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DIT - Módulo 1

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DIREITO
INDIVIDUAL 
DO TRABALHO
MÓDULO 1
- Conceito de direito do trabalho: é o ramo da ciência do direito que tem por objeto as normas, as instituições jurídicas e os princípios que disciplinam as relações de trabalho subordinado, determinam os seus sujeitos e as organizações destinadas à proteção desse trabalho em sua estrutura e atividade. 
- Etimologia/Onomástica da palavra TRABALHO: 
	Derivado do verbo trabalhar. O significado da palavra trabalho remonta à sua origem latina: tripalium (três paus) - instrumento utilizado para subjugar os animais e forçar os escravos a aumentar a produção. O tripalium era, pois, um instrumento de tortura, algo semelhante à cruz que o rebanho cristão adotou como objeto-símbolo. Vão-se os objetos, ficam as palavras: por volta do séc. 12, o termo já tinha ingressado nas línguas românicas - traball, traballo e trabalho (Port.), travail (Fr.), trebajo, trabajo (Esp.), travaglio (It.). Embora na França rural, até hoje, travail ainda sirva para designar uma variante do tripalium - uma estrutura de madeira destinada a imobilizar o cavalo para trocar ferraduras ou efetuar pequenas intervenções cirúrgicas -, em todas essas línguas o termo entrou como substantivo abstrato, significando "tormento, agonia, sofrimento".
Relações de Trabalho: refere-se a todas as relações jurídicas caracterizadas por terem sua prestação essencial centrada em uma obrigação de fazer consubstanciada em labor humano. Refere-se, pois, a toda modalidade de contratação de trabalho humano modernamente admissível. Gênero a que se acomodam todas as formas de pactuação de prestação de trabalho existentes no mundo jurídico atual.
Relações de Emprego: é apenas uma das modalidades especificas de relação de trabalho, juridicamente configuradas. Corresponde a um tipo legal próprio e específico, inconfundível com as demais modalidades de relação de trabalho ora vigorantes.
Relação de Trabalho e Relação de Emprego: A expressão relação de trabalho englobaria, desse modo, a relação de emprego, a relação de trabalho autônomo, a relação de trabalho eventual, de trabalho avulso e outras modalidades de pactuação de prestação de labor (como trabalho de estágio, etc.). Para haver a relação de emprego faz-se necessário que o trabalho seja realizado por pessoa física, bem como que a prestação do serviço seja desenvolvida com pessoalidade (sempre o mesmo trabalhador), não-eventualidade (continuidade da prestação do serviço), onerosidade (deve haver uma contraprestação) e subordinação (estar submetido a ordens).
BREVE HISTÓRICO: 
	O Direito do Trabalho é um dos ramos mais novos do direito, no cenário mundial, muito embora, sempre existiu dentro da sociedade, mas sendo de caráter punitivo. Houve muita demora para que fosse normatizado. A palavra “trabalho” é originária do latim tripalium era um instrumento de tortura destinado aos animais. As relações trabalhistas começaram a ter uma evolução social e suas complicações no inicio do século passado, mas o Estado ainda não interferia nas relações, deixando-as para que as partes resolvessem, no entanto, as dificuldades na composição eram muito grandes, pois não existia norma e nem tratamento isonômico, princípio fundamental no direito. Existe no Direito do Trabalho aquele que detém o poder de direção e poder econômico e outra parte mais fragilizada, ou seja, o empregado. Dessa forma imaginemos se o ramo do Direito do Trabalho fosse eminentemente privado teríamos sempre o empregado se submetendo as condições impostas por seus empregadores, ficando dessa forma desprotegidos e desamparados. Na década de 30 por conta da revolução industrial a situação do trabalhador se agravou ainda mais, pois as máquinas começaram a invadir a linha de produção e com isso surgindo demissões em massa, assim quem quisesse garantir seu emprego tinha que se submeter às péssimas condições impostas pelos seus empregadores. Essa nova realidade fazia com que os empregados pela necessidade se submetessem as condições bem inferiores das que tinham, como por exemplo, redução de salário e carga horária, etc. Dessa forma surgiram as primeiras greves, pois era a forma que os empregados tinham para se igualarem a seus empregadores. Diante dessa nova realidade o Estado começa a intervir nas relações de trabalho com elaboração de leis, o marco dessa conquista é a Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, promulgada por Getulio Vargas conhecido como o pai dos pobres em 1943 com objetivo de regular a relação de emprego. Abolida a escravidão, em 1888, os trabalhadores nas indústrias emergentes, muitos deles imigrantes, com tradição sindicalista européia, passaram a exigir medidas de proteção legal; até cerca de 1920, a ação dos anarquistas repercutiu fortemente no movimento trabalhista; as primeiras normas jurídicas sobre sindicato são do início do século XX; o CC de 1916 dispunha sobre locação de serviços, e é considerado o antecedente histórico do contrato individual de trabalho na legislação posterior; na década de 30, com a política trabalhista de Getúlio Vargas, influenciada pelo modelo corporativista italiano, reestruturou-se a ordem jurídica trabalhista no Brasil. 
