, 1957 apud MATOS, 2001). O 
homem, ciente de suas ações e do seu contexto, apropria-se de ex-
periências próprias e alheias acumuladas no decorrer do tempo, 
obtendo conclusões sobre a “razão de ser das coisas”. Constitui a 
maior parte do conhecimento de um ser humano.
Alves (2000) denomina este tipo de conhecimento de SEN-
SO COMUM. É o conhecimento gerado para resolver problemas co-
muns. Como exemplo, tem-se o fato de o homem buscar abrigo 
nas cavernas. É, portanto, superficial, sensitivo, subjetivo, assis-
temático e acrítico.
O CONHECIMENTO FILOSÓFICO é um conhecimento mais geral, re-
flexivo, que busca os princípios que tornam possível o próprio 
saber. Segundo Oliveira (2005), um dos principais objetivos do 
34 O ciclo da informação
conhecimento filosófico é a investigação dos pressupostos, de 
consciência de limites, de crítica da ciência e da cultura.
O CONHECIMENTO RELIGIOSO é um conhecimento sistemático, 
que se apoia em uma fé ou crença; exige autoridade divina e é 
um conhecimento sistemático do mundo que acredita possuir a 
verdade sobre as questões fundamentais do homem (Id.).
O CONHECIMENTO CIENTÍFICO é um conjunto de conhecimentos 
metodicamente adquiridos, organizados e passíveis de serem 
transmitidos por um processo pedagógico de ensino. Este conhe-
cimento procura conhecer além do fenômeno, suas causas e as 
leis que o regem; resulta da investigação científica e da utilização 
do MÉTODO CIENTÍFICO, o qual conduz à descoberta, permite demons-
tração e provas e leva à verificação dos resultados.
Assim como o processo de comunicação definido por Le Coa-
dic (2004), o conhecimento científico tem as fases de construção, 
comunicação e uso, que como um ciclo vão se retroalimentando, 
levando à sua propagação. Esse tipo de conhecimento é o que 
constitui no maior foco das áreas de Biblioteconomia e Ciência 
da Informação.
Referências
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UNIDADE 2
36 A Biblioteconomia e suas relações ... como áreas afins
A Biblioteconomia e suas relações 
com a Arquivologia, a Museologia e a 
Documentação como áreas afins8
“Sempre imaginei que o paraíso será uma espécie 
de biblioteca” (Jorge Luis Borges).
O homem – desde os tempos mais remotos – sempre procurou 
meios de entender, preservar e ampliar a sua memória e suas 
possibilidades de se comunicar. Para tanto, utilizou um elemento 
central – a informação – sem a qual a viabilidade desses processos 
fica comprometida.
Segundo Pinheiro (2002), a informação, em um conceito res-
trito, está imersa em um campo de pesquisas que se relaciona 
a documentos impressos e a bibliotecas. Le Coadic (2004) apre-
senta um conceito mais amplo, definindo a informação como um 
conhecimento registrado, em forma escrita (impressa ou digital), 
oral ou audiovisual, em um suporte espacial-temporal (impresso, 
sinal elétrico, onda sonora etc).
As primeiras disciplinas que atuavam no campo da infor-
mação eram: a BIBLIOTECONOMIA, a ARQUIVOLOGIA, a MUSEOLOGIA e a 
 DOCUMENTAÇÃO (LE COADIC, 2004). Estas disciplinas, e outras que 
se uniram a elas, atualmente, fazem parte do que se chama de 
“Indústria da Informação”.
O ponto comum entre elas é que atribuíam muito mais valor 
ao suporte do que à informação em si mesma. O livro, na bibliote-
ca, e a peça, no museu, foram por muito tempo recolhidos, arma-
zenados e guardados com o fim de preservação patrimonial.
8. Fundamentado, principalmente, em: LE COADIC, Y. A Ciência da Informação. 2. 
ed. Brasília, DF, Briquet de Lemos/Livros, 2004. 
Fundamentos de Biblioteconomia e Ciência da Informação 37
A Biblioteconomia
Segundo Le Coadic (2004), o termo “biblioteconomia” se consti-
tui da união de duas palavras – biblioteca e economia – esta no 
sentido de organização, administração, gestão. 
