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Superior Tribunal de Justiça
AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1.075.312 - SP (2017/0067307-7)
 
RELATOR : MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES
AGRAVANTE : SERVICO AUTONOMO DE AGUA E ESGOTOS 
ADVOGADOS : ELISABETE CALEFFI - SP123160 
RENATA VALDEMARIN - SP145762 
AGRAVADO : JOSE BARTOLOMEU DA PAIXAO 
ADVOGADO : SILVIA SANTOS GODINHO - SP223871 
INTERES. : WLADIMIR MOREIRA OLIVEIRA 
EMENTA
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO EM RECURSO 
ESPECIAL. ENUNCIADO ADMINISTRATIVO 2/STJ. SUPOSTA OFENSA 
AO ART. 535 DO CPC. AUSÊNCIA DE VÍCIO NO ACÓRDÃO 
RECORRIDO. EXECUÇÃO FISCAL. EMBARGOS DE TERCEIRO. 
FORNECIMENTO DE ÁGUA E ESGOTO. OBRIGAÇÃO DE NATUREZA 
PESSOAL. QUESTÕES RELATIVAS À LEGITIMIDADE DE POSSUIDOR 
COM ANIMUS DOMINI DO IMÓVEL CONTRITO. REEXAME DE 
MATÉRIA DE FATO. ÓBICE DA SÚMULA 7/STJ. AGRAVO EM 
RECURSO ESPECIAL CONHECIDO PARA NEGAR PROVIMENTO AO 
RECURSO ESPECIAL.
DECISÃO
Trata-se de agravo em recurso especial interposto em face de acórdão do Tribunal de 
Justiça do Estado de São Paulo, cuja ementa é a seguinte:
EMBARGOS DE TERCEIRO - Tarifa de água - Exercícios de 2001 e 2002 — 
Município de Indaiatuba - Possuidor com "animus domini" do imóvel constrito em 
execução fiscal, cujo polo passivo não foi por aquele integrado - Legitimidade 
ativa "ad causam" do embargante - Precedente do C. STJ - Serviço prestado por 
autarquia municipal - Crédito sem natureza tributária, conforme os C. STF e STJ - 
Dívidas não tributárias oriundas de obrigação pessoal, portanto, sem natureza 
jurídica "propter rem" - Ausência de exceção para penhorabilidade do bem de 
família neste caso - Cancelamento da penhora, determinado em primeiro grau 
jurisdicional mantido - Sentença preservada - Recurso oficial, considerado 
interposto, e apelo do embargado não providos.
Os embargos de declaração opostos foram rejeitados.
No recurso especial interposto com fundamento no art. 105, III, a, da Constituição 
Federal, o agravante aponta ofensa aos arts. 1.022 do CPC/2015 (art. 535 do CPC/73), 1.245, 
§ 1º, do CC, 77, 79, 130, 131, I, do CTN, 184, da Lei 5.166/72 c/c 3º, IV, da Lei 8.009/90, 
alegando em síntese que: (a) ofensa ao art. 535 do CPC por não se manifestar sobre o tema; 
(b) enquanto não se registrar o título translativo o alienante continua dono do imóvel; (c) os 
créditos tributários se sub-rogam na pessoa do adquirente que deve responder pelo objeto da 
execução fiscal e; (d) o serviço de água fornecido por autarquia municipal criada por Decreto 
municipal n. 938/71, tornam aplicáveis o disposto nos arts. 77 e 79 do CTN e convalida a 
condição propter rem do débito executivo.
Documento: 71532944 - Despacho / Decisão - Site certificado - DJe: 24/04/2017 Página 1 de 5
 
 
Superior Tribunal de Justiça
Não foram apresentadas contrarrazões.
O Tribunal de origem não admitiu o recurso por entender que: (a) inexistência de 
ofensa ao art. 535 do CPC e; (b) o posicionamento alcançado pelo Colegiado não traduz 
desrespeito à legislação enfocada a ponto de permitir acesso à instância superior.