Autonomia do direito do trabalho
	A autonomia do direito do trabalho é relativa, vez que busca fundamento entre outras ciências.
Autonomia legislativa: No direito há um fenômeno que o caracteriza através dos séculos: a sua intensa e contínua proliferação. O direito desenvolve-se na medida em que as necessidades sociais obrigam o seu desmembramento. A elaboração legislativa do direito do trabalho não é recente e podem ser apontados como antecedentes históricos os Estatutos das Corporações de Ofício, da Idade Média. Na atualidade, goza o direito do trabalho de uma total e própria legislação, quer no plano constitucional, quer no nível da lei ordinária. No Brasil, a Constituição Federal dispões sobre direitos do trabalhador. De outro lado, em vigor encontra-se a Consolidação das Leis do Trabalho, portanto um estatuto próprio e independente, embora em consonância com os demais preceitos jurídicos.
Autonomia doutrinária: A autonomia doutrinária revela-se pela existência de uma biografia própria e de princípios próprios. A bibliografia trabalhista é vasta, nela encontrando-se tratados, manuais, monografias e dicionários. A autonomia doutrinária do direito do trabalho revela-se também pela existência de princípios próprios ecaracterísticas desse ramo do direito. As suas fontes informativas são marcadamente pluricêntricas, isto é, emanam de mais de uma fonte de produção internacional, estatal e extra-estatal e, portanto, a lei não é, em direito do trabalho, a sua única forma de expressão. O problema das nulidades do contrato de trabalho é muito particular, prevalecendo, em princípio, a teoria da irretroatividade das nulidades. Outro princípio que encontra maior acolhida no direito trabalhista é a responsabilidade objetiva ou sem culpa e a teoria do risco dos acidentes de trabalho. A autonomia da vontade, também, sofre sensíveis modificações, substituída em larga escala pela adesão. 
Autonomia didática: A autonomia didática do direito do trabalho resulta da maturidade científica que o leva a contar com uma cadeira própria nas Faculdades de Direito, Economia, Administração de Empresas, Serviço Social, o que não acontece com os demais ramos de direito. Assim, existem métodos próprios de ensinamento do direito do trabalho com base em um programa mínimo no qual é estudada uma introdução ou teoria geral e, em seguida, o contrato de trabalho, além dos estudos sobre o sindicalismo, a previdência social e os conflitos coletivos. O processo trabalhista desvincula-se a ponto também de ganhar autonomia didática.
Autonomia jurisdicional: No direito do trabalho há uma jurisdição especial, a Justiça do Trabalho. Nem todos os ramos do direito são confiados a uma Justiça Especial. No Brasil, isso ocorre somente com o direito do trabalho, o direito eleitoral e o direito penal militar.
Relação com os demais ramos
Relação com o Direito Internacional:
O direito internacional público destina-se a regular os diversos ordenamentos jurídicos nacionais nas relações entre si. Mais precisamente, as relações entre os países considerados sujeitos de uma comunidade internacional. Assim, no direito do trabalho, um dos seus setores destina-se à regulamentação internacional do trabalho e às relações estatais voltadas para esse objetivo.
Relações com o Direito Constitucional: O conceito central do direito constitucional é o de Constituição e de movimentos constitucionalistas. Assim, são muitos próximas as relações entre o direito do trabalho e o direito constitucional, especialmente quanto à constitucionalização do direito do trabalho e à implicação recíproca de um em outro. O fenômeno da constitucionalização do direito do trabalho, isto é. Da sua inserção nos quadros constitucionais, está comprovado pela simples enumeração de algumas das muitas Constituições que tratam da matéria jurídica trabalhista.
Relações com o Direito Administrativo: O problema trabalhista não prescinde de uma infra-estrutura de órgãos estatais voltados para a proteção do trabalho, regulados pelo direito administrativo, visto que pertencentes à Administração Pública.