Fonseca (2007) apresenta outra composição morfológica do 
termo:
Biblion = livros + theca = caixa + nomos = regra
Ampliando-se esta definição morfológica, tem-se que a 
 Biblioteconomia compreende as regras de organização de livros 
ou outros documentos em caixas, materializadas em estantes, sa-
las, edifícios etc. 
Para Le Coadic (Id.), a Biblioteconomia como área do conhe-
cimento tem seu foco inicial: a) nos acervos de livros (formação, 
desenvolvimento, classificação, catalogação, conservação); b) na 
própria biblioteca como instituição organizada (regulamento, pes-
soal, contabilidade, instalações, infraestrutura) e c) nos leitores – 
os usuários (direitos e deveres, acesso ao acervo, empréstimos).
Para o autor, as bibliotecas tradicionais – que conservavam 
apenas livros – foram sucedidas por organizações – que podem ter 
outra nomenclatura – e que reúnem acervos dos mais diversifica-
dos, tanto por seus suportes, como por sua origem: imagens, sons, 
textos. Estas organizações podem ser chamadas de Unidades de 
Informação, porque abrigam não somente as obras armazenadas 
ao longo dos anos, mas também informações em tempo real, vei-
culadas por redes de comunicação.
A evolução da Biblioteconomia tem se caracterizado por duas 
orientações principais: passando da erudição para o serviço ao 
público.
Os primeiros bibliotecários eram homens eruditos, que fun-
daram bibliotecas – como a famosa BIBLIOTECA DE ALEXANDRIA – na 
foz do Rio Nilo, no Egito. Eles se ocupavam em reunir e classificar 
todo o conhecimento registrado em forma documental.
Este bibliotecário – erudito e BIBLIÓFILO – dominou a profissão 
até o início do Séc. XIX, quando começaram a se desenvolver as 
tendências democráticas, com a valorização das práticas iguali-
tárias.
Com a propagação das bibliotecas públicas, no Séc. XIX, fun-
damentada na filosofia de educação como direito de todos, tomou 
38 A Biblioteconomia e suas relações ... como áreas afins
corpo o ideal de serviço para a comunidade. Esta mudança de 
orientação – da erudição ao serviço ao público – manifestou-se 
claramente, em 1876, ao ser fundada a American Library Associa-
tion (ALA), na Filadélfia, nos Estados Unidos.
Este marco levou a Biblioteconomia a trilhar caminhos dife-
rentes, que não têm cessado de se diversificar. Contribuindo para 
a consolidação da área, foram criadas instituições, em nível in-
ternacional e nacional, como a International Federation of Library 
 Associations (Ifla), em 1927, e a Federação Brasileira de Associa-
ções de Bibliotecários (Febab),9 em 1959.
Desde então, a Biblioteconomia é considerada como uma 
área do conhecimento, na medida em que compreende um con-
junto de organismos, operações técnicas e princípios que dão aos 
documentos a utilização máxima, em benefício da humanidade 
(SHERA, 1980). 
A Arquivologia
A Arquivologia nasce no Séc. XIX, com caráter fortemente histo-
ricista.
A conceituação da área, sob uma perspectiva francesa, apon-
ta que a Arquivologia éa ciência que estuda os princípios e os 
procedimentos metodológicos empregados na conservação dos 
documentos de arquivos, permitindo assegurar a preservação dos 
direitos, dos interesses, do saber e da memória das pessoas físicas 
e morais (DELMAS, 1990 apud JARDIM, 1998).
Na França, o termo “Archivistique” surge nos anos de 1930, 
impondo-se ao termo “Archivologie”.
A ARQUIVÍSTICA do Séc. XX, uma disciplina no sentido pleno do 
termo, é então: 
o conjunto de princípios e métodos que regem a 
criação, a aquisição, a classificação, a descrição, a 
difusão e a conservação de arquivos (COUTURE, 
1992 apud JARDIM, 1998).
9. Atualmente denominadas International Federation of Library Associations and 
Institutions (Ifla) e Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários e Cientis-
tas da Informação (Febab), respectivamente.