O agravante defende que: (a) demonstrou a violação ao art. 535 do CPC e; (b) foram 
preenchidos todos os requisitos de admissibilidade recursal, bem como demonstrada a afronta 
a dispositivos de lei federal.
É o relatório. Passo a decidir. 
Inicialmente é necessário consignar que o presente recurso foi interposto na vigência 
do CPC/1973, o que atrai a incidência do Enunciado Administrativo Nº 2: Aos recursos 
interpostos com fundamento no CPC/1973 (relativos a decisões publicadas até 17 de março 
de 2016) devem ser exigidos os requisitos de admissibilidade na forma nele prevista, com as 
interpretações dadas, até então, pela jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça. 
Quanto à alegada ofensa ao artigo 535 do CPC, depreende-se dos autos que o 
Tribunal de origem, de modo fundamentado, tratou da questão suscitada, resolvendo, 
portanto, de modo integral a controvérsia posta. 
Na linha da jurisprudência desta Corte, não há falar em negativa de prestação 
jurisdicional, nem em vício quando o acórdão impugnado aplica tese jurídica devidamente 
fundamentada, promovendo a integral solução da controvérsia, ainda que de forma contrária 
aos interesses da parte. 
Destaca-se:
PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO – CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA 
SOBRE O DÉCIMO-TERCEIRO SALÁRIO – CÁLCULO EM SEPARADO – REGIME 
DAS LEIS 8.212/91 E 8.620/93 – POSSIBILIDADE – CPC, ART. 535, II – AUSÊNCIA 
DE VIOLAÇÃO.
1. Não ocorre ofensa ao art. 535, II, do CPC, se o Tribunal de origem analisa, ainda que 
implicitamente, a tese objeto dos dispositivos legais apontados pela parte.
2. A eg. Primeira Seção pacificou o entendimento de que, na vigência da Lei n.º 8.620/93, é 
legítimo o cálculo em separado da contribuição previdenciária sobre o décimo-terceiro 
salário (EREsp 442.781, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, julgado em 14.11.2007, DJ de 
10.12.2007).
3. Recurso especial provido.
(REsp 868.242/RN, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 
27/05/2008, DJe 12/06/2008)
Rejeitada, portanto, a alegação de violação do art. 535 do CPC. 
Quanto à pretensão recursal, no que se refere à natureza da obrigação, ressalte-se que 
o Superior Tribunal de Justiça já se manifestou no sentido de que a obrigação pelo pagamento 
de contas de consumo de energia e de água possui natureza pessoal, não se vinculando ao 
imóvel. Nesse sentido, colhem-se estes precedentes:
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. 
ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE 
INEXISTÊNCIA DE DÉBITO DECORRENTE DE PRESTAÇÃO DE 
SERVIÇO DE ÁGUA E ESGOTO. COBRANÇA PELO INADIMPLEMENTO 
DE DÍVIDA PRETÉRITA DE ANTIGO LOCATÁRIO.
IMPOSSIBILIDADE. OBRIGAÇÃO PESSOAL. ENTENDIMENTO DESTE 
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA: AGRG NO ARESP 834.673/SC, REL. 
MIN. HUMBERTO MARTINS, DJE 8.3.2016; AGRG NO RESP 1.320.974/SP, 
REL. MIN. BENEDITO GONÇALVES, DJE 18.8.2014. AGRAVO 
Documento: 71532944 - Despacho / Decisão - Site certificado - DJe: 24/04/2017 Página 2 de 5
 
 
Superior Tribunal de Justiça
REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO.
1. Discute-se nos autos a responsabilidade pelo pagamento de dívida oriunda de 
consumo de antigo ocupante do imóvel. A Corte de origem concluiu que o 
inadimplemento foi, de fato, do anterior ocupante do imóvel, com contas apuradas 
à época de sua utilização, e não poderia ser exigido do atual proprietário o 
pagamento de tais valores, por se tratar de obrigação pessoal.