Relações com o Direito Processual: O direito do trabalho e o direito processual do trabalho relacionam-se; porem são ramos autônomos. O primeiro é ramo do direito material, o segundo do direito processual. Esta compreende, em linhas gerais, o estudo das figuras da ação, jurisdição e do processo. O direito do Trabalho surgiu antes. Da necessidade de disciplinar a solução dos conflitos trabalhistas, perante órgãos judiciais, nasceu o direito processual do trabalho cujo fim é atuar o direito do trabalho.
Relações com o Direito Civil: As relações entre o direito do trabalho e o direito civil são, inicialmente, de ordem histórica, pois o direito do trabalho provem do direito civil; depois de ordem doutrinária, porque não são poucas as teses e as figuras do direito civil desenvolvidas e adaptadas pelo direito do trabalho, como ocorre na parte geral, nas obrigações, nas coisas, etc..
Relações com o Direito Comercial: As relações entre o direito do trabalho e o direito comercial são também de natureza histórica, porque muitas das primeiras leis trabalhistas surgiram nos códigos comerciais. De outro lado, verifica-se a força expansiva do direito do trabalho sobre o direito comercial, no sentido de regulamentar figuras antes exclusivas do direito comercial.
Relações com o Direito Fiscal: As relações entre o direito do trabalho e o direito fiscal levaram alguns autores a falar em direito tributário trabalhista. Isto porque existem no direito do trabalho determinadas instituições, como a contribuição sindical, o salário educação, etc., típicas imposições tributárias sobre as empresas e os empregadores.
Relações com o Direito Penal: As principais relações entre o direito do trabalho e o direito penal residem na inclusão entre as infrações penais de matéria trabalhista e na unidade de figuras e conseqüente problema das relações entre o ilícito penal e o ilícito trabalhista. No Brasil, um capitulo do Código Penal é destinado aos “Crimes contra a Organização do Trabalho”. Proíbe a lei penal o atentado contra a liberdade de trabalho, de contrato de trabalho, e a boicotagem violenta, etc.. Em princípio, o ilícito penal e o ilícito trabalhista são autônomos e sujeitos a tratamento jurídico próprio. No entanto, muitas vezes o mesmo fato apresenta um ilícito penal e um ilícito trabalhista. É o caso do furto. O empregado que furta incorre em justa causa de improbidade. O empregado que rouba também. O mesmo ocorre com apropriação indébita, etc.
Direito do Trabalho e a Economia: Economia é a ciência que tem por objetivo o conhecimento dos fenômenos relativos a distribuição de riquezas, bem como a sua produção e ao seu consumo, conceito que reflete os elementos básicos sobre os quais os economistas estão de acordo. A economia compreende a ação voltada para a produção e o consumo, reunindo as regras consideradas fundamentais para a normalidade desse procedimento indispensável à vida dos grupos sociais e de cada pessoa que os integra. O direito do trabalho não é ramo do direito econômico, da mesma maneira que o direito civil. O estudo da propriedade privada pertence ao direito civil e ao direito econômico. Do mesmo modo, diversos institutos são comuns ao direito do trabalho e ao direito econômico. Diferentes são os ângulos de apreciação. O direito do trabalho dispensa proteção jurídica ao trabalhador contra a sua absorção pelo processo econômico. O direito econômico estuda em primeiro lugar exatamente esse processo, no qual se encontra o trabalhador. Nota-se, portanto, que não coincidem os fins das duas disciplinas.
Direito do Trabalho e a Sociologia: Sociologia é a ciência dos fatos sociais, isto é, toda espécie de analise dos fatos que ocorrem na sociedade, os grupos de que é constituída, as instituições nela encontradas, na tentativa de levantamento das leis que disciplinam o seu comportamento. Assim cabe a sociologia a investigação das estruturas do fato social, valendo-se de técnicas diversas, como a pesquisa, a estatística, os trabalhos de campo, etc.. Diferem a sociologia e o direito do trabalho porque aquela não tem por finalidade o escopo a interpretação da norma jurídica.
Direito do Trabalho e a Medicina do Trabalho: A medicina do trabalho estuda os meios preventivos e reparatórios da saúde do trabalhador. A medicina do trabalho estuda as medidas de proteção à vida, saúde e integridade física do homem que trabalha, daí resultando as normas jurídicas de segurança e higiene do trabalho, acidentes do trabalho e doenças profissionais, limitação aos excessos de trabalho, reabilitação profissional e bem-estar físico e mental do trabalhador.
Direito do Trabalho e a Filosofia do Trabalho: O conceito filosófico de trabalho é abrangente dos demais e sofre a influencia de atitude em que se põe o pensador diante do problema do universo e do homem.