Fundamentos de Biblioteconomia e Ciência da Informação 39
O Dicionário de Termos Arquivísticos do Arquivo Nacional 
(1992) distingue os dois termos: Arquivologia é definida como a 
disciplina que tem por objeto o conhecimento dos arquivos e de 
Arquivística, e esta como a reunião de princípios e técnicas a se-
rem observados na produção, organização, guarda, preservação e 
utilização dos arquivos. Estes conceitos são legitimados no Brasil 
também pela Associação dos Arquivistas Brasileiros.
Os arquivos, influenciados pelas tecnologias de informação, 
já disponibilizam seus acervos eletronicamente, proporcionando 
aos usuários de qualquer parte do mundo o acesso a documentos 
históricos, antes praticamente inacessíveis.
A Museologia10
É definida como a área do conhecimento que se ocupa da orga-
nização dos museus. Tem seu foco: a) nas coleções de objetos e 
reservas técnicas (formação, desenvolvimento, classificação, con-
servação e exposição para cientistas e público em geral); b) no 
próprio museu como instituição organizada (regulamento, pes-
soal, contabilidade, instalações, infraestrutura) e c) nos visitantes 
– os usuários (direitos e deveres, do pessoal e do público, acesso 
às coleções).
O profissional que atua nos museus – o museólogo – dedica-
se à organização, à classificação, à conservação e à exposição de 
peças de valor histórico, artístico, cultural e científico. Sua mis-
são é transmitir conhecimentos e desenvolver ações culturais por 
meio de seus acervos.
Assim como as bibliotecas e os arquivos, os museus hoje têm 
uma atuação mais arrojada, pois estão abertos à visitação do pú-
blico em geral, deixando de lado a primazia aos cientistas e à 
guarda patrimonial do acervo, haja vista a frequência em massa 
de estudantes e turistas e, ainda, a lógica da rentabilidade ao se 
cobrar ingressos para entrada em seus espaços.
10. Chamada por Le Coadic (2004) de Museoconomia, como analogia à junção 
dos termos museu e economia.
40 A Biblioteconomia e suas relações ... como áreas afins
Com o advento da Internet, as visitas aos museus se expandi-
ram para o plano virtual e a grande maioria dos museus já dispo-
nibiliza suas coleções on-line. 
A Documentação
A partir do crescimento incalculável da informação, causado pela 
Revolução Industrial, deflagrada em toda a Europa e nos Estados 
Unidos, no final do Séc. XIX, várias tentativas foram efetuadas 
para realizar um CONTROLE BIBLIOGRÁFICO UNIVERSAL.11 
A iniciativa mais importante coube a dois advogados belgas 
– PAUL OTLET e HENRI LA FONTAINE – que se preocupavam em poder 
levar ao conhecimento de todos os cientistas, e de outros interes-
sados, a literatura científica, assim como todos os produtos do 
conhecimento gerados no mundo.
Otlet e La Fontaine planejaram criar uma BIBLIOTECA UNIVER-
SAL, a qual não reuniria acervos, mas sim referências de como 
encontrar produtos de interesse, utilizando para isso as técnicas 
fundamentais da Biblioteconomia. 
Para coordenar tais atividades foi fundado – em 12 de setem-
bro de 1895 – o Instituto Internacional de Bibliografia (IIB), em 
Bruxelas, que passou a desenvolver ferramentas para registrar, de 
forma sistemática e padronizada, as referências dos documentos. 
Um dos primeiros objetivos do IIB era o de desenvolver um 
sistema de classificação único, a ser adotado na indexação dos 
documentos. Com isso, surgiu a CLASSIFICAÇÃO DECIMAL UNIVERSAL 
(CDU), cuja 1ª edição foi publicada em 1905. Esta classificação 
oferecia a possibilidade de tratar diferentes tipos de documentos, 
além dos livros e de outros produtos impressos.
Outro fato relevante foi a criação, também por Paul Otlet, do 
conceito de documento – que se estendeu do livro para a revista, 
o jornal, a peça de arquivo, a estampa, a fotografia, a medalha, a 
música, o disco, o filme, e até a outras amostras e espécimes, com 
três dimensões e, eventualmente, em movimento. Este conceito 
de documento vem unir – em uma abordagem mais abrangente 
11. Pressupõe um domínio completo sobre os materiais que registram o conhe-
cimento, objetivando sua identificação, localização e obtenção (CAMPELLO, 
2006).
