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1 Material de Apoio 1 – Teoria Geral do Direito Civil I 1. Origem do Direito O Direito atual é originário do Direito Romano. No período de 753/754 a.c., historicamente há menção da fundação de Roma por Remo e Rômulo, história cercada por lendas e mitológica, pois seriam fruto de um amor entre o Deus Marte. A organização romana tinha a seguinte composição: Magistrados de Direito: Eram as pessoas que conheciam os conflitos que existiam entre os indivíduos da sociedade romana. O magistrado dava uma solução ao conflito, julgando-o. Também conhecidos como pontífices; Pretor: Era classificação / espécie dos magistrados romanos. Tinha como função principal cuidar da primeira fase do processo entre particulares. Verificava a procedência das alegações diante das provas apresentadas, julgando a demanda. Dividiam-se em: Pretor urbano: Cuidava dos conflitos entre patrícios; Pretor peregrino: Cuidava dos conflitos entre a plebe e os patrícios. Questor: Indivíduo semelhante ao pretor com funções de arrecadar tributos e fiscalizar o pagamento dos mesmos. Também solucionava problemas com posse de animais e escravos. Censor: Obtinha informações sobre os demais. O censo era feito de 5 em 5 anos e passado ao questor. Quem não se cadastrasse eram considerados escravos por sonegarem impostos. Jurisconsultos: Eram grandes estudiosos da regra de Direito, contratados pelos pretores para informá-los nas suas decisões. Assemelhavam à figura do advogado na sociedade atual. Edis Curuis: Encarregados do policiamento da cidade, guarda dos gêneros alimentícios e do comércio em geral. 2 As regras religiosas tinham essencial importância e somente os romanos tinham seus direitos garantidos. Aos plebeus não eram assegurados nenhum direito. O Estado só resolvia conflitos de ordem maior vulto, como as guerras e punições de crimes de alta gravidade. Neste período acontece: a) Primeira evolução jurídica com a lei XII Tábuas por volta de 451/450 a.C.; b) Principais características da lei XII Tábuas (lex duodecem tabularum); As leis eram aplicadas na República Romana pelos pontífices e representantes da classe dos patrícios que as guardavam em segredo. Em especial, eram majoritariamente aplicadas contra os plebeus. Por esse motivo, um plebeu de nome Terentílio propôs no ano de 462 a.C. que houvesse uma compilação e publicação de um código legal oficial. A iniciativa visava permitir que os plebeus também conhecessem as leis e impedir o abuso que era feito delas pelos pontífices e patrícios. A ideia de se criar uma lei oficial publicada foi recusada pelos patrícios durante muito tempo, já que tentaram manter por mais tempo possível o privilégio no controle jurídico sobre a população romana. Essa condição dava aos patrícios enormes poderes de manipulação e repressão aos plebeus. Somente tempos depois, um grupo formado por dez homens foi reunido para preparar o projeto oficial. É possível que uma equipe tenha ido à Grécia estudar as leis utilizadas por Sólon. No ano em que o grupo se formou para elaborar as leis, foram publicados dez códigos. No ano seguinte, foram incluídos mais dois. Assim se formaram as Doze Tábuas, nome utilizado justamente porque as leis foram publicadas em doze tabletes de madeira, os quais foram afixados no Fórum Romano para que todos pudessem ler. A Lei das Doze Tábuas reúne sistematicamente todo o direito que era praticado na época. Contém uma série de definições sobre direitos privados e procedimentos, considerando a família e rituais para negócios formais. O texto oficial foi perdido junto com diversos outros documentos quando os gauleses colocaram fogo em Roma no ano 390 a.C. Hoje conhecemos apenas fragmentos obtidos através de versões não oficiais e citações feitas por outros autores. O conteúdo do código foi reconstituído pelos historiadores com as informações que foram encontradas. Sabe-se que a Lei das Doze Tábuas versava sobre organização e procedimento judicial, normas para os inadimplentes, poder pátrio, sucessão e tutela, 3 propriedade, servidões, delitos, direito público e direito sagrado, além de alguns assuntos complementares. Assim como as leis que existiam anteriormente, o código oficial publicado combinava penas rigorosas com procedimentos severos. A Lei das Doze Tábuas diz muito sobre a sociedade e os métodos judiciais dos romanos, mas sua implicância vai muito além disso. Os tabletes representaram o primeiro documento legal a oficializar o Direito Romano, de onde se estruturam todos os corpos jurídicos do Ocidente. 