Princípios do direito do trabalho
	Para Miguel Reale "princípios são enunciações normativas de valor genérico, que condicionam e orientam a compreensão do ordenamento jurídico, a aplicação e integração ou mesmo para a elaboração de novas normas. São verdades fundantes de um sistema de conhecimento, como tais admitidas, por serem evidentes ou por terem sido comprovadas, mas também por motivos de ordem prática de caráter operacional, isto é, como pressupostos exigidos pelas necessidades da pesquisa e da práxis". José Cretella Jr. afirma que "princípios de uma ciência são as proposições básicas fundamentais, típicas, que condicionam todas as estruturações subsequentes. Princípios, nesse sentido, são os alicerces da ciência”. Os princípios são, portanto, regras que estabelecem limites, visando compreender e interpretar as ideias do legislador. No geral, pode-se afirmar que os princípios têm funções informadoras, normativas e interpretativas. A função informadora tem como objetivo inspirar o legislador e dar fundamento para normas jurídicas; A função normativa irá atuar nas lacunas e omissões da lei; A função interpretativa tem como objetivo servir de critério orientador os intérpretes e para aqueles que irão aplicar a lei. Exemplo claro é o art. 8º da CLT, determina que na falta de disposições legais ou contratuais o intérprete pode socorrer-se dos princípios do Direito do Trabalho.
Princípio da proteção: Esse princípio tem como objetivo dar proteção jurídica ao empregado em face da sua inferioridade frente à relação empregatícia com seu empregador. O principio da proteção visa dar equilíbrio na relação empregatícia. In dúbio pro operário: Na dúvida ao interpretar uma lei, aplica-se, por via de regra, a norma mais favorável ao trabalhador, visando para ele, sempre uma melhor condição social. Importante lembrar que não se aplica em matéria de prova.
Princípio da condição mais favorável: Nesse princípio temos que a hierarquia das normas jurídicas é flexível, pois havendo várias normas a serem
aplicadas, deve ser aplicada a que for mais benéfica ao obreiro. Temos como exemplo o que dispõe o art. 620 CLT, que diz "as condições estabelecidas em convenção, quando mais favoráveis, prevalecerão sobre as estipuladas em acordo". Assim sendo, entende-se que normas menos favoráveis ao trabalhador, apenas poderão ser aplicadas àqueles que foram admitidos recentemente. 
Princípio da condição mais benéfica: Deve-se entender como direito adquirido o art. 5º da CF/88 em seu inciso XXXVI nos revela que “a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”. A norma mais benéfica é direito adquirido, não podendo ser modificadas para uma condição inferior a essa conquistada. De acordo com a Súmula 51 do TST, "as cláusulas regulamentares, que revoguem ou alterem vantagens deferidas anteriormente, só atingirão os trabalhadores admitidos após a revogação ou alteração do regulamente". 
FLEXIBILIZAÇÃO DAS NORMAS DO DIREITO DO TRABALHO 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL 
LEIS ATOS DO PORDER EXECUTIVO 
SENTENÇA NORMATIVA
CONVENÇÃO E ACORDOS COLETIVOS
COSTUMES
Princípio da primazia da realidade: Este princípio entende que, quando houver um desentendimento entre os fatos e as provas documentais, deverá ser de valia a verdade real. Para o Direito trabalhista, os fatos são mais importantes que as provas documentais. Assim, podemos afirmar que um contrato de trabalho tácito, tem a mesma validade que outros contratos de trabalho. Exemplo, se na carteira de trabalho o empregado foi registrado com o valor X e a verdade real ele ganha Y, nesse caso, pouco importa o valor documental e deve prevalecer a verdade real, ou seja, o salário real e não aquele que está em carteira.
Princípio da Irrenunciabilidade de direitos: este princípio consiste na ideia de que o obreiro não poderá renunciar a direitos impostos a ele, através das leis trabalhistas. Vale lembrar que . O art. 9º da CLT reza que “serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos trabalhistas”. Entretanto é comum verificar que o trabalhador renuncia a seus direitos quando está em juízo por conta de acordos realizados, no entanto, essa renuncia não poderá ocorrer fora da justiça do trabalho dada a impossibilidade jurídica do trabalhador privar-se voluntariamente de vantagens a ele conferidas pela lei trabalhista. A súmula 276 do TST O aviso prévio é irrenunciável pelo trabalhador. Todas as verbas rescisórias são irrenunciáveis pelo trabalhador. Pois inexiste res dúbia "dúvida", em relação ao recebimento dessas. 