Fundamentos de Biblioteconomia e Ciência da Informação 41
– entidades até então separadas, em virtude do suporte físico – 
o arquivo, a biblioteca e o museu (BRIET, 1953 apud JARDIM, 
1998).
Com a obra de Otlet, foi instituído, também, um novo con-
junto de técnicas para organizar, analisar os documentos, descre-
vê-los e resumi-los, técnicas essas diferentes das usadas na Biblio-
teconomia tradicional. A esse conjunto de técnicas, chamou-se 
Documentação. 
Diante desses novos conceitos, o IIB foi transformado – em 
1931 – em Instituto Internacional de Documentação (IID), que 
visava fornecer meios de controle para os novos tipos de supor-
te do conhecimento. Este organismo – em 1938 – passou a se 
chamar Federação Internacional de Documentação (FID). Desde 
1986, se denomina Federação Internacional de Informação e de 
Documentação (FID), sendo o órgão máximo da área, que perma-
nece atuante até os dias de hoje, tendo completado 110 anos de 
criação, em 2005.
Apesar da criação da Biblioteca Universal de Otlet e La Fon-
taine não ter sido implementada, da forma como foi idealizada, 
foi materializada com a criação do MUNDANEUM, em 1910, em 
Haia, que chegou a reunir, em 1914, 11 milhões de fichas cata-
lográficas, constituindo-se em um verdadeiro repertório mundial 
do conhecimento.
O trabalho de Otlet e La Fontaine deixou como legado a cria-
ção de novos conceitos como o de documento e de BIBLIOGRAFIA, e, 
ainda, a Classificação Decimal Universal.
Outra grande contribuição da Documentação foi a publicação 
do TRAITÉ DE DOCUMENTATION, por Paul Otlet, em 1934, que ressal-
tou – entre outras coisas – a identificação dos novos suportes da 
informação como portadores de memória e, ainda, a importância 
da organização da informação, visando à sua recuperação pela 
humanidade.
Paul Otlet apresenta, nessa obra, a seguinte previsão sobre o 
acesso ao conhecimento registrado: 
Tudo no universo e tudo do homem poderia ser re-
gistrado na distância em que foi produzido... De 
uma distância, todos poderiam ler textos, amplia-
dos e limitados ao assunto desejado, projetado em 
42 A Biblioteconomia e suas relações ... como áreas afins
uma tela individual. Dessa forma, qualquer pes-
soa sentada em sua cadeira poderia ser capaz de 
contemplar a criação, como um todo ou em certas 
partes (OTLET, 1934, p. 390-391, apud WRIGHT, 
19??).
Sob a ótica de uma linha de tempo, esta previsão de Otlet 
pode reunir sob um único objetivo – o acesso ao conhecimento – a 
Biblioteca de Alexandria, do Séc. III a.C., o Mundaneum, do Séc. 
XIX e a Internet do Séc. XX.
Referências
CAMPELLO, B. S. Introdução ao controle bibliográfico. 2.ed. Brasília, DF: 
Briquet de Lemos/Livros, 2006.
DICIONÁRIO de termos arquivísticos do Arquivo Nacional. Rio de Janei-
ro: Arquivo Nacional, 1992. 
FONSECA, E. N. da. Introdução à Biblioteconomia. 2.ed. Brasília, DF: 
Briquet de Lemos/Livros, 2007.
JARDIM, J. M. A produção de conhecimento arquivístico: perspectivas 
internacionais e o caso brasileiro (1990-1995). Ciência da Informação, 
Brasília, DF, v. 27, n.3, 1998.
LE COADIC, Y. A Ciência da Informação. 2. ed. Brasília, DF: Briquet de 
Lemos/Livros, 2004. 
OLIVEIRA, M. de (Coord.). Ciência da Informação e Biblioteconomia: 
novos conteúdos e espaços de atuação. Belo Horizonte: Ed. da UFMG, 
2005.