2. PODERES DOS JURISCONSULTOS Respondere:De emitir pareceres jurídicos sobre questões práticas; Agere:Instruir as partes de como agir em juízo; Cavere:Orientar os leigos na realização de negócios jurídicos. DIREITO DIFERENTE DE RELIGIÃO: O jus (direito) não se confunde com o faz (religião). O jus é do domínio humano e o faz do reinado de Deus. DIREITO DIFERENTE DE MORAL: A moral é a ciência geral da consciência humana e em todas suas atividades deve-se primar pela moral. Ela tem conceito elástico e variável de acordo com a época. É a arte do bem. O direito é fixo, nunca elástico e deve ser aplicado nas relações onde houver interesse humano. Portanto, podemos nosso Direito tem historicamente origem em Roma, mas especificamente no Direito Romano. 3. A expansão do Direito – Código de Justiniano No império romano Justiniano foi imperador durante 38 anos – assumiu o trono em 527 e governou até sua morte, em 565. Tomou muitas medidas impopulares, seu governo foi marcado pela elevada cobrança de impostos, fortalecendo a desigualdade entre pobres e ricos, em que pese a sua origem humilde. Tinha uma admiração acentuada pela religião. Pensava que, através dela, poderia unir o Ocidente e o Oriente. Curiosamente, foi a própria religião a responsável por separá-los ainda mais, conforme vimos na Cisma do Oriente (1054). 4 Em decorrência desse seu projeto de unificação e expansão do Império, Justiniano teve a ideia de criar uma legislação congruente, por meio de uma compilação de inúmeras normas e jurisprudência, criando o famoso Código de Justiniano. Essa é a história de como um homem e uma comissão composta pelos mais prestigiados jurisconsultos da época (cerca de dezesseis), conseguiram, em meados do século VI, elaborar uma compilação das muitas leis vigentes à época, totalizando incríveis 1500 títulos, organizados por assunto. Quanto ao conteúdo do referido código, sirvo-me da didática lição trazida pelo prof. José Fábio Rodrigues Miguel (2005): A) o Código (Codex): recolha de leis imperiais, que visava substituir o Código Teodosiano; B) o Digesto (Digesta ou Pandectas): enorme compilação de extratos de mais de 1500 livros escritos por jurisconsultos da época clássica. Praticamente um terço do texto do Digesto é tirado das obras de Ulpiano, Gaio, Papiniano, Paulo e Modestino. Obra gigantesca, composta por 50 livros, contém algumas imperfeições e repetições, fatos que não retiram o mérito da compilação; C) as Instituições (Institutiones): manual elementar destinado ao ensino do direito, de caráter didático. Segue o plano original do jurisconsulto Gaio. Compõe-se de quatro livros; d) as Novelas (Novellae ou leis novas): compêndio das constituições imperiais mais recentes do próprio imperador Justiniano, promulgadas depois da publicação do seu Codex. São em número de 177. São inúmeras as contribuições desse histórico diploma para o nosso Direito, sobretudo no que diz tange ao Direito Civil. Assim como Justiniano, trago-lhes uma compilação, agora, das principais semelhanças e diferenças entre o documento ora em estudo e oordenamento jurídico pátrio. 5 I. DIREITO SUCESSÓRIO – HERANÇA De acordo com o Código Civil, a filha, ainda que esteja casada, tem direito à receber a parte que lhe diz respeito do espólio do pai. Curiosamente - e para o espanto das mulheres - no Código de Justiniano, a filha só poderia ser considerada herdeira de seu pai se ainda estivesse solteira. Caso estivesse casada, não poderia receber herança, visto que, de acordo com as regras da época, não estaria mais sobre o domínio de seu genitor. Teodora, esposa de Justiniano, muito lutou para que as mulheres fossem tratadas em pé de igualdade com relação aos homens, sem sucesso, sobretudo nesse aspecto. II. DIREITO DOS CONTRATOS/DO CONSUMIDOR – A BOA FÉ E AS COBRANÇAS INDEVIDAS De acordo com o art. 422 do Código Civil, os contratantes “são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios da probidade e da boa fé”. Tal instituto não foi invenção brasileira. A boa fé já estava prevista no direito romano. Gaio, em enunciado incluído no Digesto, já dizia que o credor, ao exigir quantia superior a devida, perderia tanto o excesso exigido quanto todo o restante, visto que este agiu de má-fé. O nosso Código de Defesa do Consumidor, em seu art. 42, parágrafo único, estipula que, nos casos em que o credor fizer cobranças indevidas, o devedor terá direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou a mais. III. CITAÇÃO E O PRINCÍPIO DA INVIOLABILIDADE DO DOMICÍLIO A nossa Constituição Federal, em seu art. 5º, inciso XI, diz que “a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial.”