Princípio da continuidade da relação de emprego: através desse princípio visa-se assegurar uma continuidade do trabalhador com seu vínculo empregatício. O contrato de trabalho, via de regra, é uma relação de emprego, terá prazo indeterminado, não poderá o empregado sofre dispensa arbitrária, a exceção são os contratos com prazo determinado, como os contratos de trabalhos temporários. Esse princípio visa à proteção do contrato, para que não haja sucessivas substituições do empregador. De acordo com a súmula 212 do TST: "o ônus de provar o término do contrato de trabalho, quando negados a prestação de serviço e o despedimento, é do empregador, pois o princípio da continuidade da relação de emprego constitui presunção favorável ao empregado, pois esse se encontra na dependência do empregador, ou seja, depende dele para seu sustendo, relação de caráter alimentar".
Natureza jurídica
	A teoria geral do direito não apresenta muita uniformidade quando procura classificar o direito positivo fazendo-o segundo critérios variáveis. Isto porque há juristas que sustentam a inexistência de divisões. Outros, optam por uma divisão que é clássico entre direito público e direito privado. Outros mais adota uma divisão tríplice em Direito Público, Direito Privado e Direito Social. Sob outro aspecto, o do espaço em que atua, é dividido em nacional e internacional.
Direito Público: Expressivos juristas entendem que essa classificação de direito decorre em primeiro lugar do seu caráter estatutário. Querem dizer que o direito trabalhista é constituído de uma relação jurídica prevista aprioristicamente, delineada pela lei, e não entregue a autonomia das partes contratantes. É o caso das relações entre funcionário e a Administração Pública, regido por um Estatuto. Nessas condições julgam que o caráter estatutário do Direito do Trabalho resulta a sua publicização, pois no contrato de trabalho não haveria margem para a discussão de clausulas entre empregado e empregador. O que poderiam estipular já o foi anteriormente e é o que consta da lei. Uma segunda afirmação é de que o fundamento jurídico-filosófico do Direito do Trabalho não é o mesmo do Direito Privado, pois este encontra raízes no individualismo e na autonomia da vontade e aquele no intervencionismo estatal restritivo da liberdade volitiva. Além dessas razões, existem outras que podem ser apontadas. Para muitos, a diferença entre os dois setores da ordem jurídica funda-se na teoria dos interesses: O direito público regula os interesses imediatos do Estado e a de direito privado regula os interesses imediatos dos particulares. Outros invocam a teoria da natureza das relações para sustentar que no Direito Público há uma relação de natureza subordinada entre o Estado e o particular, quando no direito privado a relação é de igualdade e de vontades correntes. Finalmente outros valem-se da teoria da natureza dos sujeitos para entender que, quando figura como sujeito da relação jurídica o Estado ou um dos seus órgãos, teremos direito público e quando figura como sujeito da relação o particular, teremos direito privado. Como se vê, não há acordo na doutrina, o que dificulta a apreciação do problema sob o prisma pretendido por essa corrente. 
Direito Privado: Há fundadas razões que sustentam a teoria do direito do trabalho como ramo do direito privado. Isto porque surge de um contrato de trabalho cujas partes são dois particulares agindo no interesse próprio. Também porque o direito do Trabalho provem do direito civil e o contrato de trabalho, da locação de serviços do Código Civil.
Direito Misto: Reúne aqueles que sustentam que no direito do trabalho existem tanto normas de direito privado como de direito publico. O direito do trabalho, na Espanha, não pertence exclusivamente ao direito publico nem exclusivamente ao direito privado. O direito do trabalho integra-se tanto de relações jurídico-privadas, cujo expoente máximo e o contrato de trabalho, como de relações jurídico-públicas, nas em que aparece o Estado como garantidor da ordem pública trabalhista e como administrador de uma complexa trama de serviços públicos laborais.
Direito Unitário: Registre-se a teoria segundo a qual o direito do trabalho é direito unitário, resultante da fusão entre o público e o privado, nascendo um terceiro gênero. É a tese de Evaristo de Morais Filho. Difere da concepção de direito misto. Nesta, sem se fundirem, normas públicas e privadas. Naquele tal não se dá, uma vez que os dois tipos de normas, fundindo-se criam uma terceira realidade.
Fontes
	Fontes do Direito do Trabalho são entendidas por tudo que de certa forma, fundamenta a ciência jurídica trabalhista, fontes, do latin (fons), que significa nascente, origem, de onde provém o direito do trabalho. É a origem da norma jurídica. Para Claude Du Pasquier: “É o ponto pelo qual ela sai das profundezas da vida social para aparecer à superfície do Direito”
Heterônomas: O Estado é originador das regras, ou seja, quem elabora a norma é o Estado, sem a participação dos destinatários. Exemplo, CF, lei complementar, lei ordinária, medida provisória, decretos, tratados e convenções internacionais ratificados pelo Brasil e Sentença normativa.