PINHEIRO, L. V. R. Gênese da Ciência da Informação: os sinais enun-
ciadores da nova área. In: AQUINO, Miriam A. O campo da Ciência da 
Informação: gênese, conexões e especificidades. João Pessoa: Ed. Univer-
sitária, 2002. p. 61-86.
SHERA, J. H. Sobre biblioteconomia, documentação e ciência da infor-
mação. In: GOMES, Hagar Espanha (Org.). Ciência da informação ou in-
formática? Rio de Janeiro: Calunga, 1980. p. 90-105.
WRIGHT, Alex. O antepassado esquecido: Paul Otlet. Disponível em: 
http://tecnologica.extralibris.info/internet/o_antepassado_esquecido_
paul_o.html. 19??. Acesso em: 26 mar. 2007.
Fundamentos de Biblioteconomia e Ciência da Informação 43
A Biblioteconomia e a Ciência 
da Informação: paradigmas e 
interdisciplinaridade12
“A aventura bibliográfica iniciada na Bélgica, no fi-
nal do Séc. XIX, pode muito bem ser considerada, 
em retrospecto, um importante aspecto histórico 
do desenvolvimento da Ciência da Informação nos 
Estados Unidos e em outros lugares, na segunda 
metade do Séc. XX” (Boy Rayward).
A Biblioteconomia – como uma das mais antigas disciplinas que 
se ocupa do acesso à informação e de sua transmissão para os 
povos futuros – apresenta grandes marcos, como a criação das 
bibliotecas que mais se destacaram na história da humanidade.
Principais Bibliotecas
A Biblioteca de Alexandria, uma das mais importantes bibliotecas 
da Antiguidade, instituída por Ptolomeu I, em 288 a.C., foi orga-
nizada sob decisiva influência de Aristóteles, tendo como modelo 
o clássico GYMNASIUM (CHASSOT, 2002).
Esta biblioteca foi criada com a finalidade de reunir e classi-
ficar todos os conhecimentos registrados em forma documental. 
Possuía 10 grandes salas de investigação e leitura, vários jardins, 
horto, zoológico, salas de dissecações e observatório astronômico. 
Tem-se notícia que seu acervo chegou a alcançar 700 mil rolos de 
12. Fundamentado em OLIVEIRA, M. de (Coord.). Ciência da Informação e Biblio-
teconomia: novos conteúdos e espaços de atuação. Belo Horizonte: Ed. da UFMG, 
2005.
44 A Biblioteconomia e a Ciência da Informação: paradigmas e interdisciplinaridade
papiro, o que poderia equivaler de 100 a 125 mil livros impressos 
de hoje. Esse complexo foi devastado em diferentes momentos, 
em função de guerras, de fenômenos naturais (incêndios) e, ain-
da, devido ao medo de que o saber, quando socializado, dimi-
nuísse o poder dos déspotas. Sua destruição começa com o pri-
meiro grande incêndio (47 a.C.) e termina com uma guerra, no 
ano de 619, na qual os persas arrasaram totalmente Alexandria 
(CHASSOT, 2002).
No ano de 1974, sob a liderança da Universidade de Ale-
xandria, desencadeou-se um projeto internacional – apoiado pela 
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a 
Cultura (Unesco) – para construção de uma nova biblioteca. Em 
1990, foi assinada a Declaração de Assuã para a recuperação da 
instituição e, em 1995, foi colocada a primeira pedra da imponen-
te construção. O custo total da obra girou em torno de US$ 220 
milhões e, em 2002, a nova biblioteca foi inaugurada, inserida 
em um imponente complexo com uma área total de 84.405m2, 
dos quais 37.000m2 são exclusivos para a biblioteca; os demais se 
destinam a um Centro Cultural, um Museu de Ciências, um Mu-
seu Arqueológico, um Museu de Manuscritos – com mais de oito 
mil documentos de grande valor –, laboratórios de restauração e 
um moderno planetário construído pela França, além de outros 
serviços técnicos (Id.).