2. Constata-se que tal entendimento encontra-se em harmonia com a 
jurisprudência desta Corte Superior segundo a qual o inadimplemento pelo 
serviço de água, de anterior ocupante do imóvel, não pode ser cobrado do 
proprietário, por não ter dado causa, e ser débito de natureza pessoal. Súmula 
83/STJ. Precedentes do STJ:AgRg no AREsp.
834.673/SC, Rel. Min. HUMBERTO MARTINS, DJe 8.3.2016; AgRg no REsp.
1.320.974/SP, Rel. Min. BENEDITO GONÇALVES, DJe 18.8.2014.
3. Agravo Regimental a que se nega provimento.
(AgRg no AREsp 829.901/SP, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, 
PRIMEIRA TURMA, julgado em 26/04/2016, DJe 11/05/2016)
ADMINISTRATIVO. FORNECIMENTO DE ÁGUA. INADIMPLEMENTO. 
OBRIGAÇÃO PESSOAL. DÉBITOS DE CONSUMO DO ANTIGO 
LOCATÁRIO. AUSÊNCIA DE RESPONSABILIDADE DO ATUAL. 
PRETENSÃO DE REEXAME DE PROVAS. SÚMULA 7/STJ. 
CONTRAPRESTAÇÃO DE ÁGUA. OBRIGAÇÃO PESSOAL.
1. O Tribunal de origem, com amparo nos elementos de convicção dos autos, 
decidiu que não cabe à atual locatária do imóvel responder pelo débito referente a 
consumo de água em questão, porquanto não foi a efetiva usuária do serviço, mas 
sim o locatário anterior.
2. Insuscetível de revisão, nesta via recursal, o referido entendimento, por 
demandar reapreciação de matéria fática. Incidência da Súmula 7 deste Tribunal.
3. A jurisprudência deste Tribunal firmou no sentido de que o inadimplementoé 
do usuário, ou seja, de quem efetivamente obteve a prestação do serviço, pois a 
contraprestação de água é obrigação pessoal, pois não se vincula à titularidade do 
imóvel, mas a quem solicitou o serviço. Agravo regimental improvido.
(AgRg no AREsp 592.870/SP, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, 
SEGUNDA TURMA, julgado em 11/11/2014, DJe 21/11/2014)
Confira-se no mesmo sentido:
ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. ÁGUA E ESGOTO. DÉBITO. 
IMPOSSIBILIDADE DE RESPONSABILIZAÇÃO DO PROPRIETÁRIO 
POR DÍVIDAS CONTRAÍDAS POR OUTREM. DÍVIDA DE NATUREZA 
PESSOAL. PRECEDENTES. 
1. Trata-se na origem de ação ordinária de cobrança intentada pela concessionária 
de tratamento de água e esgoto em razão de inadimplemento de tarifa pelo usuário. 
A sentença julgou extinto o processo sem julgamento do mérito, em razão da 
recorrida ser parte ilegítima por não ser proprietária do imóvel à época em que o 
débito foi constituído. No entanto, o acórdão a quo reformou a sentença ao 
argumento de que o débito em questão possui natureza propter rem. É contra essa 
decisão que se insurge o recorrente.
2. Merecem prosperar as razões do especial. Diferentemente, do entendimento 
proferido pelo Tribunal de origem, a jurisprudência deste Tribunal Superior, frisa 
que, "o débito tanto de água como de energia elétrica é de natureza pessoal, não se 
vinculando ao imóvel. A obrigação não é propter rem" (REsp 890572, Rel. 
Documento: 71532944 - Despacho / Decisão - Site certificado - DJe: 24/04/2017 Página 3 de 5
 
 
Superior Tribunal de Justiça
Min. Herman Benjamin, Data da Publicação 13/04/2010), de modo que não 
pode o ora recorrido ser responsabilizado pelo pagamento de serviço de 
fornecimento de água utilizado por outras pessoas. 
3. Recurso especial provido.
(REsp 1.267.302/SP, de minha Relatoria, DJe 17/11/2011) (grifou-se)
Ademais, constou do acórdão recorrido:
Veja-se que a apelante, autarquia municipal, de posse da informação constante na 
matrícula do imóvel, ora em lide, ingressou com execução fiscal contra Wladimir 
Moreira de Oliveira, o qual figura como proprietário no Cartório de Registro de 
Imóveis, juntamente com sua ex-mulher, MARIA HELENA PULSONI DE 
OLIVERIA.