. O Código de Justiniano já tinha semelhante determinação. Aqui, ninguém poderia ser citado (receber convocação para comparecer na Justiça) em sua residência, visto que este é o mais seguro refúgio e asilo de cada um, caracterizando sua violação no momento que alguém a invade para realizar, por exemplo, uma citação. Só seria possível a citação na residência se, de livre e espontânea vontade, o citado se dirigisse à soleira da porta e consentisse com a citação. 6 Ademais, cumpre ressaltar que não só de direito civil era composto o Código de Justiniano. Também estavam contidos os princípios gerais de direito, direito penal, administrativo e outros ramos do direito público. IV. EXPRESSÃO VARA A vara tem sua origem na fasces da Roma Antiga. Fasces era uma espécie de bastão utilizado para abrir caminho na multidão para dar passagem aos magistrados. Com o tempo passou a ser uma insígnia do juiz, o que fazia com que a população o reconhecesse e o respeitasse como autoridade. Foi nas Ordenações Manuelinas, que a “vara” passou a se refletir no Direito Português. A vara de juiz ordinário é um símbolo da autoridade desse magistrado eleito pelo povo, que devia trazê-la obrigatoriamente quando andasse pela Vila, em serviço, a pé ou a cavalo, sob pena de quinhentos réis de multa por cada vez que – sem ela – fosse 4. Símbolos da Justiça 7 IUSTITIA Divindade romana que representa a Justiça. Conforme Grimall (1997, p. 262), não é o equivalente da Têmis grega, mas sim de Diké e também de Astreia. Apresenta-se com os olhos vendados, segurando a balança com as duas mãos, os pratos alinhados e o fiel bem no meio, às vezes sentada. Ela ficava de pé e declarava o direito (jus, significando o que a deusa diz) quando o fiel estava completamente vertical, direito (rectum), ou seja, perfeitamente reto, de cima para baixo (de+rectum). Os olhos vendados mostram que sua concepção do direito era mais um saber agir, um equilíbrio entre a abstração e o concreto. (FERRAZ JÚNIOR, 2003, p. 32-33). CEGUEIRA É símbolo da imparcialidade e do abandono ao destino, e desse modo exprime o desprezo pelo mundo exterior face à “luz interior.” conceitos associados: imparcialidade, sabedoria. MARTELO Também chamado de malhete, o martelo do juiz, todo em madeira, é juntamente com a deusa Thêmis e a balança da justiça comutativa, um dos mais fortes e conhecidos símbolos do direito e da justiça. conceitos associados: respeito, ordem. 8 ESPADA Em primeiro lugar, a espada é o símbolo do estado militar e de sua virtude, a barreira, bem como de sua função, o poderio. O poderio tem um duplo aspecto: o destruidor (embora essa destruição possa aplicar-se contra a injustiça, a maleficência e a ignorância, e por causa disso, tornar-se positiva); e o construtor, pois estabelece e mantém a paz e a justiça (CHEVALIER, 2002, p. 392). É aplicada contra a injustiça, maleficência e ignorância. Tornando-se positiva, ela estabelece e mantém a paz e a justiça. De acordo com Udo Becker (1999, p. 101), quando associada com o símbolo da Justiça, simboliza a decisão, a separação entre o bem e mal, sendo misericordiosa com o primeiro e golpeando e punindo o segundo. É a força máxima para punir o culpado e perdoar o inocente. (BECKER, 1999, p. 101). Bibliografia: BECKER, Udo. Espada. In:______. Dicionário de símbolos. São Paulo: Paulus, 1999. p. 101. CHEVALIER, Jean; GHEERBRANT, Alain. Espada. In:______. Dicionário de símbolos: mitos, sonhos, costumes, gestos, formas, figuras, cores, números. 17.ed. Rio de Janeiro: J. Olympio, 2002. p. 392. 9 5. Sobre a origem das expressões que são utilizadas até hoje na carreira jurídica 10 11 BIBLIOGRAFIA BRASIL. Constituição da Republica Federativa do Brasil, 1988. BRASIL. Lei n. 10.406/2002, Código Civil. GAGLIANO, Pablo Stolze. PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil – Direito dos Contratos, Tomo I, volume 4. 10º edição. São Paulo: Saraiva, 2012. MARTINS, José Eduardo Figueiredo de Andrade. Corpus Juris Civilis: Justiniano e o Direito brasileiro . Revista Jus Navigandi, Teresina, ano 17, n. 3417, 8 nov. 2012. Disponível em:. Acesso em: 15 nov. 2016. WOLKMER, Antônio Carlos, organizador. Fundamentos de história do direito – 3. Ed, 2. Tir, rev. E amp. – Belo Horizonte: Del Rey: 2006. MACIEL, José Fábio Rodrigues. A contribuição de Justiniano para o nosso Direito. Jornal Carta Forense, 2005. Disponível em: <http://www.cartaforense.com.br/conteudo/colunas/a-contribuicao-de-justiniano- paraonosso-direito/18...> BOAVENTURA, Thiago Lima. O Código de Justiniano em https://thiagobo.jusbrasil.com.br/artigos/405074667/o-codigo-de-justiniano-e-a-sua- importancia-para-o-direito-brasileiro
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