Na biblioteca, há uma grande sala de leitura com cerca de 
20.000 m2, instalados em 11 níveis distintos; dos quais, sete estão 
acima da superfície e quatro subterrâneos, dotados de refrigera-
ção e modernos equipamentos tecnológicos. A coleção – com ca-
pacidade para abrigar oito milhões de itens – está distribuída por 
temas, em função da classificação internacional. Cerca de dois mil 
leitores podem usar simultaneamente as salas, por meio de acesso 
local ou virtual (Id.).
As bibliotecas da Antiguidade, cujos acervos eram constituídos 
de coleções de tijolos de argila, de rolos de papiros, de códices – 
apresentados em folhas de pergaminho – passam por uma grande 
evolução, influenciadas por grandes invenções como a manufatura 
do papel, no Oriente, e o surgimento da Imprensa, no Ocidente. 
Com foco no cenário cristão, cabe destacar as bibliotecas da 
Idade Média, inseridas nos conventos e nos mosteiros, também 
Fundamentos de Biblioteconomia e Ciência da Informação 45
conhecidas como BIBLIOTECAS MONÁSTICAS, monacais ou conven-
tuais.13 Nessas instituições, cujo acesso era restrito ao clero e a 
alguns nobres, os copistas refugiavam-se no SCRIPTORIUM, para ler, 
ilustrar, traduzir e copiar todo e qualquer manuscrito que chegas-
se ao seu poder, mais uma vez com o objetivo de registrar todo o 
conhecimento gerado no mundo.
Como retratada no romance O nome da Rosa, por Humberto 
Eco (2009), a biblioteca dos mosteiros medievais se apresenta 
como um lugar quase inacessível, na qual a própria construção foi 
realizada – como verdadeiros labirintos – de forma a dificultar o 
acesso às obras desejadas. Battles (2003) descreve com primor a 
magia desse cenário:
Reunidos aos milhões, empilhados, puídos, lidos 
e esquecidos, os livros de uma biblioteca vão ga-
nhando uma vida própria, não exatamente como 
textos, mas como objetos físicos do mundo.
No Renascimento, surge um novo tipo de biblioteca, consti-
tuído pelas coleções particulares dos humanistas, as quais podem 
ser consideradas como precursoras das bibliotecas modernas.14 
Exemplos dessas bibliotecas são a dos Estes, em Ferrara, a dos 
Médici, em Florença, e mesmo a Biblioteca do Vaticano, fundada 
em 1450, pelo Papa Nicolau V.
O Séc. XVI, principalmente com o advento da imprensa – 
considerado como o primeiro grande momento de impacto para 
a informação – acompanha o surgimento de grandes bibliotecas 
universitárias, como a de Oxford, na Inglaterra. As palavras de 
Bill Gates descrevem muito bem esse fato histórico:
Antes de Gutenberg, havia uns 30 mil livros em 
todo continente europeu, a maioria Bíblias ou co-
mentários bíblicos. Por volta de 1500, havia mais 
13. Uma curiosidade – que até hoje marca a história da Biblioteconomia – é a 
do “dedo em riste”, que simboliza o bibliotecário pedindo silêncio na biblioteca; 
ela, possivelmente, advém das bibliotecas monásticas. Esse gesto tem origem nos 
sinais trocados entre os monges copistas, que tinham que obedecer às ordens de 
silêncio, estabelecidas nos mosteiros.
14. Uma das características das “bibliothecas modernas” é a acessibilidade dos 
livros ao público.
46 A Biblioteconomia e a Ciência da Informação: paradigmas e interdisciplinaridade
de 9 milhões de livros, sobre tudo quanto é assun-
to... Pela primeira vez, quem se achava fora da elite 
eclesiástica teve acesso à informação escrita... (GA-
TES, 1995, p. 19-20).
As bibliotecas nacionais começam a surgir no Séc. XVII, com 
a Biblioteca Nacional de Berlim, mas é no Séc. XVIII que são cria-
das as grandes bibliotecas nacionais, como a Biblioteca Nacional 
Espanhola, fundada em Madrid, em 1712, por Filipe V, a qual 
possuía em seu acervo coleções de manuscritos magníficas, assim 
como de primeiras impressões valiosas. 
Outro fato relevante para a área de Biblioteconomia foi a 
publicação do primeiro livro, destinado a apoiar a organização 
de bibliotecas: “Advispour dresser une bibliothèque”, escrito por 
Gabriel Naudé, em 1627.