Formal: são as formas em que o direito se apresenta, ou seja, oque dá forma ao direito. Para ficar mais claro, pode-se citar como exemplo: CF, leis, decretos, contratos trabalhistas, regulamento da empresa, costumes, acordos e convenções. Fonte formal
é o momento jurídico, é a norma posta.
Material: que são as responsáveis pelo surgimento de uma norma jurídica. Essas normas são baseadas em algum acontecimento político, econômico ou social. Exemplo, Revolução industrial e o socialismo, a fonte material é o momento pré-jurídico.
Definição
No critério Subjetivista, o que definirá o Direito do Trabalho são os sujeitos envolvidos (quem), ou seja, seria o ramo jurídico que cuidaria das relações entre aqueles economicamente mais fracos em face dos mais fortes.
Já no Objetivista, o que importa é a relação que une os sujeitos (o que),  definindo o Direito do Trabalho como sendo um conjunto de normas e princípios que coordenam a prestação do trabalho subordinado (relação empregatícia).
O critério Misto, como o próprio nome já sugere, mescla os dois anteriores, definindo o Direito do Trabalho como sendo um arcabouço de normas e princípios que regulam as relações empregatícias de trabalho e outras normativamente especificadas. É o mais adotado pela doutrina brasileira.
Interpretação
	Na sistemática de nosso ordenamento jurídico nem sempre são claras determinadas normas. Daí que, é importante o uso de critérios interpretativos do Direito. Conforme nos ensina Carlos Maximiliano: “interpretar é explicar; dar significado de vocábulo, atitude ou gesto; reproduzir por outras palavras um pensamento exteriorizado; mostrar o sentido verdadeiro de uma expressão; extrair, de frase, sentença ou norma, tudo que na mesma se contém”. Porém não podemos nos olvidar que há diferenças entre interpretação e hermenêutica, algo que Carlos Maximiliano propôs a distinção, na qual a hermenêutica ser uma ciência teórica na arte de interpretar, conforme se descobre e fixa princípios que a regem. Na interpretação, descobre-se o sentido e o alcance da norma, ao passo, estabelecendo seu conteúdo. Assim, devemos nos ater a uma classificação, quanto às formas de interpretar as normas, servindo de moldura, são elas:
Gramática ou literal (verba legis)l: tem por averiguação a ser indagado ao seu sentido do texto gramatical da norma, analisando o seu alcance, nos exatos termos normativos;
Lógica (mens legis): estabelece um elo entre diversificados textos normativo a serem interpretados;
Teleológica ou finalistica: tem por objetivo estabelecer uma interpretação conforme o disposto em lei com o fim objetivo ao legislador;
Sistemática: deverá ser observada a analise do sistema num todo ao qual está inserido, se ater-se às interpretações isoladas, ou mesmo de um único dispositivo legal;
Extensiva ou ampliativa: dá-se um sentido mais amplo à norma a ser interpretada;
Restritiva ou limitativa: dá-se um sentido mais restritivo, nos exatos termos da lei;
Histórica: Como o Direito evolui no decorrer do tempo e no espaço, é necessário analisar os contextos históricos dos fatos, de acordo com a exposição de motivos do legislador, bem como mensagens, emendas, discussões parlamentares, etc;
Autêntica: é realizada pelo próprio órgão que editou a norma, declarando seu sentido, alcance e conteúdo, por meio de outra norma jurídica. Pode ser chamada também de interpretação legal ou mesmo legislativa;
Doutrinária: confere aos juristas, por meio de artigos em revistas especializadas, livros e outros gêneros comunicativos, adicionando inclusive como interpretação doutrinária um posicionamento de um jurista perante redes televisivas ou por radio, por exemplo;
Sociológica: será analisada a realidade e a necessidade social na elaboração da lei e em sua aplicação, atendendo aos seus fins socialmente estabelecidos e as suas exigências do bem comum (art. 5° da LINDB, § 1°, do art. 852-I da CLT.)
Judiciária: é aquela realizada por juízes e tribunais.
Campos de aplicação espacial e temporal
	Segundo Migue Reale, trata-se da eficácia do Direito segundo o âmbito ou extensão de sua incidência, ou então em função dos momentos temporais ligados a sua vigência. Conjunto de princípios e regras que regulam a prestação do trabalho subordinado e excepcionalmente do trabalho autônomo. As normas de direito do trabalho não se aplicam: aos que exercem atividade em sentido estrito (aqueles que não trabalham. Ex.: Estagiários, prestadores e serviços voluntários, donas de casa.) e aos servidores públicos. As normas de direito aplicam-se: aos trabalhadores subordinados (empregados urbanos, rurais e domésticos.), aos trabalhadores temporários e aos trabalhadores avulsos.