Ocorre que o imóvel foi penhorado — inicialmente - por débitos de tarifa de água 
dos exercícios de 2001 e 2002, e apesar de não registrado no Cartório de Registro 
de Imóveis, aquele foi negociado, através de contrato de compromisso de compra 
— e venda,- ao apelado José Bartolomeu da Paixão, conforme fls. 11/13.
Nesse contexto, não integrando o polo passivo da aludida execução fiscal e sendo 
possuidor com "animus domini" do bem nela constrito, o apelante ostente a 
condição de terceiro, prevista no artigo 1.046 do Código de Processo Civil, daí sua 
legitimidade passiva 'ad causam nesta hipótese.
(...)
E, tendo o apelado adquirido o imóvel em 23 de novembro de 2006, este não era 
responsável pelos débitos até esta data.
Em qualquer caso, mesmo não constando como proprietário - o apelado - no 
cartório de registro de imóveis, a penhora não deve persistir, vez que o inciso IV, 
artigo 3o da Lei n° 8009/90, abre exceção para penhorar-se bem de família, quando 
o débito for referente à IPTU, taxas e contribuições devidos em função de imóvel 
familiar, do que, como alhures dito, não se trata, nesta hipótese.
Nesse contexto, para se adotar qualquer conclusão em sentido contrário — e se 
reconhecer que há ilegitimidade ativa do possuidor com animus domini do imóvel constrito 
para interpor embargos de terceiro por ser o bem de titularidade do Sr. José Bartolomeu da 
Paixão. Contudo, tal providência é inviável em sede de recurso especial, tendo em vista o 
disposto na Súmula 7/STJ.
A corroborar esse entendimento, destaca-se:
AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. 
PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE TERCEIRO. POSSE. REVISÃO DE 
FATOS E PROVAS. ÓBICE DA SÚMULA 7/STJ.
1. Partindo da premissa estabelecida pelo Juízo de primeiro grau de que "[...] a 
embargante sempre foi mera detentora do imóvel em questão, pois possuía 
somente permissão de uso por tolerância do proprietário", deixou certo o 
acórdão recorrido que "não induzem posse os atos de mera permissão ou 
tolerância, não constituem eles, portanto, impeditivo à penhora do imóvel de 
propriedade do devedor".
2. Nesse cenário, o reclamo especial não merece ser conhecido, visto que não se 
mostra cabível, nesta via, perquirir acerca da condição da agravante como 
possuidora do imóvel ante o óbice constante da Súmula 7/STJ. Os fatos são 
aqui recebidos tal como estabelecidos pelo Tribunal a quo, senhor na análise 
probatória. E, se a violação do dispositivo legal invocado perpassa pela 
necessidade de se fixar premissa fática diversa da que consta do acórdão 
Documento: 71532944 - Despacho / Decisão - Site certificado - DJe: 24/04/2017 Página 4 de 5
 
 
Superior Tribunal de Justiça
impugnado, inviável o apelo nobre.
3. Agravo interno a que se nega provimento.
(AgInt no AREsp 947.737/PR, Rel. MINISTRO OG FERNANDES, julgado em 
6/12/2016, DJe 15/12/2016)
Considerando que o acórdão recorrido está em consonância com a orientação 
jurisprudencial do STJ, incidem, na espécie, as Súmulas 83 e 568 do STJ.
Ante o exposto, com fulcro no art. 932, IV, do CPC/2015 c/c o art. 253, parágrafo 
único, II, b, do RISTJ, conheço do agravo para negar provimento ao recurso especial. 
Publique-se. Intimem-se.
Brasília, 19 de abril de 2017.
Ministro Mauro Campbell Marques 
Relator
Documento: 71532944 - Despacho / Decisão - Site certificado - DJe: 24/04/2017 Página 5 de 5

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