A Revolução Francesa também se constitui em um evento 
importante para a área de Biblioteconomia visto que levanta, 
como uma de suas bandeiras, a da igualdade entre os homens, 
fazendo com que as grandes bibliotecas particulares fossem 
abertas para consulta do povo, levando ao surgimento das bi-
bliotecas públicas. 
Nos Estados Unidos, outro grande marco da Biblioteconomia é 
a criação da BIBLIOTECA DO CONGRESSO, em 1800, duas vezes destruída 
pelo fogo e depois reconstruída. Pode ser comparada, no Séc. XXI, 
à Biblioteca de Alexandria, pelo seu objetivo de reunir todas as in-
formações sobre o conhecimento produzido no mundo.
Estes se constituem em grandes marcos da Biblioteconomia, 
antes mesmo que ela se constituísse em área do conhecimen-
to, fato que ocorreu a partir da criação dos primeiros cursos 
da área, como o da Ècole Nationale des Chartes, na França, em 
1821, e o da Columbia University, em 1887, nos Estados Unidos. 
Este último curso foi criado por MELVIL DEWEY, que se tornou um 
dos personagens mais importantes na área, por suas inúmeras 
contribuições, como a criação, em 1876, da ALA, a publicação 
do primeiro periódico científico especializado – Library Journal 
– e do primeiro código de classificação, conhecido como “CLASSI-
FICAÇÃO DECIMAL DE DEWEY (CDD)”.
Fundamentos de Biblioteconomia e Ciência da Informação 47
Conceituação de Biblioteconomia 
Um dos primeiros conceitos de Biblioteconomia é emitido pela 
ALA, definindo-a como uma área voltada para a aplicação prática 
de princípios e normas à criação, organização e administração de 
bibliotecas.
Parece ser mais pertinente o conceito de Buonocore (1963), 
que define a Biblioteconomia como a área que se destina ao estu-
do dos princípios racionais para realizar, com a maior eficácia e o 
menor esforço possível, os fins específicos das bibliotecas. Para o 
autor, a Biblioteconomia se subdividia em duas subáreas: a técni-
ca e a administrativa. A primeira preocupava-se com a seleção, a 
aquisição, a catalogação, a classificação e a ordenação das obras 
nas bibliotecas; a segunda, com o local, a arquitetura, o mobiliá-
rio, o pessoal, o uso, o regulamento, os recursos financeiros, tudo 
isso para que a biblioteca pudesse atender aos seus usuários com 
eficiência.
Esse conceito é complementado por Targino (2006), à luz do 
Séc. XXI, como:
a área do conhecimento que se ocupa com a orga-
nização e a administração das bibliotecas e outras 
unidades de informação, além da seleção, aquisi-
ção, organização e disseminação de publicações 
sob diferentes suportes físicos. 
Com base nesses conceitos, autores como Francis Miksa 
apontaram como PARADIGMA da Biblioteconomia a visão da biblio-
teca como uma instituição social, fundamentando-se nos campos 
da Sociologia e da Educação, tendo como foco a Biblioteca em si 
mesma (OLIVEIRA, 2005).
Paradigma15 da Biblioteconomia
Com base nesse paradigma, a biblioteca é considerada como o 
foco principal da área e é entendida como uma organização so-
cial, que compreende propriedades materiais, organizacionais e 
15. Para Thomas Kuhn (1975), o termo paradigma quer dizer “um modelo ou 
padrão de ciência que é compartilhado por uma determinada comunidade”.
48 A Biblioteconomia e a Ciência da Informação: paradigmas e interdisciplinaridade
intelectuais, as quais servem para definir suas funções em uma 
estrutura social.
Dentro das propriedades materiais encontram-se as coleções 
dos documentos e os equipamentos especializados; as proprieda-
des organizacionais referem-se às medidas administrativas e de 
pessoal; e as propriedades intelectuais referem-se aos sistemas, 
tais como, o sistema de classificação, as regras de catalogação e 
as políticas de seleção.