Direito o trabalho no tempo: O direito do trabalho submete-se à regra geral, prevista na LICC. A norma jurídica com vigência indeterminada vigorará até que outra de mesma hierarquia e abrangência e modifique ou revogue (Quando expressamente a lei substituinte o declarar; Lei posterior incompatível com a anterior; Lei posterior reguar inteiramente a matéria de que tratava a ei anterior.). Obs.: O direito adquirido estará em princípio, protegido contra eventuais mudanças legislativas que regulem o ato pelo qual se fez surgir seu direito.
Direito do trabalho no espaço: São aplicadas as normas de direito do trabalho: Em todo o território nacional (Regra); Exceção: Os Estados podem legislar sobre questões específicas das matérias laborais. Obs.: A relação jurídica trabalhista é regida pelas leis do local da prestação de serviços (Regra); Exceção: Brasileiros contratados no Brasil, mas transferidos/cedidos para prestação de serviços no exterior – A princípio, aplica-se a lei do território de aplicação do contrato, observando-se direitos mínimos previstos na mencionada lei. Sendo a norma brasileira (a do local de contratação) mais benéfica, esta será aplicada em detrimento da legislação territorial estrangeira (a do local da execução dos serviços).
Renúncia e transação no direito do trabalho
Renúncia: por renúncia devemos entender a abdicação que o titular faz do seu direito, sem transferi-lo a quem quer que seja. É o abandono voluntário do Direito. encontramos já no texto constitucional disposições que autorizam a renúncia, desde que realizada no bojo de negociação e contratação coletiva. Vejamos:
			CRFB, art. 7º (...)
			VI – irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo;
			XIII – duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e 			quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, 			mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho;
			XIV – jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de 			revezamento, salvo negociação coletiva.
Súmula 51, TST
I - As cláusulas regulamentares, que revoguem ou alterem vantagens deferidas anteriormente, só atingirão os trabalhadores admitidos após a revogação ou alteração do regulamento.
- Possibilidade do empregado, individualmente, dispor de seus direitos:
Uma empresa que crias direitos para empregados, sob forma de um regulamento interno, durante um determinado tempo, e, posteriormente, decide revogá-lo, todos os empregados que já estavam na empresa ao longo da vigência do regulamento, poderão continuar auferindo os benefícios deste. Porém, aqueles que contratados posteriormente, não exigir a aplicação das normas do regulamento revogado. 
II - Havendo a coexistência de dois regulamentos da empresa, a opção do empregado por um deles tem efeito jurídico de renúncia às regras do sistema do outro. 
- Inserção de novo regulamento e entrada de novos funcionários:
Quando a empresa, após revogar um regulamento interno e inserir um novo regulamento, este deverá ser aplicado para os novos funcionários, impreterivelmente, e aqueles que ainda poderiam exigir os direitos do antigo regulamento, decidirem pela aplicação do novo regulamento, importarão na renúncia às vantagens do primeiro regulamento. 
Transação: Trata-se de uma relação jurídica em que as partes fazem concessões recíprocas, nascendo daí o direito de ação para os transigentes. É restrita a direitos patrimoniais de caráter privado, sobre os quais recaia o litígio ou a suscetibilidade do litígio. Diferencia-se da conciliação, que é
um ato praticado no curso do processo, mediante a iniciativa e a interveniência do magistrado. Eventualmente, a transação terá lugar no curso de negociação coletiva. Nessa condição, será tratada como se faz com a renúncia, no que toca aos limites da transação. De forma distinta da renúncia, esta manifestação toma-se por parte das entidades sindicais, sejam elas sindicatos, federações ou confederações, por meio de negociação coletiva (acordo coletivo e convenção coletiva), tratando a respeito de redução de salário, banco de horas, etc. As questões que tratem a respeito de transação, de maneira alguma o empregado, voluntaria e individualmente, requerer ou abrir mão de direitos que não definidos pela entidade em assembleia.
