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AD2 2016.2 LITERATURAS AFRICANAS I

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Fundação Centro de Ciências e Educação a Distância do Estado do Rio de Janeiro 
Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro 
Universidade Federal Fluminense 
Curso de Licenciatura em Letras- UFF / CEDERJ 
Disciplina: Literaturas Africanas I 
Coordenadora: Cláudia Amorim 
 AD 2 – 2016. 2 
 
Redija um texto dissertativo, abordando as quatro perguntas abaixo, sem enumerá-las, ou seja, a 
abordagem constituirá um parágrafo do desenvolvimento do texto que deve contar ainda com 
introdução e conclusão. 
 
1) Como aponta Bokar, líder espiritual de Amadou HampâteBâ, "a escrita é uma coisa, o saber, outra. A 
escrita é uma fotografia do saber, mas ela não é o próprio saber. O saber é uma luz que está no 
homem. É a herança de tudo o que os ancestrais transmitiram em germe (...). Comente o fragmento, 
associando-o à importância da oralidade e na formação das literaturas africanas. 
 
2) A partir da questão da oralidade, discuta a importância da criação do prelo na África de língua 
portuguesa e de sua relação com a produção literária escrita nas colônias. 
 
3) Com o desenvolvimento de uma produção escrita – especialmente através de jornais, imprensa 
alternativa, cadernos e periódicos, comente com a tomada de consciência dos habitantes das então 
colônias portuguesas na África, relacionado essa tomada de consciência ao surgimento de 
movimentos em defesa do negro e da cultura negra, para além do continente, como o movimento 
Negritude e o Pan-Africanismo. 
 
 4) Relacione as principais produções e/ou autores em língua portuguesa das colônias africanas no 
período no período em que se desenrola a guerra pela independência e discuta a ligação que se pode 
estabelecer entre essa produção literária e a ação pela libertação. 
 
 
 
A importância da literatura no processo de independência da África Lusófona 
 
 Para entendermos a importância da literatura no processo de independência dos países africanos 
colonizados por Portugal precisamos de, antes de mais nada, despir-nos de conceitos etnocentristas e 
anacrônicos. É importante entender que nesses países; compostos por aglomerados de tribos diferentes, 
com diferentes costumes, culturas, e idiossincrasias; a transmissão do conhecimento das gerações mais 
velhas para as mais novas se dava através da oralidade, ou seja, os Griots eram os responsáveis por essa 
tarefa, porém, o fato de esses grupos não utilizarem a escrita como forma de transmissão do 
conhecimento não quer dizer que eles não o detinham, muito pelo contrário, e esse ponto fica claro na 
fala do Sábio de Bandiagara, Tierno Bokar, quando ele analisa, de forma muito acertada, a escrita e o 
saber “a escrita é uma coisa, o saber, outra. A escrita é uma fotografia do saber, mas ela não é o próprio 
saber. O saber é uma luz que está no homem. É a herança de tudo o que os ancestrais transmitiram em 
germe (...).” 
 Dessa forma podemos nos perguntar, então, qual seria a importância da literatura nesse processo? 
Se alguns africanos já tinham o desejo de independência, e se esse desejo era disseminado oralmente, 
porque considerar a literatura como fator preponderante ao estudarmos o processo de independência 
desses países? A resposta está no potencial de abrangência de uma obra escrita. 
 Quando o Brasil tornou-se independente, em 1822, Portugal passou a investir mais em suas colônias 
africanas. Passou a investir no processo de assimilação, ou seja, abriu liceus nas colônias, e instalou 
prelos para criar veículos de comunicação de controle, porém, paradoxalmente, esses prelos serviam 
tanto aos veículos de comunicação oficiais quanto aos alternativos, e foram nesses, nos alternativos, que 
a voz africana foi ouvida por meio da literatura. É importante observar que os prelos não foram 
instalados todos ao mesmo tempo em todas as colônias. Na verdade, esse foi um processo que levou 
quase quarenta anos para se completar nas cinco colônias. Portugal instalou, em 1842, um prelo em 
Cabo Verde. Angola recebeu o segundo prelo em 1845, Moçambique em 1854, São Tomé e Príncipe 
em 1857, e por último, mas não menos importante, a Guiné-Bissau recebeu o seu em 1879. 
 Assim como ocorreu na Europa com a impressão da Bíblia de Gutemberg, que possibilitou uma 
tiragem muito maior do que as Bíblias dos monges copistas, a disseminação dos ideais 
independentistas, da necessidade de se valorizar a cultura africana, o Nativismo, a Negritude 
(endossado por Césaire, Segnhor e Damas), e o Pan-Africanismo tiveram nas revistas literárias e na 
imprensa alternativa dois fortes aliados. Houve um grande movimento de tomada de consciência, e o 
que antes poderia refletir o desejo de independência desse ou daquele grupo passou, através da 
disseminação da literatura, a ser um movimento coletivo. 
 No decorrer desse processo destacaram-se líderes intelectuais e escritores que, posteriormente, 
seriam os primeiros governantes de seus países, caso que ocorreu com Agostinho Neto, em Angola, por 
exemplo. Além de Neto, as produções de José Craveirinha e de Marcelino dos Santos (ambos em 
Moçambique), e de Almícar Cabral (Guiné Bissau), foram muito importantes na luta pela 
independência das colônias africanas. Almícar, inclusive, contribuiu para independência não só através 
de sua produção intelectual quanto também por sua atuação em luta armada. 
 Sendo assim, podemos concluir que o desenvolvimento da literatura e a possibilidade de publicar e 
distribuir os ideais independentistas em revistas, jornais alternativos, periódicos, entre outros; ainda 
que clandestinamente; foram fatores decisivos no processo de tomada de consciência dos povos luso-
africanos. 
 
Fontes de pesquisas e estudos: 
1 – Apostila do Cederj – Literaturas Africanas 1 – Volume 1 – Aulas 2,3,4,8 
2 - Apostila do Cederj – Literaturas Africanas 1 – Volume 2 – Aulas 9,10,11 e 12 
2 – Textos Complementares: Da literatura colonial à Literatura Angolana (PUC – RIO) e Panorama da Literatura Angolana (PUC – RIO). 
3 – Sites: 
- Estado de São Paulo: http://cultura.estadao.com.br/noticias/geral,peter-brook-revela-sabedorias-africanas,20040817p6208 
- Jornal da USP: http://www.usp.br/jorusp/arquivo/2004/jusp697/teatro.htm 
- Wikipédia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Guin%C3%A9-Bissau / https://pt.wikipedia.org/wiki/Marcelino_dos_Santos 
- Escritas.Org: http://www.escritas.org/pt/l/jose-craveirinha