Oliveira (2005) aponta que o paradigma da Biblioteconomia 
que considera a biblioteca como instituição social se apoia em seu 
papel de “fio condutor” entre os indivíduos e o conhecimento que 
eles necessitam.
Sob esse prisma, a função mais importante da biblioteca é 
possibilitar o uso de sua coleção de documentos a um dado públi-
co e, para isso, são desenvolvidas atividades de aquisição, organi-
zação, tratamento e disseminação desses documentos, utilizando-
se técnicas apropriadas e pessoal qualificado. 
A autora ressalta que a aceitação deste paradigma é prejudi-
cada por duas grandes questões: a primeira refere-se à preocupa-
ção primária com o armazenamento e a conservação dos acervos, 
considerando o suporte do documento mais importante do que 
o seu conteúdo. A segunda questão relaciona-se com a valoriza-
ção secundária ao atendimento aos usuários, os quais deveriam 
se constituir no foco principal das atividades realizadas. Para se 
compatibilizar com o cunho social da área, estes deveriam fazer 
parte integrante das discussões relativas ao planejamento e ava-
liação de todos os produtos e serviços oferecidos.
 As discussões a respeito dessa fragilidade no paradigma da 
área de Biblioteconomia – aliadas às necessidades cada vez mais 
prementes dos usuários, em obter informações relevantes, no me-
nor tempo possível – apontaram para a necessidade de criação de 
uma nova área do conhecimento que priorizasse o atendimento 
ao usuário em suas necessidades informacionais; nesse contexto, 
surge a CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO.
Fundamentos de Biblioteconomia e Ciência da Informação 49
A Ciência da Informação (C.I.)
Segundo Oliveira (2005) a Ciência da Informação tem sua gê-
nese no cenário da revolução científica e técnica, que ocorre 
logo após a Segunda Guerra Mundial, tendo sofrido grandes in-
fluências da Documentação e da RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO. A 
primeira, pelo desenvolvimento de novos conceitos – como o de 
documento, por exemplo – e novas instituições na área – como 
o IIB – IID – FID.
A influência da Recuperação da Informação é percebida a 
partir da criação dos sistemas automatizados de recuperação 
de informações, que começaram a surgir em meio ao boom in-
formacional presente após a Segunda Guerra Mundial. O inte-
resse dos países mais desenvolvidos pelas atividades de ciência 
e tecnologia, que ocasionou um aumento considerável na ge-
ração e nas buscas de conhecimentos, dá origem ao fenômeno 
que foi denominado, por VANNEVAR BUSH, de explosão da infor-
mação.16 Esse fenômeno foi, também, explicado por Saracevic 
(1996) como um problema social que teve seu início com o 
desenvolvimento das ciências e hoje se estende para todas as 
atividades humanas.
O gráfico, a seguir, ilustra a explosão da informação, retra-
tando a expansão das revistas científicas.
Como pode ser visto no gráfico, foi realizada uma previsão, 
em 1994, de que as revistas científicas – que começaram a ser 
editadas em meados do Séc. XVII – chegariam no Séc. XXI ao 
número de 1.000.000 de títulos. Essa previsão foi confirmada 
pelo cadastro do sistema do International Standard Serial Number 
(ISSN), que totaliza, em 2009, o número de 1.489.773 registros 
de periódicos.17 
Esse cenário traz o foco, mais uma vez, para a preocupação 
de Otlet e La Fontaine de fazer com que esses documentos pudes-
sem estar acessíveis a todos os interessados.
16. Também conhecida como Explosão Informacional, ou Explosão Bibliográfica.
17. www.issn.org. Só no ano de 2009 foram cadastrados 75.831 registros novos.
50 A Biblioteconomia e a Ciência da Informação: paradigmas e interdisciplinaridade
Gráfi co 1
Em 1945, Vannevar Bush, um respeitado cientista do Mas-
sachussets Institute of Technology (MIT), que durante a guerra 
havia ocupado o cargo de chefe do esforço científico america-
no, na procura de uma solução para o problema da explosão da 
informação, propõe a criação de uma máquina que nomeou de 
MEMEX.18 Processos de coleta, armazenamento e transmissão de 
informações, utilizando técnicas como a mecanização e a

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