Indisponibilidade dos direitos trabalhistas
	Revela o caráter imperativo das normas trabalhistas, bem como a sua essência social, cujo conteúdo protetivo tem espectro de interesse público coletivo, delimitando restritivamente a possibilidade de disponibilidade das partes, evidentemente que colocando a salvo direitos do trabalhador, forma pela qual se reduzem as desigualdades jurídicas que se evidenciam entre as partes na relação de trabalho. Este princípio encontra-se bem delineado pelo art. 468, caput, da CLT, que assim dispõe: “Art. 468 da CLT: Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições por mútuo consentimento, e, ainda assim, desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia.” Perceba que a limitação imposta às partes tem o nítido propósito de oferecer proteção ao trabalhador, já que o conjunto de garantias mínimas e essenciais encontra-se assegurado pela Lei: não será objeto de negociação para a concessão e, muito menos, com vistas à supressão ou redução. Para ilustrar, as anotações em CTPS (Carteira de Trabalho e Previdência Social) referente a vínculo empregatício judicialmente reconhecido, não podem ser objeto de acordo, já que se trata de norma de ordem pública, ou, se preferir, norma cogente. O empregado não pode dispor de suas férias; não pode individualmente firmar acordo que reduza o seu salário; não pode prescindir de equipamentos de segurança na realização de trabalhos que coloquem em risco sua vida ou saúde e etc. Tal princípio é também conhecido como “princípio da irrenunciabilidade dos direitos trabalhistas”.
Fraude a lei trabalhista
	No dia 17 de Fevereiro de 2007, a Câmara Federal aprovou o Projeto de Lei 6.272/05 que cria a Receita Federal do Brasil, conhecida como “Super Receita”. Este órgão fundirá a Secretaria da Receita Federal com a Receita Previdenciária, centralizando a arrecadação e a fiscalização dos tributos federais e das contribuições sociais. Os Deputados votaram 35 emendas, entre elas a emenda nº 3 apresentada pelo Senador Ney Suassuna que foi aprovada por 304 votos contra 146. A Emenda nº 3 determina que os fiscais de trabalho não podem mais autuar ou multar empresas que não cumpram as leis trabalhistas, há muitos anos se tornou comum às empresas exigirem que os empregados constituam empresas jurídicas (firmas), para que o seu trabalho seja configurado como “prestação de serviço” entre empresas e não relação de patrão e empregado. Outra forma de encobrir o vínculo empregatício é a terceirização, contratando empresas de mão – de – obra. Grande parte dos empresários prefere o caminho mais simples: Não registram a carteira profissional e assim ficam livres de encargos. Os patrões, assim na demonstrada Fraude Trabalhista, explora o máximo possível dos trabalhadores para retirar o máximo de lucro e os trabalhadores acabam pagando a conta, sem direitos trabalhistas e sem amparo legal. A nova lei “legaliza” a fraude trabalhista e garante total impunidade, quando muitos recorrerão para fugir dos encargos sociais e pagamentos dos direitos trabalhistas. Porque se os trabalhadores forem precarizados as empresas ficam livres até de cumprir a lei salarial que obriga o reajuste anual na data- base. Esta nova legislação precarizadora e com os sindicatos e os patrões não precisarão cumprir os acordos coletivos. Este capitalismo “moderno” mostra sua verdadeira face cada vez mais próxima do século XIX, quando os trabalhadores não tinham direito algum nem podiam se organizar em sindicatos e em organizações por empresas. A Legislação Trabalhista possui umas normas gerais, que é o artigo 3º da Consolidação das Leis do Trabalho, cujo conteúdo determina que não basta uma previsão em contrato afastando o vínculo empregatício, ainda que o trabalhador tenha assinado ou concordado com as condições dispostas no trato. Essa disposição contratual se tiver o objetivo de tentar impedir a aplicação da Lei Trabalhista, é “nulo de pleno direito”, ou seja, sem qualquer valor, como se não existisse. Dessa forma, esse dispositivo age como um escudo protetor da Legislação Trabalhista, atuando contra as coações econômicas, que certamente levaria várias pessoas a aceitarem abrir mão dos direitos sociais em troca de empregos, quando ocorre uma situação em que um contrato civil qualquer é utilizado com o objetivo de que todas as regras trabalhistas não prevaleçam, ou melhor, que os direitos dos trabalhadores não sejam aplicados, ocorre o que chamamos de “fraude na relação de emprego” que é justamente a utilização de artifícios ou contratos vários que tentam mascarar uma relação empregatícia existente na vida real. O trabalhador se comportando como um empregado, o direito assegura que ele tenha os direitos relativos a essa condição. Burlar a legislação trabalhista, de nada vale no mundo do direito. Uma cooperativa não serve para fornecer mão – de – obra a empresas. Só é legítima uma cooperativa quando ela represente o resultado de uma união voluntária dos trabalhadores e que seja, por si só, uma atividade autônoma.

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